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Análise do MBL e sua relação com o Bolsonarismo

Por que o MBL rejeita o bolsonarismo? Acho que essa provocação não que a gente vai resumir o nosso papo a isso. Na verdade, isso é uma pequena pauta dentro do nosso papo. Mas eu percebo que nesse movimento político, esse novo movimento político que o MBL faz parte e começa em 2013, eu sou um cara que eu não... participo de movimento, mas eu vejo, né?

Tô acompanhando desde lá de 2013, eu não ia pra manifestação, aí vamos chamar de frouxo, então, agora, né? Mas eu vejo, né? O trabalho de vocês e sempre tem essa questão, né, cara?

De a direita dividida e vocês, porra, brigando com o bolsonarismo e agora tem o evento Pablo Marçal, né, cara? Pablo Marçal tem sido aí uma sensação na internet. E novamente tá vocês aí, porra, batendo no Pablo Marçal, cara. Então, vamos começar falando sobre isso.

Vamos lá. Bom, primeiro o bolsonarismo, né? A gente fez voto útil no Bolsonaro em 2018, né? O Bolsonaro tomou a facada, chamou a gente lá pro Vivendas da Barra, lá pra casa dele, pediu pra que a gente ajudasse ele fazendo campanha no Nordeste.

Nós ajudamos, nós fizemos jornada patriótica, rodamos o Nordeste ali, fazendo campanha no segundo turno pra derrotar o PT, afinal... Toda a nossa trajetória, por mais que a gente tivesse já na época discordância com o Bolsonaro, toda a nossa trajetória é antipetista e não faria o menor sentido, né, depois de tudo que a gente fez se alinhar com o PT, ou ainda acreditando na esperança de que o Bolsonaro poderia fazer diferente, pregar o voto nulo como a gente fez em 2022, né. Só uma coisa antes que é importante deixar claro, eu e o Kim fomos fazer campanha no Nordeste, nós já estávamos eleitos, tá.

Antes disso a gente não falou. Vote no Bolsonaro. Eu não falei, por isso que... Ah, vocês se elegeram nas costas do Bolsonaro.

Não, a gente tava em partido diferente. A gente chegou... Em julho de 2018, eu fiz um debate com o Nando Moura, eu tava apoiando o Flávio Rocha, cara. Então, não. Depois disso, depois de eleitos, a gente foi igual dois otários fazer campanha pro cara.

Em janeiro ainda, eu dei entrevista pro Rica Perrone e ele perguntando. Ah, entre Alckmin e Bolsonaro, eu apanhei pra cacete porque eu falei Alckmin, aí depois Alckmin ainda vira Vistuluno, enfim. rebostei o total. Você tem que pular essas perguntas.

Não, ficou assim, uma situação, mas só pra deixar muito claro que ah, se elegeram nas costas do Bolsonaro. Primeiro que a gente tava eleito quando ele pediu pra gente fazer campanha pra ele no segundo turno e depois que eu disputei eleição de novo em 2022, pregando voto nulo e fui eleito mesmo assim. Então, os meus votos são os meus votos, do meu trabalho, dos meus méritos e não porque eu colei e fiquei puxando o saco de nenhuma figura. Acho que isso é importante ressaltar.

Mas por que teve o rompimento com o Bolsonaro? Agora, só um parênteses também. Ele te interrompeu, agora chegou a minha vez, né?

Desculpa. Por favor. Isso atormenta vocês, né?

Tanto é que o Arthur fez questão de, porra, de frisar isso, né? Tem um... Vocês se sentem atormentados pelo bolsonarismo, cara?

A ponto de ter que deixar claro que vocês não foram eleitos nas costas do Bolsonaro? Não, a gente precisa falar porque é o que... Todo bolsonarista nos acusa de surfar a onda Bolsonaro e depois de traí-lo.

Mas na realidade, primeiro que a gente sempre teve o nosso trabalho próprio. A gente nunca dependeu de popularidade do Bolsonaro para se eleger ou para crescer o movimento Brasil Livre, nem nada do tipo. E isso a gente precisa deixar claro, a gente precisa reestabelecer os fatos.

