de vocês aqui e hoje a gente vai ter a querida Ângela Alonso que na verdade volta né Depois de oito anos então quando a gente tava nessa mesma mesa 2015 no evento organizado pelo Maurício pelo Breno era Junho dois anos depois a Ângela Ela é professora titular a sociologia da USP ela presidiu o SEBRAE foi em 2014 [Música] balas entre outras obras aqui e hoje ela vem apresentar os resultados desses oito anos então aí desde 2013 2015 até hoje que tá nesse livro aqui que o nosso colega da plateia Conseguiu comprar Então hoje você pode comprar antes não podia comprar então tá disponível nas livrarias Ângela Quero agradecer você ter aceitado nosso convite eu te aviso quando tiver 40 a 45 minutos tá bom bom queria agradecer primeiro o convite um prazer tá aqui de volta entre amigos assim É sempre bom vir aqui e de fato a última vez que eu vi Né tava começando esse negócio e agora como você falou 8 anos Me deu até um susto de quanto tempo faz que eu tô enroscada neste assunto bom então obrigada principalmente aos econo possível aqui a minha vida e o que eu vou apresentar para vocês como ele adiantou é o que tá nesse livro e que é o resultado desse trabalho longo de pesquisa que eu desenvolvi no cebrape com uma equipe Então vou colocar o microfone aqui e vou tentar seguir as minhas próprias anotações para não passar muito aqui do tempo o volume Talvez um pouco mais tarde colocar aqui tá bom [Música] vou recorrer a idade obriga bom então é uma pesquisa que resultou nesse livro mas também dois documentários que eu fiz em parceria com o Paulo Marcon basicamente foi uma filmagem das entrevistas que que eu fiz para este livro então é um trabalho coletivo mais claro que os problemas são todos os meus queria começar lembrando vocês como é que a gente estava todo mundo em 2013 em junho acho que essa frase do Gilberto Carvalho dá bastante noção do Estado de desamparo interpretativo em que todos nos encontramos todo mundo que nem o governo perdido mas logo depois ou ainda enquanto os eventos ainda aconteciam começaram a aparecer a interpretações para o fenômeno que são mais ou menos de uma maneira de outras que estão aí no mercado até hoje são quatro grandes interpretações que apareceram a primeira delas é uma que foi um ritmo sociológico nos anos 70 que é das expectativas crescentes acho que quem sintetizou da melhor maneira essa tese foi o Lula ele disse o povo tem pão agora quer manter a outra tese que apareceu também fez sucesso ainda faz é a da crise de representação né que o problema seriam os partidos Campo Limpo a terceira foi a da Inovação da Inovação política do protesto como sendo obra de uma nova esquerda e que por incrível que pareça uma opinião que ajuntou naquele momento do Paulo Arantes ao Olavo de Carvalho obviamente com juízos opostos sobre o evento mas acho que o Paulo Arantes teve mais sucesso porque ele cunhou a expressão e depois vingou para nomear o fenômeno jornadas não preciso lembrar aqui para vocês mas que ao usar essa tecnologia ele associou imediatamente o protesto é um evento de esquerda seja com remissões diretas ou indiretas 68 mas para o fim do mês quando já tinha ali um verde amarelo Grande na Rua apareceu uma quarta tese que acho que vai ficar mais em moda ultimamente E foi verbalizada pela Mariana do sequestro era uma mobilização de esquerda e teria sido sequestrada pela direita eu acho que embora essas teses tenham Aparecido no calor da hora elas mais ou menos repetiram na bibliografia subsequente sobre Junho então aí no mercado e o que elas têm em comum me parece é o fato de que todas elas olham para o fenômeno como tendo uma linha unidirecional né vai Seja lá o que seja Junho teria um único rumo o ponto que que eu faço é que Júnior não foi monolítico foi um mosaico de movimentos muito diferentes ele foi um ciclo de Protestos não movimento e ele foi desaguador de várias reações políticas coletivas que foram sendo feitas a tentativas de reformas efetivadas outras não mas que surgiram muito antes de 2013 a partir da Ascensão do primeiro governo de esquerda desde o golpe de 64 Então em vez de andar de Junho para frente né como origem do que veio depois o meu exercício foi andar para trás e perguntar como é que chegamos a chegada do PT ao governo em 2003 é o meu ponto de partida porque eu acho que aí é um momento em que se altera drasticamente a relação entre política de rua e política institucional até aí a gente tinha um movimento o movimento das ruas os movimentos das ruas muito vinculados a essa grande maneira de funcionar do PT organizar protestos né protestos de feição digamos assim entre aspas socialista aí deste partido para o governo significou redesenhar essa relação primeiro porque o próprio Governo foi movimentista então incorporou quadros agendas que antes estavam na rua e também estimulou a participação desses movimentos informam os participativos por esse lado desinflando o ímpeto de mobilização por outro lado muitos dos organizadores de protesto de rua até então se tornaram membros do próprio governo trocaram de lado e terceiro elemento é que agenda petista uma vez levada ao governo alterou o debate público ela abriu o que eu tô chamando aqui de zona de conflito e de uma maneira de outra dariam os temas da política de rua daí por diante e claro ao sair da rua o PT e os movimentos vinculados Deixaram um vácuo e vácuo se ocupa Então quais são essas vou começar aqui pelas zonas de conflito é a primeira e sempre lembrada é em torno da rede distribuição né todo mundo aqui sabe que o PT fez políticas que mexeram ou tentaram mexer com a distribuição de recursos e de oportunidades sociais escassos como é o caso da educação superior e beneficiaram extratos Bastos e médios da sociedade que é sempre lembrado mas eu queria lembrar também que incomodaram extratos altos tem um incômodo difuso com várias dessas políticas inclusivas ao longo já do começo do ao longo do primeiro governo Lula esse conflito redistributivo nesse plano da dos acessos gerou já como vocês podem ver aí no slide vários grupos pedindo menos intervenção do governo nessas políticas pedindo que o governo arrecadasse menos e deixasse a sociedade gerir os seus próprios recursos e gerou uma disputa pelos corações e mentes nas universidades com o começo dessa tentativa de proselitismo liberal nas universidades mas também né uma outra coisa que que se assentou foi o conflito em torno de terra Então a gente tem aí uma pressão cruzada que o governo sofre de um lado por mais é formada mais distribuição por um lado mas também começam a se organizar frentes ruralistas do agronegócio para reagir a essas políticas Então nesse Campo da redistribuição a gente começa a ver pressões contra o governo em duas direções mobilizações da sociedade a favor e contra a outra zona de conflito é a da moralidade e aí acho que tem tem duas pernas né uma que é menos lembrada é da moralidade privada o governo Lula tentou duas vezes aprovar o aborto e recuo tentou fazer uma lei de drogas e nessas tentou avançar com os direitos LGBT mais e nessas legendas sofreu sempre pressão do lado dos movimentos para fazer mais mas também sofreu a reação de movimento religiosos e tradicionalistas que começaram a se organizar aí então as marchas pela vida as machos contra o aborto começaram a acontecer aí e já com catenadas com reações parlamentares de mesmo tipo e na moralidade pública vocês todos se lembram estourou em salão mas os protestos anticorrupção nesse momento que apareceram Eles não eram protestos ao contrário das outras coisas das quais eu falei que tivessem uma reação de dois lados em direções Opostas no caso da moralidade pública tanto movimentos de digamos de direita movimentos de corte mais liberal quanto governos quanto movimentos mais à esquerda fizeram a mesma crítica e por fim tem essa zona de conflito em torno da violência estatal legítima de quer dizer com isso dos limites aceitáveis do uso da força pelo estado que tem Duas Faces uma é da Segurança Pública que foi havia pela qual o governo tentou desarmar a sociedade fazendo um plebiscito desarmamento e teve apoio do movimento Direitos Humanos mas ressuscitou do outro lado a formação da frente parlamentar pelo direito a legítima defesa um dos membros proeminentes dessa frente era então Deputado Jair bolsonaro essa este lado da sociedade coligado com o Parlamento mais uma vez venceu o plebiscito a outra frente nessa disputa em torno da violência foi em torno dos crimes cometidos pela ditadura aí outra vez o governo Lula tentou duas vezes faltar comissão nacional da verdade e da mesma maneira que o Fernando Henrique antes dele recuou por causa das reações Então aí tem também movimentos de direitos humanos pressionando por uma revisão da Anistia e outros pressionando para contar a verdadeira história do regime militar do ponto de vista deles né uma história da luta contra o comunismo então ao longo dos dois governos Lula essas três zonas de conflito surgiram e movimentos em cada uma delas foram se organizando em direções contrárias em cada uma delas agora não Lula embora tudo isso aqui tivesse acontecendo não sofreu grandes mobilizações de rua e principalmente não sofreu onde mais se Imagina que tivesse calcanhar de Aquiles os maiores protestos do