Ora bem, muito bem. Boa noite a todos, muito bem-vindos a esta nossa nova sessão do Guescher. Eu, entretanto, vou pôr todos em mudo, que é para não haver ruído de fundo, mas se houver alguma questão, por favor, imediatamente, a única coisa que tenho que fazer é retirar o mudo e falar, e fazer a pergunta.
A minha ideia... para hoje, e eventualmente vamos talvez ver na próxima semana, não sei, mas certamente para hoje, era refletir sobre uma série de aspectos que têm a ver com o início do novo ciclo de leitura da Torá. Portanto, nós estamos agora a começar, recomeçámos agora a leitura da Torá, bem, já estamos na terceira semana, na terceira parcha, na terceira porção de leitura da Torá, mas estas primeiras, em particular estas primeiras porções de leitura da Torá...
contém imensa informação que nos dá um bom fundamento, se quisermos, teológico do judaísmo. E, portanto, nesse sentido vale a pena, de facto, discutir, pensar um bocadinho sobre várias das coisas que aparecem. Um aspecto fundamental aqui, que é a premissa de tudo isto, é que, de uma perspectiva da tradição judaica, a Torá não é um livro de história.
Quer dizer, a Torá não é um livro que pretende revelar, digamos assim, episódios históricos. É, isso sim, um livro de instruções. E, portanto, quando nos dá um episódio qualquer, obviamente os episódios acontecem no tempo e no espaço, e, portanto, têm um contexto histórico e têm um contexto local, mas a mensagem é uma mensagem que transcende o momento e o espaço. E, portanto, nesse sentido é esse tipo de mensagens que...
que nós queremos ver com algum cuidado. Isto, portanto, é a primeira questão. Torá significa instrução, significa o manual das nossas vidas, portanto, é algo que nos ajuda a ter uma vida com significado e com bondade e, digamos, de acordo com a vontade do Divino. Um outro aspecto relacionado com isto é que, uma vez que nós estamos a olhar para episódios, para histórias e tudo isso, é possível, em diferentes gerações, em diferentes lugares, as pessoas terem um entendimento diferente de certas passagens, até porque, se a Torá é a revelação divina, é lida por seres humanos, e os seres humanos têm as suas limitações. E, portanto, a mensagem não é limitada.
Mas a nossa capacidade de absorver a mensagem é, e portanto daí que haja aspectos da Torá que podem ter uma ressonância enorme para mim hoje, mas talvez não pudessem ter para outras pessoas de outra altura. Isto significa que cada parte, cada história é multifacetada, cada aspecto da Torá pode ter imensas interpretações, imensos ângulos que se pode olhar para tirar conclusões. E há, aliás, diferentes níveis de análise, que vão desde uma análise muito superficial, textual, se quisermos, até uma análise muito mais profunda de natureza mística. A maneira como isto é referido é o conceito de pardesse. Pardesse é uma palavra hebraica que significa um pomar, um mar, portanto um sítio onde se cultiva e onde se...
tem fruta e com grande doçura e com um cheiro muito agradável. E o par 10 é feito, portanto, tem quatro letras que representam os diferentes níveis de análise da Torah. Tem a primeira letra, o P, que é o Peshat, que significa apenas uma leitura textual, que é a parte mais superficial das coisas.
depois tem um reis que reis que é a segunda letra, que é um R que significa remez que significa algo que dá uma indicação é como se fosse uma dica em relação a outros aspectos portanto já estamos um bocadinho abaixo da superfície mas não muito é uma indicação, se quisermos uma indireta, é o remez depois tem o o D, par D, que é o Daledros, Dros é uma homilia. Ou seja, nós podemos olhar para um texto e fazer uma interpretação homilética. Uma interpretação homilética é o quê? É inspiracional. Nós até podemos tomar algumas liberdades com o texto e com, digamos, o aspecto textual das coisas, porque o ponto é homilético, o ponto é dar uma certa mensagem de inspiração.
E depois, finalmente, temos o último nível, que é o par desse, que é o se. o Sod, que é o sábio final, o sódio S final, que significa mistério. E, portanto, a interpretação mística, a interpretação cabalística das coisas.
Portanto, o par desse vai desde o superficial textual, vai às indicações um pouco mais indiretas, vai aos aspectos homiléticos e depois, finalmente, vai aos aspectos místicos mais profundos. E portanto, estes quatro níveis de interpretação são um pomar que é um pomar cheio de fragrâncias e de sabores maravilhosos. E portanto, é toda esta informação que nos sai deste pomar, parte desse.
Ora bem, portanto, com este contexto, com este contexto de que por um lado... A Torá não é um livro de história, mas é um livro de instrução. E há muitos níveis, há quatro níveis fundamentais de interpretação da Torá, e dentro de cada um deles nós podemos ter interpretações que têm a ver com o tempo e o espaço em que são feitas, como digo, a ideia sendo que a mensagem é uma mensagem que não é finita, mas quem a lê é finito.
E, portanto, com base nisso vamos olhar por uma série de... de questões e ver algumas das ideias que os comentaristas bíblicos judaicos através dos tempos foram introduzidos e foram trazendo. Começando pela coisa mais simples possível, que é a Torá, o livro de Génesis, começa com a letra Bet.
É a pessoa se a letra B, ou seja, começa com a segunda letra do alfabeto. Uma pergunta que nós devemos fazer é, porquê que começa com a letra B e porquê que não começa com a letra A? Já agora, não é?
Podia começar a primeira letra, não diz-se muito bem a letra A, não é? Mas não é, é a letra B. E como nada acontece por acaso, qual é o significado?
O que é que significa para nós? Qual é a implicação para nós disso? Tem uma implicação muito interessante que é quando começa a Torah é como se nos estivesse já a dizer notem que isto está a começar aqui mas há qualquer coisa antes disto.
Há qualquer coisa antes que transcenda a Torah. Há um Aleph e não é por coincidência que o Aleph tenha um significado numérico de um da unidade de um. Portanto, antes de começar a Torá, antes de começar a revelação, existe algo e existe algo que nós não vemos e existe algo que nós nem sequer conseguimos compreender bem que é a realidade do Divino e portanto nós que conseguimos ver já é uma ramificação do Divino, já é um passo a seguir, não conseguimos ver tudo, não sabemos tudo e depois a própria letra BET... tem uma configuração muito interessante que é uma letra que, enfim, grosso modo, tem este aspecto assim.
E, portanto, quando começa a letra Bet, diz que vai nesta direção. E a próprio impacto da letra Bet ter esta configuração, diz que começa por aqui para nos dizer o quê? Para já, Bet é o quê?
Bet significa a nossa casa. Se traduzíssemos a palavra, é a mesma coisa, é a mesma palavra, casa. bet. E portanto, dizer que nós estamos a entrar em casa. Esta é a nossa casa.
A Torá é a nossa casa. É onde nós estamos, é onde nós nos movemos. Mas além disso, tem uma abertura que dá um sentido da direção. Ou seja, vamos na direção da Torá, vamos no caminho da Torá, na sequência da Torá, é dar-nos uma indicação do caminho a seguir. E é isso exatamente que um livro de instruções é.
Um livro de expressões dá-nos um caminho a seguir. Por exemplo, a lei judaica em hebraico é chamada Al-Ahrá. Alarra significa caminho, é o caminho que nos é dado.
E portanto, esta letra Bete dá-nos imensas ideias que é nós não conseguimos saber tudo, nós não só não conseguimos saber tudo como devemos estar em casa com este livro de instruções, e o livro de instruções dá-nos uma direção em que devemos prosseguir de uma maneira muito clara. Esta ideia de que... este significado profundo da Torá começar com a segunda letra e não com a primeira, é levado tão a sério que o Talmud começa sempre com a página 2, nunca começa com a página 1. Aliás, o Talmud é paginado de acordo com os padrões antigos dos manuscritos, que era...
Enquanto o que é... O que é numerado são os foliuns. Portanto, é a folha que é numerada e, portanto, a parte da frente é a folha número 50A e a parte de trás é a folha número 50B. É assim que é numerada. É assim, aliás, a maior parte dos manuscritos antigos eram numerados assim.
Mas o ponto é que não começa pela página 1, começa pela página 2, sempre. E, mais uma vez, não esquecer... todo o significado de... Mesmo que nós quisermos esquecer todo o aspecto de a Torá ser instrução, e da Torá nos dar um certo caminho, e nós nos devemos sentir em casa pela Torá, mesmo se não, para o lado disso, está-nos a dar uma ideia que é fundamental.
Nunca pensem que vocês sabem tudo. Há uma parte que nós não conseguimos saber. Nós conseguimos chegar até um certo ponto, conseguimos perceber até uma certa dimensão, mas só até aí. Há algo em tudo isto que nós não conseguimos perceber, não conseguimos saber. Por uma razão muito simples, porque nós somos seres finitos e estamos a tentar perceber o infinito.
E, portanto, por natureza, o finito não consegue perceber tudo do infinito. Poderá certamente compreender uma coisa ou outra e fazer um esforço para compreender. Mas temos que ter essa noção de que há algo que transcende tudo o que nós vemos. e que está para lá da nossa compreensão.
Portanto, essa é, digamos, uma reflexão sobre a primeira letra da Torá. Depois, há uma outra reflexão que é essa, completamente diferente, que é sobre o primeiro verso da Torá. Vamos tentar usar lógica. Eu acabei de dizer que a Torá não é um livro de história. É um livro de instrução.
digamos, é o manual da nossa vida, se quisermos, é o manual de instrução da humanidade. Bem, se isso é assim, como é que nós esperávamos que a Torá começasse? Vamos pensar por um manual de instruções. Um manual de instruções qualquer.
O manual do nosso carro. O manual do nosso carro não vai começar a dizer assim, bem, no princípio houve um engenheiro que lhe deu na cabeça fazer o desenho de um carro de uma certa maneira e não é para aí que começa. começa a dizer, olha, vocês têm de mudar o óleo e não sei de quantas e quantas coisas, se não têm cuidado o carro vai gripar e por aí por diante, e eu não vou entrar por aí porque eu não percebo nada de mecânica. E portanto, se é um livro de instruções, não se esperemos.
