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PI África Alberto da Costa e Silva

[Música] senhoras e senhores para a cerimônia de abertura do seminário Brasil África a qual homenageia a vida e a obra do embaixador e acadêmico Alberto da Costa e Silva convidamos para compor a o secretário de África e oriente médio do ministério das relações exteriores Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte Uma salva de palmas convidamos também o embaixador da República do Cameron e decano do corpo diplomático africano Embaixador Martin egb o embaixador Antônio Francisco da Costa e Silva [Música] Neto e a professora escritora e membro da Academia Brasileira de Letras Lilia schwar senhoras e senhores ouviremos agora as palavras do secretário de África e oriente médio Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte Senhora professora acadêmica Lilian schartz senhor Embaixador e decano do corpo diplomático africano em Brasília Martin beng senhor Embaixador Antônio Francisco da Costa Silva Neto eu queria agradecer a presença aqui também da presidente da da fundação Alexandre de Gusmão funag que junto com a secretaria de África e oriente médio organizou este seminário eu queria reconhecer a presença do de meus colegas secretários aqui e queria através da saudação que fiz ao Embaixador beng saudar todos os embaixadores que se encontram aqui hoje nesta abertura eu gostaria de também eh explicar que o Ministro das relações exteriores Mauro Vieira não pode vir hoje aqui a abrir este seminário por conta da de uma entrega de credenciais marcada no Palácio do Planalto coincidentemente agora de manhã inclusive para alguns embaixadores africanos e por conta disso e a ausência da secretária Geral do país hoje eh coube a mim esta honra de abrir este Seminário Brasil África novas Pontes sobre o Rio chamado Atlântico este seminário celebra o dia da África comemorado oficialmente no dia 25 de Maio data na qual em 1963 os primeiros 33 estados africanos Independentes tomaram a decisão Histórica de criar a então organização da unidade africana suc em 2002 pela união africana o seminário este ano nesta sessão de abertura presta homenagem ao Embaixador Alberto da Costa e Silva acadêmico poeta Historiador Diplomata brasileiro falecido em novembro do ano passado cuja obra e trajetória são fontes permanentes de inspiração para a política externa brasileira dedicada ao continente Africano e para nós é uma um uma uma satisfação especial poder contar aqui com dois dos seus três filhos eh Elsa Maria Antônio Francisco Pedro Miguel que é nosso Embaixador na União Europeia também esteve eh muito em contato conosco na preparação inclusive na sessão de de fotografias que que estamos exibindo aqui também por conta dessa homenagem eh e é também uma grande honra para nós contar hoje como oradora principal com a professora Lilian schartz historiadora e sucessora do embaixador costes Silva na cadeira número no na Academia Brasileira de Letras Esse é o segundo seminário brasil-áfrica realizado no governo do presidente Lula no ano passado também no mês de maio realizamos o seminário Brasil África relançando parcerias que marcou a retomada da prioridade à África na política externa do Brasil no presente governo os três primeiros painéis deste seminário que terão lugar hoje serão organizados com os seguintes blocos temáticos inspirados nos três eixos da presidência brasileira do G20 como sabemos o Brasil Preside o G20 este ano o primeiro desses eixos é a mudança do clima e transição energética o segundo mudanças na estrutura da governança global e o terceiro combate à fome e à desigualdade Amanhã teremos um painel dedicado à herança Africana e à mobilização da diáspora em preparação ao encontro da sexta região da União africana que é justamente a diáspora africana pelo mundo e essa reunião sobre a diáspora ou com a participação da diáspora Está prevista para se realizar no final de agosto em Salvador a exemplo do seminário realizado no ano passado o evento deste ano reúne participantes governamentais e não governamentais nacionais e estrangeiros acadêmicos membros da sociedade civil e de movimentos sociais buscamos com essa orientação assegurar que a política externa com a África Encontre no diálogo com a sociedade a sua força e a sua legitimidade eu passarei em seguinte a a ler o discurso que seria pronunciado pelo Ministro Vieira em primeiro lugar gostaria de agradecer a todas e a todos os participantes deste seminário gostaria também de dizer que o presente seminário assim como a conferência sobre a diáspora Que ocorrerá em agosto em Salvador refletem o caráter transversal interseccional e intersetorial das políticas públicas na perspectiva de raça em linha com o programa Federal de ações afirmativas o Itamarati celebra Nossa ancestralidade Africana e a retomada de políticas de direitos humanos de combate ao racismo de igualdade racial trabalhamos de maneira consistente para promover o fortalecimento das relações internacionais com a África projetamos externamente este país que se reconhece mais plural fraterno e humanista com especial apreço agradeço a professora Liliam Schwartz a nova titular da cadeira número 9 da Academia Brasileira de Letras anteriormente ocupada pelo Embaixador Alberta Costa Silva por ter generosamente aceito o convite de participar desta abertura sua participação empresta a Esse seminário contribuição inestimável sobre a liderança do presidente Lula estamos fortalecendo as pontes sobre este Rio chamado Atlântico na feliz formulação do embaixador Alberto Acosta Silva o Brasil volta à África pois a África está no Brasil quando falo da África e da diáspora africana falo da riqueza de países línguas etnias culturas falo desse rico mosaico cheio de nuances possibilidades que fascinou o embaixador Coste