governo Lula não foram em torno da moralidade pública e outra vez em duas direções agora se tudo isso tava armado né O que que é que que fez com que demosse a que Essas manifestações ganhassem tamanho e se expressassem com força no espaço público eu acho que por um lado o fator relevante a tempo estavam em organização a outra coisa é que bom essa aqui Eu desenhei eu gosto muito mas a editora não gostou e daí não entrou no livro mas aí eu vou mostrar para vocês porque eu gosto do meu desenho então quando acabou o governo Lula ele transmitiu essas zonas de conflito já inflamadas mas ainda pequenas para sua sucessora O que foi se configurando também enquanto Lula ainda governava em que só teria visibilidade grande nos anos Dilma foram Campos de ativismo em oposição ao governo aí eu acho que tem dois grandes Campos que se formaram a esquerda que tem como grande morte uma renovação da esquerda de maneira apresentá-la como alternativa ao PT então de um lado tem um campo de movimentos que o vento nela socialista para diferenciado socialistas tradicionais e tem um outro Campo Autonomista que são os movimentos que vão se formando a partir daí sobretudo por uma nova geração de ativistas e que tem um foco muito forte na moralidade privada nenhuma dessas divisões é empírica né não é um resultado propriamente de generalização empírica é um modelo a partir de traços mais marcantes de cada um desses Campos cada um deles se inspirou em movimentos contemporâneos ou um pouco anteriores e davam modelos bem-sucedidos de Como pressionar governo chamar atenção sobre si Então o que o que chamou mais a atenção no Brasil mas também nos lugares Foi a tática Black Bloc que ganhou a visibilidade internacional a partir dos processos de Seattle e que consiste na ação direta de tipo violenta né contra objetos e edifícios que são símbolos do capitalismo e do Estado mas esse campo Embora tenha uma agenda tem insisto nisso um foco muito forte nas demandas vinculadas da sexualidade o terceiro Campo que eu venho chamando de patriota porque assim que eles mesmo se chamam leva esse nome por conta do uso dos símbolos nacionais como forma de aglutinação são movimentos muito diferentes na verdade em todos os campos falando de uma grande diversidade de movimentos e nesses aqui tem um recurso a um modelo bem-sucedido que foi contra um governo de esquerda o do Obama né do ti Pai que é um movimento modelo interessante para movimentos críticos de esquerda porque a junta anti-tributação religião patriotismo direito de Porto Pará agendas que são muito diferentes e que o tear trouxe sobre essa bandeira nacionalista e aqui vocês sabem né a gente tinha também os nossos próprios protestos que levantaram a bandeira nacional as diretas também de uso de símbolos nacionais que serviu como modelo então aqui a gente tem não grupos monolíticos uma nova esquerda ou uma nova direita mas tem cada um desses Campos um pouco um saco de gatos de movimentos muito diferentes mas que tem em comum essa esses estilos de ativismo e grandes agentes bom todos esses campos de movimentos organizaram protesto durante o governo dos governos eles demoraram a crescer como Demorou também a crescer o que eu tô chamando de redes cívicas que são várias iniciativas de organização da sociedade por ela mesma que foram se disseminando pelo país desde os anos 90 aqui todo mundo se lembra do livro e do arato né que trouxe de volta o conceito sociedade civil mas junto com esse movimento intelectual de recuperação do conceito apareceram também várias iniciativas na direção de dizer que as iniciativas societárias são mais legítimas e eficientes para executar tarefas coletivas do que eu estava Então se formaram aí vários nichos de sociabilidade Nos quais se desenvolveram atividades desde jardinagem coletiva casas coletivas até essas outras coisas como são os coworkings e redes Agro no interior do país ali pelo Mato Grosso e outras coisas que são um ativismo de tipo religioso vinculado ao neopentecostalismo são várias iniciativas outra vez muito diferentes mas todas elas convergem para transmitir propagar crença de que são cidadãos Auto organizados que devem resolver os seus problemas e que o estado não é uma maneira de resolver problemas o estado é um óbice a revolução é uma maneira de o estado é um óbito para resolução de problemas então embora elas sejam muito diferentes elas foram disseminando uma prática e uma retórica na sociedade Brasileira de enaltecimento da auto-organização do cidadão empoderamento que é um tempo entrando na moda da sociedade civil Então me parece que essas redes cívicas não fomentaram uma anti política elas comentaram um outro tipo de política baseado nos laços diretos de confiança e cooperação entre pessoas que se conhecem e que seria mais legítimo do que o Estado o meu ponto aqui não posso detalhar todas elas agora mas essas redes incubaram o exército de aderência das manifestações de 2013 então quando a gente chega lá realmente agora na Dilma que que ela ganhou de presente junto com o mandato já tinha um monte de coisa fermentando tinha esses estilos de ativismo que davam modelo de como organizar manifestações tinha diferentes Campos de movimento disputando o controle da rua entre si tinha três zonas de conflito redistribuição moralidade e violência com movimentos sociais organizados em direções Opostas e tinha redes cívicas nas quais recrutada erentes para os protéticos então o jogo entre política institucional e política de rua que a Dilma herdou era muito mais intrincado do que aquele que o Lula teve que administrar nos dois primeiros anos da Dilma essas zonas de conflitos seguiram se aprofundando em parte por causa de iniciativas do próprio governo Mas nem tudo foi culpa do governo também né então tem aí na redistribuição tem o código florestal a hidrelétrica a hidrelétrica de Belo Monte a remoção de moradores para a Copa do Mundo e vários medidas várias não mas medidas que foram vistas como ameaças A Hierarquia racial as ações afirmativas do ensino superior e a PEC das domésticas eu acho que tem uma uma relevância ao mobilizar essas na violência Acho que o mais importante foi aí o ponto diferencial da Dilma em relação ao Lula mas também operando de fato implementou a comissão nacional da verdade ao fazer isso ela criou uma animosidade né criou uma mobilização mais organizada dos Defensores do regime militar que até então estavam se manifestação de maneira muito difusa já na moralidade os maiores protestos que a Dilma recebeu Como o Lula foram na moralidade privada mas a Dilma já enfrentou protesto significativos contra a moralidade pública o dia do basta foi organizado em conjunto por movimentos à esquerda e à direita do governo e na na moral privada continuaram os protestos que na verdade já vinham vindo essa massa Nacional da Cidadania pela vida que vem lá desde o começo do Lula e do outro lado a parada LGBT só chamava assim não tinha mais na época e vários outros movimentos relacionados à sexualidade como a marcha das mundial de mulheres Enfim tudo isso aí tava consagrado tava acontecendo quando chegou junto de 2013 o mês Costuma começar pelo primeiro dia então eu comecei a minha pesquisa de Junho também pelo começo do mês o que que acontece no começo do mês duas grandes manifestações públicas em torno da moralidade privada no dia no dia não no mês anterior em maio o STF tinha aprovado O Casamento entre pessoas de mesmo sexo e a Câmara dos Deputados discutia o projeto de cura gay do Marcos Feliciano que assumiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara gerando uma celeuma em seletor esses dois grandes eventos de rua que normalmente não costumam ser considerados como eventos políticos mas são porque os slogan dos dois eventos eram diretamente relacionados a esses dois eventos anteriores que Eu mencionei essas duas manifestações foram grandes expressivas e aconteceram a parada em São Paulo no dia 2 mas a marcha da família que era foram dois eventos sucessivos a massa Nacional da Cidadania pela vida contra o aborto e a massa da família a marcha da família foi feita na frente ali da dos poderes né na frente do Planalto do congresso com deputados liderados pelos Silas Malafaia e membros de movimentos contra a modernidade de costumes que fizeram afrontas tanto a presidente quanto ao Supremo Tribunal Federal então eu considero que essa disputa em torno do controle dos corpos é um evento político de grande magnitude eu acho que este é o evento que abre o mês de junho em seguida na verdade meio concomitante a este evento a gente tem um outro que não apareceu aí no meu PowerPoint que é o início da campanha não APEC 37 começa no dia 4 de junho que é uma reação também ó afrouxamento da ficha limpa no Congresso essa também é uma mobilização que gera grande mobilização não aí de pessoas presencialmente mas tem um abaixo-assinado gigantesco e chega a um milhão de pessoas e na violência a gente tem aí vários protestos que vão acontecendo contra o crime comum são todos pequenos mas também manifestações contra a comissão nacional da verdade tem esse daqui né que tá em maiúsculo Não é porque eu quero ressaltar é porque o Manifesto no comando de caça aos corruptos resolver usar caixa alta para se visibilizar então tem