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Reflexões sobre Comportamento e Decisão

Qualquer coisa que dá uma recompensa neuroquímica rápida, de intensidade elevada, é uma experiência com potencial viciante. E quanto mais você está descalibrando esse sistema de recompensa, mais mimada a gente fica. Você está sendo influenciado pelo contexto que você está vivendo, pelo ambiente que você está vivendo, pelas pessoas ao seu redor, da mesma forma. A gente está se comportando tomando 30, 40, 50 mil decisões no dia. A gente não consegue racionalmente pensar. Em todas essas decisões, todas essas experiências, quando acontece, o seu cérebro faz uma marcação emocional disso. Ir na academia, ficar em casa no sofá assistindo alguma coisa, ou fazer um trabalho que eu tô atrasado pra fazer. Quando a gente tem uma rotina intensa e que por vezes não é funcional, a gente aumenta a impulsividade. A gente diminui a capacidade de tomar decisões com racionalização. E como é que eu faço, cara, pra tomar as decisões que o meu lado mais racional? É tomar sempre. A única forma da gente conseguir tomar melhores decisões é uma... Estamos começando mais um Lutos Podcast e hoje eu tenho a honra de receber aqui comigo Daniel Oskin. Muito prazer estar aqui com você. O prazer é todo meu, cara. Dei uma conferida lá no teu conteúdo e achei muito massa, cara. A forma que se aborda as coisas, os temas em si. Bom, você é neurocientista, né? É, um mestrado nisso, tá no doutorado agora e o que mais você diz pra gente? Eu sei que você também tem um mestrado em neuroengenharia, né, cara? Isso, é um mestrado um pouco diferente do comum, né? Mas a minha primeira formação é em engenharia, então já começa assim, eu tenho uma trajetória que ela tem algumas particularidades. Eu sou engenheiro de formação, depois fiz neuroengenharia, neurociências e agora doutorado também na área de neurociências. Estudando comportamento humano, meus amigos engenheiros falam que eu traí a engenharia e fui para a área de humanas, mas na verdade cada vez mais eu tenho certeza que está tudo isso bem conectado uma coisa com a outra, né? Eu também acho, cara. Eu também acho. Estou tendo cada vez mais certeza. E aí você anda o Brasil todo fazendo palestras sobre esses assuntos, né? E tem livros publicados também, né, cara? Sim, eu tenho, na verdade, é um e-book digital e o título dele é Por que é difícil mudar? Que é um título bem provocativo, depois da minha imersão em neurociências, eu fiquei com esse tema muito bem na cabeça, porque as pessoas falam assim, você tem que mudar, você tem que se adaptar, você tem que atingir as expectativas do mercado, mas ninguém fala assim, por que de fato às vezes é difícil mudar? Então nesse livro eu começo a falar um pouquinho, é um ebook digital que eu fiz, e dando um spoiler, tem um livro físico saindo em breve também. Esse é o único spoiler que eu posso dar. Não faz nada. Na área de neurociência, comportamento e na área de mercado também. Pô, foda demais, cara. Tô muito ansioso pro papo de hoje. A ideia aqui hoje é falar um pouco sobre justamente essa questão de por que é tão difícil mudar, por que é tão difícil ter liberdade pra tomar as decisões que a gente quer. Às vezes a gente sabe o que é bom pra gente, a gente não consegue fazer aquilo. Por que é tão difícil se sentir livre de verdade, a livre-arbítrio de todas essas questões. De uma forma prática, né? E como é que a gente pode fazer pra melhorar isso. Certo? Certo, vamos lá, tô aqui pra isso. Só me passa esse presentinho aí. Opa. A Insider mandou aqui pra você uma camisetinha. Obrigado. A Insider, não sei se você conhece, mas é uma marca de roupas mais tecnológicas do que o normal. Então, eles têm um tecido todo diferente que, por exemplo, você não precisa passar. Ela não fica odor se você treinar. Ela regula muito bem a temperatura, o que pra mim é muito legal. Ela não desbota também. Então, tem várias coisas interessantes que uma camiseta de algodão normal... É... não teria, teria alguns problemas, então você lava uma caneta de algodão preta, por exemplo, 3, 4 lavagens, o negócio já tá cinza, a Insider não tem esse problema, e a galera que quiser conhecer aí na descrição tem o site da Insider e tá rolando agora, na teoria seria a semana do consumidor, mas vai durar um mês inteiro tá rolando várias promoções maneiras lá no site da Insider, utilizando o cupom LUTZ15 tem 15% de desconto em todo o site, fechado? Então tudo que você colocar lá no teu carrinho, tudo que você escolher de peças lá, você tem 15% de desconto, tá bom? A gente sabe que até o final do mês essa promoção vai rolar, mas não sei se até o final do ano terão outras promoções como essa, tá? Com esse descontão aí. Inclusive, existem peças específicas que tem descontos no site e esse cupom ainda soma com esses descontos do site, tá? Então aproveita e confere lá. Sempre recomendo a Insalha pra todo mundo, já é uma marca que eu uso antes mesmo deles patrocinarem aqui. E cada vez mais eu viro mais fã da marca. Então, realmente aí, acho que é a melhor roupa que eu já usei, com certeza. Então, prioridade de inscrição, cupom LUT15, não tem erro, fechado? Cara, então, sem mais enrolação, vamos para o que interessa, cara. Vamos lá. Livre-arbítrio existe, cara? Porque já começamos com uma porrada, uma pergunta boa. Depende do que você entende por livre-arbítrio. Dependendo do que você entende por livre-arbítrio, existe ou não existe. A gente já tem um desafio de livre-arbítrio na interpretação do que significa. Eu acho que as pessoas confundem muito o que significa livre-arbítrio. Na tradução literal, livre, aí arbítrio, o que a gente traduz isso? Livre decisão, como se fosse isso a portuguesano de forma um pouco mais livre. A gente é livre, de fato, para escolher o que quiser, sem interferências do ambiente, sem interferências em questões passadas, sem interferência em todo um contexto que a gente está inserido? A gente é livre para isso? As pessoas acreditam que sim, né? Então, algumas pessoas acreditam que sim. Outras pessoas entendem que livre-arbítrio, quando eu pergunto isso muito em palestras, em aulas, em treinamentos, o que é livre-arbítrio para você? Ah, é poder escolher. Tem algumas pessoas que entendem livre-arbítrio como essa capacidade de poder de escolha, entende? Se livre-arbítrio você entende que é escolher o que desejar, escolher o que amar, talvez livre-arbítrio não exista. Se livre-arbítrio for escolher entre as suas paixões, entre o que você gosta, talvez exista um espaço para o livre-arbítrio. Exemplo prático para ajudar a compreender isso. Você tem a opção de deixar de gostar, por exemplo, da sua mãe, do seu pai? Você tem a opção de passar a gostar de alguma coisa ou deixar de gostar de alguma coisa, dependendo do que a gente estiver conversando, sim, dependendo, não. Então é mais ou menos por esse caminho que o livre-arbítrio, ele caminha, e é difícil falar sobre isso, que quando a gente fala que talvez não exista espaço para esse livre-arbítrio no sentido literal, as pessoas começam a falar assim, não, mas... E agora, o que a gente faz com tudo isso? Então, é esse cuidado que a gente toma. Tem uma forma diferente de responder essa pergunta, que é o seguinte. Me prove que livre-arbítrio existe, que eu faço, por exemplo, um pix no valor do seu salário, de maneira científica, com todos os critérios científicos possíveis. Existem cientistas do mundo inteiro tentando debater sobre isso. Se existe ou se não existe. Mas me parece ser um tema complexo de fazer um experimento e estudar sobre isso, né, cara? Porque no sentido da forma mais simples, talvez, de pensar, se eu me falasse e falasse, cara, pegamos o celular porque eu quis, eu sou livre. Eu posso pegar essa caneca se eu quiser ou não. Eu quero, eu vou pegar. Eu sou livre. A galera falaria isso, né? No sentido mais básico, ok. Você tem a opção de escolha. Isso significa capacidade de tomada de decisão. Mas a sua capacidade de tomada de decisão, ela já está sendo influenciada por diversos fatores. Se tem uma caneca vermelha, uma caneca verde, uma caneca azul, uma caneca amarela na sua frente, se existisse o livre-arbítrio nesse sentido literal, eu poderia escolher qualquer uma dessas canecas sem interferências passadas. Mas o que a gente tem percebido através de diversas outras pesquisas? Se eu faço um print, um input em você um pouco antes dessa escolha, eu, de certa forma, posso direcionar a sua escolha. Então, você escolheu de maneira livre ou eu que induzi essa escolha? Tem um artigo... que ele foi publicar na Nature, que é uma das revistas de maior impacto científico, que colocaram numa gôndola de vinhos, vários vinhos de diversos países diferentes. E aí de música de fundo colocaram músicas alemãs e músicas francesas. Num período de tempo, música alemã, e foram analisar a quantidade de vinhos alemãs que tinham sido vendidos. E depois colocaram músicas francesas e foram analisar a quantidade de vinhos franceses vendidos nesse período de tempo. O que foi percebido? Quando você tem ali uma música alemã sendo tocada, tem uma quantidade muito maior de vinhos alemãs sendo vendidos naquele período. E o oposto também, quando você está colocando vinho francês, você tem, está colocando música francesa, no caso, você tem vinho francês vendido. E a parte mais legal da pesquisa não é essa. A parte mais legal é quando você chega para as pessoas no final da pesquisa, na porta do supermercado e fala assim, que vinho que você comprou? Ele, ah, eu comprei um vinho francês. Por que você comprou esse vinho francês? Porque eu quis. Em outras palavras, ali a grosso... Porque eu tenho livre-arbítrio pra escolher o que eu quiser. E aí você faz a pergunta, que é o checkmate que a gente faz. Mas tem alguma coisa no ambiente que te influenciou a isso? Não. Eu escolhi porque eu quero. Mas a gente tem um dado estatístico ali mostrando que a quantidade de pessoas que compraram é muito maior por causa da música. Você percebeu que tinha uma música francesa ali? Não, não percebi. Então a gente