A instrução mais fundamental é toma atenção e faz o serviço em todo o carro e a manutenção para não haver problemas. Parece que seria, não é? Mas a Torá parece começar com exatamente...
o equivalente a... Houve um dia que o engenheiro lhe deu na cabeça de desenhar um carro com certas características quer dizer, pronto, começa por a criação. E de facto, a Torá começa, o primeiro verso, que é O que é que diz? Diz que no princípio da criação divina Deus criou os céus e a terra ok, começa com a história da criação o que?
o que é que começa com a história da criação? como digo, porque é que não começa com uma regra qualquer, uma instrução com o primeiro mandamento coisa que é mais fascinante em relação à resposta clássica a esta a esta pergunta que é uma resposta que vem de tempos imemoriais por um lado e que é consagrada No grande comentário do rabino Itzhak, de Troi, que é o Rashi, chamado Rashi, Rashi é um rabino francês, do princípio do milénio, do segundo milénio, que escreveu comentários essencialmente ao nível do bichat, isto é, ao nível da interpretação textual das coisas, mas é um comentário... que é tão fundamental que ninguém no judaísmo hoje estuda a Torah a sério sem estudar aquele comentário.
É o comentário de Rashi. Pronto. Portanto, a questão é o que é que o Rashi diz sobre isto? O que é que o Rashi diz sobre isto? Ele diz uma coisa muito interessante e de alguma maneira um pouco surpreendente.
E eu leio-vos o que é que ele diz. O que é que ele diz? Ele, no princípio, no princípio, diz que, portanto, houve um sábio que dizia que a Torá devia ter começado com o verso que nos dá o primeiro mandamento, que neste caso ele diz que é o verso que nos dá o mandamento depois de ter saído do Egito.
do êxodo, de determinar, de nomear, de marcar os meses. Digamos, o objetivo de controlar o calendário, digamos assim, que é o primeiro mandamento, e sequencialmente, cronologicamente. Portanto, parece que a Torá devia começar por esse, não é?
E se assim é, porque é que a Torá começa no princípio. Quer dizer... E o Rashi responde o seguinte, a explicação é a seguinte, e mais uma vez chama a atenção que esta explicação é uma explicação que foi consagrada, digamos, em escrito e que tem sido usada historicamente há bem mais de mil anos. Bem mais de mil anos.
Portanto, ele diz que começa no princípio porque Deus queria declarar o poder do seu povo. das suas ações, das suas criações, se quisermos, ao seu povo, para que possa dar o que quiser, digamos assim, como herança às nações. Portanto, essencialmente, o que está aqui a dizer, e obviamente isto é um fraseamento um bocadinho bizantino, porque é bastante antigo, mas essencialmente o que está a dizer é muito simples, que é, Deus começou por ali porque, basicamente, queria... dizer quem é que é o dono disto tudo. Quer dizer, quem é que criou tudo e, portanto, é o dono disto tudo.
A terra criada por Deus, isto foi criado, portanto, pertence a Deus. E Deus, ao dizer, quiser com o quê? Com isto. Dar quem quiser.
E agora, repara, ele diz, e, portanto, isto porquê? Porquê que começa desta maneira e porquê que começa com esta ideia de declarar que eu é que tive o poder de criação e, portanto, tenho... a descrição de fazer o que quiser com a minha criação.
Diz que, porque quando vier o tempo que as nações do mundo digam a Israel, ao povo de Israel, vocês são ladrões, porque tomaram as nossas terras à força. tomaram a terra de Israel à força. Vocês são ladrões. Aí o povo de Israel responde, meus amigos, toda a terra pertence a Deus, Ele criou, Ele deu a terra a quem muito bem lhe apeteceu, e se foi, portanto, o desejo dEle que nos deu a nós, dê-nos a nós. Portanto, quer dizer, não é...
ou seja, ladrões não, Deus criou podia ter dado a quem muito bem lhe abdeceu deu-nos a nós, ponto final parágrafo por aí para diante é possível que antes de tudo isto tivessem outras pessoas lá e que portanto Deus a certa altura deu outras pessoas ou um povo qualquer e depois achou muito bem dar-nos a nós e é isto, mais nada Eu acho que este comentário do Rushing, porque é um comentário tão antigo, é um comentário que é absolutamente inacreditável. Como é que é possível que há muito mais do que mil anos este comentador esteja a dar-nos uma resposta a uma pergunta que levaria muito tempo? a ser de alguma maneira relevante.
Reparem, ele escreve, portanto, durante o primeiro século do milénio e, portanto, nós já estávamos numa fase em que há muitos séculos não havia soberania na terra de Israel, soberania judaica, digo eu, na terra de Israel, e em que iria mais um milénio até haver soberania judaica. E, portanto, isto parecia a coisa mais... reparem, na altura, só para pôr a coisa em perspectiva isto era na altura das cruzadas não vai mais saber isto e portanto era numa altura em que a presença na terra de Israel tinha sido quase decimada as cruzadas foram uma coisa em relação à população jovenca em Israel foi digamos o grande declínio foi com as cruzadas um extremínio completo Portanto, ele está a falar no ponto mais baixo da presença judaica na terra de Israel. E é isto. A Tora começa aqui porque quando vierem dizer, vocês são ladrões que nos roubaram a terra, nós dizemos, não, nós não roubamos coisa nenhuma, isto pertence a Deus, Deus criou-o, Deus decidiu que nos dava a terra a nós e deu.
Não sei até que ponto vale a pena fazer mais comentários sobre isto, mas é um conceito muito interessante porque há muitas vezes alguma relutância em usar este tipo de argumentos, que em última análise são os argumentos que são fundamentais. Ou seja, a terra de Israel. Chama-se terra de Israel. Foi dada ao povo de Israel.
E foi dada ao povo de Israel pelo Deus de Israel. E pelo Deus de todo o mundo. Podia ter dado a quem quer que fosse, se deu a dar a nós.
Bom, outras terras terá dado a outros. Com certeza. Agora, a questão é esta. Porquê que, por exemplo, no mundo cristão, no geral, e evangélico em particular, existe uma componente sionista tão forte? Existe uma componente sionista porque eles acreditam no que diz, neste caso, o que eles chamam o Antigo Testamento.
Está claro, o preto no branco na água, que aquela até foi dada ao povo de Israel e, portanto, qual é a questão aí? As profecias todas que aparecem na Bíblia são profecias que profetizam, passo redundância, que o povo de Israel... deverá voltar à terra de Israel, que é uma das pré-condições, digamos assim, da vinda do Messias.
E, portanto, isso, de um ponto de vista de quem leve o que está escrito na Torá, na Bíblia hebraica, a sério, não tem nenhuma dificuldade em perceber. E, portanto, daí como digo, que em muitos sectores cristãos... em particular os mais evangélicos, são os mais apoiantes de Israel.
Mas é um bocadinho mais complicado do que isso, mas o encontro geral é esse. Interessante, se quisermos como parênteses, este conceito do povo de Israel, da terra de Israel, foi um conceito que nunca foi muito bem dirigido, digerido, digo eu, pela parte católica da cristandade, por causa da ideia... da substituição teológica que houve, rouba agora em vez de Jerusalém, e portanto toda, digamos, durante muito tempo, muito, muito tempo, não se considerava, nos meios católicos, obviamente, que a terra de Israel fosse uma coisa particularmente interessante e particularmente sagrada e particularmente o que quer que seja, e muito menos que os judeus tivessem qualquer relação com a terra de Israel, funcional ou o que quer que seja. Aliás, como sabemos, o Vaticano só muito recentemente, há poucas décadas, muito poucas décadas, reconheceu o Estado de Israel.
Quer dizer, demorou muitos anos, talvez uns 20, 30 anos que reconheceu o Estado de Israel. Bom, o que é que... O que é tão fascinante nisto?
É o argumento que muitas vezes se pode fazer que é, repare, para lá de tudo temos um povo que está ligado a uma regulação e em que a regulação torna as coisas tão claras e torna tão claro que existe o povo de Israel, existe... a terra de Israel e que há uma função específica do povo de Israel, há uma função específica da terra de Israel. Isto faz tudo parte da herança cultural, se quisermos, das nossas sociedades.
Aliás, aparece depois, tudo isto aparece de uma maneira ou outra também no Corão, não é só no Alcorão, não é só na Bíblia castana. Bom, mas, enfim, o que é que então, o que é que... O que é que é fundamental disto? É que dentro dos políticos, se quisermos, os políticos israelitas, há alguns que têm feito uma apresentação muito interessante das coisas, e estamos a falar apenas do ponto de vista de discursos bem feitos. Não estamos a dizer que a política é boa ou má, não é essa a questão, mas os discursos são bem feitos e que são contundentes.
pessoas, por exemplo, como o David Ben-Gurion, que era, enfim, que era de esquerda, e o Nathaniel, que pode-se acusar de muitas coisas, mas de ser de esquerda não se pode, e que são duas pessoas que estavam em polos relativamente opostos, e que qualquer deles evocou também a questão da... é utilizadora o que diz. E, aliás, o Ben-Gurion teve, portanto, o primeiro ministro de Israel.
Fez um discurso nas Nações Unidas, antes do reconhecimento do Estado de Israel, fez um discurso que é uma preciosidade, sobretudo vindo de uma pessoa que era bem de esquerda, em porque ele dizia, por exemplo, nos americanos, os americanos sabem que os primeiros, as primeiras pessoas que chegaram aos Estados Unidos vindas da Europa, que chegaram no Mayflower, chegaram num barco especial, sabem mais ou menos a data. Mas não sabem o que é que eles comeram, não sabem o que é o nome das pessoas, não sabem coisa nenhuma. Nós sabemos, sabemos quando é que chegámos à terra de Israel, sabemos pelo caminho o que é que comemos, sabemos o nome das pessoas, sabemos isso tudo. E, portanto, digamos, a história da origem é uma história completamente detalhada. Bom, passando só um ponto seguinte em relação a isto, que é...
Há um comentarista que depois, mais tarde, cerca de uns 100 anos mais tarde, que pega nesta explicação do Rashi, e como não sei se disse ou não, mas o Rashi vivia em França, na zona de Troi, e este comentarista, que era um comentarista que residia em Barcelona e em Girona, que se chamava Mons. Ben Arman, ele dizia, mas porquê é que havíamos de começar? Ok, nós compreendemos que a coisa começa aqui nisto para descrever a criação, para mostrar que Deus é o dono e senhor. Mas então, se isso é assim, porquê é que depois vai a descrição das coisas todas a seguir, todas estas gerações, até o Abraão e etc. Porquê é que vai por essa coisa toda?
