Salve, galera! Sejam bem-vindos ao Se Liga Nessa História. Eu sou a professora Renata Esteves, de Sociologia, e vamos abordar hoje um dos grandes clássicos da Sociologia, que é o Max Weber.
A ideia aqui é fazer um resuminho, tornar a coisa mais tranquila, mas a gente vai abordar os principais conceitos, que é o conceito de ação social, de racionalização, burocracia, e ainda vamos estabelecer aqui a relação entre protestantismo e capitalismo. Bora? Se liga! Bora!
Então o que a gente vai fazer aqui? Trazer os conceitos de forma resumida deste influente pensador que é o Max Weber. O Weber é o pensador mais contemporâneo dos três grandes clássicos que a gente também conhece como três porquinhos, que é o Durkheim, o Marx e o próprio Weber. Então a gente vai dividir a aula da seguinte forma. Na primeira parte da aula eu vou apresentar o cenário, onde que o Weber se encontrava, quando que ele nasceu, coisas básicas.
E também vou apresentar o pensamento metodológico dele, ou seja, qual é a metodologia dele na sociologia. Na segunda parte da aula, irei apresentar o conceito fundamental dele, que é o conceito de ação social. E na terceira parte da aula, nós vamos abordar aqui a forma como Weber enxergava a modernidade.
E para ele, a modernidade era um processo de racionalização, de burocratização e de desencantamento do mundo. Então, a gente vai abordar esses três temas. E aí, para finalizar, nós vamos estabelecer as relações entre protestantismo e capitalismo, que constitui uma obra importante do pensamento weberiano. Então a ideia aqui é tentar tornar inteligível os conceitos desse tão influente sociólogo.
Vou fazer então um breve contexto histórico do Max Weber. Ele nasceu em 1864 na Alemanha e faleceu em 1920. Então ele viveu na transição do século XIX para o século XX. E o que estava acontecendo ali na Alemanha? Eles estavam vivendo um processo de unificação, então ali a gente tinha um Estado...
forte e autoritário que está centralizado na figura do Bismarck. Outro ponto importante também para compreender essa época é que eles estavam passando por um rápido processo de urbanização e modernização. Esse cenário é importante porque é a partir desse cenário que o Max Weber vai produzir as questões e as respostas que estão presentes na sua produção intelectual.
Uma coisa importante para a gente levar em consideração é qual é o método... o sociológico, o método científico que o Weber adotava. Então, uma das grandes preocupações, tanto do Weber, quanto dos investigadores das ciências sociais é será que dá pra gente pensar as ciências sociais como a gente pensa as ciências da natureza?
Ou seja, com a mesma precisão, a mesma exatidão? Então, o Max Weber compreendia que há diferenças entre as ciências sociais e as ciências da natureza. As ciências sociais possuem certas especificidades e ele levava isso em consideração. Então, se a gente for comparar o Weber com o Durkheim, por exemplo, o Durkheim tentava ser mais objetivo e o Weber compreendia que era impossível ser objetivo, já que nós somos sujeitos históricos e sujeitos de cultura.
Ou seja, nós partimos de um tipo de percepção de mundo, de valorização, E é a partir disso que nós vamos exercer os nossos estudos sobre a sociedade. Além disso, não é possível a gente enxergar a totalidade. Não existe uma totalidade da sociedade. É necessário, então, iluminar certas partes.
E é a isso que o Max Weber se propõe. Por isso que ele vai compreender a sociologia a partir do que ele denomina ação social. Assim também...
Se o Weber se distingue do método sociológico do Durkheim, ele também distingue do método sociológico do Marx. Então, para o Weber, o Marx concentrava muito os seus estudos na questão econômica. E o Weber vai enxergar a sociedade de uma maneira mais complexa.
Então, para o Weber, a economia é sim um elemento importante da sociedade, mas os outros elementos são tão importantes quanto. Então, a religião também é importante, a arte é importante, a cultura de uma forma geral. O Weber vai compreender a sociologia. como uma ciência da cultura. Então é importante focar em todos os aspectos.
Claro, não dá para focar nos aspectos de uma vez só. Mas ele compreende que todos esses elementos da sociedade se entrecruzam. Então, tanto quanto estudar a economia, é importante também estudar a arte ou a religião. E de que maneira a economia interfere na religião ou a religião interfere na economia.