vários protestos que estão acontecendo e outros que estão sendo Marcados para o mês de e na redistribuição falou-se muito de transporte tem um monte de coisas de transporte que vai acontecer são todos movimentos pequenininhos que estão marcando mas tem aí também uma intensificação do conflito em torno de terra então tem a gente tá vendo agora movimentos indígenas e ruralistas uma cena parecida aconteceu naquela hora ao mesmo tempo em que esses conflitos aconteciam ali no sobretudo no Mato Grosso e regiões em que a é reservas em terras de disputa na verdade nas cidades aconteciam protestos alguns já acontecendo e outros Marcados Para acontecer em seguida contra a remoção de moradores para as obras que vão acontecer durante a copa do mundo Então a gente tem aí até essa hora movimentos organizados em duas direções nesse caso da terra eu não pus aí no PowerPoint mas vou lembrar que agora a Kátia Abreu que a representante da frente parlamentar do negócio ela vai atribuna no Senado e conclama para o dia 14 de junho uma grande manifestação em 14 Estados em bloqueio de estrada como reação do agronegócio as políticas do governo de Então a gente tem aí até o dia 12 a gente tem tinha 77 focos de mobilização e 31 cidades sobretudo São Paulo Belo Horizonte e Brasília onde os manifestantes eram sobretudo estudantes e funcionários públicos mas no interior do país a democracia dos manifestantes era bem diferente eram sobretudo povos indígenas proprietários de terra e profissionais do agronegócio E aí como vocês estão vendo o que é mais relevante nesse momento embora não em número de eventos mas em número de pessoas continua sendo a moralidade eu acho que tem aí três dimensões desses primeiros protestos que são importantes para entender o que veio depois essa concentração dos manifestações entre a moralidade a atenção mediastica que vai sendo dada ao estilo Autonomista de protesto com a tatática black bloc e o treino das tropas que vão atuar na cidades sedes da Copa do Mundo e antes disso da Copa das Confederações esse treino é feito com as mesmas estratégias repressivas que foram implementadas em vários países do mundo com eventos internacionais depois desse ato e que consiste basicamente no que a gente viu em junho em profusão que é gás lacrimogêneo pancadaria prisão e a tentativa de isolamento de grandes espaços Nos quais vão acontecer os eventos o que que aconteceu no dia 13 que fez com que ele ficasse tão famoso é que essa tática entrou em ação no caso de São Paulo O Espaço Proibido Era espaço da Avenida Paulista mas essa repressão ela já vinha acontecendo em várias cidades em que a tática Black Bloc era usada o que aconteceu lá em São Paulo nesse dia mas aqui no Rio também é que a repressão ganhou uma escala maior ela foi considerada desproporcional e tem aí o alvo a repressão incidiu sobre setores médios e altos e normalmente não são objeto de violência policial inclusive aí a própria imprensa essa essa repressão acabou gerando uma virada da cobertura de imprensa que vinha condenando os protestos e que passou aí a legitimar E aí não só a imprensa nacional mas também a Imprensa internacional que tava no país nesse momento porque ia cobrir a Copa das Confederações e que foi uma uma um dos Mortos né uma das maneiras pelas quais a equalização entre o que estava acontecendo no Brasil e que vinha acontecendo na Turquia que tava tendo também os protestos desde o início do mês foram equalizados como Primaveras como movimentos de esquerda então aí também tem essa esse reforço dessa interpretação de que os protestos fossem à esquerda bom aí a partir dessa dessa mudança de percepção da sociedade sobre os protestos com uma legitimação pela imprensa e com uma reação do setores médios e altos daí tem um monte de abaixo-assinados inclusive de muitos assim do nosso meio né em defesa dos seus alunos porque muitos dos nossos alunos estavam nas ruas nesse momento mudou dinâmica do que vem acontecendo mas ainda assim nos dias 14 15 16 cada protesto seguiu dominado mais ou menos por um campo de ativismo em torno dos mesmos temas e sem multidão começou ali uma expansão geográfica mas ainda pequena até o dia 13 o protesto acontecia em 13 capitais e daí nesse momento entraram 6 outros eram muitos movimentos muitas agendas cada um com a sua liderança mas sem nenhuma liderança Nacional sem um tema unificador tudo mais ou menos como vinha antes esse quadro de dispersão de liderança de assuntos desnochou tanto as autoridades lá Como disse o Gilberto Carvalho não sei no começo né estamos todos perdidos quanto a própria imprensa aí o dia 17 eu acho que é o dia é o primeiro dia realmente de muita gente na rua era o dia que começava a Copa das Confederações e os jogos nas capitais em que haveria jogos começaram os protestos de um movimento não vai ter copa na Associação Nacional dos momentos contra a Copa que vinha se organizando também há muito tempo e que se distribuiu temporalmente ao longo do dia a mídia cobriu o dia inteiro Então teve protesto de manhã à tarde à noite e a mídia foi cobrindo a Globo por exemplo e foi dando essa ideia da Bola de Neve do crescimento do processo claro que as mídias digitais tiveram seu papel aqui em sobretudo na comunicação que os ativistas na comunicação dos ativistas dos movimentos organizados com as suas redes cívicas mas a imprensa tradicional teve aí um papel muito importante porque foi um momento em que explodiu a cobertura no dia 17 a cobertura contínua Deu a impressão do evento extraordinário mas olha só o total de manifestantes desse dia ainda é relativamente pequeno considerando que veio depois o impacto foi sobretudo simbólico em razão dessa desses grandes símbolos aqui que foram tomadas que deram a ideia de que o cidadãos estão tomando estados estão atacando estados estão atacando as instituições só que como não tinha Líder a imprensa para noticiar logo procurou encontrar uma designação porque tava acontecendo E aí se espalhou essa disjuntiva pacíficos versus vândalos e praticamente todos os meios de comunicação usaram porque era uma maneira de continuar condenando a tática Black Bloc ele já condenavam antes mas legitimar a manifestação de setores médios e altos e eram aqueles que tinham apanhado da polícia agora isso era um pouco vasto demais então houve uma focalização um movimento que foi associado a tática Black Bloc o mpl isso fez com que muitos muitos outros movimentos que estavam na rua fosse ignorados nas coberturas de imprensa essa focalização mediastica no mpl tem aí um evento que eu acho que é bem importante que é o Roda Viva No próximo no próprio dia 17 em que dois membros do mpl são chamados a TV como se eles fossem os líderes da rua eles próprios nessa entrevista em várias outras disseram muitas vezes que eles não lideravam nada que a própria o próprio movimento pode fazer um parte era um movimento horizontalista que não reconhecia a lideranças mas essa focalização neles gerou um efeito Cascata Eles foram entrevistados por praticamente todos os meios Eles foram até agora nas comemorações de 10 anos toda cobertura está enfatizando outra vez que a questão era o Transportes e o movimento mais importante só que na verdade o problema aí não era tarifa tinha aumento de tarifa em duas cidades e mesmo depois do cancelamento dessas tarifas e em outras cidades o protesto não a mãe não acho que isso tem a ver com o fato um ponto que eu tô fazendo desde o início que é que não era um movimento único eram muitos movimentos de três Campos distintos cada um com seus organizadores com seus estilos de ativista ativismo e as suas agendas depois que a cobertura estourou é que o governo finalmente o governo nacional considerou que o problema lhe dizia a respeito porque até então o problema vai ser no Tratado protesto vai ser tratado como por uma Municipal diz respeito a tarifa diz respeito aos prefeitos que tem que lidar com a tarifa é só a partir desse momento que a presidente fala sobre os processos pela primeira vez ela falou no dia 18 e o diagnóstico que ela fez nesse pronunciamento era igual o diagnóstico do Lula lá no começo povo tem pão agora quer manteiga Isto é que a demanda da rua era sobretudo por mais políticas públicas enquanto a presidente respondia a essa demanda e a outra que ela sempre vinha trazendo como agenda ada anti corrupção ao mesmo tempo no mesmo dia 18 o Feliciano aprovou a cura gay na Comissão de Direitos Humanos da Câmara o dia 20 que vem nessa nessa sequência assim é realmente o dia que é o pico do si nesse dia a gente tem 24 capitais um milhão de manifestantes E aí se consolidam as tendências que vem vindo desde o começo do ciclo que é confronto entre estado e manifestantes a tática Black Bloc usada por uma parte que se manifestantes a repressão policial forte pelo lado do Estado mas também começa a aparecer com mais força que vem acontecendo muito miudinho desde o começo do Chico que é o conflito entre Campos de ativismo Então os protestos simultâneos de grupos diferentes começam a Gerar violência física entre manifestantes e o que que eles estavam por que que eles estavam brigando na rua né abaixa a bandeira queima a bandeira eles estavam disputando qual era a final de contas o foco do protesto sobre o que que era o protesto Afinal