Silva e que hoje se dedica com tanto a e que a hoje se dedica com tanto afinco à professora lía este entrelaçamento tem expressão concreta no alto número de encontros bilaterais de alto nível a cerimônia de posse do presidente Lula já contou com a presença expressiva de autoridades africanas desde então o presidente visitou Cabo Verde África do Sul Angola Etiópia e Egito Amanhã ele estará recebendo aqui em Brasília o presidente do benim Patrice Talon Além disso o presidente determinou ainda no ano passado a abertura da embaixada em kigali e do Consulado em Luanda assim como a reabertura da embaixada em freetown teremos portanto em breve 35 embaixadas e e três consulados Gerais na África Desde janeiro de 2023 o próprio Ministro malvira reuniu-se com 13 dos seus homólogos africanos e instruiu a inauguração ou reativação de mecanismos de consultas políticas e comissões mistas com a África do Sul Angola botsuana camerun Marrocos Namíbia e zimbábue e seguimos expandindo essa lista por meio da agência de cooperação ampliamos a cooperação técnica com a África que hoje Soma Mais de 120 projetos amparados em mais de 30 acordos de cooperação inclusive com a união africana o Brasil e seus parceiros africanos estão fortalecendo as relações bilaterais trabalhamos com intensa agenda que inclui avançar no campo científico e tecnológico também almejamos contribuir para o aprimoramento da produtividade agrícola para a diversificação da economia e para a industrialização verde e digital queremos estimular o empresário brasileiro a investir na África e e também atrair o empresário da África para participar da economia brasileira Além disso estamos fortalecendo nossas relações multilaterais com Estreita coordenação em fóruns como a união africana visitada pelo presidente no início deste ano A cplp o ibas o brix a ONU e o G20 agora so presidência de turno brasileira juntos defendemos o combate à desigualdade a erradicação da fome a promoção do desenvolvimento sustentável e a reforma da estrutura da governança global os três painéis de hoje terão como foco essas prioridades o embaixador Alberto da Costa de Silva participou em 1972 de périplo histórico do então chanceler Mário Gibson Barbosa a nove países da África ocidental e Central em ensaio sobre a missão com erudição e sensibilidade características escreve sobre a percepção de desconstrução da geografia e a história o espaço e o tempo como se o mar que separa África e Brasil fosse mentira as Coincidências de agendas bilaterais e multilaterais nossos desafios comuns nossos destinos compartilhados nos fazem reconhecer no cotidiano da nossa política externa com a África a pertinência e a atualidade das palavras de Alberta Coste Silva quando refletia sobre o Atlântico como um rio que junta África e Brasil a dedicação da abertura deste seminário ao legado do embaixador C Silva é justa homenagem à sua importante contribuição às relações do Brasil com a África Muito obrigado bom seminário a todas e a todos essas palavras do ministro Muito obrigado convidamos agora a fazer uso da palavra o embaixador da República do Cameron e decano do corpo diplomático africano o embaixador Martin agbor B Good morning bonj excellency ambassad Carlos se Du secretary for Africa and Middle East at the Ministry of external relations of Brazil Professor Lilia schare academia brasila and our good friend Antonio da Costa Silva Chief International advis office of the min min of cities disu brazilian Senior officials here present vice deans ambassadors Heads of Mission of the African group ladies and gentlemen all protocol duly observed I would like first of All To Express our sincere gratitude to the minister Of external relations His excellency Ambassador mor Vera and Ambassador Carlos se Du and the entire Team of the Ministry and to the government of Brazil for organizing this important seminar to celebrate relations between Africa and Brazil as well as to Honor One of our outstanding eminent and accomplished diplomats his excellency ambassad an academic altoa Silver this seminar becomes Part of a series of activities planned for the month leading up to the 25th of May which is act Africa Day it is also a testament to the value that both Brazil and Africa Place on their relationship which continues to grow from strength to strength the participation of excellency President Lula os da Silva at the African Union summit H in january 2024 F affirms the importance of this relationship we are proud to stand before you distinguished guests to celebrate this distinguished relationship between our peop founded on the hard work of season diplomats like Ambassador Alberto da Costa Silva Who worked tirelessly to bring Africa closer to Brazil through Among other things his assignments as Ambassador to nigeria and Benin ambassad silver's Passion and love for Africa Will forever be remembered through his contributions to the literature on the Culture and History of Africa this will continue to inspire the current Generation and even Generations to come Ambassador Silva has Set the Standard that we should All Aspire to emulate to n the fruitful relations that subs between Brazil and Africa it is therefore Upon US to continue his efforts in Honor Of His Memory and continue to find Possible Ways to collaborate with a view to building New bridges Over The River the Atlantic it is pleasing to note that the honoring of Ambassador Silva coincides with the Year in which the African Union theme is focusing on education a Field soar To The Ambassador the theme educate and Skill Africa for the 21st Century emphasizes the importance of education in transforming the economic and social development of Africa particularly in areas of ict Business and agriculture Among others to this end Brazil has contributed immensely to