Se para o Marx a economia constituía o elemento fundamental da sociedade que iria condicionar toda a superestrutura social, para o Weber não. Para o Weber, esses elementos constituem condicionantes recíprocos, ou seja, se para o Marx é a estrutura econômica que condiciona a religião, para o Weber a religião também pode condicionar a economia. Então, na verdade, ele não está aqui se opondo ao pensamento marxista, mas ele está complementando o pensamento marxista, compreendendo que é possível também aquilo que o Marx denomina superestrutura condicionar e até mesmo modificar as estruturas econômicas.
A sociologia weberiana pode ser denominada como sociologia compreensiva. Por quê? Porque o foco dele está no que a gente vai denominar ação social. Ou seja, ele foca no agente social, naquele que age socialmente.
E mais do que isso, no que motiva, no que mobiliza aquelas ações. Ou seja, para ele, toda conduta é portadora de significado. Então ele quer saber qual é o significado de certas condutas.
Para deixar a coisa um pouquinho mais simples, eu vou aqui trazer um exemplo, mas é só para simplificar. Pensa que a sociedade, o tecido social... É uma grande teia de aranha. Se a gente for pensar no Durkheim, o que o Durkheim iria querer compreender? O design dessa teia de aranha.
E como fazer para que essa teia de aranha se sustente, né? Tentar perceber o que faz com que essa teia de aranha seja sustentada. E o que pode se fazer para ela não se desintegrar.
Isso é Durkheim. Agora, o Weber, quando ele olha para essa teia, ele não está preocupado com a... teia, ele está preocupado com as aranhas que estão tecendo a teia. Ou seja, se para o Durkheim, provavelmente, essa teia já estaria pronta, para o Weber, ela está em um processo. O Weber compreende a sociologia por meio da história.
Então, ela é um processo, ela está sendo feita. Mas como e por que ela está sendo feita? Como que cada aranha está agindo?
Por que ela está agindo? E mais do que isso, como que os fios que... Cada uma traça estão se conectando.
Que tipo de desenho vai ser formado ali naquela teia? Por isso, o conceito fundamental aqui que a gente precisa compreender é esse de ação social. O que é uma ação social? É uma ação que se orienta para a ação dos outros, ou seja, ela só pode ocorrer em sociedade.
E como eu já falei, é uma conduta dotada de significado. Precisamos também compreender... O que mobiliza essa conduta? Qual é o significado dessa conduta? Basicamente é isso que o Durkheim quer entender.
Então assim, se a gente pensar num exemplo aqui, uma pessoa tá andando na rua, é o exemplo mais clássico, né? Uma pessoa tá andando na rua, ela vai lá e tropeça com outra pessoa. Isso é uma ação social?
Não. Por quê? Porque não teve intenção. Ele tropeçou sem querer. Agora pensa no seguinte cenário, a pessoa tá lá andando...
Aí ela vê o outro, desvia da pessoa. Só aí eu já posso identificar um significado na ação. E aí já a partir disso a gente pode considerar uma ação social. Então a ideia aqui é pensar o que motiva cada ação social.
E a gente consegue compreender as diferenças que se estabelecem entre as sociedades. Em determinado momento algo vai motivar, ou em determinada cultura algo vai motivar. E mais importante do que isso, às vezes essa ação é motivada pela religião e ela tem um significado muito claro, mas... ela termina gerando uma influência em outra esfera da sociedade, como por exemplo a economia, e de forma não intencional.
É dessa forma que o Weber vai produzir uma das suas obras mais importantes, que é a ética protestante e o espírito do capitalismo, onde ele vai compreender que a ação social foi mobilizada pela religião, mas ela resultou e influenciou na economia. A partir daí, que o Weber vai distinguir quatro tipos ideais de ação social. Então, são quatro motivações diferentes. Mas presta atenção primeiro nisso. Eu falei tipos ideais.
O que isso quer dizer? Que esses tipos, eles não existem na realidade, porque a realidade é muito complexa. E não dá pra gente pensar a realidade como ela é.
Então, são formas abstratas. Ele vai formular quatro formas abstratas. que motivam as pessoas em sociedade. E basicamente duas dessas formas são racionais, ou seja, essas ações demandam uma certa operação lógica e as outras duas ações são irracionais. Irracionais no sentido que elas são realizadas de forma mais automática.