o Não é pelos vinte centavos é um slogan criado pela cala Zambelli do nas ruas em oposição ao slogan do mpl de é pelos pelos vinte centavos então tem uma disputa pelo sentido dos protestos e para dizer se se trata mais de focalizar em redistribuição e moralidade e a violência embora não tenha sido um tema por si ela acabou entrando na agenda naquele momento seja por conta da repressão policial seja por conta da violência dos ativistas seja pelo uso da tática Black Bloc seja dessa dessa violência dos Campos entre si e esse é o momento em que também acontece um adesivo dessas redes cívicas que já estavam pré organizadas durante foram se organizando durante os governos Lula e que então vieram para as ruas e passaram a usar o que tava em grande disponibilidade por conta da Copa das Confederações que eram as bandeiras brasileiras as camisas do Brasil E aí né Muito se falou dessa adesão como espontânea nesse momento mas esse Pico do ciclo ele foi organizado pelos movimentos que já vinham organizando manifestações desde antes O que aconteceu é que uma parte desses organizadores e dos seus aderentes não foi reconhecida como legítimo isso aqui são entrevistas que eu fiz ainda em junho de 2013 com manifestantes com organizadores das manifestações dos Campos à esquerda Autonomistas e socialistas como vocês podem ver pelo quadro eles eram capazes eu pedia para eles assim fazer uma linha passar uma linha no meio da folha e dizia assim bom para cá você me diga quem que tava aí que era meio perto de alguma maneira de você né a esquerda do governo e do outro lado quem é que tava E aí Alguns conseguiram usar termos até muito precisos para o que tava acontecendo do lado esquerdo da rua mas quando se tratava de falar do outro lado eles não tinham nem mesmo terminologia era um desconhecimento completo do que era eles reconheciam a presença de outros manifestantes mas o termo que se repetiu em todas as entrevistas que eu fiz era gente esquisita eram pessoas que não eram as usuais e manifestações de esquerda mas que estavam lá esses desconhecidos eram tão desconhecidos que a mídia não noticiou a mídia falava famílias com crianças etc e o próprio policiamento não soube descrever então a ideia de que é um campo patriota uma ideia dos movimentos mas é uma ideia que foi sendo comprada também pelos outros lados porque era a única maneira de escrever por meio dos símbolos nacionais Então esse campo esse Grande campo patriota ele não foi visto como um campo político legítimo nem pelos manifestantes de esquerda nem pela mídia nem pela polícia e nem pelos intérpretes ele foi um ponto cego agora tenho já passei do tempo vou acabar aqui então rápido né vou pular uma parte então vou falar até amanhã aqui é só vou falar só vou pular uma parte aqui e vou me encaminhar para a conclusão então tem aí três Campos de ativismo que estão simultaneamente na rua é que levam gente a rua um pequeno número durante muito tempo e que só levam muita gente aqui os picos de ciclo que são número de manifestantes e de cidades quando tem essa grande adesão das redes depois da mudança de cobertura da mídia e dessa legitimação do protesto pelos grupos sociais altos e aí esse seria o momento em que a gente teria uma nacionalização do protesto só que na verdade eu prefiro falar numa massificação porque porque embora a gente tenha uma distribuição maior do protesto ele não é exatamente nacional se vocês olharem aí para o mapa tem uma concentração do protesto no Sudeste e no Sul quanto maior a bolinha aí mais eventos de protesto em cada um desses lugares como vocês podem ver é um fenômeno de grandes cidades mas não só na cidade populosas porque a gente poderia dizer um efeito da demografia né onde tem mais gente obviamente tem mais gente que vai à rua mas Paraná que é um estado que a república agora conhece muito bem o Paraná é o sexto estado em habitantes em 2013 e levou quatro vezes mais gente a rua do que o 4 cara Bahia Então não é um fenômeno demográfico é um fenômeno político o protesto foi maior onde oposição partidária o PT estava mais implantado o protesto também não abrangeu tanta gente como se lembra a gente se lembra numa conta bem Generosa porque Generosa porque eu considerei o número de manifestantes que os organizadores diziam que estavam nas ruas fazendo essa conta Generosa Somando todos os manifestantes Generosa também porque muito se repetiam foram 7 milhões 762 mil manifestantes isso significava 5.6% do eleitorado em 2013 o povo todo nas ruas era isso aí e por fim né para concluir mesmo aqui só para mostrar isso aqui para vocês que acho que é difícil de ler né mas então eu só vou traduzir e aqui são os grandes temas dos protestos aglutinados em grandes assuntos e aqui os bombeiros correspondem aos tipos de movimentos que se manifestaram em torno desses assuntos e o fato deles estarem nas nos mesmos temas não quer dizer que eles estavam se manifestando na mesma direção eles estavam se manifestando em todos os mesmos assuntos e como vocês podem ver aqui moralidade pública é um tema grande mas moralidade privada também é significativo e aquilo que você falou bem pouco em 2013 que são as relações entre capital de trabalho e as outras políticas que diz respeito a terra por exemplo também tem a sua relevância bom eu poderia ficar mostrando mais um monte de brinquedinhos desses daqui para vocês mas para concluir deixar alguma conversa para algum tempo da conversa depois eu só queria lembrar o que eu falei no começo eu resolvi fazer essa pesquisa assim desse jeito porque eu acho que depois de 2013 como a gente viveu um processo político muito acelerado O que aconteceu de tudo né Acho que muitos de nós eu inclusive no começo vamos levados a pensar 2013 como um início de alguma coisa e tentar entender como 2013 deu outras coisas E aí 2013 virou tanto para um lado no debate público como Manancial de esperanças perdidas sequestradas pela pela direita como uma origem de todos os males que saíram depois da Caixa de Pandora ao fazer esse exercício aqui o meu objetivo também é mostrar aqui junho de 2013 foi muitas coisas foi um ciclo de protestos em que havia movimentos muito diferentes com agendas diferentes e que eles não podem ser considerados como tendo uma única direção eles estavam pressionando o governo por lados diferentes e o que aconteceu ali eu acho que deu a multidão foi essa simultaneidade dos diferentes justamente o que veio depois não é uma necessidade né não preciso que lembrar vocês que o determinismo não é bom para pensar mas foi o cruzamento de diferentes linhas de ação de diferentes movimentos diferentes atores que levou um resultado não planejar eu acho que não tem aí um finalismo que a gente possa indicar e eu sei que não é um tipo de resposta politicamente alentadora né chegar com complexidade mas eu acho que como aqui do lugar em que a gente fala às vezes é relevante o mais relevante é trazer a complexidade de volta a conversa obrigada [Aplausos] bom obrigado Ângela excelente muito bom escutar sempre é inscrições [Música] fazer uma primeira rodada Chaves quer falar temos inscritos João Adão quem mais mas alguém na primeira rodada uma mulher bom João muito legal mesmo eu acho que esclareceu vários pontos que eu já incluía sim concordo e algumas coisas que eu andei estudando também com as costas também eu concordo mas eu queria chamar atenção Para um ponto que um pouco Óbvio que eu estudo que a questão da mídia que você estudou várias vezes e aí parece que na passagem uma das coisas que ele tá fazendo também não achei tão me traz estudar a base Tá pronta a gente tá fazendo análise agora essa virada da mídia na época das manifestações né e você parece ter marcado isso pelo fato de ter havido violência e a mídia a mídia virou de posição você sugeriu isso né agora eu tenho um artigo eu posso até mandar para você bom mandar sobre essa coisa do paradigma de protesto mostrando como nada a ver com 2013 ainda mas mostrando como existe esse conceito é um conceito na verdade cunhado em Hong Kong primeiro por uma socióloga de Hong Kong que estuda a comunicação mostrando como a mídia tem uma tendência a cobrir processo de uma maneira negativa né atribuindo motivos personalistas não reconhecendo as pautas realmente as demandas dos protestos tudo mas tudo isso eles dão um áudio para diminuir protesto e Ela mostrou em Hong Kong tem um debate que depois foi para os Estados Unidos Europa tudo mais aí eu fiz uma análise no Brasil também como se dá ou seja Resumindo a coisa a mídia brasileira tem essa tendência de fato de tratar protesto numa maneira negativa de cara Qualquer que seja ele né mas o que é estranho interessante nesse caso que houve uma virada mesmo né agora é o que me parece assim a virada Eu lembro que uma das coisas que parecem motivar a virada foi os os Ataque aos jornalistas né a empresa o polícia a polícia machucou jornalista mas me parece assim outra coisa clara é assim do alto ou de baixo não sei da literatura de mídia e política no Brasil Talvez o diagnóstico mais consensual é o viés terrível com que a mídia brasileira tratou trata a esquerda PT e particularmente o Lula os governos do PT inclusive trabalhos trabalham só os meios que mostram né e o que parece que aconteceu aí foi que a mídia