the Skills development of our people through provision of technical cooperation that includes Training of students and professionals in several areas such as agriculture facilitated by institutions such aspa and Brazil Africa institute Brazil also offers capacity building through scholarships which include One By The International cooperation group of brazilian universities furthermore African countries continue to benefit from Training Slots offered to their diplomats through the Rio Branco institute this aligns with the team of the African Union as the development of Human resources in Key africa's development it is a Hope that This Kind Of collaboration Will continue for many Years to come in that regard we must also Look to Possible avenues to expand cooperation between us The Visit by excellency President Lula to Africa has Given us The impetus to do more in terms of bridging the GAP between our peoples and bringing them closer to one another through trade and cultural exes we have noted that Africa is now Part of the agenda for brazil's foreign policy it is a Welcome development as we value Brazil as a strategic partner that we can learn a lot from especially in the development of the agricultural seor With a view to adding challenges of food Security and climate change in this regard Africa Will continuously explore possibilities of collaboration to Counter challenges of food Security on the continent Brazil is among the largest exporters of agricultural produce and will therefore remain a strategic partner for Africa particularly in uncertain times characterized by challenges with well Peace as well as and fls occasioned by climate change distinguished guests I also wish to commend the government of Brazil on the Ching of the G20 This is another platform for Close collaboration between Africa and Brazil through the participation of the African Union brazil's G20 priorities resonat with africa's aspirations such asting of climate change promoting economic equity and enhancing Global Heal sou Notre enf Mission africain TR en étroite collaboration avec le gvern Du brésil Pour garantir que le mandat brésil présence G20 socc parapress mais min oport de particip aberin Ben pelos preparativos implementados para successo evento terminare expressando n gruppo africano in Brasilia o poo brasilo e o estado de Rio Grande Sul parul a solit continente Africano diesta difficil e crtic n regão nesse momento ouviremos as palavras do embaixador Ant Francisco da Costa e silvet [Música] Bom dia a Senhor decano do corpo diplomático africano Ah senhor secretário de África Oriente médium Embaixador Carlos Sérgio Sobral doar professora D lilan schartz próxima acadêmica na cadeira que meu pai ocupou os colegas de tamarati que eu tenho sempre o prazer e alegria de rever quando eu venho a essa casa a qual eu pertenço e senhoras e senhores Senhor embaixadores senhores membros do corpo diplomático antes que eu me esqueça eh quando Embaixador Carlos Duarte me consultou sobre a possibilidade de eu falar aqui hoje rapidamente em menos 10 minutos que eu vou tentar marcar aqui a primeira decisão que eu tomei é de que eu iria falar de improviso e e em segundo lugar que eu tentaria não falar de assuntos de política externa mas sim falar do meu pai em primeiro lugar eu gostaria em meu nome e certamente em nome dos meus irmãos a minha irmã Maria que está aqui meu irmão Pedro Miguel que tá em Bruxelas e minha irmã adotiva que tá nessa mesa hoje que é a professora olía schartz e dessa homenagem bonita e dessa lembrança do conceito central do meu pai de que o Atlântico não nos separava da África mas que Atlântico nos unia nos entremeava em duas margens que se falaram permanentemente que talvez no período do colonialismo europeu tenha sido interrompido e que a força da diplomacia brasileira e daqueles que pensavam a presença da África no Brasil havia de retomar e retomou eh quando eh essa essa homenagem Essa Ideia de um rio chamado Atlântico ainda que não tivesse sido passada para mim pelo menos talvez não para meus irmãos tampouco de forma estruturada ela sempre fez parte das nossas conversas o embaixador Alberto da Costa Silva meu pai nosso pai ele foi antes de que isso virasse moda um antirracista militante um anticolonialista militante e um convencido de que o racismo no Brasil era estrutural e era preciso ser combatido antes que a expressão racismo estrutural fizesse parte das nossas narrativas e quando ainda no Brasil se cultivava a ideia de que o país era uma democracia racial que ele sabia que não era e que era necessário a vencer isso fez parte permanentemente de todas as nossas conversas ao longo dos anos mas sobre tudo ao longo da minha juventude eu tenho imensas lembranças de momentos em que a gente trocou idei sobre isso andando no Rio de Janeiro andando fazendo o percurso Entre Lagos e benim quando ele foi apresentar as suas credenciais como Embaixador em benim e me levou para lá para eu ajudar ele a fazer a mudança que ele tinha acabado de fazer em Lagos e da nossa primeira visita juntos ao mercado janara em Lagos uma experiência Absolut fascinante de encontrar a presença do Brasil nas pessoas a presença eh olhar os gestos das pessoas as maneiras das pessoas se relacionarem e se identificar com aquilo e a convicção dele profunda que ele sempre nos passou e na qual ele sempre insistia que era impossível entender o Brasil sem estudar a história da África ele lembrava insistia e depois nos livros isso bem presente mas já então menino e adolescente ele nisso falava Na necessidade de você entender a África na sua complexidade entender que os escravos não haviam vindo sem passado e sem cultura os escravos não eram a históricos eles vinham com a sua história com a sua língua com o seu passado com seus vínculos humanos