já começa a entender esse processo de tomada de decisão muito mais complexo. do que simplesmente eu posso escolher o que eu quiser aqui nessa mesa. Sim, você pode escolher, mas isso vem carregado de uma série de coisas de segundos atrás, minutos atrás, meses atrás e anos atrás. Isso é interessante, né? Isso foi uma das coisas que me assustou muito quando eu comecei a ler esse livro, que foi justamente essa... Assim, a forma que minha mãe agia, sei lá, se ela fumava um cigarro enquanto estava grávida de mim, isso poderia afetar a forma que eu me comporto nos meus dias atuais. Coisas como essa, de anos e anos e anos e anos, eu nem era vivo ainda. Em outras palavras, o que a gente pode falar também é que um dos focos da minha pesquisa é a área de tomada de decisão, né? E, consequentemente, eu falo também sobre questões de livre-arbítrio. A decisão que você toma hoje, ela já está sendo tomada há muito tempo. Já parou pra pensar isso? A gente acha que é o seguinte, eu tenho a opção nessa mesa de escolher qualquer coisa. Tem. Mas a gente acha que eu agora comecei o input dessa tomada de decisão. Mas ela já está sendo construída há muito tempo. Talvez para uma coisa muito simples do tipo, vou escolher essa ou essa garrafinha aqui para beber, é uma decisão tranquila. Mas quando eu vou falar de uma decisão de onde investir, onde eu vou morar, se eu vou me casar ou não, qual faculdade que eu vou entrar, qual curso que eu vou fazer, vou aceitar esse emprego ou não, uma oferta A com uma oferta B com uma oferta C. que vai impactar toda a minha vida e a gente já tá falando de decisões mais complexas. Faz sentido? Faz sentido, cara. Isso me traz alguns questionamentos. Vamos lá. Me traz vários também. O primeiro deles é o seguinte, cara. Entendendo isso, de que, pô, eu... Tudo que eu... Eu até tenho algum nível de liberdade no sentido de que eu posso escolher as coisas, mas a minha... A minha decisão vai estar sempre suja, digamos assim, sempre estará suja por coisas do passado ali que influenciaram aquilo em algum nível. Perfeito. Há um segundo atrás, um minuto atrás e tudo mais. Dito isso, existe uma forma de tomar decisões... da forma menos influenciada possível? Ótimo. Isso seria bom? Porque às vezes essas influências nem sempre são ruins também, né? Essa pergunta tem um grau de complexidade muito grande, eu vou precisar dar um passo atrás, e aí para a gente trazer uma base. O processo de tomagem de decisão, ele tem sofrido algumas ressignificações no que significa de fato tomar decisão. Alguns anos atrás, acreditava-se que tomar decisão seria você tem algumas opções dentro de um cenário de imprevisibilidade e incerteza, e a partir daí, racionalmente, você faz uma análise de custo-benefício entre essas opções e fala assim, a opção que eu quero decidir é essa, e pronto. Principalmente isso veio da economia comportamental, que tomada de decisão era isso. Quando a gente começou a aprofundar neurociências, psicologia, medicina e diversas áreas que se conversam, a gente começou a entender que o buraco era um pouco mais embaixo do processo de tomada de decisão. Por quê? Porque não era só esse eu racional que fiz aquela conta naquele momento e que decidi a opção A, B, C, entre X opções. Porque existem processos que são muito mais complexos. A gente está se comportando tomando 30, 40, 50 mil decisões no dia. A gente não consegue deliberadamente, racionalmente, pensar em todas essas decisões. Por exemplo, você tomou a decisão de fazer isso na barba agora? Não. Mas você vai arcar as consequências se isso gerar um prejuízo? Sim. Foi um comportamento ou uma decisão ou os dois? Acredito que foi os dois. Os dois. Mas grande parte do tempo, meu chará Daniel Kahneman... Só que foi uma decisão que eu não tive escolhas. Não sei se faz sentido isso. Será que teve escolha? Mas a gente não tem livre-arbítrio. Teve que tomar uma decisão, né? Teve que decidir fazer isso. Aí que vem a pergunta. Na verdade, você que ia me perguntar, mas eu vou fazer uma pergunta aqui. Quem tomou essa decisão? Quando a gente tem um resultado bom, quando dá tudo certo, ok, eu fui lá e decidi. Mas quando alguma coisa acontece que eu não tenho um input deliberado, muitas vezes a gente fala assim, meu cérebro decidiu por mim. Tá, mas o seu cérebro... Verdade. A gente está se comportando o tempo inteiro. Por característica até evolutiva, a gente automatiza grande parte dessas nossas decisões, desses nossos comportamentos, principalmente aqueles comportamentos automáticos que viram hábitos e por uma característica de otimização de tempo e de gestão de uma série de coisas, a gente automatiza. Então eu tenho algumas formas, de vez em quando eu começo a balançar a cadeira, eu nem estou percebendo que eu estou fazendo isso. Isso que eu estou falando com você tem um nível de consciência que está monitorando a todo momento todas as falas que eu estou falando. Mas de tanto que eu já falei isso, tem um nível de automatismo enorme em todas essas sentenças que eu estou falando. E até certo ponto, ok disso. Isso gere grande parte do nosso dia a dia. E o que que fez a auto... ser automatizado todos esses processos. Quem que automatizou isso? Foi um eu deliberado, consciente, que falou assim olha, fazer isso é bom, ou uma série de coisas que muitas vezes fogem do nosso controle, que estão imputando coisas ali pra gente. Não sei se ficou um pouco complexo isso. Porque assim, cara, o cérebro automatiza essas coisas pra, no fundo, economizar energia, né? Ou tem mais? A grosso modo, ele faz uma conta de custo-benefício ali para o contexto que ele está inserido, ele gera uma marcação emocional. Se aquilo ali fez sentido, foi funcional para o momento, a gente tende a automatizar. Não necessariamente para poupar energia, porque tem muita coisa que a gente faz que energeticamente não faz sentido. Mas naquele contexto, o seu cérebro entendeu ali que era uma opção funcional para fazer aquilo ali acontecer. Isso, automatizando. E por que depois é tão... Por que ele não continuou fazendo isso tão bem, cara, para as coisas boas, assim? Porque, por exemplo, beleza, ele automatizou, naquele contexto fazia sentido e tudo mais. Mas por que depois um desses automatismos pode me fazer mal no futuro, sabe? Ótimo, boa também. Por que ele não consegue se adaptar e falar simplesmente, ah, cara, agora isso não está fazendo mais nada? No poder ele pode. Tá, beleza. No poder pode. Eu gosto de entender isso. O assunto é muito complexo, eu vou tentar deixar o mais prático possível, mas eu gosto de entender fazendo uma analogia que é assim. A tomada de decisão é como se fosse o resultado de uma somatória de vetores de força. Explica. Você é engenheiro. É como se tivesse assim, vamos supor, não tá muito bem, eu vou colocar em caixinha pra didaticamente explicar melhor. Uma parte racional que fala assim, o que é melhor para mim? Ir na academia, ficar em casa no sofá assistindo alguma coisa, ou fazer um trabalho que eu estou atrasado para fazer. Racionalmente, você fala assim, os benefícios e os prejuízos de ir à academia são esses, os benefícios e os prejuízos de ficar no sofá são esses, os benefícios e prejuízos de... Fazer um trabalho que está atrasado são esses. Então tem um vetor de força racional que vai te direcionar para um desses três comportamentos. Beleza. Junto a ele tem uma questão de hábito. Circuito de corpo estriado e diversas outras partes que vão falar assim. O que você costuma fazer mais? O que é energeticamente mais custoso? Ir na academia, ficar aqui no sofá à toa ou fazer um trabalho que está atrasado? Você tem um outro vetor de força que vai estar apontando para um outro ponto. Aí vem a parte da motivação do circuito de recompensa. Quais são os benefícios neuroquímicos? E eu estou falando recompensa, não é recompensa racional. Ali a gente já deixou aquele vetor lá. É uma recompensa de benefício ali que libera química no seu corpo. De ir à academia, de ficar no sofá deitado assistindo alguma coisa, ou de fazer um trabalho. que tá atrasado. Pra ir na academia, você vai ter que ficar lá ralando 50 minutos, 40 minutos, X minutos, pra durante benefícios assim, químicos, que vão sendo liberados ao pouco, e no final do treino você fala assim, ufa, que bem que eu vim, tá pago. Se você ficar no sofá, você não vai ter custo nenhum, e às vezes você vai estar assistindo alguma coisa engraçada, alguma série legal, mexendo no celular, comendo Doritos, que é bom pra caramba, inclusive, e você vai estar tendo um benefício de recompensa bioquímica ali no seu corpo. E para fazer um serviço no trabalho que é para uma pessoa que você não gosta no trabalho, já está atrasado, mas você acha que não vai ter prejuízo, que você já deixou atrasar uma vez e não teve problema, aí cria mais um vetor de força. Então, o racional está apontando para um lado, o seu hábito está apontando para um lado e o seu sistema de recompensa está apontando para o outro lado. Um mix disso tudo é só decisão. Essa decisão pode ser ir arrastado para a academia, ficar no sofá, mas depois sentir culpa, ou fazer o trabalho, mas fazer meia boca ali o trabalho e depois se culpar porque não foi na academia e falar que era mais legal ficar no sofá. A todas essas experiências, eu estou falando isso de uma maneira didática aqui, mas isso se mistura tudo no cérebro, todas essas experiências, quando acontece, o seu cérebro faz uma marcação emocional disso. Do tipo, eu tinha três cenários, eu optei por esse cenário, custo-benefício, Racional, custo-benefício em questão de hábito, custo-benefício em sentido de expectativa e recompensa que obtive. E aí ele reforça ou não esse comportamento. Agora, respondendo a pergunta, como que a gente faz para tomar melhores decisões? Eu posso fortalecer esse meu circuito de racional para ele ficar mais forte ali no momento que eu preciso tomar uma decisão que exija dele. Eu posso ressignificar. essas opções que eu tenho disponível, ou seja, eliminar alguns distratores que possam me tirar do foco, e eu posso também recalibrar o meu sistema