passou do paradigma de protesto que era uma reação quase automática que as pessoas já estão prontas para produzir por uma sacada de que isso pode ser usado contra a Dilma e que de fato causou um efeito terrível assim olhando você tem uma caixa preta no meio mas olhando os protestos a cobertura da mídia e o que ocorreu nas pesquisas de aprovação do ou seja porque você falou eu concordo com você os movimentos são pouca gente em relação ao total da população do litorado mas um efeito de opinião pública muito maior do que propriamente os eventos de projetos né isso interessa nós pelo menos a nossa cientista político interessantes eu sei que interessa vocês também mas a minha leitura é a seguinte na verdade isso foi instrumentalizado a mídia trocou paradigma do de protestomo paradigma de atacar o PT com isso foi o que fez ou seja jogando no colo da Dilma e as nossas primeiras Anas já Mostra aí do governo federal a responsabilidade por atender Aquele monte de demandas de fuso aquele Frankstein de demandas que foi em 2013 já com foco na corrupção é isso que eu queria que você comentasse porque eu não vi isso na sua na sua leitura Obrigado Ângela Já comprei o livro Já baixei no meu telefone vai ser lido imediatamente duas coisas eu vou discordar de vocês dois Eu acho 7 milhões e meio de pessoas muita gente nunca antes na história desse país 7 milhões de pessoas foram a roupa para protestar sobre qualquer coisa o mais próximo que nós temos disso talvez sejam os possíveis 3 milhões lá das massas da família lá em março em abril 64 e também deram um golpe então eu acho muita gente Além do mais acho que a conta não pode ser o eleitorado mas a parcela do eleitorado que estava representada ali não é não era a maioria do eleitorado que tava representado Ali era uma parcela e nós sabemos que tinha uma grande representação de classe média e se você olhar a fração de classe média na população brasileira você tem sete milhões e meio de pessoas das quais 70 80% de classe média nós estamos falando de 60% da classe média na rua tá certo então é uma conta que eu acho que devia ser feita não é trivial não é que a parcela Como disse o João é que tem mais poder de formação de opinião e que foi a formação de opinião foi encapada pela mídia etc e tal até não é um efeito demográfico Mas qual demografia Qual a demografia Eu acho que isso é importante outra coisa que eu fiquei coçando a a mão para ler e vou ler né É porque os trabalhos da Camila Rocha não sei se você cita porque não li ainda né mostrar um pouco isso o processo de construção dos contra públicos até chegar ali em 2013 né começando lá com os grupos de os liberais no Escondidinho da internet que que apareceram ali então é uma coisa que vinha sendo gestada há um tempo e você tem toda razão em chamar atenção sobre isso outro não sei se você conhece os trabalhos do Fábio Maline lá do Espírito Santo é óbvio né ele mostrou lá em 2015 numa matéria da agência pública que bolsonaro já era por exemplo um nó Central das redes de direita né ele os filhos dele Olavo de Carvalho etc eles estavam no coração ali dessa coisa dessa desse ecossistema né direitista que tinha nascido e já tava completamente consolidado em 2015 né isso depois evidentemente porque ele começou a olhar isso depois com a tecnologia que veio depois e tudo mais mas isso vinha antes né como você bem chamou atenção eu tô dizendo isso concordando contigo né que olhar de 2013 para diante a gente capta uma parte da coisa porque boa parte da coisa né já vinha diante 2013 galvanizou coisas que já vinha de antes eu concordo inteiramente com isso é porém eu queria te ouvir sobre e mas ok né galvanizou né porque eu não fiquei com isso termina e você só soltou a bombinha e não mas não arriscou fósforo que é claro que nós vivemos as consequências disso que não estavam postas lá evidente que não porque Como disse Breno José Maurício você mesma lá atrás você e as pessoas com quem você tava trabalhando lá atrás no calor da hora mostrar tava tudo aberto Horizonte estava aberto né as pautas estavam abertas ninguém sabia onde é que ia dar esse era um magma em movimento isso usa que é uma imagem muito boa mas deu em alguma coisa né vieram os protestos em três depois em 14 e depois em 15 depois em 16 e as mesmas pessoas que estavam na rua não é então é possível traçar uma genealogia de 2016 para trás e chegar em 2013 numa parte das pessoas que estavam ali não todas evidentemente né não tinha finalidade ali ninguém achava que ia dar nisso mas que parte das pessoas que achava que vão tirar o PT aí esse negócio não pode ficar aí né Essa genealogia ela é um fato certo de gente que em 2013 achava que o PT não dá mais tempo que tirar essa mulher daí né isso aconteceu em 16 então há uma Talvez né arriscar esse fósforo pode dar em alguma coisa não sei quem sou obrigado anjo também achei fascinante sua palestra e tem certeza que o livro já é bibliografia obrigatória né A análise político social brasileira contemporânea eu fiquei curioso em ouvir pensei que tivesse incluído na sua pesquisa E aí minha curiosidade a presença do já de alguma coisa de lava jato Eu lembro que em 2013 já tinha lá um dos temas colocados como justificativa de uma grande manifestação uma tal de uma PEC que eu nunca tinha ouvido falar que era uma disputa entre o delegado aí o que que isso tem que ver com o que a gente costuma entender como movimento de rua e me surpreendeu bastante e ali eu falei assim Opa tem nada que vê com o que nós entendemos desde a transição democrática como sendo a outra história né E aí eu não vi aparecendo na pesquisa tá porque eu acho que ali é um vetor bom a minha impressão na história contada depois como Adalberto lembra vai dar impeachment né é o que realmente era importante para ver ali e isso é uma pergunta uma segunda pergunta assim na sua pesquisa como que o internacionalmente a coisa do ponto de vista comparativo né porque o Brasil é acompanha o que eu tinha ocorrido em outros lugares do mundo e não no mundo desenvolvido Porque não houve mudança de regime no mundo desenvolvido mas no mundo periférico e acabado de acontecer como mudança de regime e o que vem acontecendo no Brasil depois de 2016 foi tipo uma mudança de regime certo Quer dizer uma tentativa ali de foi um golpe para mudar ali [Música] as forças hegemônicas no governo né então uma segunda uma segunda pergunta sobre essa essa esse dado comparativo né e em terceiro que é uma que é um comentário né Eu lembro que quando os protestos estavam correndo eu vinha consumindo uma bibliografia que depois tá muito consolidada que a nova bibliografia sobre mudança de regime você tem análise basicamente é de você tem determinado desenvolvimento econômico né Você tem uma encruzilhada na Qual as principais classes que disputam a política se vem né e E aí lembrando uma sociologia bem tradicional e bem forte do bertolmour Então você tem alguns caminhos que são possíveis serem trilhados A partir dessa Encruzilhada né então por coincidência eu tava consumindo essa bibliografia olhei ele em 2013 bateu não tem muito jeito né Tem uma um grupo querendo revolução comunista não vai ter tem outro jeito num outro grupo querendo mudança de regime numa reação conservadora provável que tenha e bom depois de 2016 assim uma outra história né de reconstrução democrática né mas só um comentário um comentário né aí não é nenhuma pergunta o trem três questões de volta que eu venho aqui vocês me põe para pensar começando pelo pelo começo né João eu acho que a mídia você sempre insiste nisso né conta do seu próprio trabalho mas eu acho que em 2013 a literatura de modo geral preferiu olhar para as mídias digitais então o ponto que eu tô fazendo Na verdade é um pouco contra a ideia de que você tem uma revolução digital e de que o grande vetor aí foi isso eu não digo que as mídias não tenham tido relevância as mídias digitais mas por exemplo porque a Carla Zambelli por exemplo ela tinha nas ruas ela tinha uma página no Facebook nacional e depois era replicada em cada um dos Estados nas ruas ponto RJ SP então era uma estrutura de organização do próprio movimento não é uma estrutura de convocação de gente avulsa eu acho que a maioria das pessoas que aderiu aos movimentos em si aderiu dessa maneira mais orgânica tem um slide que eu não mostrei para você é bom não dá tempo porque depois nós perguntas a gente tem alguma coisa para né fugir é das perguntas e tem uma se você olha com quem que as pessoas foram as ruas né A maioria das pessoas foi com gente que elas conheceu elas não foram chamadas também pela pela mídia de uma maneira totalmente avulsa eu acho que as mídias tem um papel muito importante eu acho que sobretudo a Globo teve uma cobertura muito forte mas quando ela chama eu fiquei me perguntando assim por que que as pessoas vão Porque como sociólogo não dá para pensar vocês são cientistas políticos que essa parte de cá mas não é Adão a gente não pode a gente não pode pensar que os indivíduos vão avulsos das coisas a gente pensa que os indivíduos estão imersos em relações então eu falei bom da onde diabos vieram essas pessoas e aí se você olha para esses números você vê que a maioria das pessoas foi com gente próxima então assim o que foi a rua foram nichos por isso