e aqui eles traziam esses vínculos humanos que o comércio entre a costa Africana e a costa brasileira ao desde o momento da descobrimento pelos portugueses tinha sido intenso não apenas de seres humanos mas de produtos de falas de modos de gestos de coisas de plantas de formas de pensar de formas de falar de formas de entender o mundo eu me lembro também de uma conversa dele meados já ele em Lagos ele se lembrando do que o embaixador Sérgio Duarte no discurso que leu H pouco lembrou da viagem dele com o chanceler Gibson Barbosa em 1972 e e eu me lembro dele ter feito um comentário que eu achei muita graça na época e que depois a gente repetiu ao longo dos anos em que ele disse que quando ele chegou à África nessa viagem em 72 ele teve duas experiências intelectuais a primeira de entender o Gilberto Freire e a segunda munda de questionar o Gilberto Freire E eu achava isso muito engraçado porque ele depois articulava essas ideias em em várias várias estruturas de pensamento mas eu queria reter exatamente essas três ideias a primeira da necessidade de que o Brasil repense as suas relações com a África permanentemente de que olha o Atlântico não como um espaço de separação mas um espaço de União do Papel desta casa do Itamarati da política externa brasileira de agir proativamente em torno dessa ideia com a concepção de políticas e e de iniciativas que de alguma maneira transformem efetivamente essa ideia de construir novas Pontes sobre esse rio que unam essas duas margens que fazem parte de nós não é apenas a presença da África no Brasil que importa importa também em muitos lugares a presença do Brasil na África da qual Ele me mostrou casas gestos maneiras que a gente viu nessa viagem que foi a primeira que eu fiz com ele Entre Lagos e e e o benim quando ele foi apresentar credenciais eh Finalmente eu gostaria de de de lembrar duas coisas eh que eu achei e que v a pena mencionar a primeira é que a ideia de um rio chamado Atlântico faz parte de um conceito que o meu pai cultivava de que ele considerava que a palavra era um instrumento absolutamente central do trabalho diplomático a o instrumento o produto a a arma que o Diplomata usa é sempre a palavra e a palavra e a pensar a maneira como você expressa essa realidade é absolutamente fundamental na formulação de iniciativas de polític novas em relação à África era preciso e ele dizia isso nas conversas que a gente tinha a respeito que era preciso não apenas pensar no nosso passado com a relação à África mas era Preciso olhar o presente e estruturar um futuro de relações ainda mais densas que fizessem justiça a esse esse entrelaçar que existe entre essas as muitas áfricas não são uma só e eu entendo que a minha irmã lía vai tratar disso daqui a pouco e os muitos brasis também os muitos brasis né Eh o no final da vida dele H eh ele escapou o uso da palavra primeiro falada depois escrita a doença foi tirando dele isso mas os livros dele permanecem a minha irmã havia sugerido que eu falasse das lembranças que eu tinha de tudo isso elas estão num livro que se chama África explicado aos meus filhos filhos que eu recomendo muito a leitura na verdade não é uma África explicada aos filhos era uma África explicada aos netos mas levou esse nome A Lilia me contou que a ideia foi dela lá tem uma série de conceitos que eu acho centrais a ideia da necessidade de nós estudarmos a história da África como nós estudamos a história da Europa ou a história da civilização ocidental porque para o Brasil para nós nos entendermos como brasileiros essa história da África é absolutamente essencial eh o Embaixador Carlos Duarte também fez a imensa gentileza de fazer essa exposição fotográfica de lembranças do meu pai ali estamos meu irmão e eu com ele ele ele deixou de mencionar que tem uma fotografia em Branco e Preto ali do meu pai jovem rodeado de colegas da turma dele Onde está o pai dele porque o pai dele Embaixador Sérgio Duarte foi colega de Turma do meu pai então também tem essa parte engraçada com a qual encerro essa conversa com vocês que eu espero peç culpa de ter sido informal mas era a ideia de lembranças eh de jovem e não já desse grisal Embaixador que vos fala muito obrigado neste momento ouviremos a palestra proferida pela professora lilan sch professora Lilia schwar vamos ver se vai ai foi bom bom dia a todas a todos bom J Good morning eu queria agradecer a honra desse convite para participar da abertura do seminário Brasil África novas Pontes sobre o Rio chamado Atlântico nome de um título que Dr Alberto da Costa e Silva reclamava porque dizia que ele tinha ficado conhecido por um título e não p um livro bem com a verbe verbe do Dr Alberto da Costa e Silva é também uma honra falar sobre ele sobre Alberto da Costa e Silva e a sua obra Alberto que foi um pai intelectual e afetivo para mim Ah é uma alegria e agradeço a presença dos filhos legítimos de Alberto o Antônio Francisco Elsa Maria também Pedro Miguel que não está e luí André está aqui ah eh muito obrigada também menciona ao Embaixador Carlos Sérgio aduar ao nosso decano em África também Augusto Martin César diia que fui tratada sempre com uma imensa cortesia e cuidado mais do que falar da biografia de Alberto da Costa e Silva que pode ser encontrada eu preferi falar sobre os conhecimentos que Alberto da Costa Silva nos legou e me perdoem a emoção do momento se fosse Preciso começar essa essa palestra declinando uma das muitas certezas de Alberto da Costa e Silva certeza que ele nos legou e ensinou E ele nos ensinou tanto eu mencionaria a tese hoje corrente de que foram várias as áfricas que entraram de maneira compulsória no Brasil na conta da escravidão Mercantil e do tráfico de almas que vigorou inclemente do início do século X e já em 1501 aparecem documentos com referências aos primeiros africanos em