Agora, é um grande tormento para a gente? Não. Faz parte de... Assim como a gente sempre deixava claro em 2016 que a gente não era financiado pela CIA, nem pelos bilionários americanos do petróleo, porque era isso do que nos acusavam na época. Agora, a gente deixa muito claro que não precisamos de onda Bolsonaro nenhuma para a gente conseguir vencer as eleições, para a gente conseguir ter o nosso movimento político próprio e ser independente.

Então, acho que sempre vai ter as acusações do momento. A gente nunca vai estar isento de qualquer tipo de ataque. E é bom que a gente não esteja isento de ataques, porque significa que a gente está incomodando alguém, significa que a gente é relevante o suficiente para ser atacado. Se você não é atacado, significa que você está fazendo alguma coisa de errado.

Entendo. Então, retomando, né? Em relação à traição, bom, a gente teve a promessa de que teria a defesa da Operação Lava Jato, a gente teve uma promessa de que o legado de teto de gastos, de responsabilidade fiscal que havia sido construído no governo Temer iria ser preservado e que a gente teria uma reforma da Previdência, que a gente teria uma reforma tributária, a gente teve a promessa também de que haveria um enfrentamento forte ao petismo e o que a gente viu na prática foi... Um dos primeiros atos do governo Bolsonaro foi indicar um petista para a Procuradoria-Geral da República, que é o Augusto Soares, amigo pessoal de José Dirceu, que ajudou a desmantelar, a desconstruir a Operação Lava Jato e que é o responsável hoje por não ter ninguém mais preso, nem o Sérgio Cabral, que pegou 200, 300, que recebia academia de ginástica em propina.

Ele já não está mais preso. Depois, a gente conseguiu articular no primeiro ano de mandato O fim de decisões monocráticas de ministro do Supremo, para não ter essa aberração que está acontecendo hoje, de cada ministro decide como quer e você não tem nenhuma decisão colegiada. Bolsonaro, por causa das investigações contra o Flávio, vetou o projeto que vedava decisões monocráticas e agora está sofrendo com isso.

Fez duas nomeações para o Supremo Tribunal Federal, que são dos mesmos amigos e da mesma turma que está no Supremo Tribunal Federal hoje. Não teve nomeações de juízes independentes que de fato iam ter um posicionamento contrário aos abusos do Supremo Tribunal Federal. Pelo contrário, um dos nomes indicados pelo Bolsonaro, o Cássio Nunes, votou pela volta dos direitos políticos do Lula e foi o voto de Minerva pela volta dos direitos políticos do Lula.

Então, ele é o responsável pelo Lula ter disputado as eleições. Então, o nosso enfrentamento vem justamente das incoerências e da traição do Bolsonaro com o seu próprio eleitorado, com o próprio espectro político de direita. Sim, mas, pô, é muito item que tu...

Não, mas posso falar? Isso ainda não é em 10%. Se a gente for entrar em segurança pública, juiz de garantias foi sancionado por Jair Bolsonaro. Uma emenda do Marcelo Freixo, que ele também sancionou prejudicando investigações e prejudicando a segurança pública no Brasil inteiro para beneficiar e para salvar o próprio filho. Uma coisa que a gente sempre fala é o seguinte, vou resumir para todo mundo aqui.

Se eu, ou o Kim, ou o MBL de uma forma geral, se a gente tivesse decidido não bater no Bolsonaro... A gente não teria sangrado o que a gente sangrou em 2019. Cara, em 2019 eu perdi 100 mil inscritos em uma semana, o MBL perdeu 400 mil inscritos em uma semana. A gente sofreu uma busca e apreensão, empreenderam dois doadores do MBL que não tinham relação nenhuma com a gente por conta de uma thread inventada por um perfil bolsonarista e um promotor bolsonarista trouxe aquilo como uma denúncia séria e prendeu como se a gente tivesse lavado 400 milhões de reais.

Então, o bolsonarismo é isso. Pelo superchat do YouTube. Pelo superchat do YouTube, cara.

Sempre vamos lembrar esse detalhe, né? Tipo assim, se você pegasse o faturamento do YouTube inteiro, no período em que eles falaram que a gente lavou, não tinha. É como se a gente tivesse lavado todo o dinheiro do YouTube.