de recompensa. Porque senão eu fico viciado em pequenas recompensas de curto prazo e acabo com esse sistema meu de controle, de impulsos ali que eu posso ter. Perfeito. Faz sentido isso dessa forma? Então, como que a gente faz pra melhorar cada um desses, cara? Se a gente pegar, por exemplo, esse negócio do racional. É como se fosse uma musculatura, cara. Porque assim, a gente meio que sabe o que é bom pra gente, o que não é. Pelo menos nesse sentido de saúde, trabalho e tudo mais. Eu posso fazer um adentro, colocar um tempero? Óbvio. Parte da gente sabe. Parte da gente sabe. Verdade. Que é a parte racional que a gente acha que tá no comando. Verdade. Nós não somos seres racionais. Nós somos seres dotados da capacidade de racionalizar. E antes da racionalização vem muita coisa antes. Meus vieses, minhas crenças, meus valores, minhas experiências passadas, o quanto que eu tô bem com meu corpo, o quanto que minha análise tá de fato realista. Tudo isso já vem uma série de inputs ali, entre essas. O racional, ele entra no meio disso tudo, de uma caixinha preta do cérebro que a gente fala, e ele fala assim, opa, eu tenho que ir pra lá, mas tem uma força me puxando pra cá. Que doideira, cara. É, também acho. Porque é muito forte isso, esse nosso lado mamífero mesmo, bicho, né, cara? Esse lado... Mal ainda. Esse lado desconhecido de nós mesmos. Então, toda vez que alguém chega pra mim e fala assim, eu sei que o melhor a se fazer é isso, por que eu faço o oposto? Aí eu corrijo e falo assim, não, você não sabe. Parte de você que está deliberadamente racionalizando sabe, mas existe um desconhecido dentro de você que você não está sabendo o que é. Eu vou falar um clichê zaço aqui agora, mas eu tenho que falar desse clichê. O processo de autoconhecimento nada mais é do que você vasculhar todos esses vários fatores internos que estão influenciando você, às vezes, trocar os pés pelas mãos. Verdade. E aí tem um ponto, né? Autoconhecimento é um ponto importante, mas autoconhecimento sem gestão disso não faz sentido nenhum. Por exemplo, eu sei que fulana no trabalho me tira do sério. Isso é autoconhecimento. Eu conheço muito sobre mim ao ponto de saber que aquele gatilho, pessoa tal, me tira do sério. Isso é ótimo, mas isso sem autogestão, tipo, o que eu faço com isso tudo? Não faz sentido nenhum, porque senão ela vai ficar 10 anos me tirando do sério sem eu mudar comportamento. Aí entra um outro ponto que é importante, a gestão desse autoconhecimento seu. O que eu preciso fazer para eu não... sair do sério quando essa pessoa faz isso? O que eu preciso fazer quando eu falo que vou fazer A e faço B e tem um resultado não tão legal? Como que eu posso mudar comportamento? Toda mudança de comportamento passa por esse processo de reflexão de mudança de input. Eu tenho que mudar algum input ali. Senão a saída é a mesma. Isso é engraçado, né, cara? Toda mudança de comportamento, primeiro tem que passar por uma mudança do ambiente, então, né? tem que passar por alguma mudança em algum desses inputs de vetores de força. O ambiente, a minha força racional ali de tomada de decisão. Aí, assim, algumas pessoas que falam que existe o livre-arbítrio, falam que... Eu tô falando como se eu não acreditasse, se eu acreditasse essa pergunta não foi feita ainda, mas as pessoas que defendem a existência do livre-arbítrio falam assim, a pessoa pode se desenvolver ao ponto de entender vários fatores que influenciam a tomada de decisão, mas que ela, deliberadamente, se sobressaia a todas essas influências e a partir daí, ela pode escolher entre essas várias forças. Qual a resposta comportamental que ela vai dar. Interessante. Comigo é muito comum acontecer de, por exemplo, eu tomar uma decisão de merda, e dizer, ah, puta, eu tenho que treinar, não fui. E aí eu prefiro ficar, sei lá, no computador, vendo vídeos e tudo mais. Só que daí, antes, eu ficava me culpando por isso. Mas hoje eu consigo encontrar uma razão, tipo assim, puta, na verdade é porque eu dormi mal pra caramba, ou não tô indo no horário que eu sempre vou, que é o que eu tô acostumado. De ir, sabe? Por isso que eu não tô com tanta vontade de ir, por isso que eu não tô querendo ir, sabe? Então, esse negócio de não ter livre-arbítrio meio que funcionou bem pra mim, assim. Não sei se eu posso estar usando isso como uma fuga da responsabilidade, pode até ser. O racional é muito bom em arrumar justificativa. Sem dúvida. Ele é fantástico nisso. Mas se você estiver bem com essa justificativa que ele arrumou, tá tudo certo. O próprio Robert Sapolsky, ele tem um livro com o Portis, o novo livro dele é Determinismo. Isso eu não li ainda. É fantástico o livro, muito bom, lançou esse ano, inclusive, um livro muito bom, que ele mais uma vez entra nessa discussão de que, cara, tá tudo determinado, ele é um determinista clássico e tem o compatibilista que acredita que mesmo algumas coisas já sendo influenciadas, eu tenho a possibilidade de ser... É como se existisse, eu gosto de pensar numa central de controle, é como se esse nosso eu consciente, racional... estivesse no comando ali, ó, agora você vai pra academia, agora você vai lá no jiu-jitsu, ó, hoje você vai cancelar o podcast porque você não tá afim. A gente gosta de pensar que existe esse eu, todo poderoso, dentro da gente, que controla todas essas forças. Existe esse eu que controla essas forças? Em algum cenário, sim. Como assim? Pô, eu tô aqui. Tem três opções de suco pra tomar. Você pode chegar muito bem e falar assim, eu quero esse, esse ou esse suco. Deliberadamente, eu posso, eu quero esse suco. Mas isso já vem cheio de carga. Verdade. Já vem cheio de coisa. Mas eu decidi, porque eu gosto disso aqui, eu quero tomar isso aqui, porque me faz bem e aquilo ali me faz mal. Então, arrumei uma análise de cenário e decidi. Mas eu tenho a opção de começar, por exemplo, eu não gosto de suco de maçã. Eu posso começar a gostar de suco de maçã? Eu tenho livre-arbítrio pra isso? Cara, acho que não. O que você acha? Não. Dependendo do contexto, não. Eu posso experimentar, eu posso tentar, eu posso mudar comportamento. Você pode tomar porque, sei lá, por algum motivo faz bem pra você. Aí o que existe na neurociência que é interessante, que primeiro então, vamos lá, pra colocar, tomar de decisão é um processo muito complexo. A decisão que você toma hoje, ela já tá sendo... É construída há muito tempo. Decisões cotidianas, você não tem muito impacto nisso, mas algumas decisões mais complexas estão cheias de impactos. O autoconhecimento proporciona para você força, força no sentido de racionalização, de controle, para que você tome melhores decisões. Ponto. A partir daí, o livre-arbítrio fica em xeque, porque segundos atrás, minutos atrás, anos atrás... A evolução da espécie, a nossa genética tem uma série de comportamentos que a gente não controla. Então, a depender do que significa livre-arbítrio na sua cabeça, existe ou não existe. Bom, então chegamos nesse ponto. A partir daí, existe um conceito neurocientífico que se chama neuroplasticidade, que inclusive, infelizmente, está sendo mal propagado por muitas pessoas. Neuroplasticidade, o que é? É a capacidade do nosso cérebro de criar novas conexões. a partir das experiências que a gente vive. Do tipo, eu fazia, tinha esse comportamento, e agora eu não quero ter mais comportamento, vou ter um outro comportamento. Eu tinha péssimos hábitos nisso, agora eu vou ter bons hábitos nisso. Quando você muda esse comportamento, existe um processo que se chama neuroplasticidade, que você faz algumas mudanças internas no seu cérebro, de estrutura mesmo, e você passa a ter outros comportamentos. Aí algumas pessoas falam assim, ah, mas isso aí é o livre-arbítrio. É a capacidade de que eu tinha essa decisão e agora eu tenho essa a partir de um eu consciente que decidiu isso. Ok, mas você está sendo influenciado pelo contexto que você está vivendo, pelo ambiente que você está vivendo, pelas pessoas ao seu redor da mesma forma. Isso nada mais é do que a capacidade de tomar boas escolhas. Que todo mundo tem. Deu bug? Cara... O pessoal fala que até os 25 anos o cérebro é mais plástico, é verdade isso? Sim. Mas por que... E resposta rápida, sim. Tá. Mas por que a gente tem mais capacidade de tomar melhores decisões quando a gente é mais... mais velho, assim, eu percebo isso, talvez seja só uma impressão. Ótimo. Mas quando a gente tem mais de 25, eu sinto que a gente tem alguma... Quando eu observo as pessoas, eu não tenho mais de 25 ainda. Quando eu vejo as pessoas falando, vejo as pessoas de fora, assim, parece que tem um pouco mais de controle sobre as tomadas de decisões e tudo mais. Essa parte que a gente chama de córtex pré-frontal, que é o protagonista no processo de tomada de decisão, que é onde você faz análise de cenário, é a decisão que a gente fala decisão fria, que é a decisão deliberada. Ele tem um processo de amadurecimento que ele respeita como se fosse uma curva de um invertido. Eu vou desenvolvendo essa parte pré-frontal para tomar boas decisões. Chega na adolescência e isso está péssimo, é por isso que a gente faz muita cagada na adolescência. Chega ali no início da fase adulta, 20 e poucos anos, em torno aí 25, isso vai variar de pessoa para pessoa. de contexto para contexto, cultura para cultura, mas ali em 20 e poucos anos já existe um amadurecimento desse córtex pré-frontal. É como se fosse uma argila que você vai lapidando, vai desenvolvendo, vai criando boas conexões. Chega um momento da vida que você já está cansado de quebrar a cara, você já está cansado de se lascar. Uma série de coisas acontecem que esse pré-frontal seu, ele se desenvolve, engessa, fica firme e a partir daí... Você já tem uma fase plena de desenvolvimento dele, aí você começa a tomar decisões mais saudáveis, digamos assim. Porque ele já está desenvolvido. É um projeto natural de desenvolvimento dele. Por que normalmente coloca-se que pessoas não podem dirigir antes dos 18? Porque tem essa curva de amadurecimento e diversas outras coisas também. Sem