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Análise Econômica da Taxa de Câmbio no Brasil

O novo presidente do Banco Central, indicado por Lula para assumir a partir do ano que vem, foi aprovado pelo Senado nesta semana. Gabriel Galípolo, que já é diretor do Bacen, foi sabatinado durante quatro horas pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e recebeu aprovação unânime. E logo depois foi a votação em plenário, onde também foi aprovado, para substituir o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. E muitos de vocês já me perguntaram, bom, é agora que o dólar dispara para 6, ultrapassa 6, vamos arretar a taxa de juros na marra, o que eu faço, o que vai acontecer?

Calma, eu vou responder a essas perguntas sim, até porque é um assunto que eu venho comentando bastante nos últimos meses, mas agora que o fato foi consumado, vale a pena fazer alguns comentários adicionais. Mas eu também quero aproveitar essa oportunidade para atualizar os dados sobre a taxa de... câmbio de equilíbrio do real brasileiro. Quanto deveria ser o câmbio hoje, seguindo os fundamentos do real. E é isso que eu quero mostrar para vocês, então, nesse vídeo.

E começando com um gráfico já muito interessante, que alguns de vocês já devem ter visto no passado, que captura a perda de poder de compra do real. Normalmente se fala da taxa de inflação, que é o ritmo de aumento de preços e o lado oposto, ou inverso da taxa de inflação de preços é o quanto que a moeda está valendo menos, o quanto que ela está perdendo de valor. E é justamente este gráfico, então, que eu coloco na tela, usando já o IPCA de setembro, que foi também divulgado nesta semana, que registrou 4,42% de aumento anual, agora em setembro de 2024. E usando esses dados, a gente pode observar o quanto que o real perdeu de valor desde 1994, quando começou a circular, até o momento. Então, R$100,94...

Hoje compram apenas R$ 12,25. É a mínima do real, ele nunca valeu tão pouco. O seu preço caiu.

Mais de 80% de perda de poder de compra, quase 90%. E só aproveitar o momento, vamos também atualizar o gráfico do dólar, usando os dados desde 1912, que foi um ano antes da aprovação do Federal Reserve. E a gente consegue verificar... tamanho da depreciação da moeda americana nesse período. Então foi, nesse caso, mais de 96% de perda de valor.

100 dólares de 1912, hoje compram apenas 3 dólares e 11 centavos. Também é a mínima e esse é o normal das moedas fiduciárias, porque elas perdem valor ao longo do tempo e esse é o objetivo dos respectivos bancos centrais. Quando se fala em meta de inflação, significa a meta de desvalorização do dinheiro. Ao qual ritmo ele vai perder valor ao longo do tempo. Mas vamos agora já estimar qual seria então a taxa de câmbio de equilíbrio do real brasileiro.

Seguindo a teoria da paridade e poder de compra, que diz que o câmbio entre duas moedas é a razão entre o poder de compra entre elas, basta dividirmos o poder de compra do real pelo americano e nós chegaríamos ao que seria... o valor justo do câmbio ou a taxa de equilíbrio. Mas como estimar isso na prática? Há algumas metodologias, eu vou mostrar aqui duas para vocês. Uma que é bem conhecida, inclusive é publicada pela revista britânica The Economist, que é chamada de o índice Big Mac, que é comparar o preço do Big Mac no Brasil com o preço do Big Mac nos Estados Unidos, e dividindo um pelo outro, nós chegaríamos ao que seria essa taxa de câmbio.

Então o Big Mac seria... a expressão do poder de compra das duas moedas. Pois bem, usando aqui até um aplicativo de entrega, a gente pode ver que no Brasil, neste momento que eu vi o preço, um Big Mac está custando R$ 26,00.

E eu também olhei rapidinho aqui na internet o preço de um Big Mac nos Estados Unidos, que é R$ 5,99. Então, se nós dividirmos R$ 26,00 por R$ 5,99, chegaríamos ao valor de R$ 4,34. Essa seria a taxa de equilíbrio seguindo a teoria da paridade de poder de compra entre as duas moedas. Porém, como o câmbio vigente no mercado na tela está R$ 5,58, estou gravando na quinta-feira 10 de outubro, isso significa que pela teoria da paridade de poder de compra, o câmbio atual está acima de 20% subvalorizado em relação ao que deveria ser seguindo essa teoria. Teoria.