Assim, é uma coisa, assim, absurdamente idiota, cara. Mas o lance, o que eu sempre falo é o seguinte, muita gente acha que a gente não apoia o Bolsonaro por oportunismo, o que cai por terra, se você pensar que apoiar o Bolsonaro dá mais like, dá mais... popularidade, dar mais voto, né?

Ou porque a gente é muito purista. Ah, meu... Você tem que ver que na política, você tem que ser pragmático. A gente não é purista. A gente não é a virgem de vestidinho branco.

Ah, eu não quero ninguém. Não, não é isso. O fato é o seguinte, cara. Você não consegue me dizer objetivamente o que o Bolsonaro fez pra acabar com o tema desse podcast aqui, pra acabar com o crime, cara. O Bolsonaro, ele fez tudo o contrário.

Tudo que ele fez, que pareceu bom... Ele fez para te enganar, por exemplo, o decreto de armas. Eu tenho certeza que o público desse podcast é a favor da posse e às vezes até do porte de arma.

O que o Bolsonaro fez? Ele fez um decreto frágil, que ele poderia ter passado por projeto de lei, justamente para dizer, se eu perder essa eleição, esse decreto pode cair. E foi exatamente o que ele fez.

Outra coisa, a gente fala, mas por causa da rachadinha do Flávio, o PT roubou milhões. É, mas por causa da rachadinha do Flávio, que também é de milhões. Tá, meu irmão?

O Queiroz, assim, você é policial, você tem essa visão que a gente tem também. Assim, você quer me fazer de trouxa, cara? Não dá. Então pelo menos fala que você tá roubando. O Queiroz falar que ele fazia rachadinha, que ele pagava a escola e o plano de saúde dos filhos do Flávio, que eles compravam imóveis em dinheiro, que a loja do Flávio faturava em dinheiro coincidentemente quando os funcionários do Flávio recebiam salário.

Eles sacavam o dinheiro e iam gastar na Copenhagen. Você vem me falar que esse cara não roubou, meu? Ele roubou. E por causa disso, porque ele roubou e porque o Jair também roubou, que o Jair é um ladrão, só que pouca gente tem coragem de falar que o Jair Bolsonaro é um ladrão, porque a família deles roubou demais, esses caras enterraram a nossa esperança de ter um país decente, acabando com a Lava Jato, sancionando o juiz de garantias, limitando a delação premiada. Então o Bolsonaro, ele destruiu uma luta contra a corrupção que vinha lá de 2013, o gigante acordou e não sei o que, ele jogou no lixo, cara.

Então, se você consegue votar num cara que chega pra você e fala assim, mano, eu ia votar contra o fundão eleitoral, só que na hora apertei o botão errado, brother, foi sem querer. Aí tem a segunda votação, segundo turno. Puta, apertei o botão errado de novo.

Se você é otário a esse ponto, se você acha que o Eduardo Bolsonaro foi viajar com a tua grana pra assistir jogo da... quer dizer, pra levar pendrive, irmão, desculpa, você é de outro time, você não é do meu time. Eu não sou trouxa assim, eu não consigo.

Falaram, não, não, não, tudo bem, vai. Ai, o outro a opção é o Lula, então mito, tamo junto aí. Se você conseguiu ficar três meses tomando spray de pimenta na cara, tomando borrachada no lombo, na porta de quartel, pra depois você fazer o 8 de janeiro e o Bolsonaro te chamar de baderneiro, sabia que o Bolsonaro fez isso, né? Ele traiu todos os aliados dele, inclusive o tal povo que queria ele no poder, né? Ele falou, não, os caras do 8 de janeiro eram baderneiros.

Se você é otário a esse ponto... Pra falar, mito, me engana aí que eu vou continuar te adulando. Eu não sou desse time, cara, desculpa. Pode me xingar aí, velho.

Eu não sou desse time. Eu não sou trouxa. Eu não vou ser, nunca.

Mas não é, velho. Isso aqui é uma coisa que não dá, velho. A gente é um país de otário, irmão. A gente é um país de otário.