Então anotem aí os quatro tipos de ação social. Então o primeiro tipo é uma ação racional com direção a fins. Esse é o tipo de ação que a gente faz de forma bem objetiva, quando a gente está visualizando ou perseguindo algum tipo de resultado. Então, por exemplo, você está estudando para o vestibular porque você quer conquistar uma vaga e cursar Medicina. Isso é uma ação racional com direção a fins, é mais objetivo.
O segundo tipo de ação, anota, ação racional com direção a valores. Também é uma ação racional, só que ela está direcionada ou para valores éticos ou religiosos ou artísticos. Exemplo, você é um médico e você resolve entrar para o Médicos Sem Fronteiras porque você acha que a medicina é um tipo de profissão muito importante, que pode salvar vidas e que você tem que ajudar os mais necessitados.
Percebe que a sua ação foi racionalizada, mas você está visando valores éticos. Terceiro tipo de ação, ação afetiva. O próprio nome já diz, ela está relacionada aos afetos, às emoções.
Então quando você briga com alguém, quando você beija, quando você abraça, quando você cuida, é uma ação afetiva. Quarto tipo de ação, ação tradicional. Que é aquele tipo de ação que a gente faz porque todo mundo faz, é um pouco automático, a gente não para para pensar. Por exemplo, quando... a gente realiza certos rituais como casamento ou batizado e a gente faz aquilo só porque nossos pais fizeram, só porque a gente vê todo mundo fazendo.
Mas atenção, porque como eu já falei, são tipos ideais. Na realidade não é assim certinho que acontece, né? Por exemplo, se a gente pensar no casamento, ele pode constituir ao mesmo tempo os quatro tipos de ações. Então, o Weber elabora esses conceitos para que ele consiga operar com essas abstrações e atingir o seu resultado na sua metodologia científica.
Mas ele sabe que isso são só tipos ideais, é só para facilitar a compreensão. Então, essas ações servem para a gente conseguir compreender cada época, cada momento ou cada sociedade. Se a gente for tentar compreender a Idade Média e a Modernidade, A gente vai ver que na Idade Média as pessoas tendem a agir mais pelo afeto e pela tradição. E na Idade Moderna elas tendem a agir mais de forma racionalizada.
Então vamos pensar num simples cenário, uma pessoa buscando um emprego. Pensa nesse cenário lá na Idade Média. Provavelmente isso estará relacionado a ações afetivas, então ela vai trabalhar com quem ela já conhece, mesmo porque...
O período medieval está concentrado em feudos, então você tem um número menor de pessoas, pessoas que se conhecem. E ali também existe uma tradição. Então provavelmente esse emprego está relacionado ao emprego do pai, ao emprego do avô, está relacionado a uma certa tradição.
Agora pense nesse mesmo cenário lá na modernidade. Ali serão levadas em conta ações mais racionais. principalmente porque você tem um mundo maior onde as pessoas não se conhecem e elas precisam se organizar de forma diferente. Assim, provavelmente elas não se conhecem, não existem laços afetivos entre a pessoa que vai empregar e a pessoa que vai ser empregada. Quando essa pessoa for empregada, ela vai ocupar um cargo, ou seja, é algo impessoal.
Não é ela que vai exercer o trabalho, mas sim ela vai ocupar um cargo específico de acordo com a sua especialização. Ou seja, ela vai precisar ter um currículo, ela vai precisar ter uma... formação.
Veja como a organização é muito mais racional, muito mais técnica, é elaborada de forma diferente da Idade Medieval. Dessa forma é que o Max Weber conceitua o período moderno como um processo de racionalização, de burocratização e de desencantamento do mundo. Então nesse período com a formação dos Estados Modernos haverá uma demanda por uma organização mais racionalizada.
Então, quando a gente falar em racionalização, a gente está usando aqui o sentido técnico e instrumental. Uma organização mais racionalizada, que também vai ser uma demanda da economia capitalista, que vai precisar, por exemplo, ter uma economia de tempo, ter uma eficiência muito maior. Então, a racionalização vai estar presente nessa sociedade.
E essa racionalização vai adotar a burocratização. que seria justamente essa forma de organização racionalizada. A burocratização vai consistir no quadro administrativo da dominação legal racional, ou seja, das sociedades democráticas, essas que vão se formar na modernidade, principalmente no iluminismo.