É isso que diz, então, o índice Big Mac. E até para aproveitar e mostrar aqui o gráfico, no próprio site da revista britânica The Economist, aqui era o cálculo ainda que eles fizeram em junho deste ano, mostrando o real, então, 25,7% subvalorizado em relação ao dólar americano. A gente pode ver também o gráfico ao longo do tempo e os momentos em que o real brasileiro esteve...

muito sobrevalorizado, como foi lá em junho de 2011, ou então muito subvalorizado, como foi em outubro de 2002. Então essa é a ótica do Big Mac Index, ou índice Big Mac. Mas a gente pode também estimar a partir... da taxa de inflação brasileira e a taxa de inflação americana.

Usando esse mesmo gráfico com o poder de compra do real e o poder de compra do dólar e dividindo um pelo outro, mas partindo de algum ponto específico, no caso aqui eu escolho 99, que foi quando o real brasileiro passou a flutuar e deixamos o regime de bandas cambiais, a gente também pode estimar o que seria o valor justo do real, o fair. Value, ou a taxa de câmbio de equilíbrio. E aqui a gente tem, então, primeiro, o gráfico do real brasileiro, desde 1999 até o finalzinho de setembro, então, quando estava ali perto de 5,50. E eu já vou mostrar aqui o gráfico, então, da taxa de equilíbrio. Apenas para explicar, antes de mostrar o gráfico, o que este gráfico vai expressar.

Quanto deveria ser o câmbio seguindo apenas os seus fundamentos? E quais são os seus fundamentos? É o poder de compra. E se uma moeda perde poder de compra mais rapidamente do que outra, ela deveria se desvalorizar em relação àquela moeda.

E como o real brasileiro perde poder de compra de forma mais intensa e mais rápida que o dólar americano, é de se esperar que a taxa de câmbio de equilíbrio siga se depreciando. E é exatamente isso que a gente consegue ver, então, finalmente, no gráfico que eu vou colocar aqui na tela, que é a linha azul, em que a taxa de câmbio, por essa teoria, deveria ser R$ 4,63. Então, esse é o valor justo do real, segundo os seus fundamentos.

E por que não é R$ 4,63 e está R$ 5,58? Porque o mercado está a todo instante... arbitrando e tentando precificar e antecipar movimentos futuros.

E por isso que o preço na tela, comparado com o que seria a taxa de câmbio de equilíbrio, nos fornece subsídios para entender o quão descolado está o real do que seria os seus fundamentos. Está sobre ou subvalorizado. Mais do que entender o nível em si que a gente estimou aqui, que está em 4,63, que poderia ser um pouquinho mais, um pouquinho menos, E aí, claro que há um pouco de subjetividade ou arbitrariedade, por exemplo, eu escolhi março de 1999 para iniciar essa comparação. Mais importante do que o nível em si é entender os momentos em que a taxa de câmbio real se descola do que seria a taxa de equilíbrio. Então, quando a gente vê, por exemplo, aqui momentos como o atual, em que a taxa está acima do câmbio de equilíbrio.

nos faz refletir, bom, o que está acontecendo, o que explica esse movimento, ou como foi lá o oposto, em julho de 2011, em que a taxa de câmbio estava bem abaixo do que dizia que deveria estar seguindo apenas o poder de compra entre as duas moedas. Ou o oposto, lá em 2002, outubro de 2002, quando o câmbio chegou a tocar em 4 reais por dólar, e muito acima do que a teoria nos dizia que deveria ser a taxa de câmbio. Abaixo de R$2,50. Então, mais do que entender o nível, é observar os momentos de extremos.

Quando a taxa vigente se descola muito do que seria o valor justo do real. E a partir desse gráfico, então, a gente pode também verificar o quão sobre ou subvalorizado está o real brasileiro. Neste momento, o real brasileiro está 15% subvalorizado.

Aqui, novamente, dados até setembro de 2024, que foram as últimas taxas de inflação divulgadas tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. Olha lá como é que estávamos em 2011. Lá em julho, era quase 100% de sobrevalorização. A gente era rico e não sabia.

Eu sempre falo essa frase porque, de fato, o real estava muito apreciado e muito além dos seus fundamentos. Muito além... do que justificaria apenas pela perda de poder de compra relativa entre as duas moedas. Mas também pode notar aqui o oposto, que é do outubro de 2002, quando o real estava muito subvalorizado. Chegou até mais de 40% de subvalorização, porque o mercado estava muito receoso com o que poderia acontecer.

Os investidores preocupados com a ascensão do Lula, a sua vitória. O risco de calote, o Brasil quebrar, a dívida externa era absurda. Esse era o nível de preocupação naquele momento.

E por isso a taxa de câmbio de mercado se descolou e muito dos seus fundamentos. E foi o menor nível na história naquele momento. E só para compararmos esses dois extremos, aquele nível de... Subvalorização do real. Lá em outubro de 2002, quanto seria hoje?