Eu acho assim, tem muita clareza no que vocês estão falando, né? E apresenta lucidez. Boa parte desses fatos aí, eu acompanho também.

Quem acompanha nos noticiários consegue perceber que... Vocês estão falando, são fatos, né? Agora, como é que essa massa de pessoas, elas não enxergam isso? Isso são coisas menores?

Não, é porque... O que é isso, cara? Porque, assim, fato é, cara, o bolsonarismo é maior que o MBL. Sim, muito. Isso é um fato, né?

E o Bolsonaro, a família Bolsonaro e a ideia, os aliados, os deputados... Eles estão em cima de uma plataforma muito grande e vitoriosa. Tanto é que você vê.

2018, 52 deputados. 2022, 99. Sem contar os outros partidos. Por exemplo, o Farru, o Sargento Farru, não é do PR, que é um deputado bolsonarista. Então, é muito maior do que 99 deputados. Então, com tudo isso, como é que em 2022 o cara consegue ter essa base de apoio, esse público, esses políticos, tudo a favor dele?

Qual é a coisa que você tem, Gabriel? 38. Ah, caramba, você é da mesma idade, cara. Você é 8 e meia? Eu só tô um pouco acabado. Tamo junto não, cara.

Tamo junto aqui, 8 e meia. Cara, olhando na câmera aqui, dá mó vergonha. O cara me chamou de pequeno, aí toma essa então, eu sou acabado. Tô brincando.

Eu sou de 86, abriu de 86. Eu sou de agosto de 86, caramba, mano. Eu sou mais velho, me respeitem, moleque. Mas o lance é o seguinte, Galabelo. Sabe o que que acontece, cara? A galera da nossa geração...

Já pegou isso, mas a geração anterior da nossa pegou mais ainda. Que é o seguinte, o cara viu ali um país supostamente de direita, no final da ditadura, dando errado. No final do regime militar deu errado o país. Inflação, tudo, corrupção, inclusive, nos governos militares. Beleza.

E é obra de transamazônica que não acaba. Beleza. Bom, redemocratização. Beleza.

Quem que vai tomar conta do país? Bom, ganha a eleição o Collor. Aí o cara ensaia uma abertura de mercado. Pum.

faz o plano Collor, sofre impeachment. Puta, quem ganha? O Fernando Henrique. Que era a causa assim, ah, o outro é o PT, então eu vou no PSDB.

Ninguém nunca bateu no peito e falou, mano, eu amo o PSDB, eu amo... Ninguém fez isso. Era porque era o que se considerava direita naquela época, que nem era. Aí depois, Fernando Henrique de novo.

Aí depois Lula, depois Lula de novo, depois Dilma, depois Dilma de novo. Pelo amor de Deus, quando o capitão ganhou, é a redenção daquele cara. Ele fala, meu, eu tô há décadas esperando.

pra olhar pra um cara e falar, puta eu te amo brother, você é de direita, você é igual eu, você quer que o bandido tenha que se fuder e acabou porra, você é dos meus brother. Então, você destruir essa ilusão, ela é muito ruim velho, é tipo aquele cara que sabe que a mina dele dá bola pra outro, mas ele finge que ele não vê. É tipo isso, o brasileiro ele criou uma dependência emocional, então ele gosta do Bolsonaro.

Não é que ele fez uma análise do governo e aprovou o governo do Bolsonaro porque ele objetivamente o ajudou. Não, ele gosta do mito. É o gol do mito.

Ah, mas o mito... Cara, eu não quero saber de PGR. Olha esses nomes que você veio me trazer, cara.

Puta, uns nomes difíceis. PGR, o que é isso? Juiz de garantia, eu quero saber disso aí. O mito falou que a gente tinha que ter arma e com o 3-8 aqui fumar derby e comer as puta.

Esse cara é igual eu, meu. Ele falou que ele come a gente com o dinheiro da Val do Açaí, meu. Quando perguntaram pra ele, e a sua funcionária fantasma? Ele meteu-lhe a resposta lá no repórter da Folha.

Eu usei pra comer gente, tá ok? Esse cara é um mito, porra, eu tô com ele. Então, infelizmente, cara, o brasileiro, ele tem um apego emocional na figura do Bolsonaro.