falar mais alguma coisa? Não, mas é isso mesmo. E como é que eu faço, cara, para tu... Tomar as decisões que o meu... O lado mais racional quer tomar, sabe? Tomar mais vezes essas decisões. É, aí tem um ponto também... Qual que é o processo por trás disso? Aí tem um ponto que é o seguinte. Antônio Damasio, que ele tem um dos livros clássicos dele, ele traz que... É o livro Erro de Descartes, ele resolveu arrumar uma briga com Descartes, nada mais, nada menos que isso. Que tem aquela frase, penso, logo existo. Ou seja, racionalmente estou aqui, logo sou humano. Ele fala que Descartes errou nessa frase. Ele faz que, na verdade, a gente deveria falar sinto, logo existo. Que uma das características que compete ao ser humano é a capacidade de sentir. Depois que eu sinto, ou junto ao processo de sentir, vem o processo de pensar. Então, a única forma da gente conseguir tomar melhores decisões é uma boa modulação, que não tem como separar entre racional e emocionalidade. Por exemplo, eu racionalmente quero ir na academia, mas eu não gosto nem a pau de academia. Então existe um racional, um vetor de força racional que fala assim, precisa ir na academia. Aí na força de vontade você vai para a academia. Mas a sua marcação emocional dessa experiência de academia é péssima. Então você tem um vetor de força no sentido contrário. E pode ser por diversos motivos. Você foi lá, se machucou ou então... Porque você não gosta das vezes. É. Você acha que as pessoas vão... tá olhando pra você, você só não gosta da atividade que é muito monótona. Às vezes você não gosta da atividade, às vezes a pessoa não gostou pra você. Alguns ambientes de academia são bem hostis, inclusive, né? Então, enfim, aí eu não vou entrar nesse mérito cheio de espelhos, cheio de uma série de coisas. Às vezes você não tá numa fase muito bem com você mesmo, você se sente mal. Então, emocionalmente, tem um vetor de força contrário a um racional que tá indo ali. Todas as vezes que você vai na academia, você vai ter um cabo de guerra dentro de você. Entre ir e não ir. Então lá, como que a gente faz isso? A única forma de fazer isso é ampliando o racional que faz você ir e junto a isso, principalmente isso, amenizando o impacto negativo desse emocional. Ressignificando a sua experiência de academia. Como que a gente ressignifica emocionalmente as experiências que a gente vive? Esse que é o ponto. Tem uma coisa que é muito importante, que é um desafio da humanidade. Eu falo isso em muitos treinamentos, que é o seguinte, é questão de expectativa. Muitas vezes a gente se lasca pela expectativa que a gente projeta nas coisas. Mas é impossível não gerar expectativas. Então, a característica de gerar expectativa é ok, mas a qualidade da expectativa gerada pode muitas vezes ser um problema. Vou explicar para você aqui num exemplo prático. Por exemplo, eu estou aqui com você nesse podcast. Para eu sair de Belo Horizonte, para vir para cá, para gravar um podcast e tudo mais, eu gero expectativa. Vou chegar lá, o Lutz vai ser gente boa, o pessoal vai me receber bem, vai estar um ambiente legal, vão fazer boas perguntas, eu vou falar do que eu gosto, tal, Quanto a isso, ok. Ao sair daqui, se a minha expectativa tiver balizada com a experiência que eu vivi, eu marco positivamente isso. Caramba, cara. Isso é muito interessante. Agora, vamos supor que eu, Daniel, com um super ego elevadíssimo, saio de Minas e falo assim, hoje é o dia da minha vida, hoje eu vou no podcast que eu vou sair de lá, vai ser o episódio que o Lutz vai falar que foi o mais foda dos 300 que ele já fez. E a partir daí eu vou ser o cara mais conhecido na galáxia. Vai ter na rua, eu vou sair ali na rua, vai ter um tanto de gente, Daniel, Daniel. Beleza, vivi a mesma experiência aqui. A expectativa tá aqui, o que aconteceu de realidade tá aqui. A diferença disso é a marcação emocional. É o tamanho do vetor que eu tenho aqui me jogando contra voltar aqui no Lucas. Isso é muito interessante. E aquilo marca então pro teu cérebro se aquilo foi legal ou não. Isso consequentemente diz pra ele qual a força daquele cabo de guerra que ele vai ter no futuro. Emocional. A resposta muitas vezes não tá no racional. É óbvio que o racional ele tá sempre ali, é como se fosse um... Ele estivesse ali de plantão a todo momento. Opa, tá legal, tá ok. Mas o emocional muitas vezes tá mandando naquilo ali. Cara, a minha impressão que eu tenho hoje em dia é que o racional é muito pouco assim. Tudo que a gente toma. O Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia, ele tem um livro rápido, devagar, inclusive. Ele faleceu tem uns quatro meses, mais ou menos. Um cara fantástico. O livro dele é técnico, denso, mas muito importante para quem é da área. Ele fala que em 95% do tempo há discordância entre esses números. Em 95% do tempo você tem maior força de fatores que são automáticos, inconscientes, em comparação a processos deliberados, conscientes. Não é um chaveamento, não existe essa chavinha no cérebro, mas ele traz isso como se fosse uma maior relevância de fatores inconscientes e automáticos ao invés de deliberados ali no seu cérebro. E o que você acha, cara? Em números... Pode ser em números ou em números. Não, mas é isso. Em grande parte do dia a gente está tendo vetores de forças inconscientes puxando a gente, fazendo um cabo de guerra para vários lados. Agora, olha que cenário. perfeito. Eu sei que ir pra academia é interessante. Eu sei que faz bem pro meu corpo. Então, racionalmente, eu tenho um vetor de força indo pra lá. Junto a isso, eu marco emocionalmente essa experiência, eu gero uma expectativa realista em relação a essa experiência. Eu posso ressignificar isso pra um vetor de força emocional positivo. Por exemplo, se eu tenho expectativa de ir na academia, projeto bumbum na nuca. Nunca fui na academia. Em duas semanas eu fico me olhando no espelho, nas duas primeiras semanas. E você sabe que a conta da alimentação é difícil de bater, principalmente num cenário, às vezes que a gente tá vivendo, uma série de outras coisas. E aí você fala assim, eu quero em duas semanas perder 5 quilos, tal, tal, tal, tal. E aí a academia vai ser legal, todo mundo vai me receber bem, não sei o quê. Aí você vai lá pra experiência. Você começa a olhar no espelho. Você começa a chegar em casa, ninguém falou do seu corpo. Você começa a ter desafios. Você falou que ia ter uma dieta saudável, mas aí você foi no aniversário do seu amigo, porque você é brother dele e tal, tal, tal. Então assim, expectativa, realidade. Total. A gente chama isso de erro de predição de recompensa. E muitas vezes esse erro, a margem desse erro vai dando frustração, vai dando uma série de coisas na gente que vão meio que desanimando a gente naquele processo. Mas agora se eu chego, desculpe se não é romântico isso, mas se eu chego e falo assim, eu vou simplesmente na academia, Porque é um autocuidado. Eu sei que vai ser desafiador, mas eu vou... Pelo menos uma coisa legal eu vou fazer na academia. Dar um bom dia diferente pra alguém. Tentar melhorar 1% da carga que eu coloco por dia. É só isso que eu tenho de expectativa nisso. Sua expectativa vai ser pequenininha. E não é uma expectativa voltada a resultados, né, também. É, e às vezes... Às vezes a gente projeta expectativa em algo que tá fora da gente, cara. Quem sou eu pra gerar uma expectativa num podcast desse de falar que vai ser o mais foda? Não! Eu tenho a expectativa de fazer o meu melhor nas condições que eu tenho e me preparei só pra isso. E tá tudo certo. E provavelmente vai ser mais um episódio ok, tá tudo bom. Então, eu tenho uma expectativa e eu tenho uma realidade ok. Essa experiência vai ser fantástica. Todas as vezes eu vou querer repetir uma experiência como essa. E, cara, é engraçado que esse... A gente quer romantizar muita coisa, cara, e às vezes isso lasca a gente. Não sei se você vai concordar comigo, mas isso é um jogo até um pouco complicado, assim, porque se você tiver uma expectativa muito baixa também sobre algo, pra poder não se... Você não sai da cama. Exato. Se você tiver expectativa baixa pra não ir na academia, pra, em vez de ter uma expectativa alta e me frustrar, eu vou lá e escolho ter uma expectativa baixa, você não vai estar motivado também muitas vezes, né? É, mas... Tem que saber... Escolher bem. Saber escolher bem e... Eu vou falar um negócio, não sei se vai pegar mal, mas a gente tem que deixar de ser um pouco mimado também. Querer ter benefício lá em cima em tudo que a gente faz. Tem alguns dias de trabalho que é só ir pro trabalho, fazer o seu bem feito, chegar no final do mês e ter... Aí eu projeto em algumas coisas expectativas maiores, ok, tá tudo certo, mas assim... A gente ficou muito mimado, cara, nos últimos tempos, eu acho. E aí você começa assim, recalibrar o seu circuito de recompensa, porque a gente tá jogando ele lá pra cima, querendo ter uma vida de Hollywood todos os dias. Não, a gente começa a... A vida às vezes é um pouquinho puxada. Às vezes é normal, né? Às vezes é só um dia normal. Um dia normal de trabalho. Aí quando você começa a recalibrar esse sistema seu de recompensa, que às vezes tá mimado pra caramba, você começa a abaixar, vai ter uma vida um pouco mais monótona em alguns momentos, você começa a falar assim, cara, hum, gostoso esse café que eu tô tomando. Pô, que legal, um abraço que minha mina me deu hoje. E eu tenho a oportunidade de ter uma pessoa do meu lado que eu gosto. Pô, cara, só de eu estar num ambiente desse aqui e ter a possibilidade de comprar o que eu quero, ter uma saúde financeira pra isso, isso é gostoso. E aí, pontualmente, você projeta essa expectativa lá em cima em algumas coisas. Eu brinquei com você, falei, eu sou cruzeirense, gosto de ir no jogo de futebol. Às vezes eu chego lá e falo assim, o Cruzeiro vai ganhar de 10 a 0 hoje. Beleza, eu vou me lascar, eu sei que eu vou me lascar, mas tem baldes que vale a pena chupar. chutar, sabe? E eu às vezes falo assim, vou nesse jogo com a expectativa lá em cima, vou cantar o jogo todo e às vezes