Pernambuco até um pouco mais de meados do 19 Alberto da Costa Silva foi autor é autor de livros fundamentais e incontornáveis cito alguns a enchada e a lança a África antes dos portugueses as relações entre o Brasil e a África Negra de 18 22 a primeira guerra mundial a Manilha e o libambo A África é a escravidão de 1500 a 1700 um rio chamado Atlântico a África no Brasil e o Brasil na África e imagens da África Alberto como ele gostava de ser chamado deve teve dentre suas inúmeras missões diplomáticas e intelectuais mostrar como eram variadas e complexas as origens das pessoas africanas sequestradas de suas terras famílias vizinhos e conhecidos e como elas mudaram para sempre o destino do Brasil por sinal a pesquisa e a mensagem de Alberto da Costa Silva tem nos animado a pesquisar os arquivos coloniais não só da África central com concentração em Angola e nos dois Congos como também da África Oriental durante muito tempo pouco analisada nos diferentes estudos sobre o tema aqui no Brasil além das diversas dimensões da África ocidental incluindo-se as terras da alta Guiné e com destaque O golfo da Guiné gana Togo República do benim e Nigéria a produção de Alberto da Costa Silva foi premonitória Como já disse o Toninho no sentido de demonstrar as dinâmicas do tráfico para as Américas bem como as ri a riqueza cultural desse amplo contingente populacional a maor diáspora da humanidade que circulou pelo eixo afro Atlântico foram cerca de 12 milhões e meio de pessoas e dessas apenas 10 milhões chegaram com vida a seus destinos nas Américas e no Caribe sendo o Brasil o principal Porto receptor por aqui desembarcaram cerca de 4.9 milhões de africanos e se nosso historiador diplomato poeta também sempre destacou a violência desse encontro forçado e Improvável em terras Americanas que gerou um racismo estrutural e institucional aqui no Brasil que Dr Alberto sempre combateu sempre combateu ele também sublinhou sempre a potência desses povos no que se refere à tecnologia culinária a linguagem a música e a vasta gama de experiências objetivas e subjetivas portanto humanas que trouxeram e recriaram aqui no Brasil eu pretendo assim refazer um mapa geográfico e sentimental desses tantos africanos e africanas transportados para o Brasil e cuja matriz e direção são frutos das diretrizes deixadas por Alberto da Costa e Silva meu objetivo é assim mostrar a riqueza do Pensamento desse Diplomata poeta estourador cronista que atuou na Nigéria Desculpe vou começar pelo começo que atuou em Lisboa Caracas Washington Madrid Roma Assunção além de servir como Embaixador na Nigéria em benim por opção gosto e desafio próprios e muito pessoais sobretudo diante desse nosso país do Brasil que sistematicamente E durante tanto tempo tempo demais buscou apagar sua suas origens africanas Alberto esteve na Nigéria em 1960 por ocasião da Independência no ano seguinte passou um mês na Etiópia viajou depois para gana Togo Camarões Angola Costa do Marfim e o que se chamava daomé visitou o senegal a serra le leoa o Zaire o Gabão o Kênia refez itinerários de forma a desembarcar na Libéria e no Sudão e foi entre 79 e 83 Embaixador na Nigéria e na República do Bené a experiência mudou a sua perspectiva de vida viu as duas pontas do Atlântico e compreendeu conforme escreveu Porque os africanos logo se assenhorar das terras brasileiras ainda que não tivessem a propriedade e nelas trabalhassem como escravizados pois bem eu começo esse itinerário feito por Alberto da Costa Silva pela região africana de maior presença e incidência nesses nossos brasis aproximadamente 51% dos 10.5 milhões de Africanos escravizados que chegaram vivos às Américas entre 1501 e o fim do tráfico o tráfico foi abolido oficialmente em 1850 mas em realidade apenas no ano de 1856 pois bem repito 47% provinham da África Central desculpe 51% provinham da África Central 4 7% da parte ocidental 4% da oriental essa cifra corresponde para os 4.9 milhões de desembarcados no Brasil a 36% o sudeste brasileiro ficaria marcado pelo afluxo de cativos centro-africanos com o desvio desse comércio de gente após a revolução de São Domingos e a abolição do tráfico para o Caribe britânico em 1808 Essa era chamada então a segunda escravidão que foi motivada pela presença de Grandes propriedades escravistas produtoras de Açúcar de do café marcadas por um regime de vigilância redobrada sobre escravizados e escravizadas um trabalho ainda mais extenuante e taxas de alforrias muito altas muito baixas os africanos centrais falavam quase todos línguas bantos além desse parentesco linguístico a África centro ocidental é reconhecida na bibliografia especializada conforme nos mostrou Alberto da Costa Silva como uma área cultural unificada uma região em que diversas culturas e se identificavam a partir dos mesmos princípios cosmológicos e visões do bem social esse tipo de conclusão fica ainda mais forte se nós olharmos apenas para os povos duramente atingidos pelo comércio Negreiro osos grupos linguísticos que incluem kongo falado pelos Congos nos dois lados do baixo Rios aire e os das famílias de língua Savana da savana ocidental área mais ou menos correspondente atual Angola da qual fazem parte quimbundo e umbundo falados respectivamente nas hinterlândias de Luanda e Benguela essas regiões eram variadas os estudiosos como o Alberto comprovaram como 7% das pessoas traficadas após 1830 falavam dialeto de kikongo kimbundo ou umbundo e mais de 80% Vinham da zona Atlântica o substancial aumento de deportação dos cativos centro ocidentais se deu entre 1750 e 1850 e sugere que a escravização de pessoas na antiga zona Atlântica foi feita por guerras razias sequestros e vendas de dependentes para saludar dívidas outro aspecto muito muito muito sublinhado por Alberto é que os centroa africanos acreditavam na