Imaginando um cenário hipotético. Pô, imagina que hoje o mercado se desespera porque é uma nova rixa entre Banco Central e Fazenda, o déficit aumenta muito, há declarações estapafúrdias, enfim, ameaça de não pagar a dívida, qualquer coisa absurda e o nível de risco... percebido e as expectativas do mercado elas desabam e começa a fugir capital do país. Se isso acontecesse e chegássemos a esse nível de desvalorização, hoje o real brasileiro chegaria a 7,89. Então o nível de risco e de medo lá em 2002, hoje seria um dólar de 7,89.

Dólar de 4 em 2002, hoje deveria ser 7,89. Música Então, isso mostra que estamos bastante distantes desse cenário neste momento. E o oposto vale a pena também a gente calcular. Aquele nível de confiança de moeda super apreciada em julho de 2011, quanto seria hoje o equivalente? Pois seria R$2,35.

O real precisaria cair, a taxa de campo precisaria cair, ou o real se fortalecer, para um nível de R$2,35. Esse era o nível de sobrevalorização. quão apreciada estava a moeda brasileira naquele momento. Antes de continuar o vídeo, um recado importante, porque no dia 15 de outubro agora teremos o novo Follow the Money, lançamento oficial, está sensacional, tenho certeza que vocês vão gostar.

E aqui na descrição do vídeo tem um link para você deixar um pré-cadastro para receber todas as informações, não perder nenhum detalhe de forma antecipada. E como eu disse, eu tenho certeza que vocês vão aproveitar e muito o novo Follow the Money. O canal está mudando e é uma nova... era, que é uma nova etapa e está sensacional. 15 de outubro, aguardem, agora voltamos com o vídeo.

E só para ficar claro, caso algum de vocês não tenha entendido, porque eu afirmo que o real brasileiro perde poder de compra mais rapidamente que o dólar, é simplesmente pela taxa de inflação brasileira, que costuma ser mais alta que a do dólar e historicamente foi assim com raríssimas exceções, como a gente pode ver aqui também neste gráfico. A inflação brasileira comparada com a americana, utilizando o IPCA e o CPI americano, a gente pode notar que aqui as barras em azuis é quando o IPCA é superior ao CPI. E isso vigorou por praticamente todo esse período aqui de 99 até o momento.

Com raríssimas exceções, assim quase zero lá em 2006, depois um breve período em 2008, E depois aqui na pandemia também, quando o Brasil apresentou uma taxa de inflação mais alta que o dólar, logo em 2021, e depois quando a nossa taxa IPCA começou a cair, em relação ao restante do mundo, e a do dólar subiu rapidamente, e até inverteu. Chegamos aqui à taxa de inflação americana superior à brasileira. É algo raro de se ver, e agora já voltamos ao normal, em que a nossa taxa está consistentemente 2%, mais ou menos.

acima da taxa americana. Então esse é o motivo pelo qual o real brasileiro se deprecia mais rapidamente que o dólar e por isso a taxa de câmbio, a tendência de longo prazo é sempre para cima. Mas a gente pode usar outros dados também para averiguar o quanto que está descolado o real brasileiro dos fundamentos ou será que ele deveria se apreciar mais ou se há pressões para se desvalorizar mais.

E o outro gráfico que eu gosto de utilizar é comparar com os termos de troca, que compara então a pauta de exportação brasileira com a pauta de importações do Brasil. E quando os itens que nós exportamos se apreciam, o preço do minério de ferro sobe, petróleo, soja, a nossa pauta de exportação está se valorizando. E se o que a gente importa está diminuindo em termos de... preço, a pauta de importação está diminuindo. Então, esse termo de troca mostra o potencial da balança comercial, o potencial de entrar mais divisas por conta do comércio global.

Então, sempre que os termos de troca sobem, isso deveria apreciar a nossa moeda. E é o que costumamos ver ao longo da história. Há uma relação.

Aqui no gráfico que eu mostro no eixo Y à esquerda, a taxa de câmbio... do real brasileiro, mas agora quantos dólares um real compra, portanto quando sobe significa o real se fortalecendo e quando cai é o real se enfraquecendo. E a linha branca são aqui os termos de troca calculados pela FUNSEX, é o eixo da direita, que a gente pode ver essa correlação, quando os termos de troca sobem, o real se fortalece, e quando os termos de troca estão caindo, o real também se enfraquece, como foi ao longo de 2013, 2014, 2015 até 2016, e depois deveríamos ter notado a mesma correlação, só que não está acontecendo. Então notem que houve uma ruptura a partir de 2020, em que o real brasileiro não conseguiu mais se recuperar de fato, e comparando aqui com os termos de troca, Haveria espaço para o real se valorizar um pouco mais.