pode perder que tá tudo certo. Pelo menos eu fui com meus amigos, tomei uma cerveja que eu gosto ali, curti, desabafei. Verdade. Tudo bem. Agora o que não pode é a gente ficar quebrando a cara, o autoconhecimento que eu sei que eu vou quebrar a cara, mas não mudo o comportamento. Acredito meio nessa linha. Não sei se é pouco romântico isso, mas... Não, cara, eu concordo muito com tudo que você tá dizendo. Pelo menos é o que eu percebo, não só do que você tá falando, mas assim, outros profissionais, outros caras da área da neurociência e tudo mais vão por essa linha também, mas eu percebo na minha vida também, sabe? Tipo, eu acho que as pessoas percebem isso em geral também. Cada vez mais isso tá ficando mais claro, né? Cara, uma pergunta importante, eu acho, pra gente fazer. O que faz a gente ter um sistema de recompensa mimado? Ou seja, quais são os fatores que levaram a gente a chegar até ali? E como resolver isso, cara? Antes de você responder a pergunta sobre estarmos muito mimados, nosso cérebro estar muito mimado, nosso sistema de recompensa estar muito mimado, eu queria só dizer que ultimamente eu tô cada vez mais radical com essa questão da... de que nós somos seres muito emocionais, assim, muito mais que racionais, sabe? E antes eu tinha a visão de que, ah, não, a gente é o ser mais racional da Terra, a gente é... lógico, a gente é racional e tudo mais, só que, cara, pelo menos na minha vida, eu vejo cada vez mais a gente só usa razão, só usa os pensamentos, as palavras, só pra justificar e fazer algum sentido das decisões emocionais que a gente toma, sabe? É muito doideroso. É um mix, não tem como separar os dois. Um amadurecimento da sua parte racional e emocional é uma modulação razão-emoção, que é junto. Não é razão versus emoção, é razão com emoção. É tudo isso junto. A neuromodulação desse mix dá a qualidade do seu processo de tomar de decisão. Eu percebo muito isso, cara, quando eu tô muito fadigado mentalmente, sei lá, foi uma semana com muito trabalho, muito estudo, sei lá o quê, e eu percebo quando passa, sei lá, 4, 5 dias assim de intensidade, como a minha capacidade de tomar decisões certas piora muito, cara. É. Piora muito, e eu sou eu ainda. E eu aprendi mais, eu estou mais esperto na teoria, mas... Tem algumas pessoas que falam em alguns desses contextos, não, eu fiz isso porque eu estava fora de mim. Não adianta, não cola essa, a gente está dentro da gente o tempo inteiro. O que acontece é o seguinte, quando a gente tem uma rotina intensa e que por vezes não é funcional, a gente aumenta a impulsividade, a gente diminui a capacidade de tomar decisões com racionalização. A nossa modulação emocional, ela sofre um impacto considerável. Então é como, igual você bem falou, essa decisão, ela tá suja. A única forma da gente reverter isso é fazer uma higiene do processo de tomada de decisão. E aí, eu ia te fazer uma pergunta aqui. Pode fazer, pode fazer. Vamos embora. Eu gosto assim. Como fazer uma higiene do processo de tomada de decisão no contexto e no ambiente que a gente tá, na cultura que a gente tá, onde a gente tá trabalhando muito? Onde tem diversos estímulos que a gente está recebendo até de madrugada, onde as pessoas estão assumindo uma série de demandas, onde não está funcional a vida de várias pessoas, onde às vezes as pessoas trocam os pés pelas mãos, não estão se alimentando direito, estão chutando balde a todo momento. O mix interno ali tá cheio de desfuncionalidade e as pessoas tão se lascando muitas vezes por causa disso. A gente vive num momento da humanidade muito novo, né? Novo e sensível. As coisas tão muito diferentes do que o nosso cérebro tá acostumado a lidar, né? É, e às vezes a gente se pega... Eu vou dar alguns exemplos práticos, mas... E assim, eu adoro sair pra tomar uma. Tem um dia ou outro que eu vou pra um casamento, fica até 4, 5 horas da manhã e tá tudo certo. Um dia ou outro, tá tudo bem. Mas constantemente eu me pego, igual na semana passada teve jogo do Brasil. Inclusive o jogo foi bem ruim, dois amigos foram lá pra casa. Amigos que eu gosto bastante. Uma parte de mim tava assim, cara, você tem que dormir bem hoje. Cara, amanhã você trabalha cedo. Mas uma outra... Eu falo partes, é didático, mas é tudo mesmo meu. Mas uma outra mensagem estava assim. É só eu que fico com esses pensamentos assim, não é possível. E eu fico assim. Cara, mas você ama esses seus amigos. É o Arthur e o Helder. Tipo, amo de paixão eles. Tá massa demais isso aqui. A gente ficou rindo de vídeo no YouTube depois. Rachando de rir. E tomando uma cerveja. Eu me pego nesses paradoxos do dia a dia direto. Foi ótimo. Valeu a pena. Pra caramba. entre aspas, eu chutei um balde, mas eu fui lá, busquei esse balde no outro dia, no outro dia eu tava com um pouquinho de ressaca, vi que minha decisão tava um pouco comprometida, tomei um pouquinho mais de cuidado no dia a dia ali e tudo mais, então tudo certo. Eu chutei um balde, fui lá e busquei ele e isso não é o meu dia a dia. Às vezes eu vou lá e fico virado até 5, 6 horas da manhã num casamento de uma tia. Só que você vê que você tava consciente daquela decisão que você tomou, né? E principalmente... Após o resultado, eu tenho a sensação de que era isso mesmo que eu queria fazer. Total. Esse que é o ponto que às vezes algumas pessoas falam assim, aí chega domingo e tá assim, ai, eu tô morto, parece que eu tô com dengue, não devia ter feito isso que eu fiz, chutei o balde no meu cartão de crédito, nossa, eu fiz cagada, eu não lembro da metade da noite, por que eu tô fazendo isso? Aí a gente tem um problema, que foi disfuncional. Você chutou um balde, mas você nem sabe qual que é o balde, nem pra onde que foi o balde que você chutou. Provavelmente foi... Cê... Você tomou a decisão de chutar aquele balde de um jeito muito, muito, muito mais automático do que você, de uma força muito mais automática, assim. Uma força automática muito maior. Muito maior, que às vezes você não conhece e só foi fono. Lá em Minas a gente fala, foi fono, foi fono, foi fono. Quando foi verde, já não tinha como voltar mais. Então, é isso. Se eu estou num processo que eu vejo que tem uma decisão complexa para tomar e eu assumo o risco e depois no resultado eu falo, era isso mesmo que eu tinha que ter feito. Então, está tudo bem. Não tem que ficar nessa também, eu tenho que fazer tudo sistematicamente certinho, não sei até que ponto isso é funcional, mas é ter esse mix de que tomei a decisão, fiz o comportamento e no final falo assim, é isso, aí está tudo certo. Cara, um dos fatores ali que vão... influenciar o nosso mar de decisão é a questão da recompensa, né? O nosso sistema de recompensa, como é que ele tá. Quais são os fatores, quais são as coisas que afetam esse sistema de recompensa, pra ele ficar mimado? E o que a gente pode fazer, depois que a gente entender isso, pra melhorar isso, cara? Pra dar uma resetada, talvez, ou voltar acima do normal, porque... Eu lembro que quando a gente é criança, quando a gente... Hum? Conheceu menos das coisas erradas da vida, a gente tem mais facilidade de sentir prazer pelas coisas, sabe? E eu sinto que com o tempo que a gente vai ficando mimado assistindo TikTok, ficando mimado comendo um monte de besteira, fica difícil sentir prazer por coisas que são mais simples, assim, sabe? Que pra gente era normal sentir prazer. Então, quais são as coisas que mimam esse sistema? Qualquer coisa que dá uma recompensa neuroquímica rápida, de intensidade elevada, rápida em curto espaço de tempo, de intensidade elevada, ou seja, um pico disso, é uma experiência com potencial viciante. Exemplo. Isso, exemplo, vamos lá, de exemplo de... Ah, e outra coisa, não é só substância, é substância e comportamento. Muitas vezes eu estou... uma substância, vamos lá. Quando eu estou ingerindo uma bebida alcoólica, eu tenho, em um curto espaço de tempo, um pico considerado de liberação de sensações positivas para o corpo. O racional está assim, velho, você vai se lascar depois. Mas para o corpo, ele está tendo uma marcação positiva ali. Então você tem esse. Por exemplo, quando você come um chocolate, você tem um pico ali em um espaço de tempo específico. Quando você vai correr, tem pessoas que gostam de correr em um período de tempo. Ali, depois de sentir um estresse e uma série de coisas, você tem um certo benefício. Muitas vezes, o que acontece quando a gente está distraído? O que o nosso corpo pensa? Deitado no sofá, sem gasto energético nenhum, em alguns segundos, eu tenho vários picos de recompensa vendo um TikTok, assistindo um meme ali, que é legal pra caramba, inclusive, e fazendo uma série de coisas, em contrapartida com a corrida que eu preciso ali me lascar 30, 40, 50 minutos pra ter um pico de recompensa não igual a esse que eu tenho aqui deitado, sentado. Então, não é justo em alguns momentos. Então, muitas vezes a gente tem que recalibrar as experiências... esse é um caminho difícil, mas a gente tem que recalibrar as experiências que a gente tem e outro, tomar cuidado em quais experiências a gente experimenta, porque algumas experiências, eu vou dar um exemplo aqui mais direto do tipo quando você faz a ingestão de alguma droga por exemplo a cocaína, o pico que você tem de recompensa no espaço de tempo ali, talvez você nunca vai experimentar de forma natural Essa característica em algum comportamento. Mas o seu cérebro vai ter sempre marcado isso de recompensa nesse período de tempo. Então, o melhor é não experimentar, porque você não vai ter essa experiência marcada ali no cérebro. Quando você experimenta e vê isso que aconteceu, você tem que recalibrar esse sistema de recompensa para ele reacostumar com coisas que dão menos pico e talvez num espaço de tempo maior. E aí é... É tenso, porque racionalmente você entende. Pô, aquilo ali me faz mal. Mas você tem uma marcação emocional ali que tá gravada pro resto da sua vida. Total, cara. E aí a gente fica meio que... Só que depois existe um... Teve o pico, ele precisa voltar ao normal. A linha basal. Exato. E aí ele te joga