na revelação contínua dos Espíritos do outro mundo para os seres humanos em sonhos ou transes e possessões dizer Alberto que Santos e os espíritos tutelares se assemelhavam de tal maneira que era fácil para muitos centro-africanos perceber uma correlação contingente entre eles o resultado foi uma nova velha religião enraizada no povo porém fundamentada em preceitos e categorias nativas na área da influência portuguesa mais ao sul nas regiões de Luanda e Benguela onde havia igrejas irmandades negras do Rosário e cultos a Santo Antônio a população também teve contato Estreito com o cristianismo mas lá a religião era muito fortemente associada a Portugal dizia Alberto ainda assim muitos grupos da zona Atlântica em Angola como aqueles do Congo teriam chegado no Brasil com certa familiaridade com os santos o que lhes poderia servir tanto para uma aparente aproximação com a religião Popular Cristã ingressando em irmandades por exemplo quanto para reforçar seu apego aos preceitos religiosos nativos outro princípio cultural dessa região que Alberto valorizava muito consistia na valor ação das Alianças sociais com uma cuidadosa manutenção das linguagens e de seus clãs bem como os grupos de parentes afins Além disso se construíram amizades muito fortes marcadas por rituais evocando o parentesco finalmente eram comuns as associações terapêuticas de um lado pequenos cultos de cura de outro lado novas famílias com isso cuidava-se Como dizia Alberto coletivamente dos traumas além de se criarem laços estreitos e muito duradouros por exemplo no Brasil da época colonial EA Maria e Toninho devem lembrar essa citação os calundus eram cultos aparentados em sua morfologia enorme aos kundu entre os Quim buum e eram típicos de pequenos cursos terapêuticos de toda Z na Atlântica acontece que a migração da África surgida no bojo do colonialismo e da modernização forçada também separou parentes assim sacerdotes em Vilas e cidades atendiam uma clientela diversificada aqui no Brasil não Mais do Mesmo clã mas construindo famílias de culto e de solidariedade mas eu gostaria de falar agora e de me deter um pouco mais nos africanos setentrionais termo que designa aqueles indivíduos originários da região cujo litoral se estende do Rio Senegal no atual Senegal até o cabo Lopes na linha do Equador também atual Gabão na longa história do tráfico Atlântico de escravizados para o Brasil os cativos trazidos dessa extensa região constituem cerca de 25% do total de desembarcados ao Brasil eram também chamados de anos ocidentais e eles eram provenientes de sociedades política e culturalmente muito variadas situadas com frequência no litoral mas algumas vezes localizadas em terras mais interioranas a centenas de quilômetros do mar Alberto orientou a feitura dos desses mapas mostrando como essas pessoas eram trazidas em caravanas do interior através de longas rotas e terminavam em marcadas em diferentes locais mostrou o Diplomata como a primeira área que teve incidência significativa no tráfico destinado ao Brasil foi a alta Guiné que do Rio Senegal se estende até o cabo Monte na atual Libéria a diversidade cultural dessa região é expressa na sua destreza linguística destacando-se no litoral a heterogena família das línguas do Atlântico ocidental balanta fula tem e no interior uma família mais homogênea das línguas mand mandinga sonin e bambara nos dizia Alberto o lugar onde o tráfico lusitano mostrou-se mais intenso foi a costa da mina como era conforme era chamada pelos portugueses o litoral que se estende a leste do Castelo de São Jorge da mina na atual gana até a faixa do Rio Lagos al Nigéria essa era a região de maior especialização de Alberto da Costa e Silva uma área linguisticamente mais homogênea que a alta Guiné sendo que nela se falam as línguas da família quá a despeito de uma língua do Extremo do Extremo ocidente como acam ser inteligível para os falantes de uma língua do extremo oriente como o yorubá durante o período do tráfico as nações coloniais europeias Portugal Inglaterra Países Baixos França Alemanha Dinamarca instalaram de maneira inclemente feitorias e e fortalezas ao longo dos mais de 600 Km da Costa da mina o tráfico do No Brasil se concentrou Porém na costa dos nas assim chamada Costa dos escravos como era cham conhecida a parte oriental da Costa da mina que a do Rio Volta a até o Rio Lagos nos séculos x e XIX as principais potências hegemônicas nessa região foram os reinos do daomé no atual benim e o reino de oió na Nigéria no seu litoral diversos portos com variáveis fortunas políticas estiveram envolvidos no tráfico sendo os mais ativos de Oeste a leste aqui eu vou tentar declinar como o Alberto declinava para mim pequeno popo grande idá jacan ep Porto Novo apá badag e lagos onim calcula-se que quase 3S qu4 74% dos africanos ocidentais desembarcados no Brasil provinham da Costa da mina por volta de 1600 os portugueses já nas suas fontes mencionavam estar comprando os muitos escravos de aladar então o reino da Costa da mina tudo para o engenho de os engenhos de Açúcar do Brasil entretanto uma das maiores dificuldades de recuperação do nosso passado dos nossos passados africanos é que as marcas com que os traficantes e senhores classificavam seus cativos não se referiam necessariamente às Origens étnicas destes Mas aos portos reinos Ilhas ou áreas geográficas em que haviam desembarcado embarcado mostra Alberto o interessante caso do termo mina utilizado inicialmente para designar os africanos embarcados no castelo de São Jorge da mina fundado pelos portugueses entre 1800 1482 e 1488 já no Brasil porém tornou-se a expressão mina tornou uma expressão um termo genérico para designar qualquer escravizado importado da Costa da mina todos eles eram Minas virando assim uma categoria Popular para identificar os africanos