E depois porquê é que vai até o Egito? Quer dizer, esta parte toda histórica parece redundante porque já se disse, pronto, isto é de Deus, acabou a conversa, vamos à fase seguinte, que é a fase de... os mandamentos são estes, não é?
E então o que ele explica, e portanto mais uma vez estamos a falar de algo que foi escrito há uns 900 anos, pelo menos, ele diz o quê? Diz que a primeira parte... dá-nos uma dimensão, se quisermos, mística das coisas. Dá-nos uma dimensão divina. Isto foi, Deus criou e, como Deus criou, tem o poder de fazer o que quiser.
Mas agora, imagino que venha alguém e dizer assim, ah, mas eu estou-me borrifando para o que diga a Torah. Eu até nem acredito nessas coisas, portanto, isso não tem valor nenhum para mim. E então diz o Narman, diz o Moshe Ben Narman, diz, ah, mas então continua tudo isto para dizer que... Isto não é só uma questão divina de escolha, é uma questão também de consistência histórica.
Porque a história, nós tivemos... Tivemos ali sempre, desde o princípio. E portanto, há, digamos, uma justificação teológica, se quisermos, mas se não gostarem da justificação teológica, atorá-nos de dar uma justificação histórica em relação à ligação com a Terra de Israel. E portanto, quer dizer, mais uma vez, nós estamos aqui a ficar assombrado como é que há mil anos atrás estes tipos estão a fazer argumentos e estão a fazer discussões que não tinham a menor relevância na altura. mas que espelham completamente o que se está a passar hoje e o tipo de discussão que se faz hoje.
Portanto, esta é, digamos, a ideia em relação ao primeiro verso. Há aqui uma nota também de importância, e estou a passar a um assunto seguinte, que é uma nota que é teologicamente importante, que é, por exemplo... Nós quando fazemos celebração do Shabat, por exemplo, celebração do Shabat, estamos a falar a celebração da criação.
Deus trabalhou durante seis dias e depois ao sétimo dia descansou. Isto depois tem imensas coisas interessantes a dizer sobre isso, mas para já nesta fase é dizer que estamos a celebrar o trabalho da criação. Se formos ver todas as orações que são feitas neste contexto, que é um contexto de celebrar a criação, todas essas orações incluem, e em muitos casos acabam, com a referência a Deus nos ter tirado do Egito. Então aí a gente diz assim, mas o que é que tem a ver uma coisa com a outra? Se isto está a falar da criação, O que é que estamos agora a falar da Oceania do Egito?
O que é que tem de importante sobre isso? O que os nossos sábios nos dizem é uma coisa muito interessante, é que esta conjugação das duas coisas, da criação e do Deus que nos tirou do Egito, dá-nos a fundamentação, se quisermos, a fundamentação teológica do conceito do Divino. Porque, por muito ser... Pergunto que nos possa surpreender, quando se diz Deus, há muitas interpretações do que isso quer dizer. O que é que isso é?
Uma coisa que é mais ou menos universalmente aceita por quem quer que, quem que se considera remotamente religioso, digamos assim, crente. como quiserem a palavra, é que Deus é o Criador. Isso, enfim, é relativamente consensual. O que já não é nada consensual é o papel de Deus, depois da criação ter sido criada, qual é o papel de Deus aí? É perfeitamente possível conceber Deus como criando o Universo e depois foi descansar, foi de...
de férias para Algarve ou para a Flórida e agora é como se fosse estivesse a tomar conta dos condomínios à distância mas os condomínios andavam para lá no piloto automático ou estamos a falar de Deus que criou e que continua a tomar conta dos condomínios e continua ali em cima da coisa e portanto é qual é aqui, qual é a história E o que esta conjugação de eventos nos está a dizer é que Deus, de facto, é o Criador, mas é um Criador que continua envolvido na criação, continua a sua relação com a criação. Isto é, não é um Criador que criou e depois foi descansar para sempre, mas continua envolvido e, portanto, digamos, de alguma maneira está completamente, constantemente a renovar. o seu esforço de criação e portanto isto é conceptualmente muito importante para determinar como é que nós vemos o divino, portanto não é uma coisa o conceito do divino como uma entidade muito grande que está assim num outro sítio qualquer mas está completamente ausente da nossa realidade Não é um conceito judaico, mas é um conceito relativamente comum que é o divino.
E, portanto, para nós... Temos esta ideia de que Deus, obviamente, é transcendente, Deus é transcende, quer dizer, há, antes do Bet, que começa a atorar, há coisas que nós não sabemos, portanto, transcende a realidade, mas também é um Deus imanente, é um Deus que está presente sempre, transcende e está presente ao mesmo tempo. O que é, digamos, a comparação que muitas vezes é feita no misticismo é com...
a noção cabalística do que é um rei. E, portanto, o resto não estamos a falar de um rei de pele e osso, e de humano, estamos a falar de um rei, enfim, um estereótipo do que é um rei. O que é um líder, digamos assim?
Um líder é uma pessoa que o cidadão normal não vê, ou raramente tem acesso, mas é alguém que, se é um bom líder, está... constantemente a tomar conta das coisas e a cuidar das coisas. Portanto, é alguém que parece que ser completamente transcendente, mas ao mesmo tempo é uma pessoa que está imanente, que está sempre a fazer... Devemos comparar com, muitas vezes, os pais em relação aos filhos, não é?
Muitas vezes nós temos que ajudar as crianças, mas ajudamos de maneira que eles nem percebem que nós estamos a ajudar. Portanto, quer dizer, de certa perspectiva, nós, do ponto de vista deles, nós nem sequer existimos, mas continuamos ali a apoiar, não é? Quer dizer, de alguma maneira isso fazemos quando mandamos os filhos para a escola ou para um sítio longe, por exemplo, para a universidade, para outra cidade, e eles continuam a usar a nossa conta bancária, não é?
É um bom exemplo de... Não nos veem, mas a imanência está lá. Estamos sempre por trás.
Bom. Portanto, tem essa ideia de que a criação tinha que ser depois relacionada sempre com uma permanência, com uma imanência na natureza, com continuar, digamos assim, a mexer os cordelinhos na natureza. Porém, eu tenho guarda... temos a ver, enfim, aspectos relativamente mais ou menos conceptuais o próximo é uma das grandes batatas quentes de tudo isto mas talvez até o índice ainda antes da batata quente e a batata quente a propósito é a relação entre a Torá e a ciência quer dizer, esta é a história da criação e uma pergunta que é completamente legítima, é dizer Como é que isto se conduna com o que nós sabemos na ciência sobre a evolução e tudo isso?
Uma pergunta perfeitamente legítima. Mas há mais um detalhe aqui em relação à visão que a Torá tem das dimensões da existência. A existência essencialmente funciona a duas grandes dimensões, que é o tempo e o espaço.
E aqui que me perdoem quem seja mais puritano do ponto de vista da teoria da física teórica e que eu compreendo perfeitamente que o tempo e o espaço são a mesma completamente, é tudo uma dimensão, eu compreendo isso tudo. Mas, enfim, usando as expressões comuns, temos estas duas dimensões, o tempo e o espaço. E é importante perguntar destas duas dimensões qual é a dimensão que é fundamental. Esta é uma questão que não é trivial porque se nós quisermos pensar que há mecanismos que nos são dados para santificar, o que é que isso quer dizer, não interessa, vamos dizer, mas para santificar a nossa vida, digamos qual é o veículo fundamental de santificação.
É o tempo ou é o espaço? Ou seja, nós nos judaísmos o nosso negócio, entre aspas, é... santificar espaço ou santificar o tempo. É muito claro que a maior parte dos sistemas religiosos santificam o espaço, santificam lugares. Um lugar de culpa é um lugar sagrado.
O judaísmo tem uma característica muito importante que é o que é primordial e o que é, digamos, o conceito, o que é a dimensão fundamental é a dimensão do tempo. A primeira palavra é no começo. A primeira palavra é um conceito temporal. É um conceito de tempo.
É como se estivéssemos a dizer que, e mais uma vez isto não é teoria física, é apenas teologia, é como se estivéssemos a dizer que Deus criou um conceito de tempo e dentro desse conceito de tempo criou o espaço. Mas portanto o ponto primordial é o tempo, daí que o primeiro mandamento, depois como vimos o que o Rashi dizia também, é controlar o tempo no sentido de fazer o calendário, marcar os meses. Reparem toda a...
Toda a questão da libertação do povo de Israel, do Egito, é uma questão de salientar a centralidade do tempo. Porquê? Porque estamos a falar de pessoas que eram escravas.
O que é que define um escravo? Um escravo não tem controle sobre o seu tempo. É característica fundamental. Um escravo não pode decidir o que faz.
Não tem controle sobre o seu tempo. E, portanto, ao sair do Egito, nós estamos a assumir controle do nosso tempo. do nosso calendário, se quisermos, e a primeira coisa que nos é dita é nós temos que controlar o tempo e não deixar o tempo controlado.
Uma mensagem que, obviamente, era muito relevante para o povo de Israel no Egito e, provavelmente, ainda é mais relevante para nós hoje. Não nos deixarmos controlar pelo tempo, mas sim nós estarmos em controle do nosso tempo. Mas, portanto, no judaísmo, o que é fundamental é o tempo, o que significa que o que é que...
o que é que nós santificamos? Santificamos o Shabat, santificamos os dias santos, é momentos no tempo que nós santificamos. Espaço? Ok, pronto, certamente que a terra de Israel tem a sua santidade, certamente que Jerusalém tem a sua santidade, certamente tudo isso. Mas, o judaísmo existiu sem o menor problema para essa expressão, sem soberania em Israel.
durante milénios e sem acesso a Jerusalém, aliás, durante séculos e séculos e séculos, os judeus não podiam ir a Jerusalém. Era proibido irem a Jerusalém. Aliás, para dizer a verdade, para também não pôr a coisa um bocadinho melhor, eram proibidos para ir a Jerusalém durante todo o período romano e bizantino, com exceção de Tisha B'Av. Com exceção de Tisha B'Av. Tisha B'Av, que é o nono dia do mês de Av, em que os judeus...
conhecem e comemoram a destruição de Jerusalém, a destruição do templo, aí os judeus eram permitidos ir a Jerusalém e chorar lágrimas e banho e reino de todo o tamanho por a destruição do templo, porque isso aí era ótimo, porque mostraram aqueles que tinham sido subjugados. E então, nesse dia podem ir, mas isso é o único dia em que podem ir. Obviamente também é uma das origens, a grande origem. do termo do Muro das Lamentações. É o Muro das Lamentações, porque as pessoas dizem lá nem têm sabedade, não é?