A partir disso a gente pode entender então como uma sociedade burocrática. Burocracia é o que leva à eficiência. é uma organização mais eficiente. Então, a forma como a gente organiza hoje as coisas é uma forma burocrática.
É só a gente pensar que a nossa organização é completamente impessoal, porque também o direito, que está fundamentado na ideia de que todos somos iguais, também vai exigir essa impessoalidade, essa forma de organização impessoal. Então, a gente pode pensar no nosso mundo, que é todo organizado assim. Basta pensar que a gente usa o tempo todo documentos, números, senhas, enfim, formas impessoais de organizar as nossas relações, principalmente as nossas relações trabalhistas. Outro ponto importante da burocracia que vai fazer com que ela seja mais eficiente é que ela é toda hierarquizada.
Então existem cargos superiores e cargos inferiores, existe uma função de mando e obediência. Mas essa função de mando e obediência é para tornar as coisas mais eficientes. E o mundo moderno será extremamente caracterizado por esses dois processos, racionalização e burocratização. Uma das consequências desse processo de racionalização e burocratização é o desencantamento do mundo.
Então, antes, nós orientávamos as nossas perguntas e as nossas respostas sempre por meio do campo mágico, do campo sagrado. A religião era muitas vezes utilizada para responder e preencher o nosso vazio existencial. Na modernidade as coisas se tornaram mais práticas, mais pragmáticas, visando resultados, visando fins.
Então a gente parte de um mundo que era todo envolto em sagrado, em místico, em elementos mágicos, agora para um mundo fundamentado na ciência, na razão, manipulado pela técnica. Mas esse processo de desencantamento do mundo pode ser observado inclusive nas religiões. Basta lembrar que o Lutero exerce grandes críticas à Igreja Católica quando ele pensa que a Igreja Católica estava permeada de mitos, rituais, sacramentos. A Igreja Católica queria, por exemplo, vender indulgências, vender pedaços de terreno no céu. Enfim, tudo isso está relacionado a uma visão mais mágica, mais sagrada.
E o protestantismo vai modificar isso. O Weber é um grande estudioso das religiões, porque ele entende que as religiões nos mobilizam a certas ações. Então ele compreende que há dois tipos básicos de religião.
Religião mais místicas, que estão relacionadas a esse sagrado, a esse transcendente, e que está presente sobretudo nas filosofias ou nas religiões orientais. Então a ideia é, o mundo é ruim e eu preciso fugir desse mundo, existe uma fuga contemplativa, preciso fugir desse mundo e estar em outro mundo ao lado de Deus. Existe uma ideia aí de fuga. Aí a gente tem por outro lado...
uma religião que o Weber denomina como religião assética, que é o caso, por exemplo, do protestantismo, em que compreende-se que nós somos instrumentos de Deus. Então, nós estamos nesse mundo porque Deus quis. E é nesse mundo que nós devemos realizar as vontades de Deus.
Nesse sentido, a religião é mais materialista, é mais mundana. E a ideia é o que Deus quer da gente nesse mundo. Nós somos instrumentos da sua vontade, nós somos instrumentos de trabalho de Deus, ou seja, eu vou realizar a vontade de Deus trabalhando, exercendo a minha vocação, exercendo a minha profissão da melhor maneira possível. Aqui o trabalho passa a ser compreendido como um processo de salvação. Veja o quanto isso vai ser importante para compor o mundo moderno.
Pensar o trabalho como uma forma de salvação. A disciplina do trabalho, uma disciplina extremamente metódica, é fundamental para alcançar esse tipo de salvação. Avalie esse tipo de ação social.
Aonde que esse tipo de ação social vai influenciar? Qual elemento da sociedade ele vai influenciar? Então essa forma que o protestante tem de lidar com a vida e com o trabalho termina coincidindo com as necessidades do capitalismo. Assim, a esfera da religião condiciona e influencia no desenvolvimento da economia capitalista. Aqui, nesse sentido, o Weber vai complementar as ideias do Marx.
Para o Marx, a economia, que constitui a principal esfera da sociedade, a estrutura, condiciona toda a superestrutura, inclusive a religião. Para o Weber, ok, isso acontece, de fato, a economia influencia a religião. No entanto, o contrário também pode acontecer.