ocidentais no Brasil assim se no começo os nomes de nação foram classificações impostas pelos Negreiros para melhor controlar os escravizados ao pouco aos poucos os africanos e africanas se apropriaram desses termos com novas formas de procedimento coletivo que lhes ajudavam a se reorganizar e a enfrentar toda a sorte de adversidades tanto na travessia entre malungos como na sociedade escravocrata brasileira por exemplo logo se reconheceu nas escravizadas que comercializavam em Salvador e tinham lojas e assim compravam as suas alforrias e também as alforrias de suas famílias elas logo foram reconhecidas como minas sem maiores correlações com a origem era o desejo de liberdade que renome a a caracterização com o incremento e a diversificação das rotas de tráfico Intercontinental no século XVII a vinda desses desses africanos ocidentais pro Brasil aumentou sendo a Bahia o principal Porto de entrada além da relativa proximidade geográfica os Comerciantes dessa praça Contavam com o tabaco produzido nas terras do recôncavo esse produto tabaco junto com guente de cana de açúcar e e o contrabando do ouro das Minas favoreceu uma relação comercial cada vez mais estreita entre a Bahia e a costa da mina em especial com o porto de de uidá onde foi erguido o forte português de São Batista dajuda enclave estratégico para os interesses dos baianos aliás Alberto da Costa e Silva tem um livro sobre um traficante baiano que se mudou pra região o Chachá e mostra como ele era ao mesmo tempo um comerciante impiedoso mas como com a volta dos dos retornados ele virou padrinho de muitos deles Vale lembrar ainda é assim lembrando Alberto que na década de de de 1720 os reinos de alad eudária B um subgrupo da família Aqua como os hulas uedas eves agas aisos Salvalos Agnes também se embarcaram falante da língua yorubá como os Egas egad sbes sagos povos sob a influência do reino de oió na Bahia os povos falantes dessas línguas foram chamados de geges enquanto os falantes de orubá foram denominados nagos e as nações jej nagos constituem um bom exemplo de como um conjunto de povos que na África eram politicamente e culturalmente heterogêneos passaram a ser organizados na diáspora com o mesmo rótulo nesse caso O processo foi favorecido para além do reconhecimento de afinidades culturais pela capacidade mútua de compreensão linguística Ah esses estereótipos por sua vez explicariam em parte porque nas décadas de 1700 e 1720 os esses africanos ocidentais os Minas eram ch eram reconhecidos por sua força física sua capacidade técnica de trabalhar com o ouro e o ferro e também por sua reputação como Rebeldes no contexto do século XIX a a a desculpe a Bahia Ferveu com uma série de rebeliões protagonizadas pelos negros de origem jeje e urubá todas elas culminaram na famosa Revolta dos Malês o em Salvador no ano de 1835 que Alberto considerava não uma revolta isolada mas uma girad por sua vez a Perseguição Antia africana que sucedeu a essa Revolta dos Malês provocou um movimento inédito de volta à costa da mina de muitos libertos nagos jejes rusas bornos tal Êxodo que durou até o final do século XIX Manteve uma uma culação continuada de pessoas ideias arquiteturas traçados culinárias mercadorias entre a África ocidental e o Brasil além dessa força de trabalho e dos conhecimentos técnicos ao desenvolvimento da economia mineradora e da própria plantation Colonial os africanos ocidentais tiveram um protagonismo decisivo na formação e na institucionalização da Cultura cultura afro-brasileira os vários povos subsumidos na nação mina participaram e se organizaram nas irmandades católicas com suas folias e batuques de onde emergiram reisados maracatus Bumba Meu Boi e tantas outras manifestações da cultura popular negro-brasileira Que Alberto se orgulhava de mencionar já jejes e nagis forneceram um modelo organizacional de formas rituais e de associativismo religiosos que resultaram no cando blé da Bahia no Xangô de Pernambuco e no tambor de mina do Maranhão contribuíram ainda pra culinária regional com azeite de dend por exemplo influenciaram formas rítmicas de Musicalidade Nacional Essas são dinâmicas transnacionais em volta da cultura yorubá que continuam a o Brasil com o continente Africano e sua diáspora Atlântica eu deveria completar esse quadro escrevendo agora os africanos orientais que tinha um número diminuto mas que sobretudo no século X passaram a entrar no Brasil sobretudo após a vinda a transferência da corte real Portuguesa ao Brasil em 1808 e que fez com que o tráfico direto com o Moçambique fosse de novo animado assim na primeira metade do século X os africanos orientais correspondiam a 1/5 de todos os africanos e africanas escravizados que desembarcaram no Brasil eram conhecidos como moçambiques termo que mais uma vez revela a nossa ignorância ou seja a ignorância dos brasileiros não não revela absolutamente nada sobre as suas etnias e identidades no entanto E mais uma vez a despeito do arbítrio que essas designações significavam elas logo se cristalizaram criando um Claro exemplo de de reinvenção cultural mesmo assim os Viajantes do século XIX citavam outras Nações que teriam chegado ao Brasil é possível perceber nas notícias de escravizados fugitivos e presentes nos jornais brasileiros a é possível identificar queimes ou kimes indicando que tinham embarcado do segundo Porto escravista português mais importante da África Oriental na foz do rio zamb haviam também os imanis designação que vinha de o nome do porto mais importante do tráfico negreiro no sul de Moçambique e o que dizer dos mombassa outra designação referente ao Porto da Costa de saía ao Norte no atual Quênia também não vamos esquecer dos quiloa sendo quila o porto escravista mais importante na parte Continental da Costa saí e assim vamos há inúmeras referências