Ainda que a expressão Muro das Lamentações vem da tradição islâmica, não da tradição cristã. Mas a ideia é a mesma. Ok, portanto, isto significa, por exemplo, vamos pensar numa sinagoga. e comparar uma sinagoga com um outro lugar de culto, vamos dizer, que é o que estamos mais habituados na nossa cultura que nos rodeia, uma igreja. Uma igreja tem, por tudo que eu sei, é entendida como um lugar sagrado, é um lugar em que a pessoa vai e há certas coisas que faz, há certas coisas que não faz.
Lembro-me que há muitos anos já fui à cidade italiana de Florença, e quando se vai a Florença vai-se ver monumentos, e quando se vai a monumentos vê-se aquelas basílicas todas. E a pessoa que ia comigo acontecia a ser uma pessoa de formação jesuíta, e portanto eu conhecia aquelas coisas todas. E houve uma altura em que nós entrámos numa...
numa baseira qualquer, já não lembro qual era, e ele, digamos, entrou em pânico comigo porque eu tinha um chapéu. E ele dizia, pá, mas eu tenho um chapéu porque eu tenho sempre a cabeça coberta. E ele dizia, não, não, não, mas tira o chapéu, ficas lá com o equipá e arame o que é isso tudo, e isso não tem problema nenhum. Agora, o chapéu é que não. E eu disse, ok, pronto, tudo bem.
Ele não percebe muito bem, mas também não tem problema nenhum, porque, com certeza, também não quer desrespeitar ninguém, era melhor. Mas, portanto, há esta noção de que realmente a grande santidade do local... Uma sinagoga.
Qual é a santidade de uma sinagoga? Uma sinagoga só tem santidade se houver pessoas lá... a rezar ou a aprender além disso é um edifício o que dá santidade é o que lá se faz e o que lá se faz numa sinagoga pode ser feito em qualquer sentido pode ser feito na nossa casa pode ser feito num lugar improvisado portanto não há esta não significa que não sejam lugares que tenha que ter cuidado obviamente e ter o seu respeito Não tem essa santidade intrínseca porque, mais uma vez, o que nós santificamos é o tempo. É o tempo, não é o espaço.
E isto tem enormes implicações na maneira como vivemos a experiência judaica, porque toda a experiência judaica é feita através de expressões no tempo. Expressões de quê? De emoções, expressões de energias, se quisermos.
Todo o ciclo. O ciclo de todas as festas judaicas é um ciclo que nos expõe a todo um conjunto de experiências. O termo hebraico para os dias santos é moadim.
Moadim significa encontro. É um encontro. Quer dizer, enfim, significa em termos mais literais.
É um encontro. Portanto, o que é que nós encontramos? Encontramos...
energias especiais e encontramos uma oportunidade, por exemplo, no dia de Kipur, de arrependimento. É um dia que está particularmente propício para isso. No dia de Purim, para a alegria.
No dia de Pesach, para a liberdade. Todos os dias são encontros com estas energias. E, portanto, toda a definição... da vivência judaica é feita num contexto do tempo, não num contexto de espaço, é mais, de alguma maneira, é mais secundário, é no tempo.
Enfim, isso tem imensos coroares, por exemplo, uma vez que não é o espaço que é significado, mas é o tempo, também significa que não é a sinagoga que é o centro. da vivência judaica, o centro de vivência judaica é em casa, que é onde a pessoa passa a maior parte da sua vida, não é? A maior parte das observâncias fundamentais no judaísmo são feitas em casa ou relacionadas com isso, desde os dias santos até às regras da dieta, regras alimentares, tudo isso é feito em casa, não é?
E, portanto, tem essa noção muito interessante. da prioridade do tempo. Mas enfim, uma reflexão que vale a pena depois desenvolver com muito mais cuidado, mas que para já fica apenas essa ideia de que nós damos a primacia ao tempo nesta dicotomia entre tempo e espaço. Ora bem, então eu vou só parar um pouco para dar oportunidade a quem quiser fazer alguma questão sobre este tipo de coisas que estamos a falar. E depois o passo seguinte é então falar como é isto de narrativa bíblica e da ciência.
Como é que é? Ok? Portanto, perguntas? Ah, eu tenho uma pergunta. Diga.
Eu tenho aqui a mão. Ok, aqui deixo cá. Agora, por acaso, cá aqui uma pergunta.
Eu não tinha visto que havia aqui perguntas no chat. Eu vou só responder aqui ao chat muito rapidamente. Ok, o espaço e o tempo é feito, ok, se dá muito bem, a criação ainda não terminou.
Esse é um conceito muito interessante, a ideia de que a criação não terminou, porque o conceito no judaísmo é de facto, a criação é algo que é permanente. A criação é permanente no sentido de que a energia que tornou possível existir algo quando não existia nada, essa energia que... que é como se fosse o fundamento da existência, se essa energia deixar de aparecer, deixar de ser feita.
A existência acabou. A noção é da criação permanente. Enfim, para fazer uma certa analogia, só para dar ideia do que estou a tentar dizer, mas quer dizer, uma analogia um bocadinho remota, imaginem que nós temos um frigorífico. Fim do meu privilégio.
tem, pronto, está a funcionar e tudo isso. Mas o frigorífico só está a funcionar porque tem a ficha ligada à corrente. Se nós tivermos a ficha da corrente, o frigorífico deixou de funcionar.
Ou qualquer coisa iléfica, não é? Portanto, é esta a ideia de que é preciso uma criação permanente, uma noção de criação permanente para, enfim, as coisas funcionarem. Vamos ver o passo da outra questão.
é o espaço... Ah, o espaço no Beita-Miquedaste. Se eu não sou de idade, se eu não tiver pessoas, não. O sítio do Beita-Miquedaste é, portanto, no templo, para todas as regras à exceção. E a exceção desta regra é o papel...
central que tem o templo o monte do templo e o lugar onde estava o templo por extensão a cidade de Jerusalém e por extensão a terra de Israel e a ideia de que A ideia da santidade desse espaço vem do facto de que, de acordo com a nossa tradição, é como se a existência tivesse sido criada a partir dali. Imaginem que... Como é que... um exemplo assim um bocadinho exagerado. Imaginem que estamos a falar no Jurassic Park ou uma coisa assim qualquer, que tem uma coisa de DNA, de ADN, que vai ser usada para criar tudo.
É ali, a fonte era ali, era naquele lugar. É um lugar em que imensas coisas depois se passaram... os patriarcas e historicamente. E portanto, é, se quisermos, chamar-lhe assim, usando uma linguagem um bocadinho mais moderna, é uma singularidade no espaço.
É uma singularidade no espaço. É um lugar especial e único. Da mesma maneira que a criação, o tempo, começou a certa altura, começou, o espaço começa ali. Portanto, há tal singularidade, há uma singularidade no tempo, uma singularidade no espaço, que é a língua.
Mas é a exceção, como digo, que confirma a regra. O facto de ser uma singularidade no espaço e ter esta noção tão divina também explica porquê que, por exemplo, no SAD dos Santos não entrava ninguém. Quando entrava era só uma vez por ano e entrava com grande trepidação e muitas vezes não saía vivo. Portanto, e ainda hoje, nós para podermos ir a certas zonas do mundo do templo, temos que estar ritualmente puros devido à santidade daquele campo. Mas como digo, é uma singularidade do espaço, é a exceção que prova a regra.
Ok. Agora, a propósito de dizer, hoje em dia... Hoje em dia, historicamente, a maior parte das autoridades judaicas sugere que os judeus não devem ir.
ao monte do templo por razões rituais porque nós não estamos num estado de pureza ritual que seja condigno de irmos lá portanto não é uma questão de dizer que não vamos lá porque não nos deixam ir ou porque quem lá está não gosta de nós é uma questão ritual e portanto vocês nunca veem quem quer ir rezar lá no templo são sempre judeus ortodoxos modernos, nunca são mais raradim e mais, porque esses não, a visão deles é que não podem lá ir. Enfim, outras histórias. Agora, portanto, já respondi às perguntas, estavam no chat, agora vocês desculpem, quem é que ia fazer, estava alguém a fazer pergunta e eu, entretanto, antipaticamente, não só calei a pessoa. mas não me lembro de quem é era o Manuel Pacheco Manuel Pacheco então diga simplesmente a ciência é baseada na reprodução de fenómenos reproducible science science is reproducible. Como é que se pode usar a palavra científica a modelos matemáticos com equações diferenciais que descrevem hipotéticos fenómenos baseados em equações e que não há reproducibilidade porque este fenómeno só aconteceu uma vez.
Não podemos... podemos chamar a isso ciência. Acho que é um abuso. Não sei o que pensa. Portanto, vocês já estão a ir à questão seguinte, que é a tal questão de como é que nós entendemos como ciência, digamos como é que a descrição da Torá se coordena com a ciência.
Portanto, eu... Vou assumir, se calhar, erradamente, mas vou assumir que não há nenhuma questão de momento sobre o que temos falado até agora e vamos, então, atirar-nos de cabeça a esta batata quente. Ora bem, a Torá diz-nos muito claramente que o mundo foi criado em seis dias, Deus descansou no sétimo dia e por aí por diante.
Ok, o que é que nos diz a ciência hoje? Bem, a ciência diz-nos que o mundo tem 14 bilhões de anos de existência. Quer dizer, se olharmos para o ano judaico, que é o ano da criação, não chega a 6 mil anos, como é que é?
significa isto que a Torá parece que não passou no exame de ciência. E, por outro lado, também dizem que as vaquinhas e os porquinhos foram todos criados. Eu sei, enfim.