Claro que eu estou exagerando aqui nesta projeção da linha, mas isso mostra que haveria algum espaço para o real estar mais valorizado também pelos fundamentos sob a ótica dos termos de troca. Então, a mesma teoria, olhando pela paridade de poder de compra ou pelos termos de troca, as duas teorias sugerem que o real poderia estar mais apreciado do que está agora. em 5,58.

Mas é importante também analisar pela ótica do balanço de pagamentos, até porque muitos analistas defendem a tese de que, ó, a nossa balança comercial está super avitada, estamos exportando muito mais do que importamos, é mais divisas entrando, isso deveria apreciar o real brasileiro. É verdade, mas esse é apenas um componente do balanço de pagamentos. A gente tem o restante, a balança de serviços, balança de rendas, a conta financeira. E quando analisamos o total, não há tanto dinheiro assim entrando no Brasil, ou seja, não há um forte superávit no balanço de pagamentos que justificaria uma forte apreciação cambial.

Mas deixa eu mostrar rapidinho esses gráficos do balanço de pagamentos, onde pode ver aqui o resumo, a conta corrente em que já está contemplada a balança comercial, e a gente pode ver que é consistentemente deficitária, apesar da balança comercial ser superavitária, balança de serviços, balança de renda é negativa, é deficitária. A conta financeira, a conta capital, que agora estão os criptoativos, o Bitcoin, e tem saído dinheiro, ou seja, estamos importando mais criptoativos e Bitcoin do exterior. E a variação das reservas. O líquido disso mostra, então, o superávit ou déficit no balanço de pagamentos, que no momento está aqui em menos de 10 bilhões de dólares nos últimos 12 meses, e isso significa... 0,39% do PIB.

Então, é pouca coisa, não é pelo balanço de pagamentos ou apenas pela balança comercial que o real se fortaleceria neste momento. Mas a conclusão importante da ótica do balanço de pagamentos é que tampouco há uma pressão para desvalorizar o real, porque não temos uma fuga, não há uma saída de capitais neste momento, pelo contrário, temos um leve superávit, e isso é positivo para nossa moeda e mais uma ótica também fundamental que é a do diferencial de juros entre o dólar eo real brasileiro e usando ainda o diferencial de juros reais aquele que a desconta a inflação no momento essa é a foto os juros reais estão com diferencial de 3,73 por cento então isso é algo positivo sim que ajudaria a apreciar nossa moeda porque atrai capitais para o Brasil para obter o famoso carrego ou carry trade, que é se alavancar em uma outra moeda de juros mais baixos para aplicar em outra moeda com juros mais altos, que é o caso do real brasileiro. Então, como a gente pode ver por todas essas óticas, a gente tem, tanto pela teoria da paridade de poder de compra, usando o Big Mac ou usando o IPCA e o CPI, que é a inflação dos dois países, a pressão seria para se valorizar. Os fundamentos...

justificam um câmbio mais apreciado do que o nível atual de 5,58. Da mesma forma, pela ótica dos termos de troca e com menos intensidade também pela ótica do balanço de pagamentos, e o diferencial de juros também sugeriria mais apreciação. E por que isso não acontece?

Isso não acontecendo e aquele gráfico de 4,63, vamos lá voltar a ele, isso aqui significa que o real vai convergir para esse nível de câmbio? Não tem como saber, ele pode ficar por muito mais tempo descolado do que seriam os seus fundamentos. Vejamos aqui lá de 2008, 2009, 2010, praticamente até 2015, ele ficou distante do que seria o fundamento pela paridade e poder de compra. Então a moeda pode ficar mais tempo descolada dos seus fundamentos. Mas claro que quanto mais descolada ela fica, maior a pressão para ela convergir de volta para o que seria Então, o câmbio de equilíbrio, o valor justo do real brasileiro.

Agora, por que isso não acontece? E aí eu vou finalmente responder as perguntas iniciais sobre Galípolo, etc. Porque há, sim, uma expectativa de... piora do fiscal ou de descontrole e de trajetória de dívida ascendente, essa é uma preocupação muito presente e eu diria que é a principal.

E esses ruídos da política que eu já mostrei em vários vídeos passados, analisando profundamente o fiscal brasileiro, isso ajuda a exacerbar esses movimentos, o câmbio de escola a mais. E quando eu digo de escola, de escola dos seus fundamentos, de escola justamente desse gráfico. Poderia estar mais apreciado, e não está, porque há um pessimismo, há uma perda de credibilidade na margem, sim, há uma perda de credibilidade, e os investidores, mercado, doméstico, estrangeiro, estão lá precificando e colocando o real nas alturas. E o câmbio é sempre um termômetro importante.