a AM macuas o maior grupo étnico do Norte de Moçambique os cenas ou cenas um agrupamento dos povos do Vale dos zambesi e os aos uma comunidade da África centro oriental A nomenclatura é limitada mas reflete a aos as várias áfricas que desembarcaram no Brasil Dr Alberto também gostava de falar de outras formas de indicação que seriam padrões de saliência do tamanho de uma ervilha na testa ou da testa até a curva inicial do do nariz para os moçambiques escravizados no Brasil esses indivíduos brasileiros esses indivíduos eram Hoje sabemos tongas da região do interior de ambani que os africanos do norte da África do Sul chamavam pelo termo pejorativo de NOB neusen nariz Redondo ser é isso não sei vamos lá de toda maneira eu não tenho tempo de fazer todo esse mapa sentimental geográfico e afetivo construído por Alberto da Costa e Silva O importante é que ele compreendeu como ninguém esse movimento dinâmico que implicou em reconhecer os antepassados e se integrar no Brasil no seu texto Brasil o Atlântico e a África no Século XIX de 1800 1989 o Diplomata concluiu e me permitam ler o Brasil é um país extraordinariamente africanizado e só a quem não conhece a África pode escapar o quanto á de africano nos gestos nas maneiras de ser e de viver e no sentimento estético do brasileiro por sua vez em toda a costa atlântica pode-se facilmente reconhecer os brasileirismos a comidas brasileiras na África como a comidas africanas no Brasil danças tradições técnicas de trabalho instrumentos de música palavras e comportamentos sociais brasileiros insinuaram se no dia a dia africano é comum que lá se Ignore que certo prato ou determinado costume veio do Brasil como entre nós esquecemos Quanto nossa vida é impregnada de África Afinal sem a escravidão o Brasil não existiria como hoje é não teria sequer ocupado os imensos espaços que os portugueses lhe desenharam com ou sem remorsos a escravidão é o processo mais longo e o mais importante da nossa história poucas áreas do conhecimento histórico experimentaram nos últimos 50 anos eu diria avanços tão expressivos quanto as dedicadas à escravidão nas Américas e ao tráfico Transatlântico de escravizados e Alberto da Costa e Silva tem papel consolidado nesses que são avanços da Cidadania brasileira Afinal memória é um direito Republicano atualmente e como gostava de destacar o nosso maior africanista som somos capazes de detectar nos mapas orientais nos mapas os principais espaços em que pessoas eram capturadas Isto é não ignoramos mais de onde muitos deles vieram e as rotas que seguiram do interior até os embarcadores litorâneos conhecemos os processos de escravização prevalecentes em diferentes regiões e povos africanos assim como sistemas de crédito que alimentavam o comércio interregional e transocean identificamos quase 36.000 viagens de navios Negreiros com seus portos de partida escala e chegada os nomes de seus proprietários e comandantes e as baixas durante a travessia difícil do Oceano temos ideia de como viviam e sofriam nos longos dias no mar os seus de pulantes e a carga humana sob os seus cuidados conhecemos as suas enfermidades que contraíam nos demorados e sofridos percursos entre o Sertão e o mar e nos porões abafados dos tumbeiros não nos escapam os pormenores ignominiosos dos leilões de gente estudamos os processos de acomodação e rebeldia de resistência velada ou aberta de sabotagem de luta armada de fuga a forma ação de quilombos temos ciência de como se difundiram as técnicas as crenças os valores e os modos de vida que os africanos trouxeram para as Américas e de como aqui misturaram suas culturas com a dos europeus e ameríndios e deram origem a novas identidades angolas cabindas benguelas Minas nagôs jejes E tantas outras essa minha enumeração pautada nos ensinamentos de Dr Alberto está longe de fazer justiça ao que os arquivos vão revelando arquivos coloniais que escondem porém feitas as perguntas certas eles também revelam como mostra o trabalho de investigação incansável que virou o projeto de vida de Alberto da Costa e Silva Mas essa é uma estrada aberta mas não totalmente percorrida há muito que pesquisar sobre as áfricas que a escravidão trouxe ao Brasil e as liberdades por aqui refeitas Alberto da Costa e Silva foi e é uma espécie de sinaleiro nessas rotas ainda sombreadas é nosso ancestral pois indicou caminhos mostrou entre outros como africanos aqui chegaram não só como a mão de obra e força de trabalho vitimizada vieram com a suas agências os seus saberes epistemológicos com as suas ações políticas não promoveram assim apenas rebeliões e fugas mas Jades guerras atlânticas ações políticas articuladas nesse Rio chamado Atlântico esse era um espaço geográfico político e simbólico totalmente articulado Alberto da Costa e Silva nos mostrou assim e de maneira sensível humana insistente como éramos não só um imenso Portugal nas palavras como canta buque mas uma imensa África Essas são histórias que aprendi com Alberto lendo Alberto ou sentada ao seu lado em seu computador reservado exclusivamente para os seus livros um computador muito erudito humano e afetivo pois Essas eram as áfricas de Alberto aquelas que ele queria lembrar e difundir no Brasil termino pois com as saudades que sinto dele mas também com a boa memória que nos une nesse momento que possamos Celebrar e eu não combinei com Antônio essa frase que possamos se lembrar o passado do presente inscrito na obra de Alberto da Coste Silva que a narrativa do que foi nos ajude a transformar o presente para que ele não vire uma repetição monótona do passado Alberto cético que era olhava Para o Futuro pois queria sempre muito mais obrigada Merci Merci BC thank you agradecemos a contribuição e o partilhado o conhecimento da professora Lília nesse momento nós declaramos encerrada a abertura i