A evolução não... Quer dizer, há a evolução cultural, há a evolução comportamental, mas não há a evolução biológica ali, não é? e agora para pôr a coisa ainda mais dramaticamente para as pessoas da geração mais nova e até onde é que estão os dinossauros ah, não fala de dinossauros nenhum como é que é?
bom, esta questão tem muitas vertentes de resposta e tentar dar alguma coerência a estas vertentes. A primeira questão é uma questão, digamos, de princípio. A ideia de que a correção de uma perspectiva teológica está na jurisdição da ciência, ou seja...
O fator que decide se a teologia é correta ou não é a ciência é uma ideia muito pouco... vamos tentar pôr a palavra mais fácil, menos intrusiva, menos ofensiva, é muito pouco defensável, conceptualmente. Porquê? Porque os objetivos fundamentais da ciência e os objetivos fundamentais da teologia estão radicalmente opostos.
A teologia tem certos objetivos, a ciência tem outros objetivos. Qual é o objetivo da ciência? O objetivo da ciência é, sobretudo, a ciência experimental, de uma maneira um bocadinho mais, digamos, a ciência mais moderna depois dos últimos séculos.
O objetivo é tentar identificar como é que as coisas funcionam. É o como das coisas. Como? Como é que funciona? Explicar como funciona.
A Torá não tem a menor intenção de explicar como é que as coisas funcionam. Ninguém diz que... Quer dizer, eu não quero dizer que a Torá é a fonte que me diz como é que funciona, digamos, a destruição do espaço-tempo na teoria do relativismo do Einstein, para poder ter a certeza que quando tenho o GPS, que o GPS me está a dar a informação adequada e não está a desviar umas coisas e não está a dar a informação errada. a Torá não nos diz nada sobre isso, não é esse o objetivo.
Por outro lado, a ciência, por definição, não nos diz absolutamente nada sobre o porquê das coisas, a intenção das coisas. Ou seja, a ciência pode nos dizer que existe isto que funciona desta maneira. A ciência não tem a capacidade de nos dizer, por definição, não tem a capacidade de nos dizer... O que é que isto existe e qual é o objetivo? Qual é a razão da sua existência?
Ou seja, se nós quisermos responder à pergunta qual é a intenção e qual é o objetivo da criação? Qual é o objetivo da criação? Nós podemos e devemos ir à Torá e encontrar.
Não vamos a um livro de física? cosmografia, não é aí que nos diz porque é que não diz não faz parte da pergunta não é uma pergunta e portanto, estamos a falar de facto de dois níveis completamente duas perguntas completamente diferentes duas perguntas que não têm digamos, que não se sobrepõem e da mesma maneira que não me passava por a cabeça ir usar a Torá para me dizer se as teorias da existência do universo ou as teorias da medicina são boas ou más, também não me passa por a cabeça ir usar a ciência para me dizer se o estado natural é ou não. São objetivos diferentes, são noções completamente diferentes. Isto lhe quero dizer, é uma primeira abordagem. Depois, há uma segunda, um segundo nível de argumentação que eu penso que é muitíssimo importante.
e que é que, no geral, as pessoas têm uma noção muito errada e muito incompleta do que é a ciência. Normalmente as pessoas olham para a ciência como algo infalível. É assim, quer dizer, é a ciência, é assim, é assim. Bem, quem, se algum de nós, fez carreira... como qualquer ciência, mesmo que não sejam ciências exatas.
A maneira como se faz carreira na ciência é mostrar que o outro tipo está errado. Quer dizer, eu só consigo fazer o nome para mim próprio se mostrar que a teoria do outro não está completamente bem e que se calhar está errada e que se tem que... Quer dizer, a ideia de que a ciência está-nos a apresentar uma coisa exatamente como é que é e sem nenhuma margem de manobra e que é infalível...
Isso é transformar a ciência numa religião. Transformar a ciência numa religião. E é a propósito exatamente o que a nossa sociedade hoje em dia, isto é uma opinião pessoal, não tem que ser compartida, obviamente, mas é o que a sociedade ocidental moderna fez.
É transformou a ciência numa crença. Nós acreditamos na ciência. A expressão acreditar na ciência é uma contradição nos termos. A ciência não temos que acreditar.
Ou se prova ou não se prova. Ou é ou não é. Acredite lá na ciência é uma tonteria. Acreditar na Torá, não. Isso é indiferente.
E, portanto, quando se faz a pergunta vocês acreditam na Tauro ou acreditam na ciência? A pergunta não faz sentido. A pergunta não faz sentido.
Não faz sentido porque, mais uma vez, a questão da ciência não é uma questão de crença, é uma questão de evidência, ao passo que a Torá não é uma questão de evidência, é uma questão de crença. Nós estamos a falar de uma coisa que não é suscetível de avaliação empírica. Nós podemos ver as consequências da criação, mas não podemos necessariamente saber o que é que... certos mecanismos mais remotos da criação.
Um outro aspecto que é muito relacionado com isto que eu estou a dizer é que a noção de que a ciência é infalível e, portanto, é algo em que nós acreditamos, é uma noção que não... que não corresponde à realidade do que a ciência é. Eu vou-vos dar um exemplo do que é que eu estou a falar.
De opinião pública feita pelo Time Magazine, aqui nos Estados Unidos, por volta dos anos 60 do século passado. De 1960 e pico. E o inquérito...
foi um inquérito feito a cientistas. E a pergunta que fizemos aos cientistas era a seguinte. Vocês, de acordo com a vossa interpretação científica, vocês pensam que a existência, que o mundo, vamos pôr assim, sempre existiu?
Ou vocês acreditam e têm, parecem, evidências, ou a vossa opinião científica é que o mundo teve um começo? Ok? Repare, isto do ponto de vista filosófico, do ponto de vista teológico, do ponto de vista é uma questão muito antiga e é uma questão que, historicamente, incluindo até 1960, até essa altura, era respondida como? A esmagadora maioria dos cientistas disseram, de acordo com a nossa evidência, de acordo com tudo o que nós sabemos, a existência sempre existiu. Não há um começo.
E, portanto, a grande... estupidez, digamos assim, da religião, é estar a falar no começo. No princípio, criou Deus, não há criação nenhuma.
O mundo sempre existiu. Esta era a noção. Agora eu faço a pergunta. Quem é que hoje, no mundo científico, acha que a existência sempre existiu, que o mundo sempre existiu? Ninguém.
Ninguém. Mas então como é que é? Como é que é? Há 50 ou 60 anos toda a gente acreditava que não havia o começo. Ah, mas entretanto, na teoria física, da ciência física, descobriu-se a teoria do Big Bang.
A teoria do Big Bang. Em que houve uma grande explosão e não sei o quê, um grande início em que as coisas... E pronto, e que depois foram evoluindo a partir daí. Não vou estar agora aqui a falar da teoria da...
teoria do Big Bang, mas não é, quer dizer, ah, afinal parece que houve um começo. Interessante. E como é que foi o começo, de acordo com essa teoria do Big Bang?
Foi, digamos, uma explosão de luz imensa. O que é que diz a Torá? Agora, por acaso, qual é a primeira coisa que diz?
Qual é a primeira coisa que diz? Haja o quê? Haja luz? Haja luz? Ah, interessante.
Parece que começa por ali, não é? Então lá depois continuam a dizer Ah, tem mundos que são Tohu, Vehu, são mundos de caos e mundos de... Ah, o que é que nos diz a teoria do Big Bang? Ah, diz algo muito interessante que é que no princípio aquilo era uma salganhada porque a temperatura era muito alta e portanto não havia... discriminação de diferentes coisas, mas que depois, entretanto, foi arrefecendo e as coisas foram se consolidando e foi assumindo forma e tudo por aí.
Bom, o que significa? Nós estamos a falar aqui, por exemplo, no misticismo judaico, que Deus criou o mundo, houve ali uma série de, vamos usar a expressão de tentativas, digamos, o mundo onde nós vivemos não é o primeiro, houve vários ciclos ali. que não funcionaram por uma razão ou outra, e lá iremos porquê. Porque, inclusive, a ideia do misticismo é que não funcionaram porque a luz era forte demais para os vasos. Iam conter essa luz, ou seja, a infinitude de Deus era excessivamente infinita para os vasos finitos e, portanto, Deus teve que, de alguma maneira...
Fazer um tsimtsum, que é uma restrição das suas emanações, para permitir que outras coisas se criem. Ou seja, é a mesma coisa que dizer a luz do sol só permite criação quando a luz do sol está a muitas milhas, muitas milhas do sol. Porque se a luz do sol estiver em cima do sol, não consegue criar nada. Só queima. Ou seja, eu não estou a querer dizer, obviamente, com isto...
que tudo o que a ciência está a dizer é dizer o que está na Torá e confirmar a Torá, porque eu não penso que seja uma pergunta legítima, a pergunta de dizer que o critério de definição se a Torá é verdade ou não é a ciência, eu não aceito a permissão e, portanto, não aceito a pergunta. Agora, se a pergunta que for feita é nós temos a Torá... a convergir em relação à ciência ou temos a ciência a convergir em relação à Torah em termos da criação?
Aí não tenho dúvida. Aí não tenho dúvidas minhas. É estas teorias da criação que cada vez se parecem mais com a descrição da Torah. Ou seja, um começo... Ah!
Afinal há um começo. O começo é a luz. Ah! Afinal é a luz. Ok?
Houve toda esta repetição de... mundos caóticos que é para oh, ok os multiversos, hoje o que é a teoria das fitas das fringes, das fitas, ok os mundos os multiversos são universos que se foram criando se há alguém que está a convergir a alguém é a ciência que está a dizer coisas que cada vez se parecem mais o que a nossa tradição nos já diz há muito tempo Mas eu também não quero dizer com isto que eu acho que seja a nossa tradição que deva decidir o que é certo ou não na ciência. É um problema diferente.