que eu voltei essa ideia de redes cívicas aí eu tentei um pouco identificar Quais eram esses nichos de sociabilidade dos quais as pessoas estão indo então eu acho que o que a grande mídia faz é comunicar essas pessoas a hora de ir mas ela ela sozinha ela não leva também tanto assim que logo que passa o Pico do ciclo as pessoas voltam para casa continuam o chamamento as pessoas voltam porque elas não são ativistas profissionais eu acho que tudo bem a gente pode pensar que do mesmo jeito que a mídia fez convocações nesse momento ela fez um outros com menos sucesso né precisaria daí fazer uma análise comparativa mas eu acho que o sucesso aqui é porque você tinha uma sociedade e tava farta mesmo as perguntas não era como motivador do movimento não era esse final de opinião causada Então mas aí eu acho que tem uma outra coisa que eu também não desenvolvendo aqui mas aqui é o tipo de resposta que o governo dá porque você veja se eu tô certa aqui e você tem três Campos na rua quando a Dilma chama a negociação depois que ela faz o pronunciamento ela chama os movimentos a irem a Brasília e conversar quem é que a Juma ela chama os movimentos Autonomistas ou em pele e depois dois dias depois ela chama um monte de movimentos socialistas e vinculados a pequenas partidos de esquerda ela e nenhum momento considera a possibilidade de ouvir outros movimentos que estão na rua também porque do mesmo jeito que todos esses insetos é que eu tava falando não reconhece a existência deles acha que essa dimensão a dimensão mais importante do protesto é a relativas políticas públicas é atrás do pão com manteiga e que a corrupção é alguma coisa que ela já tá tratando Porque de fato ela tá né mas ela não pensa que isso é uma tópica que ela deve conversar com o movimento Então eu acho que aí sim tem um ponto cego do próprio governo que não não negociou não chamou para conversa esse lado da rua a direita Na sua parte democrática porque a gente tinha ali em 2013 movimentos liberais movimentos conservadores e uma franja de movimento autoritários tá bom todos ali mas os autoritários eram significativamente menores embora o bolsonaro essa turma venha vindo eles são menos gente agora ao não responder para esses outros que estão no campo democrático ela perdeu qualquer possibilidade de conversa sobre isso aí eles voltam em 2015 já os três esses três subcampos já organizados juntos contra o governo agora que tem um cansaço em relação ao PT eu acho que Sem dúvida nenhuma acho que nada disso aqui teria acontecido se a gente não tivesse no terceiro governo do PT porque teria outro governo com outra agenda o reequilíbrio de força na sociedade seria outra então eu acho que esse é um protesto que acontece no terceiro governo do PT não tá satisfeito né João Mas você metonímia Quem foi para as ruas como gente do movimento não não não pelo contrário eu tô distinguindo organizadores e aderentes esses daqui são os aderentes os organizadores são um monte de movimentos que eu identifiquei também vou mostrar aqui Cadê meus eu fiz um monte de tabelinha só que eu perdi agora que é eu tenho aqui Não é esse aqui que eu queria mostrar eu tenho é que eu tinha escondido esse daqui porque a tabelinha veio sem 100% né Zé daí eu tinha falado não vou mostrar essa Mas você pode ver que tem um monte de atores organizados e nem todos são os usuários suspeitos você tem igrejas organizando protesto é movimento vinculados à igreja você tem sindicato tem partido e tem inclusive associações patronais é relativamente pouco também por causa da natureza do dado porque nem sempre você consegue a informação de quem está organizando Mas tem uma variedade de organizadores e é por isso que você pode levar uma variedade de pessoas nas ruas esse aqui é o ponto pode ficar por isso mesmo sem acabar de responder É muita gente mais ou menos Parada Gay leva 3 milhões tem tudo cheguei amigo cheguei família de gay tem bastante simpatizantes etc então assim o que que aconteceu no ano seguinte dois anos depois né um ano e meio depois em março de 2015 vai mais gente para Rua do que foi em 2013 e no entanto Agora toda vez que a gente volta a falar do grande fenômeno de rua não sei o que a gente fala de 2013 porque em 2013 a gente pode continuar falando que a esquerda tava lá agora em 2015 não tem jeito de dizer isso agora 2015 foi maior do que 2013 muito maior né tem aí uma como diria assim tem um esforcinho aqui da gente né de olhar e pensar que as coisas que do lado que a gente tem de politicamente são mais relevantes do que aquelas do outro lado agora O Negócio nova direita eu não gosto dessa tecnologia por isso que eu acho que acho que acho que é um erro conceitual porque toda vez que você fala da política falando de um lado só você tá deixando de considerar que se trata de um jogo relacionado você tá à direita de alguém ou a esquerda de alguém então para caracterizar um grupo você precisa caracterizar o outro por isso que aqui a minha tomada foi assim eu vou eu vou pensar direito e esquerda como lá na origem do termo quem tá de um lado ou do outro do rei né então assim se o partido no poder é o PT o que tá a esquerda tá pedindo mais coisas nessa direção por considerar esquerdo e quem tá desse outro lado vou considerar a direita é posicional para mim acho que a gente pensar que tem aí um universo que tem uma ideologia que tem líderes você pode sempre cair numa falácia que é numa falácia não porque senão vai corrigir Você pode cair em algum tipo de erro né de pensar que esse movimento é orgânico né aquele organizado que ele é que ele é sempre da mesma maneira e o que eu observei vindo do Lula até a Dilma é que todas essas essas organizações elas são conjunturais então por exemplo tem movimentos que estão no dia do basta movimentos de esquerda que estão juntos com os movimentos que agora a gente considera de direito como nas ruas da Carla Zambelli tinha lá o pessoal vinculado ao PSOL por exemplo o pessoal que tinha saído do PT Que estava organizando movimentos denunciando a corrupção do próprio PT eles estavam juntos na rua naquele momento no governo Lula no primeiro dia do basta no governo Dilma Ainda foram juntos aí chegou lá na entrevista que eu fiz com a Isabela é muito como ela é muito direta ela falou ah daí Tinha movimento aí a gente chegou lá e aí percebeu né tinha o pessoal que era assim mais estado né mas pessoal que não é a gente e tinha gente então aí ele se separaram Mas eles estavam juntos Porque durante muito tempo a esquerda inclusive o PT tem culpa nesse cartório achava que a corrupção que o debate sobre a corrupção era um debate que tinha que ser feito até as últimas consequências e que a moralização da política era um grande objetivo e aí entrando na outra na questão do Não não eu tô aproveitando a sua pergunta para falar mal do alheio então e agora com relação ao perfil social que você falou de classe média Não posso discutir com você classe média né Adão Mas tem uma informação relevante e quando você olha aqui quem são as pessoas que foram os protestos eu acho que tem um mundo do ponto de vista da renda que pode ser muito parecido mas não são pessoas que vivem a vida do mesmo jeito você tem estilo de vida bastante diferentes no mesmo Universo no mesmo extrato de renda né então você tem por exemplo muitas profissões desvinculadas do Estado entre os manifestantes gente que acha que realmente o estado é um óbice que são partidários desse não empreendedorismo e que tem uma grande ojeriza em relação ao PT por conta disso então acho que não tem a ver aí com renda em si né e eu tinha um outro que não veio aqui será acho que não tô aqui só né não perdi aqui o que eu ia mostrar mas o fato é que quando você pergunta você fala que tem uma que o bolsonaro falou né que o bolsonaro já era relevante que foi que isso foi crescendo nessa classe média eu acho que tem também uma coisa que eu procuro traçar ao longo do livro é a ojeriza dos setores altos tem a oposição ao PT tem uma sobre representação o tempo todo entre os extratos altos e se você olhar o survival ao longo do governo bolsonaro o inverso é verdadeiro o bolsonaro tem uma sobre representação entre os extratos altos e eu acho que esses tem grande poder de convocação não vou te convencer agora o que eu não fiz que vocês estão me pedindo todos vocês que eu não quis fazer mesmo continuar o livro depois de 2013 eu fiz um finalzinho assim que é uma corda né acaba em 2013 tem uma conclusãozinha porque eu acho que tudo que sendo feito é nessa direção de fazer um arco completo e eu quis fazer uma coisa que é estabelecer a complexidade deste momento e saber como a gente chegou neste momento o que veio daqui para diante então outros né podem fazer eu acho que tem uma um resultado de 2013 no processo de sequente que é o fato de que tava todo mundo lá é criticando o PT acabou gerando uma coisa que respingou para todos os partidos mas aí outra vez voltando no ponto da mídia eu acho que teve uma um evento de mais magnitude do que o mensalão em si que foi o julgamento do mensalão o julgamento do Mensalão foi espetacularizado pela mídia né e ele foi um momento no qual E aí eu acho que a veja precisa levar os Louros da Glória porque todo mundo participou desse processo mas a vejo foi a mais infarto E