Professor, nos últimos tempos tenho escutado falar muito de biotecnologia. O senhor pode explicar por que essa ciência é tão importante? Ouço sim, Saturnina!
Na verdade, biotecnologia é uma ciência antiga. Tem mais de 4 mil anos. O homem usa, por exemplo, micro-organismos para a fabricação de vinhos, pães e queijos há milênios. Com o tempo e o desenvolvimento, ela foi incorporando outras ciências.
Microbiologia, biologia molecular, genética, engenharia informática, etc. Hoje em dia, até o teste... PCR para detecção do novo coronavírus é fruto da biotecnologia.
É mesmo? Como é possível? É uma técnica chamada reação em cadeia da polimerase, descoberta em 1983, que permite amplificar um trecho de material genético identificando a presença ou não de um gene.
E vírus são nada mais, nada menos do que genes. desenvolvidos por uma capa de proteínas. Uma coisa incrível!
Incrível mesmo, professor! E o que mais a biotecnologia pode fazer? Muita coisa! Pode combater a fome e doenças, produzir alimentos de forma mais segura, limpa e eficiente, reduzir nossa pegada ecológica e poupar energia. Reduzir o monóxido de carbono da atmosfera, diminuir o uso da água e reduzir resíduos químicos, criar remédios, hormônios, anticorpos e insulina, curar infecções e até mesmo o câncer.
E ainda ser nossa ponta de lança no controle contra pandemias como a do Covid-19. Caramba, muita coisa mesmo! Sim, tanta coisa que os cientistas acabaram dividindo as áreas de atuação da biotecnologia por cores.
Vermelha, a que trata da saúde humana. Vacinas, ovos artificiais, antibióticos e terapias regenerativas. Verde, agricultura. Criação de sementes, plantas geneticamente modificadas, combate a pragas. Branca.
Industrial, biocombustíveis e diminuir a poluição industrial. Azul, explora os recursos do mar para cosméticos, alimentos, saúde e biocombustíveis, as microalgas. Amarela, produção de alimentos. Cinza, proteção e recuperação do meio ambiente. Ah, Saturnina!
Sabe uma pesquisa dessa biotecnologia cinza que eu acho espetacular? É de um inseto, a Galeria Melonela. que antes de virar mariposa, ainda larva, se alimenta de cera de abelha e pólen.
Por acaso, em 2017, na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que as larvas da Galeria Melionela comeram o próprio rote plástico em que estavam guardadas. Elas quebram as ligações químicas do plástico durante a digestão, do mesmo jeito que fazem com a cera de abelha. Imagine!
O que isso significa? Produzimos cerca de 80 milhões de toneladas de plástico por ano, que demoram centenas de anos para se decompor na natureza. Essa pode ser uma grande arma para combater essa horrenda poluição ambiental.
Que maravilha! Viva a biotecnologia! Calma, Saturnina.
Ainda tem muita polêmica sobre a biotecnologia. Não sabemos dizer... direito até onde ela deve ir.
Como assim? São problemas que só o futuro vai responder. Alergias imprevisíveis, intoxicações entre organismos vivos, desequilíbrio de ecossistemas, terminar com a diversidade de cultivos, perigo de bactérias escaparem de laboratórios, clonagem e modificação de genoma humano, problemas éticos da reprodução humana. Ufa, também é muita coisa, né?
Sim, Saturnina. Mas não desanima. A biotecnologia tem tudo para melhorar o nosso futuro.
O que temos que fazer é ficar atentos e estudar bastante para entender e controlar esses possíveis problemas. Sim, sim, professor.