lá pra baixo. Joga lá pra baixo. Tem até um livro... Na ação dopamina, da Ana Lembic, que ela fala sobre isso, da gangorra de recompensa e dor. Eu sei que é uma coisa didática, mas é realmente... Sim, didaticamente é. A mesma via que proporciona prazer é a via que proporciona dor. Então é uma via bem próxima. E por princípio natural, a gente tende a uma homeostase. Então sempre que você teve uma experiência altamente positiva... naturalmente você vai ter uma balança pesando para um outro lado no sentido negativo. Vai ter como se fosse uma badzinha depois daquilo ali. É o famoso chutei o balde final de semana na segunda e terça você não é ninguém. É natural. Agora, pensa em uma balança que é o seguinte. Pô, vim num episódio de podcast legal pra caramba. Eu tive uma sensação de prazer. Depois vou pegar um transfer de uma hora até chegar no aeroporto. Pô, trânsito, tal, tal, tal. Então tem... Ela vai se reequilibrando automaticamente ao longo do dia se você tem duas coisas naturais ali nessa gangorra. Agora imagina você tá com um elefante de um lado da gangorra, que é uma experiência com uma droga ou alguma coisa do tipo. Total. O que vai vir em contrapartida de dor ali? Uma dor absurda. E quanto mais você tá descalibrando esse sistema de recompensa, mais mimada a gente fica. A gente fica o cérebro, tá? Não é o eu racional mimado. E aí você tem que fazer uma higiene desse processo de recompensa. E parte dessa higiene é você inibir, restringir todos esses estímulos de potencial viciante, ressignificar as experiências que você faz. E assim, eu não sei se eu vou frustrar alguém falando isso, mas de forma natural não é tão romântico assim. Você vai ter que passar pela dor da recalibração daquele sistema. Por isso que terapia é importante, por isso que ter profissionais ao lado é muito importante. Por isso que a influência de amigos é importante, porque seu amigo, sua amiga, ou aquele ciclo que você considera amigo, que tá acostumado com você tendo aqueles comportamentos, vai começar a falar assim, ô, você tá bundão demais, você tá teórico demais, você tá não sei o quê. Vão sentir falta daquele eu que tinha alguns comportamentos que agora você tá no problema. Então você vai ter que ressignificar toda a sua estrutura de ambiente, de contexto, de pessoas, enfim. Maneiro, cara. E fazer isso. Tem uma frase que eu vi em algum lugar, cara, que obviamente ela não é... neurobiologicamente correta, mas me ajuda muito a entender esses conceitos, aí me diz se é legal ou não, mas que, tipo assim, uma hora de prazer intenso, por exemplo, assistir uma série ali comendo um hambúrguer, batata frita e um chocolate e tal, Coca-Cola, um monte de prazer ali, é o resto do dia inteiro sentindo desconforto e dor e coisas negativas. Enquanto uma hora de sofrimento ali na academia e tal, ou correndo, é o resto do dia inteiro sentindo coisas positivas, sabe? Eu, pelo menos, sinto isso na minha vida. Não sei o quão correto é isso, mas faz sentido em algum nível. É, e às vezes a gente passa uma vida inteira procurando respostas dessas coisas. Por que eu estou mal? Por que eu estou se sentindo ruim? No externo... Mas a resposta tá no interno. Tá na gente, buscar na gente o que faz mal, o que faz bem. O que que eu tive um comportamento depois que eu paguei o preço em relação a isso. No final das contas, Lutz, eu acho que um caminho massa, legal, saudável e sustentável, primeiro é você tá bem com você mesmo. Em que sentido, cara? Cara, pergunta de forma natural e assim, eu tô bem comigo mesmo? De forma geral? Mas se não, por que? Quais são as coisas? Tipo assim, eu tô bem com o meu conje? Eu tô bem com o meu trabalho? Eu tô bem com a minha saúde física? Com a minha saúde mental? Eu tô bem com a minha profissão? Eu tô bem com a minha contribuição pro mundo? Começa a fazer essas perguntas. Se alguma coisa você fala assim, ah, não tô tão bem não, tal. O que tá faltando então? Então vamos descobrir o que está... Aí existem profissionais que ajudam a gente a fazer todo esse processo. Eu sou um dos que falam muito bem de terapia, gosto bastante. Já fez? Faço terapia. Faz? Faço, eu acho que é igual dentista, todo mundo tinha que ir periodicamente. E eu falo com o meu terapeuta, a gente tem, é como se fosse uma série, né? A gente tem temporadas. Total, cara. Então eu estou na 19ª temporada, e se eu olho na 1ª temporada, aí às vezes ele usa isso, sabe na 2ª temporada? Quando no terceiro episódio, a gente criou esse negócio, que é legal, porque cada temporada, né, a gente, eu assim, eu tenho dificuldade de falar o que que eu sou. Eu estou algumas coisas nesse contexto e tudo mais e tal, mas em cada temporada você tem uma... É verdade. Uma mudança. Eu também sou um cara que advoga muito pela terapia, que eu acho que todo mundo deveria fazer, pelo menos por um período assim, sabe? Mesmo que você sinta que você não tem... Porque eu tenho um amigo específico que ele... Não, eu não tenho problema mental, eu não sou triste e tal, eu sou feliz e tal. E tá tudo certo. Eu falo, cara, mesmo assim, acho que é interessante pra melhorar ainda mais, sabe? Você consegue desenvolver ainda mais a sua performance, ainda mais. Beleza, não é pra resolver alguma coisa difícil, que você tá com dificuldade, mas melhora o que já é bom, então, sei lá. E eu, pra mim, cara, foi essencial a terapia, assim, na minha vida. Ainda mais depois que eu entendi que... Se eu tentar resolver tudo sozinho, cara, é o meu cérebro ali todo fudido, então eu não resolvi ele mesmo, cara. Não dá. Não é funcional, às vezes. E eu acho legal também, eu faço muito processo de mentoria. Mentoria e consultoria individual com algumas pessoas, principalmente do mercado de trabalho, assim, corporativo, onde elas chegam com alguma demanda do tipo, eu quero melhorar minha performance, eu quero desenvolver habilidades comportamentais, eu quero fazer uma transição de carreira, alguma coisa. E eu tomo muito cuidado nessas mentorias para não entrar na área da psicologia, porque aí eu tenho que direcionar para um profissional. Mas essa mentoria com bagagem de mercado eu faço. E eu tenho percebido que é como se, nesses processos de mentoria, a pessoa estivesse terceirizando parte do cérebro dela para mim e eu vou ajudando essa pessoa, porque está uma confusão ali no cérebro dela em alguma área. E eu vou ajudando a organizar a casa de uma certa forma. Verdade. É tipo o carro que você precisa fazer um chupeta para ele começar a pegar, porque a bateria não está deixando ele voltar. Então, o processo de mentoria, de consultoria, às vezes, da terapia, é como se você terceirizasse o cérebro para que pontualmente, momentaneamente, ajudasse a sair de um bug que está acontecendo ali. Depois que isso é reestruturado, você consegue de forma sustentável sozinho. caminhar a sua vida e depois você vai trazer outros problemas e assim tá tudo certo. Então eu percebo muito esse processo de consultoria, de mentoria e até de terapia como essa terceirização de parte do cérebro pra ajudar a resolver problema que a pessoa não tá conseguindo sozinha. E tá tudo bem, cara. Às vezes é importante levantar a mão. E é um dos assuntos que mais pedem dentro dessa empresa é saúde mental, performance. Cara, uma pergunta que eu gosto de fazer, assim, faz tempo que eu não faço, mas antes eu fazia pra todo mundo que vinha aqui que... Gosta desses assuntos assim. Você acha que a gente vive realmente numa epidemia de saúde mental? Ou isso? Sem dúvida. Sim. Ou a gente sempre foi esse ser angustiado, ansioso? Vamos lá, dando um passo pra trás pra gente chegar na resposta. O que é saúde mental em si, de uma forma... Mais simples, não reduzindo a isso, mas de uma forma mais didática, a saúde mental é o cérebro trabalhando de maneira funcional. Perfeito, é isso. É a saúde da mente. Saúde cerebral. É, saúde mental, saúde... é óbvio que vem o corpo junto a isso, tá tudo conectado, mas é a saúde da nossa mente, do nosso cérebro. Se eu não durmo a quantidade de necessárias já bem esclarecida cientificamente, que é o básico de qualquer ser humano, eu vou ter um problema de funcionalidade nesse cérebro. Se eu não alimento comida de verdade, comida de verdade que eu falo assim, nutriente suficiente para um dia específico, eu vou ter um déficit na funcionalidade do meu cérebro. Se eu tô xingando todo mundo, sou uma pessoa mal educada no dia a dia e tudo mais, Eu vou perder um pouco de funcionalidade nesse cérebro. Por quê? Porque... Porque afeta as relações sociais? É, nós somos seres sociáveis, eu dependo das pessoas. Acho que era só pelo fato de... Não, e o próprio fato deu... Isso é um... Causa um sintoma ali do que está acontecendo. Se eu estou dessa forma, tem alguma coisa já... Errada. Errada naquilo ali. Se eu não dou um bom dia direito para as pessoas... Então a gente vai acumulando, pode ir acumulando uma série dessas coisas para não dormir bem. Já não estou comendo legal. Não faço atividade física básica. Não estou querendo falar academia 50 minutos puxando peso. Uma corridinha, uma caminhada, um aeróbico, um funcional, uma dança. Que seja o que você gosta que está dentro da sua rotina. Se eu já não faço esses três primeiros pilares, é impossível praticamente eu ter uma saúde mental funcional. Porque isso é como se fosse um pré-requisito. para o funcionamento ok do cérebro. Então, muita gente chega para mim, Daniel, eu preciso melhorar minha performance. Daniel, eu preciso entregar mais. Daniel, eu quero ser promovida. Daniel, eu quero fazer isso e aquilo. Aí eu chego e falo assim, vamos entender primeiro como é que está seu sono, como é que está a alimentação, você faz atividade física. Ah, não, esse negócio não é para mim, não sei o que e tal. Eu preciso de fazer um curso, mais um curso. Aí você vai ver, a pessoa já fez 290 cursos. E que bom, legal. Mas assim, se o... o pilar de baixo não tá bem estruturado, não adianta ficar lá em cima. E aí, é fácil dormir bem nos dias de hoje? Você vê aí a grande maioria das pessoas com problema pra dormir. É fácil se alimentar com comida