aí se produziu nesse momento uma ideia bom uma retórica de que os políticos são impuros né são moralmente por Carlos e que é preciso buscar outras elites ou outras pessoas de bem os líderes da nação eu acho que aí dá para ver uma linha do que vem depois né E aí acho que o bolsonaro Foi bastante esperto de dizer que ele não era político né quando mais do que político com filho político uma trajetória política mas ele tá o sentido de oportunidade dele para não falar oportunismo é impressionante porque ele tá em todos esses eventos os relevantes assim a PEC das domésticas Ele é o único que volta contra ninguém tem coragem de botar contra ele gosta né então ele se estabeleceu com clareza como alguém que vai desabridamente levar essa agenda diante mas eu tô falando coisas nada a ver aqui né fabito Então até que 37 eu acho que ela é uma espécie de semente da lava jato porque aí já tem uma organização tem Eu mencionei uma baixa assinado mas tem organização de magistrados meio no país inteiro que vem vindo desde antes eles estão se organizando por conta da ficha limpa né então ele já tanto tá tendo uma discussão no congresso e aí vocês sabem melhor do que eu que é para afrouxar né a ficha limpa e eles começam a se mobilizar Contra isso então é uma mobilização que vem com a mobilização de Elite mesmo em espaços de Elite são eles com eles mesmo mas aí quando chega ali junho no começo de Junho eles lançam uma campanha de internet uma campanha pública inclusive com propaganda com logo com antes de estourarem assim os grandes protestos então eles são uma vertente que vai vai ficar aí e sobre a comparação internacional Eu também resolvi fazer esse foco e não abrir muito essa lente mas o caso que eu acho realmente mais similar é o caso americano porque eu acho que ali você tem um governo de esquerda que chega com uma figura que não é palatável para as elites sociais no caso dos Estados Unidos embora seja um homem altamente educado fino etc é um negro e no caso Brasileiro né o fato do Lula ter chegado ao poder eu acho que é muito difícil para uma parte das elites sociais aceitar uma figura como Lula como presidente foi no passado é no presente não acha ocidental que o Lula Chorão né mas que ele tenha chorado nas duas ou talvez três ocasiões na posse por dizer Esse é o diploma nunca tive um diploma Universitário tem um ex que ele tenha feito tanto nessa direção eu acho que tem aí uma depreciação simbólica desse tipo de pessoa que que tem que tem uma reverberação difusa indireta mas que é muito forte na sociedade brasileira sabe eu acho que no Obama foi a mesma coisa assim e por isso que eu digo que eu acho que eu te perdoe foi um grande modelo porque eu te pai organizou duas pode colocar junto duas coisas que são difíceis de estar junto que são os movimentos liberais aqui no Brasil inclusive envolventes libertados que são muito próximos dos movimentos por direitos sexuais etc por liberdade de drogas e tal nesse plano dos costumes mas esses movimentos puderam se aliar com movimentos Ultra conservadores porque essa essa agenda Contra esse tipo de liderança deu um guarda-chuva comum para eles assim então eu acho que tem muito de designa com que era o PT com o Lula e depois uma coisa que você fala pouco mas pode ser muito importante que a misoginia mas o fato da Dilma ser presidente tem aí um ponto que também não é bem digerido por muita gente e o fato dela ter sido guerrilheira é um negócio que daí também não foi digerido por uma outra parte então enfim que eu tô dizendo aqui são eu não tenho uma explicação em linha reta simples e tal eu tenho Realmente esse monte de observações sobre a complexidade do fenômeno e não tô assim [Música] persuadida de que dessa complexidade pudesse ter saído somente o que saiu eu acho que aí a política é contingente né Eu acho que dependeu muito das reações que os diferentes atores políticos tiveram diante daquilo os erros eu acho de resposta do governo PT mas os erros da oposição também porque francamente você tem um movimento desse tamanho na rua né em oposição ao governo um partido um bom partido de oposição podia ter feito do Limão uma boa limonada né mais uma rodada Pedro e mais eu só vou então ler as perguntas da internet ainda tem mais espaço para a inscrição depois do Pedro bom é Talita Teixeira dos Santos gostaria de agradecer pela palestra gostaria de saber se a autora concorda com a ideia de que o discurso de combate corrupção teria como algo a corrupção de valores de Junho ainda estão aí apesar de adormecidos qual a possibilidade de vermos novamente o movimento semelhante no futuro e César Caldeira Parabéns excelente palestra pode comentar a situação do ativismo patriota em relação aos acampamentos em frente de quartéis e o ataque dos palácios antes dos três poderes em oito de Janeiro Qual foi a segunda mesmo por favor ainda estão aí apesar de adormecidos qual a possibilidade de vermos novamente no futuro tá gravando isso em tudo que eu tô falando aqui tá sendo gravado Obrigado Ângela pela fala sou Pedro professor da UFRJ tem ser política tentar ser bem breve Ângela você começou a sua apresentação falando daquelas quatro sínteses né porque seria um meios puras né seria a síntese do André Singer do Paulo Arantes do Renato Janine e da Marilena né E aí você claramente ao enfatizar complexidade você tá você me corri se eu tiver errado mas tá fugindo de também apresentar uma síntese tão englobante Então totalizante o que eu acho interessante mas eu queria te perguntar o seguinte para Além de pensar o que hoje vou tentar não enfatizar isso porque eu sei que não é por aí o seu caminho mas você fala muito da diversidade dos movimentos né você mostra esse mapa né então existe uma diversidade existe os três Campos as retóricas né e tudo mais os repertórios Mas será que não tem um encontro assim eu fico me perguntando ouvindo você e vendo essa diversidade toda Porque será que junho de 2013 então nessa unidade que a gente se acostumou a se referir esse evento como sendo tem alguma unidade Aí eu te pergunto tem alguma unidade aí tem algum momento em que o autonomismo se encontrou ao invés de simplesmente disputar com o campo né socialista e também com o campo patrioti porque a impressão que eu tenho é que tem um encontro tem alguma linguagem comum seja no modo de falar não vai ter Copa que tava todo mundo falando né Então queria te perguntar sobre se existe esse comum aí e aí se dá para a gente depreender daí um junho de 2013 e não só essa miríade que você também descreve [Música] Boa tarde eu não consegui eu só consigo comprar o livro ontem então não terminei de ler eu não sei se você fala isso mais para frente mas eu fiquei com uma dúvida específica é bem pontual sobre a relação do supremo com o campo patriota né porque parece que aparentemente existe uma certa ambiguidade no ponto da moralidade pública tem a atuação do supremo em relação ao meu salão e aí você até fala que o Joaquim Barbosa é descrito como o negro no mito meritocrático conseguiu pelo próprio esforço uma posição ao Lula e tal e ao mesmo tempo no campo da moralidade privada é o Supremo decidindo sobre o aborto de fetos com anencefalia a questão da União afetiva nenhuma afetiva e o e o mensalão acho que ocorre quase ao mesmo tempo né as decisões eu queria saber se nesse momento já de Junho já tem uma relação Clara do que que essa relação como é que vai ser a visão do campo patriota em relação ao Supremo como a gente vê que é hoje ou se segue na ambiguidade até o final [Música] [Música] em maio Salvo engano talvez você saiba melhor mas em maio de 2013 aprovação da Dilma chegava nos 70% era grande não era não era qualquer coisa Então essa ideia do cansaço competino não entendo muito bem Como que ela entra na explicação acho que você tem esses desejos do confronto que os eixos do conflito né cotas entram mas eu acho a coisa corrupção ela também é um objeto fabricado acho que a questão talvez é quem é o agente acho que eu entendi que o João falou ele tá dizendo assim a mídia [Música] não que seria uma um cansaço espontâneo dessa sociedade concorda com isso mas acho que é um pouco por aí né que essa que essa produção simbólica né então a invenção dessa sociedade brasileira é uma profissão política então Confins E aí tem um problema realmente acho que você é se Levanta até um problema de pesquisa aqui que é sensacional que é que no fim das contas o processo leva a um golpe mas não é que os atores estavam Fernando mostra isso a coisa foi enversar para o golpe os 40 segundos mas acho que tem aqui Um certo descompasso né entre as os eixos do confronto eles existem mas eu não sei se dá para a gente descer claramente né acho que não é esse exatamente o teu propósito mas tem tem desníveis na hora da explicação e talvez ficou um pouco assim escutando é isso o fenômeno é um mosaico mas a explicação ela não ficou muito dispersa também porque eu acho que acho que a intenção Ela É Sensacional e você termina justo onde eu gosto que é ser determinista não é legal né acho que na cabeça do senso comum acadêmico é eu mostrei que não tinha nenhuma necessidade é isso concordo mas é mas tem alguns nexos Não sei acho que o time não faria isso acho que não era não é esse acho que nesse sentido que você pode