O Bolsonaro, ele tomou pra si, e isso ele foi muito competente em fazer, de ser o bastião de tudo aquilo que tá no sentimento da maioria dos brasileiros. E mesmo assim, ele perdeu a eleição de 2022. Porque se o Bolsonaro não tivesse feito nada, cara... se ele sentar, ganhou em 2018, sentou lá em 2019 e não fez nada, ficou quieto, ficou andando de jet ski, esse cara tinha ganhado a eleição de 2022 com máquina na mão, com deputado, com onda conservadora, ele tinha ganhado com 70% dos votos, não é que o Bolsonaro ainda tem o apoio, não é isso, o Bolsonaro conseguiu perder o apoio.

da maior parte da população brasileira. Só antes de continuar, desse esforço do Bolsonaro de falar um monte de merda, de perder apoio de gente que não precisaria ter perdido, etc. Escuto de ex-ministros do Bolsonaro, de deputados e de senadores bolsonaristas.

A seguinte expressão que é muito popular entre bolsonaristas que não falam isso publicamente porque sabem que não pode se queimar com o bolsonarismo, porque no bolsonarismo ou você se submete absolutamente à agenda bolsonarista ou você é um traidor, você não pode ter críticas pontuais. Você não pode dar sinais de independência, você precisa ter submissão completa, é um projeto hegemônico de poder. Mas, nos bastidores, os bolsonaristas falam, olha, isso inclusive vários ministros, não é um, são dois, vários ministros de Estado do Bolsonaro falam, Bolsonaro se esforçou muito para perder a eleição e quase não conseguiu. Ele se esforçou muito para perder a eleição e quase ganha, justamente por causa da quantidade de besteiras que falou, na hora, vamos pegar.

Na pandemia, não vamos ignorar completamente erros, vamos ignorar completamente convicções, as gestões simbolicamente. A única coisa que ele precisava ter feito, ó pessoal, é o seguinte, tô aqui investindo em vacina, é a Fiocruz que trouxe a vacina pro Brasil, tô aqui, me vacinei, acabou. Ele não teria nenhuma narrativa petista, não teria nenhuma narrativa esquerdista contra ele, ele conseguiria o apoio de toda a parcela da população que deixou de apoiar ele por causa da conduta da pandemia.

Mas ainda assim ele vai lá e se esforça. E vamos lá, isso é uma avaliação que é falada abertamente pelo próprio Eduardo Bolsonaro, né? Para o próprio Bolsonaro era melhor o Lula estar solto e o Lula estar elegível, porque era o sujeito com a maior rejeição e ele acreditava que venceria com facilidade. Ele cometeu um erro ao nomear um ministro do Supremo que devolveu os direitos políticos do Lula, acreditando que ele poderia vencer o Lula com facilidade.

E o Lula foi lá e inverteu ele. Aí você pergunta... Não, mas as pessoas acham que os erros do Bolsonaro são menores, é uma coisa que se deixa de lado. Da mesma maneira, quando você vai questionar o eleitor do Lula, é um apego à sua liderança carismática, é um apego emocional, como o Arthur colocou, à sua liderança.

E quando você questiona, ah, mas não roubou? Ah, roubou! Mas tudo bem, ainda assim eu prefiro ele.

Então, mesmo quando você questiona, às vezes, um cara... que é um bolsonarista fanático, ele até admite. Não, roubou.

Ah, Flávio é ladrão. Flávio é ladrão. Ah, voltou.

Teve juiz de garantia? Teve juiz de garantia. Teve PGR repetista?

Teve PGR repetista. Mas eu gosto do Bolsonaro mesmo assim. Não importa.

Não interessa. Sim. Isso mostra que na política brasileira tem que ter um líder carismático. Então, o que mais tem peso é isso. Agora, essas coisas que tu cita aí, que o Bolsonaro se esforçou pra não ganhar e quase ganhou.

Isso não é intencional, né? É falta de preparo ou o que na tua leitura? Porque o lance da pandemia que você acabou de citar, minha leitura, eu vejo aquilo ali como um ressentimento, né? E uma falta de freio. Por quê?