Completamente diferente. Não quer decidir o que é certo na ciência através da teologia e vice-versa. Mas, enfim, para vos dar uma ideia, para continuar, hoje em dia as teorias mais aceites e mais desenvolvidas do ponto de vista da...
do ponto de vista da criação, do início do mundo, são teorias, tal teoria das strings, das fringes, ou das cordas, acho que talvez fosse melhor falar, a teoria das cordas, que é uma teoria que, essencialmente, pressupõe que a existência não pode ser uma existência a três dimensões. De acordo com muitos dos modelos matemáticos, é uma existência a dez dimensões. Pode ser coincidência. Com certeza que pode ser coincidência. Mas se calhar é uma coincidência muito interessante porque, quer dizer, as dimensões da criação dos 10 sefirot são 10 sefirot.
Nós também nunca dissemos que eram 3 dimensões. O que é que se prova? Não prova coisa nenhuma, mas prova que quem nos dizia que estas ideias eram completamente estúpidas e retrógradas, agora se calhar era melhor calar a boca, não é bem assim.
que surpreendentemente estão a dizer coisas que se parecem muito com o que nós dizíamos antigamente e que era assim tão estúpido e primitivo e mente de capto. Inclusivemente, e a última coisa que irei dizer em relação a isto, a própria ciência hoje em dia na fronteira destas coisas, qual é o assunto mais intratável, digamos assim, ou qual é o assunto que quem descobrir isso... Quem descobrir isso tem não sei quantos prémios Nobel para o resto da vida. É a, se quisermos chamar, a grande teoria da unificação, da unificação das forças. Dizem que existem diferentes tipos de forças da existência.
Tem a força mais fraca, molecular mais fraca, a força forte, depois tem o eletromagnetismo. e tem gravidade. E o grande questão aqui é que nós conseguimos compreender, daqueles modelos matemáticos que se estava a falar há pouco, nós conseguimos compreender, quem faz as coisas consegue compreender, como é que a força, o electromagnetismo e a gravidade, como é que nós conseguimos fazer um modelo unificado dessas três forças.
O que nós não conseguimos fazer ainda é um modelo unificado destas três forças com... a força molecular mais forte. Ou seja, dito de outra maneira, o que nós não conseguimos é ter um modelo que consiga compatibilizar a física quântica, que é a física das coisas mais pequenas, com a física da gravidade, que é a física das coisas maiores. Nós conseguimos conseguirmos compatibilizar a força de gravidade com três das outras forças mas não com a força quântica e a força quântica conseguimos com algumas das outras mas não com a gravidade. Portanto, a teoria da gravidade quântica, que é pôr esta unidade completa em tudo isto é o que se busca hoje em dia na ciência.
E a minha pergunta é uma pergunta muito simples. O que é que te faz pensar, estes cientistas, que existe uma teoria única, que existe um envelope único, que põe tudo isto em conjunto? Porquê?
Vem tudo do mesmo sítio? Será? Foi tudo criado pela mesma entidade?
Será? O próprio facto de se estar a falar de uma unidade tão grande de coincidência, de coerência das coisas todas, e de se achar completamente lógico que todos tenham uma unificação a este ponto tão elevado, de ter a grande teoria da unificação das forças, isto revela claramente isto é uma perspectiva mística, quer dizer, é uma perspectiva religiosa. O que é que há na ciência que diz que isto tem que ser tudo compatível?
Ou seja, o que é que quer dizer com isto tudo? Quer dizer com isto tudo que há uma arrogância muito grande, desculpem a expressão, mas enfim, há uma arrogância muito grande da parte da ciência, digamos assim. Há uma falta de humildade muito grande na nossa percepção do que é a ciência. A ciência, de facto, desenvolveu-se de uma maneira absolutamente inacreditável. graças a Deus, desde medicina tudo e mais alguma coisa, nós hoje temos padrões de vida, temos comunidades da vida temos facilidade na vida temos tudo que não tem comparação nenhuma com os nossos antepassados, mesmo na geração dos nossos pais, já não é preciso ir mais longe, portanto nós nesse aspecto graças a Deus pela tecnologia graças a Deus pela ciência e tudo isso aliás, o misticismo judaico sempre disse que quando começava o último milénio, que era o sexto milénio...
que havia uma explosão de conhecimento. E era uma coisa que há milénios se dizia na literatura cabalística e isto coincide, coincidentemente, com a Revolução Industrial. Portanto, o último milénio começou exatamente na altura da Revolução Industrial, que é, digamos, o princípio da grande explosão de conhecimento. Agora, o que nós temos que perceber é que a ciência muda.
a percepção que a ciência tem das coisas muda não é imutável não é uma coisa em que se tem que acreditar e como não é algo imutável e como não é algo em que se tem que acreditar mas em que se tem que provar mais uma vez usar a ciência como critério de definição para a correção de pontos de vista teológicos é intelectualmente desonesto Não faz sentido. E, por outro lado, cria uma série de comportamentos que são muito interessantes, e aqui eu divago um pouco, mas um dos grandes traumas, se quisermos, psicológicos que a epidemia do Covid trouxe foi o choque civilizacional que teve para as pessoas. Sirene terem que fazer face a uma situação que a ciência não conseguia controlar.
A ideia de que há uma situação que a ciência não controla é uma ideia que era completamente estranha. E ainda não entrou muito. Mas como é que é possível que...
Pois calma, epidemia, mas como é que isto é possível? Nós não conseguimos acabar isto de um momento para o outro? Pois. Pois, e aliás, se nós formos ver em termos de comparação histórica, a epidemia acabou exatamente da mesmíssima maneira que todas as outras epidemias antes acabaram. Teve um ciclo de dois ou três anos e acabou.
Da mesmíssima maneira que a peste negra na Idade Média acabou também com esse ciclo. Bom, tudo bem. Mas, portanto, nós, como sociedade, digamos assim, fomos confrontados com o facto de a ciência ter limites. e que era uma noção que nós, de facto, não tínhamos muito.
Ligado com isto, tem um outro aspecto que é, aliás, muito ligado com a questão que tinha sido posta inicialmente em relação à questão experimental. A Torá, por definição, não pode ser sujeita à experimentação, que é um evento singular. tudo o que não se pode repetir não pode ser sujeito a investigação científica, mais uma vez por definição, e, portanto, uma vez que nós não podemos utilizar, digamos, as noções científicas para a teoria, ainda assim pode-se fazer questões do tipo...
Pronto, está bem eu. compreendo que a ciência não é o que vai determinar se a teoria está bem. Mas vamos lá ver.
Esta história de seis dias também, epá, seis dias como no diabos, não é? Que também não é seis dias, como é que se vai daí um bilhão de anos? Então e como é que é a história dos fósseis e de todas essas coisas que se vê que parecem sugerir que nós estamos a falar de bilhões de anos mais uma vez. Portanto, isto não... nós não vamos dizer que está errado, mas como é que é?
Bem, basta dizer aqui não é preciso entrar muito em detalhe mas basta dizer que há de ponto de vista histórico do judaísmo explicações muito diferentes sobre porquê que poderá sempre haver uma discrepância entre o que a ciência nos parece dizer E o que a Torá nos diz... Porquê? Porque as premissas são completamente diferentes. E só para explicar o que é que eu quero dizer com isto. Por exemplo, fazer uma pergunta estúpida.
Uma pergunta estúpida. Quando Deus criou o Adão e a Eva, quando Deus criou o Adão e a Eva, A Torá está a dizer que o Adão e a Eva foram criados como os outros seres humanos todos. Isto é, foram criados como bebés, e depois foram evoluindo, e depois foram crescendo, e depois ficaram adultos.
É assim que a Torá diz. Não, o Adão e a Eva foram criados como adultos. Nós podemos dizer que não acreditamos nada dessas coisas e não sei o quê.
Mas se levarmos, se olharmos para o que lá diz, eles foram criados como adultos. Ou seja, eles quando foram criados, tinham... uma existência, se quisermos, virtual.
Ou seja, imaginem que no dia em que o Adão e a Herb foram criados, um cientista do século XXI ia e fazia uma análise às células para determinar a idade desta entidade. O que é que o cientista dizia? Dizia que estes tipos, olhando para os... para as extremidades das células e daquelas não sei o quê, também não me estou a lembrar os nomes, mostra que estes dois tipos têm 20 anos ou 30 anos, uma coisa assim.
Que eram, tipo, basicamente, os anos que a nossa veredição diz que eles foram criados como adultos. Pronto, é assim. Têm 20 ou 30 anos. E a gente diz assim, não têm nada 20 ou 30 anos, eles foram criados agora mesmo.
Como é que é? Como é que podem ter 20 ou 30 anos? Eles têm um dia. Ah! Mas é que eles foram criados como adultos, isto é, ser criado como adulto quer dizer que tem uma tem uma tem uma história virtual associada a eles.
Que é uma história que não é cronológica, digamos aqui, que não é temporal, mas tem essa aparência de o ser. De mesma maneira, uma árvore. As árvores foram criadas como sementes ou foram criadas já feitas? Então nós vamos fazer depois uma análise aos ciclos, aos troncos das árvores, e vamos dizer, ah, mas estas árvores, olhem para aqui, olhem para isto, estas árvores já têm não sei quantos milhões de anos. E, no entanto, acabaram de ser criadas.
E assim por diante. Ou seja... De um ponto de vista lógico, a narrativa bíblica é de tal maneira, porque é única, porque é uma singularidade, que não é suscetível a ser provada.
Quer dizer, a ciência não consegue provar a Torá, nem consegue desprovar, nem consegue provar. Estamos a falar de uma situação única, de uma situação em que, se aceitamos a permissão que as coisas foram criadas num estado maduro, foram criadas já como exigência virtual. E se isso é assim, quando a Terra foi criada, havia fósseis, havia...
No dia em que a Terra foi criada, se fosse fazer uma análise à Terra, dizia que a Terra tem não sei quantos bilhões de anos. O que é que isto significa? Significa que as nossas medidas, a nossa maneira de medir as coisas, não nos consegue identificar uma certa perspectiva do tempo, mas não nos consegue...
ter uma noção absoluta do tempo. O que me leva a outras explicações muito mais recentes, há uma explicação de um teorista, de um teórico físico, Gerald Schroeder, que é do MIT, em que ele tem um livro em que ele basicamente põe, ele tenta coadunar as teorias físicas, teoria física mais moderna, com com a narrativa bíblica. E basicamente o ponto dele é muito simples, que é, se nós olharmos para a descrição bíblica a partir do dilúvio, a partir do dilúvio de Noé, a partir daí não existe nenhuma inconsistência fundamental entre a ciência e a narrativa bíblica.