Então hoje o fiscal é um grande elemento de desconfiança e que acaba levando a nossa moeda a um nível de desvalorização maior do que estaria justificado. apenas pelos seus fundamentos. Bom, e o Galípolo, agora entrando na presidência a partir de 2025?

Será que isso vai ser mais uma fonte de desconfiança? Felizmente, nos últimos meses de participação dele no Copom, votou quase sempre em linha com o restante do colegiado, inclusive para subir os juros na última reunião, certamente a revelia do que gostaria Luiz Inácio Lula da Silva, e ainda assim ele está perseverando. no que seria o correto para a taxa de juros do Brasil, ou o que todos entendem que seria o correto. Tá, mas a partir do ano que vem ele não vai conseguir fazer o que quiser e simplesmente acatar ordens do presidente ou do ministro da Fazenda? Não é tão simples.

Eu renovo os argumentos de sempre. É um colegiado, o presidente não manda, ele não tem um voto maior do que o dos demais. Então ele precisa seguir em linha com o que o restante da diretoria... está entendendo que é o correto para a taxa de juros do Brasil.

Agora, sem dúvida que uma diretoria toda indicada por Lula, e até o fim do seu mandato como presidente do Brasil, oito dos nove diretores do Copom terão sido indicados pelo Lula, é de se imaginar, é de se esperar que seriam mais propensos a reduzir a taxa de juros mais do que outra diretoria talvez estivesse disposta a reduzir. Mas aí o ponto importante, isso não significa uma marretada para baixo, porque qualquer solavanco assim, qualquer atitude muito mais divergente do que se está esperando ou do que os fundamentos da economia justificariam, provocaria uma disparada do dólar, juro longo também dispararia, abriria a curva, como a gente usa nos jargões do mercado financeiro, traria muita desconfiança para a política monetária. e logo respingaria no câmbio.

Eu não acho que isso é o que vai acontecer, não no curto prazo, mas como sempre a gente precisa estar atento a esses movimentos, e esse é um dos motivos, esse risco é um dos motivos, pelos quais a gente precisa ter investimentos dolarizados, ter investimentos no exterior, para mitigar o risco Brasil. Por mais que não seja o meu cenário base, que o dólar vá disparar para 6,5 ou para 7, se o risco está ali, a gente precisa sempre mitigá-lo. Por fim, a ressalva de sempre é que qualquer análise de câmbio sempre depende de N variáveis e prever a direção e nível de câmbio é impossível, especialmente num contexto global que hoje nós nos encontramos, com tensão geopolítica, com o FED reduzindo juros, não sobe juros, mantém, reduz mais, não sabemos. Então, o que acontece com o real brasileiro também depende do que acontece com o restante do mundo, especialmente com a política monetária americana. Mas imaginando que o ciclo de corte do FED prossiga nos próximos meses, a verdade é que haveria fundamentos, sim, para o real brasileiro se fortalecer.

Haveria fundamentos para a taxa de câmbio cair, o que é uma ótima notícia. E se o ministro da Fazenda, governo Lula, consegue dar algum sinal, algum indicativo de que vão controlar o gasto, vão praticar algum contingenciamento, É possível que isso repercuta bem no mercado e a gente veja o câmbio caindo até mais do que a gente imagina. E se Galípolo assumindo o Banco Central demonstra que sim, está mantendo a autonomia do Bacen, mais ainda.

E para mim é tão sintomático que o momento em que o fiscal está nos níveis mais preocupantes em décadas, até mais do que da pandemia, porque agora não temos pandemia, ainda assim o real está apenas em 5,58. para mim isso é um sinal positivo. Com toda essa desconfiança do fiscal no momento, o câmbio não descolou mais, para mim é um sinal positivo.

E como eu falei no outro vídeo também, e aqui eu encerro, se outras agências de classificação de risco reafirmarem o que a Mudes afirmou agora, de que houve uma elevação da nota, isso vai ser positivo e pode trazer mais capitais para o Brasil e apreciar o real brasileiro. Então, espero que tenham... Gostado desta análise sobre a taxa de câmbio de equilíbrio, o quanto que o real deveria valer? 4,63, espero que vá para lá e se for, temos que aproveitar porque é sempre uma janela de oportunidade. Brasil é aquela instabilidade constante, sempre imprevisível, se cai o câmbio tem que aproveitar a janela de oportunidade.

Compartilhem o vídeo, se inscrevam no canal, ativem o sininho e voltamos no próximo. Valeu!