Aquela história da gripezinha, nada mais é do que uma provocação inconsequente, né? Irresponsável ao doutor da Globo. Ao Drauzio Varela, sim. E aí, pra fazer uma ironia à Globo...

e ao doutor, o Drauzio Varela, ele citou aquele termo gripezinha e depois a oposição pegou aquilo como se fosse falar dele. Mas, na verdade, ele com esse ressentimento com a Globo, ele fez uma ironia. Sim, que foi assim, primeiro, eu acho que, em parte, é uma convicção pessoal dele também de que não seria do tamanho que foi, e aí ele acabou cometendo esse erro estratégico. E outro erro estratégico é...

esquecer que não é todo mundo que tem acesso ao conteúdo que ele tem. Então, não é todo mundo que viu o Drauzio Varela falando aquilo. As pessoas veem primeiro o presidente da república falar do que qualquer outra pessoa. Então, assim, acho que são as duas coisas. Primeiro, a convicção pessoal dele de que, de fato, não seria uma doença tão grave quanto foi.

E, segundo, ele cometendo um erro de achar que, não, todo mundo viu o Drauzio Varela, agora eu vou responder. Só que ele não é mais um deputado, era o presidente da república agora. Mas eu digo pra você o seguinte, cara.

Eu nem me incomodo com os erros, entre aspas, entre... erros honestos. Pô, se uma pessoa errou querendo acertar, pô, beleza, ninguém é perfeito, né? O problema pra mim são os erros de intenção, cara. Por exemplo, quando chega, isso aqui é uma coisa literal, isso aqui não é modo simbólico de se dizer, o Congresso passou uma lei que limitava quem falou atuação monocrática de ministro.

Então, o ministro vai dar uma liminar, sabe tudo isso que os caras xingam do Xandã, tudo isso ia ser impedido por uma lei que passou no Congresso. Chegou o Bolsonaro o papel, é só você assinar e sancionar. Ele tinha uma escolha, ou eu traio os meus eleitores e o Brasil inteiro e veto, ou eu traio os meus amigos do sistema, tipo Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Toffoli, etc, etc, e sanciono essa lei.

Ele escolheu te trair. No mesmo momento que ele escolhe te trair, ele fala, não, eu vou vetar isso aqui. Ele vai num caminhão de som e fala, por que o Alexandre de Moraes? Então peraí, velho.

Então você tá querendo me enganar. É a mesma coisa que eu pegar aqui, dar uma arma na mão do teu inimigo e falar aquele teu inimigo xingou, hein? Pô, irmão, você deu uma arma na mão dele, cara. Você acha que eu sou otário? Então, como eu te falei, cara, se as pessoas têm um apego emocional ao Bolsonaro, eu fico triste.

Porque você até falou, você usou uma palavra no começo, se era algo que nos incomodava, atormentava. Eu não acho que nos atormenta pessoalmente o bolsonarismo. Se fosse isso, beleza.

É um problema do Arthur, problema do Kim. O problema é que o Bolsonaro atormenta qualquer pessoa de bom senso no Brasil. Porque a pessoa olha e fala assim, cara, esse cara está mentindo para as pessoas que querem a mesma coisa que eu. Não, e pior, interditando o debate e ocupando o espaço da direita que poderia estar sendo ocupado por uma pessoa honesta e qualificada.

Sim, sim. Você não precisa ser perfeito, você não precisa concordar 100% com cada pessoa, não é isso, não é purismo. Só que, mano, não dá para você confiar num cara que tem rabo preso. O Bolsonaro é lá dentro. Gente, a gente tem que entender uma coisa.

Qualquer investigação sobre o presidente... só pode ser feita com autorização do PGR quem indicou o PGR? Ele indicou um PGR que era fora da lista tríplice que era um garantista então as pessoas falam, ah o Bolsonaro é honesto não, não é que o Bolsonaro é honesto, cara ele se blindou e a própria família, às custas da nossa luta contra a corrupção, cara não dá pra confiar nesse cara, não dá já era, próximo então eu acho que a direita nunca vai avançar enquanto a gente não tirar o pé do bolsonarismo Ah tá então vocês começaram o movimento em 2013 né vocês o Brasil né é a Carla Zambelli tinha um movimento também não é isso que eu nas ruas né era vocês na rua mais quem muita gente tinha revoltados online cara movimento de rua grande movimento de rua grande era três era o MBL vem para rua revoltados online tá esse é nos três grandes que no início foi o MBL começou a pedir impeachment O Revoltados Online era intervenção militar no começo e o Vem Pra Rua eram manifestações contra a corrupção. E aderiu ao impeachment depois.