saudável? Não. Hoje, vamos lá, a rotina de trabalho da maioria das pessoas é muito intensa. Fora isso, pai, mãe, tem filhos, tem uma série de outros compromissos e tudo mais, faz uma... um outro trabalho para complementar a renda, para dar conta de pagar os boletos no final do mês, enfim. Ela vai ter paciência, controle cognitivo para chegar no final do dia e separar 30 minutos para dar uma corrida? Não. Por isso que o resultado de toda essa desfuncionalidade, por muitas vezes, é o quê? Um cérebro desfuncional. A grosso modo, o nome que a gente dá para isso, saúde mental. Ou ausência de saúde mental. Então, sim, pandemia. Você não acha que a gente já vive isso há muito tempo, talvez, cara? Desde a Revolução Agrícola, por exemplo, a gente já trabalhava pra caramba, já se matava, vivia uma vida, comia mal. Tem algumas diferenças, principalmente relacionadas ao trabalho. Por quê? Na época da Revolução Industrial, concordo que a gente trabalhava bastante, tinha uma carga de trabalho, mas quando eu bati o ponto... para chegar e depois para ir embora, eu não levava o computador para casa. Eu não tinha na palma das minhas mãos 50 grupos de WhatsApp da empresa. Eu não tinha o Teams no trabalho híbrido apitando enquanto eu faço um café ali da tarde. Eu não tinha de madrugada a minha chefe ou meu chefe me ligando falando que é urgente, que precisa de assunto A, B, C e D. Então, acaba que nós viramos plantonistas corporativos em muitos momentos. E viver nesse estado de plantonista corporativo vai arrebentar nosso cérebro muitas vezes. Verdade. Então, sim, a gente trabalhava bastante, mas eu conseguia inibir a quantidade de estímulos profissionais. Então, chegava sexta-feira, eu conseguia dar uma certa desligada. Ou chegava um horário de trabalho, eu conseguia, na maioria das vezes, dar uma desligada, mas tinha muito trabalho. Tinha muito estresse, tinha muita demanda, mas agora está amplificando cada vez mais isso. Aí a gente está num mercado corporativo, o jogo como ele é, tá? As coisas ficaram muito imprevisíveis, acho também. Você sabe a qualquer momento que você pode receber uma mensagem. Ah, isso que eu ia entrar agora. Antes a gente fazia planejamento de curto, médio e longo prazo. Então era de um ano, curto prazo, cinco anos, médio prazo, dez, quinze anos, longo prazo. Hoje o planejamento de curto prazo é o quê? É a próxima semana. médio prazo é o que? seis meses e olha lá a longo prazo é um ano, dois anos imprevisibilidade de mercado altíssima eu nem planejo mais nada porque tudo sai diferente eu tenho assim, uns bons norteadores Onde eu quero estar profissionalmente, onde eu quero fazer isso. Eu tenho norteadores, mas eu deixo um processo um pouco mais fluido e pontualmente eu vou ressignificando, recalibrando se eu estou conseguindo atingir ou não. Eu tinha um norte de número de palestras e aulas que eu ia dar esse ano. Chegou julho, eu já tinha batido. Ah, dobra a meta. Não, não necessariamente. Opa, que bom que aconteceu isso. Vou aumentar esse número, mas não necessariamente dobrar a meta, trabalhar e tudo mais. Porque se eu fizer isso, vai ser disfuncional em algum ponto, onde hoje eu escolhi que não seja. Tem várias empresas que chegam para mim e falam assim, ó, preciso que você dê uma palestra em tal lugar, aí na hora de fechar a translada, aí pega um voo uma hora da manhã. Não, não faço isso. Então acaba que a gente tem que, aí é, o perfil do meu trabalho hoje me permite fazer algumas escolhas. que deixa a minha vida um pouco mais funcional dentro desse turbilhão de coisas que acontecem. Aí, saúde mental, a gente começa a balizar por essas coisas, dessas decisões, o impacto delas no dia a dia e na funcionalidade do nosso cérebro. Verdade, cara. Há um tempo atrás, eu cagava completamente pra saúde mental, no sentido de que, cara, eu preciso... ganhar o máximo de dinheiro possível, preciso trabalhar o máximo possível, preciso conquistar o sucesso o máximo possível, o mais rápido possível, sabe? Aí funcionou, cara. Eu caguei mesmo, dormia mal e tal, consegui ganhar um dinheiro bom, mas eu fiquei muito, muito, muito, muito mal. Muito triste, muito... sofrendo muito, assim, com o momento de vida que eu tava ali, sabe? E aí eu percebi que, cara, às vezes vale mais a pena... que às vezes não, sempre vale mais a pena você sacrificar o que as pessoas dizem que é sucesso. Por saúde mental, cara, porque tudo que a gente tem é a percepção que a gente tem da nossa experiência de vida, sabe? Então se a gente tá experienciando aquele dia ou amanhã, a semana, de uma forma boa, tem essa percepção que foi legal, foi bom, você se sentiu bem, é isso que importa no final das contas, né, cara? Se você tá com dinheiro ou não. Vamos voltar, a expectativa que a gente projeta, em que a gente projeta, e em como a gente espera se sentir ao alcançar isso. Sentimento, de novo. Verdade. Então eu quero ganhar X mil por mês e vou trabalhar pra caramba porque aí sim eu vou me sentir ABCDE. Aí se alcança, muitas vezes a gente alcança. Que nós somos muito bons em força de vontade. Muita gente é boa. Fazer acontecer e tudo mais. Mas aí a gente chega nesse lugar, tá, ok, cheguei, brinda, tem um período de êxtase ali, e fala assim, e agora? E muitas vezes a gente percebe que o ir agora não é dar mais um passo pra frente. Sim. É dar um passo pra trás pra falar assim, deixa eu ver o que eu deixei no caminho. E é às vezes o que a gente deixou no caminho é a nossa saúde. É verdade. São nossos amigos, são as pessoas que estavam com a gente. Aí a gente tem que fazer um passo atrás pra ir recosturando ali o caminho que a gente fez. Eu tomo um cuidado pra eu falar isso, não parecer que é uma vida muito flat, não é isso. Pelo contrário, eu tenho que ter minhas ambições profissionais, eu tenho que querer ganhar bem e valorizar o trabalho que eu faço, eu tenho que cuidar dos meus e tudo mais, mas de uma forma que o próprio processo vai sustentando. É o exemplo do carro a combustível, do carro a energia limpa. A própria energia natural ali do processo já vai colocando você pra frente da coisa acontecendo. Vai trabalhar pra caramba? Vai trabalhar pra caramba. Mas eu acho que diariamente você tem aquela sensação ao deitar no travesseiro de que, opa, tá tendo um sentido isso aí. Exato, cara. Acho que é aí que é a questão toda, né? É você sentir que as coisas que você tá fazendo tem uma lógica, tem um... Você para, ah, legal, tô sofrendo aqui por causa disso, disso, disso, mas tá bom, tem um sentido pra isso. E a gente esquece de fazer, é um exercício muito simples, Lutz, mas a gente, a maioria das pessoas não faz chegar no final do dia. E falar assim, o que eu fiz hoje? Mentalmente a gente sabe, mas para um tempo, você com você mesmo, a gente às vezes não tem o autocuidado de parar você com você mesmo, durante dois, cinco minutinhos, falar assim, tudo que eu fiz hoje, qual o motivo de eu ter feito cada uma dessas coisas? É isso que eu deveria fazer? Se sim, cara, tá tudo certo. Se não, na hora de colocar a cabeça no travesseiro... Vai vir um turbilhão de pensamentos, você vai começar a pensar um tanto de coisa. Essa forma, esse exercício de fechar o dia, checar se faz sentido as coisas que você está fazendo, se tem um objetivo por trás disso, está tudo ok, é para você ir permitindo ali o seu cérebro descansar. Verdade. O que eu percebo às vezes as pessoas correndo, correndo, correndo, correndo, correndo, correndo, que eu tenho que atingir a meta do final do ano para ganhar o bônus da empresa. Aí passa um ano inteiro correndo, correndo, correndo, aí chega no final do ano, ganha o bônus, mas quando vai ver? O relacionamento foi para o brejo, a saúde está horrível, o verão é daqui um mês e meio, aí você entra naquela loucura, né? Quem que vai catalisar esse processo? Aí às vezes opta por um medicamento que ajuda ou uma cirurgia, nada contra. Isso, mas eu tô falando às vezes de forma disfuncional. A pessoa toma algumas decisões onde um caminho poderia ser mais sustentável era outro. Eu percebo muito isso no dia a dia, cara. E como que é fácil a gente trocar os pés pelas mãos nisso tudo e se perder? A tecnologia, a modernidade, ela ajudou demais a gente em vários aspectos, né, cara? Ajudou a gente a parar de morrer com uma infecção besta. Ajudou a gente a... Alcançar mais... Fazer, por exemplo, fazer casas mais baratas. É claro que a gente tem todo um problema, mas a gente consegue, com materiais mais baratos, a gente consegue fazer a comida ser mais barata, mais acessível, né? Acho que essa é a questão. Mais acessível pra todo mundo. Só que, ao mesmo tempo, esse mesmo boom tecnológico que ajudou a humanidade a ficar bem, hoje em dia, deixa a gente mal também, né? Em alguns sentidos. A grande questão é saber como utilizar isso da melhor forma, cara. Eu tenho muita dificuldade de encontrar o equilíbrio correto, assim, de... de tecnologia e saúde, enfim. Acho todo mundo hoje em dia. É, primeiro que esse equilíbrio não existe, né? É um equilíbrio estático, do tipo, tá dois meses equilibrado. O equilíbrio é um constante desequilíbrio disso, né? Às vezes eu uso a tecnologia mais, às vezes eu uso a menos. Uma das disciplinas que eu tava dando na Fundação Dom Cabral tinha uma aula que era sobre inteligência artificial, onde eu mostrei várias ferramentas pros alunos ali. E é, nó, que legal, que massa, que não sei o quê, mas aí um aluno levantou a mão e falou assim, ô Daniel... Mas tem uma versão mais atualizada disso. E tipo, tinha um mês que eu tinha atualizado. Aí me veio aquela sensação, cara, eu como professor deveria estar mais atualizado em relação a isso. Então vem isso em alguns pontos, mas ao mesmo tempo algumas pessoas falam assim, nossa, que ferramenta legal, que não sei o quê. Eu acredito que a tecnologia, e o mais desafiador, que ela é uma ferramenta. A ferramenta, você pode usar ela para várias coisas. Sim. Eu posso pegar um livro desse, do Sapolsky, Comporte-se. E eu posso chegar lá e fazer me ver uma síntese com os cinco principais pontos do Comportes. Cara, com dez segundos, ele