A religião pode influenciar certo desenvolvimento econômico. Dessa forma que o Weber desenvolve uma das suas mais importantes obras denominada A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Ou seja, aqui ele vai demonstrar como essa ética protestante termina corroborando com a ascensão do capitalismo. Então, como a gente falou, O protestante tem uma forma de lidar com a vida e com o trabalho que coincide com as necessidades do capitalismo. Então pensa aí no protestante, é aquele que compreende que será salvo por meio do trabalho, ou seja, ele é um instrumento de Deus e ele deve trabalhar conforme a vontade de Deus.
A sua ação é uma ação racional com direção a valores religiosos aqui no caso. Esse protestante, ele... aceita essa vida mundana, porque ele se compreende como um instrumento de trabalho, mas, no entanto, ele compreende que ele deve dominar as suas paixões.
Ou seja, tudo aquilo que está relacionado a paixões, a preguiça, ao luxo, tudo isso deve ser combatido. Então, a gente vai ter no protestante a figura de um trabalhador metódico que se concentra completamente no trabalho. Então esse protestante, ele não vai, por exemplo, gastar o seu dinheiro em bebidas, em festas, ele vai guardar o seu dinheiro. E ele vai guardar para investir, porque ele compreende que este dinheiro, este trabalho, são pertencentes a Deus. E que a ideia seria multiplicar essa bênção divina.
Além disso, a gente pode considerar também, principalmente o calvinismo, que opera com a crença na predestinação. Então o que isso significa? Que para eles, Deus é todo poderoso e já tem alguns escolhidos, ou seja, alguns são predestinados à salvação.
No catolicismo, principalmente com o Santo Agostinho, se operava com a crença no livre-arbítrio. Então a ideia do Santo Agostinho é, você pode escolher amar ou não amar Deus, seguir ou não Deus. Então a sua salvação depende meio que de você, depende das suas obras.
Aí a partir da sua obra você pode receber uma graça e ser salvo. Já para o Calvino as coisas não são assim. Então você tem um Deus onipotente, todo poderoso, que tudo sabe e que já tem os seus escolhidos.
Apenas alguns estão predestinados à salvação. Mas o que faz alguém ser predestinado à salvação? Então não existe uma razão, não existe uma explicação.
Deus vai lá e escolhe. Então não tem o que fazer, se você não foi salvo, não foi salvo. Mas como que eu sei que eu sou um desses escolhidos?
Um dos sinais é quando você obtém sucesso na carreira. Então se você está tendo muito sucesso, o que isso quer dizer? Que você está sendo abençoado por Deus, porque Deus é todo poderoso, então é Ele que quer que você tenha sucesso. E se Ele quer que você tenha sucesso, é porque provavelmente você é um dos escolhidos. Assim, para a comunidade protestante, obter sucesso na carreira e sucesso financeiro é quase que uma questão moral.
Quer dizer que você é uma pessoa escolhida por Deus. Então imagina, se você faz parte dessa comunidade e você não tem sucesso financeiro, o que isso quer dizer? Como que você vai ser visto pela comunidade? Como aquele que não está predestinado à salvação.
Então o que você vai buscar? Você busca quase que... que inconscientemente, incessantemente o sucesso. Porque o sucesso faz com que você seja bem visto na sua comunidade, olha aquela pessoa que vai alcançar a salvação, e além disso você consegue preencher as suas angústias, o seu vazio existencial, já que você fica mais tranquilo que agora você foi escolhido.
Então percebe como operar com esse tipo de crença faz com que o protestante coincida com os valores do capitalismo, ou seja, com que ele busque incessantemente o sucesso. Mas atenção, o protestante não está buscando o sucesso por uma questão objetiva, ou seja, isso não é uma ação racional com direção a fins, e sim ele está buscando por uma questão religiosa, é uma ação racional com direção a valores. E dessa forma que ele termina contribuindo com a ascensão... e o desenvolvimento do capitalismo. Espero, então, que esses conceitos do Max Weber, que é o conceito de ação social, de racionalização, burocratização, desencantamento do mundo e a relação entre a ética protestante e o capitalismo, tenha contribuído a introduzir o pensamento desse grande sociólogo, desse tão influente sociólogo.
Eu vou ficando por aqui. Beijos e até o próximo vídeo.