E aí, bom, o que aconteceu? Entre intervenção militar e entre manifestações genéricas contra a corrupção, o MBL estava no meio termo, por assim dizer, que era pedir impeachment. No final das contas, o Vem Pra Rua, entre aspas, se radicalizou, teve uma posição mais radical do que de...

Só a luta contra a corrupção para pedir objetivamente o impeachment da Dilma. E o Revoltados Online se moderou de intervenção militar para pedir o impeachment. E daí as manifestações aconteceram.

Mas, enfim, o primeiro movimento a pedir o impeachment, até me lembro, porque saiu o primeiro artigo do Ives Gandra para a Folha de São Paulo falando sobre a possibilidade de impeachment da Dilma, dela cometer crime de responsabilidade por causa da compra da refinaria de Passadena no Texas. Daí, a partir desse artigo que a gente organiza a manifestação, que é do dia 15 de março de 2015, que é uma manifestação que tem mais de um milhão de pessoas na Paulista, daí que a gente começa a organizar várias manifestações em sequência pelo impeachment. E daí acontecem várias coisas, pô, tem a marcha, a gente vai a pé de São Paulo até Brasília pra protocolar o impeachment da Dilma, puta, eu sou atropelado no caminho, a gente caminha 33 dias até lá, vai parando em escola, em chão de fábrica...

É mesmo? Teve tudo isso? Opa, foi uma aventura, a gente lançou um documentário, inclusive, que eu não vou ter golpe...

E um livro que eu escrevi junto com o Renan, que é como um grupo de desajustados derrubou a presidente, contando essa história. E duas das partes mais emocionantes da história é a caminhada, é a marcha que a gente fez, que realmente foi uma aventura. E a outra foi o acampamento em frente ao Congresso Nacional, que a gente ficou 27 dias acampado pra pressionar a Câmara dos Deputados a acolher o pedido de impeachment. E aí, tá apanhando do MTST, tacando pau, pedra, rojão pra cima da gente.

negociando com os índios lá pra eles não invadirem o nosso espaço. Era assim, bom, Brasília você conhece, sempre que tem votação de demarcação de terra indígena e tal, enche o Congresso Nacional de Índio e a gente também tendo que negociar pros caras também não virem pra cima e invadir as nossas barracas ali quando a gente tava lá. Tá, e aí vocês fizeram tudo isso, mas...

É, pra tirar a Dilma, né? O problema é que sai a Dilma, entra o Temer. E 2018, aí vocês não contavam com o efeito bolsonarismo.

Porque assim, o que eu quero dizer, desculpa Arthur, o que eu quero dizer, vocês prepararam todo um terreno. Sim, e o Bolsonaro pegou. E numericamente é uma pedra, né? Exatamente. O Bolsonaro não fez nada pelo impeachment, nada.

Assim, cara, isso eu quero entender com vocês, né? Como é que vocês, qual a leitura de vocês em relação a esse movimento de um Brasil, porra, melhor, antissistema, né? E o Bolsonaro, ele representou tudo isso em 2018. Sim. E agora teve um reajuste. Não é uma coisa de rancor pessoal.

Tipo, esse movimento era para ser meu. Não é isso. O Bolsonaro não fez nada pelo impeachment.

Se aproveitou, tomou. Beleza. Que na verdade é o seguinte, cara.

Eu vou te dizer. Em 2018, o Silmoro... a disputar a seleção e a ser ele ele era muito mais popular que o bolsonaro na época mas beleza caiu a bola não pede quem do bolsonaro então beleza era bolsonaro e Haddad ou tamo junto com o mito aí então vamos embora vamos apoiar o cara só que depois ele tá tudo isso