até ser melhor enfim mas sensacional obrigado Mais uma vez [Música] obrigada pelas perguntas vou começar lá pela pela sequência né a relação entre corrupção moral entre corrupção e moral que apareceu na internet de fato o que e acho que é junto com uma pergunta que uma das dos pontos que Você levantou Zé do cansaço fabricado a corrupção eu acho que é um termo que foi muito bem usado e é um ter muito adequado para fazer o serviço de alinhavo entre movimentos muito diferentes porque corrupção para uma parte significa corrupção administrativa corrupção do governo e para outra parte significa corrupção moral é o povo que vai fazer o aborto é o povo vai fazer o casamento gay então assim é um governo que encaminha a sociedade para a corrupção né moral e uma outra parte que acha que é um governo que tem também um estado são duas coisas diferentes mas que ganha uma justaposição então por isso esse enquadramento da confusão Eu acho que ele é muito bem sucedido e também se a gente olhar pesquisas de opinião ao longo do tempo a desigualdade e questões relacionadas com desigualdade eram um grande campeão de interesse nacional mas a agenda dos governos petistas era principalmente essa então quem vai fazer oposição ao governo vai procurando outras coisas então a corrupção também foi uma maneira de construir uma retórica anti petista por vários movimentos e ela acaba sendo bem sucedida desse ponto de vista do debate público e aí quem que perguntou do supremo né Eu acho que o Supremo aí ele ele realmente opera como faca de dois gumes né porque ele por um lado assim ele é um modernizador e por outro ele ele joga nesse discurso moralista Mas é porque ele se põe acima ele se põe como o grande o líder Iluminista da sociedade então o Barroso disse isso várias vezes né a sociedade não fará essas reformas como o aborto também as pessoas mesmo sexo então o Supremo fará e eu acho que no caso da corrupção é um pouco a mesma coisa no fim das contas quer dizer o estado não se reformará os partidos não se reformarão então o Supremo fará eu acho que tem aí não sou especialista mas eu acho que tem uma certa ingerência né vocês é que são de quais são as suas as suas atribuições Mas eles conseguem se sintonizar Mais qual opinião no lado da corrupção do que é do lado dos direitos né então eu acho que não é o Supremo como como ator em si mas são as decisões que o Supremo vai tomando que vão tendo Impacto né então quando tem a decisão do supremo sobre o casamento entre pessoas mesmo sexo que eu mostrei para vocês foi em maio aí na semana seguinte tá lá Malafaia na porta do STF então aí para esse grupo que tá em torno da corrupção moral o Supremo é o grande inimigo agora para o povo que tá lá do lado da corrupção do Estado o Supremo é um grande herói E aí outra vez a mídia teve enorme Impacto disso não sei se lembram todos nós que temos são muito jovens aqui né mas os mais velhos na sala que ficava aquela discussão na TV no jornal sobre os termos inclusive do debates 12 metria e não sei o quê e tal teve assim uma glamo urização com relação às ao ponto em comum né Pedro que você falou eu acho que o ponto o ponto em comum é que todo mundo por razões diferentes era antipetista o campo Autonomista os movimentos do campo Autonomista achavam que o PT não é um partido moderno e não estava fazendo o governo moderno no campo dos costumes Então você tem aí e agora a gente tá vendo de novo isso né então movimento feministas LGBT mesmo movimento com agenda mais próxima do mundo retributivo mas com sobreposição Como o próprio movimento negro que chegou a entrar para o governo tudo vários eles tinham insatisfações com o governo em escalas diferentes mas insatisfações com o governo e os movimentos do outro lado também né aí mais insatisfações ainda então o que o que eu acho que junta tudo é o fato de que por em assuntos diferentes razões diferentes estão todos contra este governo não tenho uma explicação de fundo assim para tirar da cartola eu acho que é uma questão Realmente situacional são movimentos que vão fazendo pressão pressão isoladamente em junho eles vão ao mesmo tempo porque tem um contexto que favorece a Copa das Confederações a Imprensa internacional está no país a repressão policial a mudança de postura da mídia mas também não é um fator também não tô jogando peso explicativo em uma coisa só não eu acho que o que tem ali é muito conjuntural por isso alguém me perguntou vai se repetir eu acho muito difícil que se repita esse tipo de tempestade perfeita porque são muitas coisas que acontecem em simultâneo e que é muito difícil mesmo de que aconteça agora esse esse nexo entre as zonas de conflito e os atores vai que aqui eu tenho apresentado essa terceira vez que eu apresento o livro cada vez que eu apresento acho que eu apresentei pior do que no anterior porque eu infelizmente sou muito detalhista E aí eu sempre fico querendo contar todos esses pequenos fios assim e numa fala que nem essa é o momento bom para você quando você tem uma tese né Eu não tenho uma tese positiva eu tenho até as negativa Eu tô né até a única certa expositiva que eu tenho aqui a dizer foi um ciclo de protesto de movimentos diferentes com algo comum não tem uma coisa para dizer que é uma nova direita é uma nova esquerda na minha casa é mais singela isso aqui é muito complicado é um mosaico então não chega a ser uma coisa assim né muito sei lá chique mas eu acho que os Nexus eu procurei traçar foi respondendo a seguinte perguntas aí São perguntas julianas perguntas assim uma é quem eram as pessoas e aí eu fiz essa distinção entre quem eram os manifestantes organizados os movimentos e eu tentei traçar um pouco uma genealogia não de cada movimento em si Mas de todos os movimentos que estavam na rua nesse momento porque quem tem esse tem depois esse outro capítulo que eu fiz sobre essas redes que é um capítulo que se chama o cidadãos contra o estado em que eu tentei fazer essa geologia dos aderentes Quem são aqueles que vão depois encher o protesto e o meu primeiro capítulo é um capítulo sobre as razões Esse é porque porque o governo do PT abriu três grandes frentes e não respondeu suficientemente nenhuma das três partes diferentes da sociedade o que eu acho que o que o que você não tem em 13 que torna a explicação difícil como uma coisa só é que as pessoas são diferentes os temas são diferentes os estilos de ativismo são diferentes então eu não tenho um fio único que não seja a oposição ao governo o único que eu consegui vislumbrar e olha que eu dei uma tentada boa viu foi esse Então eu acho que talvez aqui na fala tem Aparecido que eu tenho uma dimensão que é estrutural e uma outra redação Mas não é isso eu tô tratando o tempo todo de um conflito e maior que é entre os políticos que estão dentro do governo ou que estão em partidos e os que estão fazendo política da rua que é uma política também né então a minha clivagem é essa E daí tudo que eu tento fazer ver como é que um lado Responde ao outro então eu tento contar uma historinha que vai e vem né mas depois que vocês lerem se vocês quiserem a gentileza de ler vocês me contem se eu fui ou não bem sucedida mas espero que não tenha ficado essa esse desnível assim que você falou e finalmente uma pergunta que eu deixei propositalmente ótimo é sobre Oito de Janeiro eu acho que se a gente voltar naquela conversa ela tendo fadal né sobre o que que você tem uma linha tem desde o começo do governo Lula uma extrema direita digamos assim pequenininha injuriada aqui vê aquilo de qualquer político então tem uma linhazinha que de fato é contínuo é um grupo pequeno mas que vai aparecendo sistematicamente em todos os ciclos de protesto subsequentes Exatamente porque ele é pequeno e muito radical como qualquer movimento radical ele é mais orgânico Então eu acho que tem de fato uma uma linha que chega ali no oito de Janeiro agora eu tô fazendo um experimento assim sei lá se vai dar certo eu tô dando uma disciplina que se chama prática de pesquisa [Música] e que a ideia é que os alunos façam pesquisas empíricas né E aí todos eles estão estudando Oito de Janeiro Então eu tenho oito grupos fazendo diferente dimensões financiamento transporte cada um cada grupo escolheu que queria fazer perfil social dos manifestantes e eu tô ficando surpresa agora a medida que você merece aproxima do fim né não será uma grande assim pesquisa Mas tem várias evidências que mostra uma complexidade maior do que eu suponha também nesse negócio então por exemplo tem uma estrutura social ali assim quem financia é um grupo quem invadiu é outro socialmente mas dentro das próprias do tem um grupo analisando as imagens da invasão E aí dentro da própria situação dentro do respondendo ao golfo que está acontecendo aqui tem grupos diferentes Então eu acho que o 8 de janeiro como junho de 2013 vai precisar que a gente faça pesquisa com calma né levante evidências com calma daqui a 10 anos não esse eu não vou escrever não tiver mais democracia não eu eu fugir do século 19 a força porque eu era diretora do cebrato quando diretora científica quando apareceu junho de 2013 e agora eu vou voltar para aquele certo que é um século bom tá todo mundo morto ninguém fala que eu tô errada né ninguém pode reclamar gente muito obrigada você