O que existe é antes disso. E o que nós sabemos é que tudo o que seja testes de carbono e estes testes não funcionam. se existem grandes episódios universais, digamos, de toda a Terra, por exemplo, de inundação. Porque a inundação completamente contamina e deturpa completamente os registros das coisas.
O que significa que, deste ponto de vista, a datação de carbono é algo que é completamente... completamente fiável, digamos, até, do ponto de vista da narrativa bíblica, até ao período do dilúvio, mas não a partir daí, para trás. E a partir daí, se nós usarmos os argumentos do tipo, como diz no livro de Salmos, que um dia para nós é como se fosse mil anos para Deus, tem várias passagens desse tipo, se nós formos olhar para os dias e para quanto tempo passou, E se cada dia for interpretado como um milénio, usando esta narrativa bíblica, nós temos uns bilhões de anos todos ali também. Dizem, ah, mas isso é assim um bocadinho.
Não, não, não, não. Porque isto é uma aplicação também da teoria do Einstein da destruição do tempo e do espaço. Porquê? Porque o que é que a teoria do Einstein nos diz?
Que o tempo passa. mais devagar quando as velocidades aumentam. Ou seja, o tempo, por exemplo, o tempo de um objeto em movimento e o tempo de um objeto parado não passam no mesmo tempo. Por exemplo, se nós estivéssemos num buraco negro, num grande evento cosmológico, num buraco negro, a pessoa que está a ser, se fosse uma pessoa que estivesse a ser, digamos, chupada para o buraco negro... a pessoa ia ser completamente esticada mas além de ser completamente esticada a idade e o tempo nos pés e o tempo medido na cabeça eram completamente diferentes isto é ciência pura não é teologia ou seja, o tempo depende das situações gravitacionais depende destas coisas todas e portanto, do ponto de vista da teoria do Einstein quando a velocidade é maior o tempo é mais pequeno.
E, portanto, nós, o que nos parece hoje um ano, perdão, hoje um dia visto aqui no século XXI, para as pessoas que estavam lá numa velocidade de expansão do universo muito maior, para seguir muito mais devagar. Ou seja, o que quer dizer com isto é que há imensas maneiras de olhar para isto, há imensas maneiras de olhar para estas coisas todas. Eu, de facto, a maneira que eu gosto mais é, por isso, simplesmente dizer... São duas questões completamente diferentes. Eu não uso a Torá para provar que curas e que aspectos científicos estão corretos.
E, por favor, não usem a ciência para provar o que é que na tecnologia está correto. Porquê? Porque vocês querem-me mostrar como é que as coisas funcionam e eu aprecio muito que me digam como é que funcionam. Eu quero saber como é que o meu micro-ondas funciona e muito bem. Mas eu não preciso saber, do ponto de vista científico, qual é a origem do micro-ondas.
Por outro lado, o que a teologia nos dá é exatamente isso. O que é que microondas significa. É, para usar um exemplo estúpido.
O que é que microondas significa e qual é o seu objetivo e porquê que existe e tudo isso. Ok. As vossas reflexões sobre tudo isto. Deixar ver o que é que diz aqui no chat. Se posso?
Sim, sim, com certeza, diga, diga. Sim, foi um pouco isto o que posso observar das cheias em Valência. A gente está um pouco como, mas eu tinha um carro que custa 40 mil euros, deve-me proteger.
Tenho um telemóvel que me custa mil euros, deve-me procurar ajuda. Este telemóvel caído na água, não procura ajuda. O carro de 40 mil euros não protege, uma vez que a água sube.
É fácil dizer que é culpa do Estado, mas é um avanamento tão grande. A gente está lutando contra... a razão, a ciência, foi simplesmente, não gosto de dizer acto de Deus, mas acto de Deus, se diz uma decisão feita pelo infinito, é assim, sentir-se impotente frente à falta de lógica. Eu acho que aí... nesse tipo de situações a grande perplexidade penso eu é pensar como é que é possível que isto nos aconteça no século XXI quando nós estamos, nós conseguimos ir à lua, conseguimos fazer estas coisas mais incríveis, como é que isto pode acontecer ainda porque estas coisas aconteciam no tempo dos nossos passados que aquilo era tudo uma cabada de primitivos Ah, Há uma...
Eu não quero estar a parecer mais, como se costuma dizer, rolir dandau, não é essa a ideia. Mas eu tenho a noção, tenho a sensação, tenho, enfim, a percepção, nem sei o que é que é dizer, que se desenvolveu uma cultura de arrogância tão grande que é uma falta de humildade de nós não percebermos o que não sabemos. Achar que sabemos tudo e se não sabemos podemos muito bem vir a saber.
Esta ideia, mais uma vez do ponto de vista lógico, é uma ideia completamente falhada, é uma ideia completamente errada. Há coisas que nós não podemos saber. Não podemos saber não porque, por razões... Há coisas que nós não conseguimos saber. É esta a expressão que eu quero.
Não temos capacidade de saber. Há coisas que não temos capacidade de saber. Há sistemas que são suficientemente complexos para nós não conseguirmos captá-los.
Não temos dimensão própria a captar. E a ideia de que existe uma falta de conhecimento, ou existem áreas em que nós não conseguimos conhecer, é algo que está completamente contra a visão científica das coisas, porque a visão científica é que nós não sabemos, mas é uma questão de tempo até saber. E aplicando esta ideia, a relação a Deus, como é que nós não conseguimos compreender Deus através da ciência? Claro que tem que compreender.
Não há nada que a ciência não consiga fazer. E isto mesmo do ponto de vista científico é uma ideia horrivelmente incorreta. Horrivelmente incorreta do ponto de vista científico. Porquê?
Porque uma das grandes contribuições de várias partes da ciência é exatamente a ideia de que há coisas dentro da própria ciência que não é possível saber. Reparem. Podemos dizer-vos qual é a importância disto.
Agora, imaginem... que eu ando à procura disto. Se eu souber de certeza que isto já desapareceu e que não está na minha casa, é muito importante para mim saber que isto não está na minha casa, porque senão estou a perder e ando à procura disto na minha casa.
Portanto, a impossibilidade de eu vir a encontrar isto na minha casa é muito importante eu saber que é impossível. E, portanto, a definição da impossibilidade não é um fenómeno de capitulação. Não é um fenómeno de ser pequeno e não ser capaz.
É um fenómeno muito poderoso de saber o que é que nós temos capacidade de perceber e não temos capacidade de perceber para não andar a perder tempo. E nós temos, dentro das várias áreas da ciência, exatamente isso. Nós temos na matemática vários teoremas que são teoremas da minha impossibilidade.
São teoremas que nós sabemos que certo tipo de equações... de um certo grau, nós não conseguimos resolver explicitamente. Pronto. O que isso quer dizer também não interessa. Não conseguimos, não é possível.
Certas é, mas outras não é. Pronto. É um teorema que está provado que é impossível encontrar isto. Portanto, isto é uma medida de ignorância? Não.
Isto é uma medida muito poderosa do que nós sabemos que não conseguimos fazer. Na parte da física teórica, que é o caso mais óbvio de tudo isto, o... O grande poder que é trazido na compreensão do que nos rodeia pela teoria da incerteza fundamental de Heidelberg.
O que é que é esta ideia? A ideia é de que nós, para medirmos um fenómeno, temos que ter um instrumento para o medir. Mas, para ser capaz de usar um instrumento para medir um fenómeno, nós temos que ter um instrumento que não afeta o fenómeno, porque se o instrumento afeta o fenómeno, então nós não conseguimos medir o fenómeno, porque há uma interação entre o instrumento e o fenómeno. E isto, do ponto de vista quântico, é um conceito fundamental, que é nós não conseguimos determinar ao mesmo tempo a velocidade e a localização de uma partícula, de uma partícula quântica, nós não conseguimos.
Porquê? Porque o ato de medir onde essa partícula está afeta a partícula de tal maneira que a partícula mudou de posição. E, portanto, eu posso saber qual é a posição da partícula naquele momento, mas não sei qual é a velocidade.
Ou então eu posso medir a velocidade, mas não sei qual é... O ato de medir afeta o que está a ser medido. Isto é uma coisa poderosíssima, esta ideia. Uma ideia poderosíssima.
O quê? Porque, claro, quando nós não dimos qualquer coisa, o que é que estamos a fazer? Estamos a incidir uma luz sobre isso, não é?
E ao incidir uma luz sobre qualquer coisa, se a coisa é muito, muito minúscula, mudou-se a velocidade dessa coisa, mudou-se a direção dessa coisa. É claro, se a luz for a incidir em mim, não muda a minha direção. Ok. Não muda, não é? Porque eu não sou microscópico.
Também não sou assim mutual, mas também não sou assim tão baixo. Mas agora ao nível microscópico é assim. E portanto, esta ideia do teorema da incerteza é das coisas mais poderosas que nós temos na ciência hoje em dia e permite-nos fazer imensas coisas, desde a computação quântica até, indo outra vez à questão dos GPS e tudo.
Ou seja, o facto de nós dizermos que há certas coisas na Torá, certas coisas em relação ao divino que nós não conseguimos saber, é uma fonte de importância enorme, porque permite-nos não estar a perder tempo com coisas que nós não conseguimos entender. Isto não é obscurantismo. Isto é não ser estúpido.
E não perder tempo, não é? Portanto, nós percebemos que estamos a lidar com o infinito. Há coisas que nós não conseguimos perceber e nunca iremos perceber.
E esta constatação, que é uma constatação que em teologia judeca é muito antiga, que há coisas em relação ao divino que nós não conseguimos conhecer, voltando o ciclo a dizer que é por isso também que a Torá começa com a letra Bet, que é já a segunda letra, não é a primeira. E a ideia de que há algo que não nos é possível conhecer é uma ideia muito poderosa, da mesma maneira que são estas ideias poderosas de impossibilidades de conhecimento nas ciências. E, portanto, quem vier a acusar, a dizer que a Tora há, mas vocês são uma camada de obscurantistas que estão a deitar fora a questão, dizer que não conseguem fazer e, portanto, deitam fora a questão.