vai me entregar um nível de síntese que, às vezes, poucas pessoas conseguiriam fazer. Uma síntese... É a primeira vez na história da humanidade que a gente está conseguindo terceirizar a cognição. Sim. A um nível onde você não consegue diferenciar o que é máquina, o que é humano. Até que ponto isso é evolução? Eu acho que ela... Verdade, cara. Por quê? Verdade. Eu acho que deixa a gente mais eficaz. Como... No geral. Mas, se olhar pra indivíduos, eu acho que isso pode deixar a galera mais... Mais... Morta. Tem uma pergunta que eu gosto, é uma pergunta simples. Sempre que eu vou utilizar uma tecnologia, uma ferramenta, uma inteligência artificial, alguma coisa, e eu uso, inclusive, sempre que eu vou usar eu me pergunto, qual a função disso nesse momento? Em outras palavras, para que eu estou usando isso? Verdade. Cara, se eu quero, sei lá, uma coisa que vai me ajudar a poupar tempo, algo que não é da minha área, que não vai atrapalhar cognição nenhuma, não vai interferir em nenhum relacionamento, eu uso e vou usar bastante aquilo ali. Pra aumentar e melhorar minha produtividade de maneira sustentável. Agora, a experiência de ler um livro desse, do Sapolsky, de quase mil páginas, que eu preciso ficar quatro meses debulhando, marcando, rabiscando esse livro, nada se compara cognitivamente a nível de desenvolvimento profissional à experiência da leitura. Aí eu vou publicar um conteúdo no Instagram. A síntese do livro Sapolsky. Eu posso fazer esse exercício em quatro meses Ou eu posso fazer ele em 10 segundos ali e depois peço o designer para me ajudar nisso. Qual que é mais produtivo? Usar IA. Usar IA vai ser mais produtivo para um objetivo de fazer um post ali no Instagram, ok. Sim. Às vezes as pessoas vão compartilhar e tudo, mas resolveu o problema. Mas eu como profissional nessa área... Não, sim, exato. Você precisa aprender. É. Mas às vezes o mercado está me pedindo que produza conteúdo diariamente. Então é cheio de paradoxo, cara. Faz sentido esses paradoxos assim? É o que eu penso bastante, cara. Eu falo assim, nada se compara à experiência de uma leitura. Eu pego um domingão ali, mais um dia da semana e engulo o livro. Risco e tal, e depois releio ele mais uma vez e tudo mais. E eu tenho a sensação depois de que foi a melhor decisão que eu tomei. Total, exato. E meu cérebro tá diferente. Exato. Agora, se eu fico ali só postando um negócio, só mandando a inteligência artificial fazer, quando alguém em sala de aula fala, professor, e aquele livro lá? Me explica um pouquinho dele. Qual que é a sua análise crítica disso? Eu vou ficar refém de algo que eu não tenho naquele momento. Aí a ferramenta não me ajudou. Aí eu não tenho a profundidade que eu preciso, né? Então, acho que a gente tem que se perguntar, pra que que é isso? Pra que que eu tô utilizando isso? Aí, dependendo, eu uso, dependendo, eu não uso a tecnologia. Mas o que a gente costuma fazer? Eu vou só fazendo. Vou usando. Uso a IA, uso o TikTok 10 horas por dia, uso alguma outra ferramenta, procuro uma pílula mágica que me ajuda a fazer isso e aquilo. Mas aí o resultado não é funcional. Expectativa, resultado. Frustração. Aí... O negócio é a gente se tornar mais consciente. Aí é racional. Aí é consciência. Aí é desenvolvimento de nível de consciência. Qual que é a função disso aqui agora? Isso é muito massa. Porque daí até, às vezes, scrollar o TikTok, scrollar o Reels ali... Em algum momento. Pode ser uma função interessante postar na fila? Claro. Eu amo, velho, ficar meia hora ali no Instagram rachando de rir de alguns memes. Eu tenho alguns amigos que a gente tem, eu acho que um ano que a gente não conversa, a não ser mandar meme de um pro outro. Então é tipo um pingue-pongue ali. Tem um ano que eu não falo oi nem bom dia pra pessoa, mas a gente conversa através de meme pra cá, meme pra lá. Tem vezes que eu chego deliberadamente e falo assim, eu vou entrar agora, vou ficar meia hora. rachando de rir de alguns memes e eu sei dos amigos que me fazem isso. Tudo certo. Agora. Só que em geral as pessoas usam isso como anestesia. Uma anestesia. Anestesia pra quê? Pra um vetor de força negativo emocional que às vezes ela nem sabia que teve em algum ponto do dia, mas que eu quero compensar naquela balança ali dela. Aí a pessoa tá lá, cheia de trabalho pra fazer. Tem que fazer compra. Tá com demanda atrasada, tal, tal, tal, tal, tal, tal, tal. Mas tá ali, 40 minutos. Pro cérebro isso é fantástico. O cérebro tá adorando. Parte disso, racional, vai sentir culpa depois. Mas o resto tá adorando ali do cérebro. Então você tá gostando ou não da experiência? Depende. Racionalmente não, mas tem uma parte ali de você que tá gostando pra caramba. Verdade. Eu viajo nessas coisas, cara. Não é à toa que eu fui pra neurociência pra ficar pesquisando isso. É o meu parquinho de diversões, cara. Cara, porque eu acho que, porra, neurociência e outros tipos... Acho que todas as ciências da natureza, assim, mas neurociência, sei lá, matemática são as coisas mais encantadoras que existem, assim. Porque com matemática a gente consegue entender uma série de... Como as coisas funcionam, no geral. E a neurociência é como a gente funciona, né, cara? Então é... E assim, até um detalhe ali. Eu não sou muito bom pra ficar falando de mim, não. Mas eu busquei a neurociência por causa disso, cara. Eu fiz o caminho contrário. Eu fui pro mercado de trabalho, comecei a trabalhar com engenharia. Comecei a fazer facilitações, que algumas instituições começaram a me convidar. E aí eu falei, cara, eu preciso de... ter alguma coisa mais palpável pra me dar... Eu comecei a sentir uma deficiência em mim de capacidade técnica pra atingir algumas pessoas, porque eu precisava de apoiar em alguma coisa. Aí eu falei, eu vou fazer uma faculdade de psicologia? Eu vou fazer um curso de coach? Eu vou fazer um curso daquilo? Eu vou pra área da medicina? Opa, neurociência. Que basicamente a neurociência é o estudo profundo do nosso sistema nervoso, que popularmente a gente chama de cérebro, que é responsável por boa parte dos nossos comportamentos, se não todos os comportamentos. Isso eu gosto da neurociência, porque a neurociência precisa de alguma medida fisiológica, anatômica ali, nas pesquisas. Aí quando eu encontrei, falei assim, opa. Então eu fiz esse caminho oposto. Sim. Então aí eu faço sempre esse link, neurociência, mercado, habilidades comportamentais. Como que a partir daí eu customizo treinamentos e palestras. pra empresa resolver problemas que elas têm. Aí a neurociência fica encantadora, porque a neurociência é uma ciência de base. Total, velho. É isso. Tinha que estar na escola essa porra. Tinha, cara. Começou até agora a graduação em neurociências, que não existia. Tem uma aqui perto, não, o Fabece. Eu acho que foi a primeira, inclusive, no Brasil. Em 2018 ou 2019, quando eu pesquisei sobre isso, eu vi que... É interesse das pessoas ensinar neurociência? Não sei, cara. Mas sim, deveria ser. Deveria, mano. Mas aí... Cara, a gente poderia fazer um outro podcast só de conceitos que estão distorcidos em relação ao que a neurociência fala e que as pessoas acreditam no dia a dia. Mas isso aí me... É uma ferramenta de poder. Conhecer sobre si te dá poder. Poder pra ter resultados diferentes, mais sustentáveis no seu dia a dia. Que coisa mais fantástica que isso? Cara, é a melhor coisa. É. Tudo isso que a gente chama... Tudo isso que você chama de vida, tudo isso que a gente chama de eu, é só... Eu não sei se... É, assim, dependendo da forma que a gente falar, a gente vai arrumar uma briga com muita gente, mas assim, a neurociência dentro de um conjunto de habilidades e formações que conversam entre si é um elo muito importante. para falar sobre o nosso comportamento de maneira profunda e confiável. E é uma ciência que muda e evolui. Por isso que a gente está sempre ressignificando algumas coisas. E é uma habilidade que o cientista tem que ter de ressignificar-se a partir dos novos dados que são gerados e das complexidades que eles trazem. E não ser enviesado em algo de X anos atrás. Essa é uma habilidade que tem que ser desenvolvida. Sem dúvida, cara. E como é que a galera pode fazer pra contratar uma palestra sua? Ou, sei lá, fazer parte de uma mentoria tua? Cara, pode achar na... Hoje são basicamente três... maiores áreas de atuação que eu tenho. Aulas em pós-graduações, palestras e treinamentos corporativos e pesquisa acadêmica. Pesquisa acadêmica eu estou na UFMG. A parte de palestras e treinamentos eu tenho assessoria, que chama DMT Palestras, que eles me assessoram, mas pode mandar mensagem no Instagram, que isso aí eu mesmo direciono para eles. E a parte de aulas em pós-graduações tem algumas instituições, Albert Einstein, PUC, que... O FMG, Fundação Dom Cabral, Fundação Getúlio Vargas, que aí em alguns programas customizados, vai ter de repente o Daniel lá como professor delas. Me encontram em todos os lugares, Daniel Hoskin. Daniel, H-O-S-K-E-N. E a melhor forma, a forma mais fácil de encontrar tudo, eu imagino que pelo seu Instagram, tem um link na bio lá. É, Instagram tem um linkzinho lá na bio. Eu estou postando conteúdo direto. Eu fui para o digital tem relativamente pouco tempo. Mas agora que eu tô entendendo o digital um pouquinho do que ele pode proporcionar, tô aumentando a quantidade de fluxo de postagem, é difícil na rotina. E é difícil separar um tempo pra fazer isso, mas eu tô ressignificando muita coisa pra conseguir alcançar mais pessoas também que têm interesse em ter melhores qualidades de vida. É isso. É isso. É isso que é o meu propósito de vida maior. É isso. Se eu conseguir, tô satisfeito. Cara, obrigado. Tamo junto? Muito foda. Obrigado pelo convite. Todos os seus links vou deixar aí na descrição. Pessoal, vão lá. Acompanhe ele. Gostei muito do papo de hoje, cara. Já fica, então, um convite pra um round 2 da gente falar do que a sociedade entende errado e o que a neurociência diz. Ótimo. Vai ser um maior prazer. Tamo junto. Obrigado. Valeu, pessoal. Obrigado, gente. Até a próxima e tchau.