Nós deitamos fora a questão tanto quanto na ciência se deita, não é? Fora a questão. É a mesma coisa. Ana, Ana Rios, diga. Eu tinha uma certeza, mas agora eu estou com dúvida na minha certeza.
Deixa eu ver, você tem a certeza que tem dúvida? Agora é. Antes eu tinha certeza de um ponto. É muito mais de igual. É assim, Rabi.
Bom, eu nunca tinha estudado... A Torá é bem recente para mim, mas eu também não tinha estudado antes a Bíblia, como chamam o Antigo Testamento. Então, na época do Covid que eu comecei a estudar, já foi com a Torá.
com a visão judaica, eu me sinto privilegiada por isso, porque eu não precisei limpar a casa para botar coisa nova, eu só precisei preencher, acho que é um privilégio. Mas aí eu fui estudando e aprofundando e entendi a questão das sefirotes, que é como a gente se relaciona com o divino. E aí, com base nisso, em relação ao livro de Bereshit, para mim era muito claro, e essa era a minha certeza, que o livro de Bereshit não está... falando da criação do universo, do planeta Terra.
O livro de Bereshit, assim como toda a Torá, está falando da nossa conexão com o divino. O divino que a gente nem sabe como é. Assim, as minhas conclusões. Então, para mim, nunca teve sentido usar a Torá para explicar isso e comparar ou questionar a Torá com a ciência. Mas agora, a minha dúvida é Será que eu posso afirmar que o livro de Berestites não está associado?
Eu não sei se falar isso é um erro, entende? Para mim não está associado. Repare, eu acho que há aqui vários níveis de resposta, como sempre. O nível de resposta mais importante, o nível que nós estamos a falar aqui, é a descrição da criação.
que está na Torá, independentemente de ser completamente rigorosa do ponto de vista científico ou não, é a razão pela qual está ali, é uma razão teológica, não é uma razão científica, não é um livro de história. Ou seja, a pergunta que nós temos que fazer não é o que é que a narrativa bíblica nos diz. Não.
é o que é que a narrativa bíblica nos ensina quais são as lições que nós aprendemos dali o que é que aquilo nos está a dizer em termos do nosso comportamento de a mesma maneira que nós quando olhamos para o manual do nosso carro nós não queremos saber a história do carro quem pode nos dizer que aquele modelo foi desenvolvido no ano mas não é isso que é fundamental o que é fundamental é como é que nós lidamos com o carro e portanto isto obviamente Isto não significa que eu vá dizer Ah, mas então se calhar o manual do carro Aquelas coisas que me dizem em relação à origem do carro Não é bem verdadeiro Mas não é esse o ponto Não é esse o meu objetivo ao olhar para E portanto, se você quiser acreditar Quem quiser acreditar Literalmente nas coisas que acredita Quem não quiser acreditar não acredita É irrelevante para mim O que é relevante é Aquelas coisas que estão ali Estão ali com um objetivo de nos ensinar E... o nosso comportamento, ensinar as nossas pronto, nos ensinar como nos comportarmos é o manual da nossa vida e portanto, a grande questão que eu tenho que perguntar a mim próprio é porque é que como dissemos há pouco, o que é que nós aprendemos com a ideia da Torá a começar com a criação se calhar o Rashi diz que é para se algum dia nos vierem dizer que nós roubamos a terra de Israel dizemos que é o Criador portanto, está a ver, é esse tipo de questões que nós temos que temos que responder. A minha questão, por exemplo, a gente pode dizer assim, ah, mas então isto quer dizer que o ser humano foi criado mesmo no sexto dia?
a questão não é essa, a questão para mim é o que é que significa que o ser humano foi criado no sexto dia depois de todos os outros todas as outras coisas foram criadas o que é que significa que Deus diz para as outras coisas todas que criou e que achou que era bom e o ser humano foi criado e não disse que era bom essas são as questões que me interessam e portanto são as questões que São as razões pelas quais a narrativa está da maneira que está. Enfim, sumarizando a coisa. Basicamente, o que você se referia é a razão pela qual a criação está ali na Torá não é para nos dar informação científica.
Não é para nos dar informação histórica. É para nos dar informação teológica. é para nos dar informação comportamental e portanto nesse sentido eu penso que enfim, independentemente da maneira como você estava a frasear a coisa, estava a pensar no caminho certo penso eu mas é mas olha, mas olha um privilégio muito grande você nunca ter apanhado ninguém que lhe dizia que aquilo era uma estupidez enorme, não tinha nada a ver com a ciência é a ciência que prova que aquilo está tudo errado isso é uma coisa muito comum hoje em dia sobretudo quando estamos a falar de pessoas que que estão a começar a aprender jovens que estão a começar a aprender e que pensam que já sabem tudo mas enfim, todos nós passamos por essa fase e eu tenho muito gosto em dizer que já cheguei à idade em que eu já percebi que não sei tudo mas durante muito tempo se calhar também, me cansava que sabia Muito bem, diga, Francisco. Ok, agora já me está a ouvir.
Muito obrigado por esta enorme missão. Queria só fazer uma pergunta. Eu ouvi relativamente à palavra Elohim, Bereshit Bará Elohim. Em que Elohim... Será já um plural?
Quer dizer, o que eu ouvi dizer é que Elohim era uma espécie de origem pagã de múltiplos deuses e que depois se transformou num deus único e que esse é fundamental e que aí no Elohim seria ainda a propensão de um texto onde apareciam a propensão pluralidade de vários dedos não sei se é assim eu não sei quando é que vai ser mas um dos próximos vídeos que vai sair no nosso youtube channel no nosso canal do youtube é exatamente sobre isso sobre exatamente a pergunta que você está a fazer Se vai sair na semana que vem ou se vai sair até... Eu tenho para aí talvez um grupo de 14 ou 15 vídeos prontos que estão... Mas quem me está a fazer o calendarização é o Vítor Nunes, o nosso grande engenheiro de software da Inglanda, que é engenheiro do Pinterest.
E, portanto, eu, desde que tenho alguém aqui no meu grupo que é um engenheiro do Pinterest, a minha mulher começou a ter uma consideração por mim muito maior. alguém depende do trust é assim uma coisa mas eu não sei quando é que vai sair esse vídeo mas lida com isso repare essa pergunta é uma pergunta obviamente legítima como todas as perguntas são legítimas mas é uma pergunta que está baseada numa série de falácias, digamos assim, porque, repara, qualquer pessoa que saiba gramática, por um lado, conhece a noção do plural magistático. É uma noção perfeitamente... portanto, não é preciso ir por aí. Por outro lado, o facto de uma palavra parecer ser plural, isto é, em português, nem todas as palavras que acabam em S são plural.
Quer dizer, agora não me estou a lembrar de nenhuma, mas é... Témis. Témis. Não é plural.
Há muitas palavras assim que cabem um S e, portanto, não é óbvio que tudo em que acaba em im que seja plural. Quer dizer, do ponto de vista gramatical não é assim. Portanto, vai essa falácia. O facto de Elohim não ser plural consegue-se ver perfeitamente ao ler o hebraico.
Porquê? Porque diz que, no princípio, ok? Se o eloquim, que é o substantivo, fosse plural, o verbo tinha que ser plural também. É, sim, sim, sim.
Mas não é. O verbo é singular. E, portanto, como digo, a pergunta, à primeira vista, parece, e como digo, não estou a dizer que não, é uma pergunta muito boa.
Mas é uma pergunta que é feita... Vamos dizer assim, se a pergunta é feita como você a fez, é uma pergunta excelente. É uma pergunta que você quer perceber qual é a história aqui. Na maior parte dos casos, esta pergunta é feita como uma arma de arremesso. E então, se é uma arma de arremesso, eu ir respondo também a matar para essa expressão, a dizer que é cheio de falácias.
Quer dizer, só quem é completamente ignorante é que pode fazer esta pergunta. Está a ver? Ora bem... E, portanto, isto é uma ilustração muito interessante também, não só da resposta à sua pergunta diretamente, e portanto depois eu tenho 10 minutos de dissertação sobre isso, mas sobre uma questão fundamental que nós temos falado muitas vezes e queremos falar um pouco mais, que é o quão importante é fazer perguntas na nossa tradição. É fundamental fazer perguntas, porque nós, se não fizermos perguntas, continuamos ignorantes das coisas.
E... Portanto, fazer pergunta não tem problema. Há perguntas que não se podem fazer?
A resposta é não. Todas as perguntas se podem fazer. O que determina se uma pergunta se pode fazer ou não, não é a pergunta. É a intenção da pergunta. Está a ver?
Se a intenção da pergunta é clarificar as coisas, é perceber as coisas, é aumentar o nosso conhecimento de uma maneira harmoniosa, ou seja... nós estamos a ter um debate político para resolver um problema, excelente. Se o objetivo é provar que eu sou estúpido, essa pergunta não é boa.
E, portanto, a mesma pergunta, não há nada, não há o conceito de pergunta errada, não existe uma pergunta má, não existe. Qualquer perguntas são boas. No contexto do nosso grupo não há nenhuma pergunta que não seja aceitável, porque o parto do princípio é axiomático.
O que nós queremos é aprender todos e saber o que é que é. E portanto isto tem a propósito de dizer que quanto mais perguntas difíceis fizerem, melhor. O pior que pode acontecer é que eu não sei a resposta.
E como eu costumo dizer, o facto de eu não saber a resposta não significa que não dê resposta. Enfim, é uma das grandes habilidades que nós desenvolvemos ao ensinar durante muitos anos é que conseguimos falar mesmo sem saber o que é que estamos a dizer. Enfim, já estou a fazer brincadeira. Mas é assim, eu se tiver esse vídeo, se eu conseguir encontrar, eu mando, ponho no nosso canal e vocês já podem ver agora mais. Mas tem uma série de questões interessantes, incluindo essa.
Muito bem, são cinco horas. Ah, o Manuel Cardoso, desculpe, você tinha aí o vaso levantado. Manuel.
A minha pergunta é a seguinte, é relativamente ao que os sábios falam. de que anterior ao nosso mundo já existiram vários mundos, ok? A Kabbalah aborda muito esse assunto. A minha pergunta é quais as evidências? Porque é uma questão que eu acho muito intrigante, tanto que os rabinos falam até que nós temos que fazer a correção do mundo, que há coisas dos antigos mundos que são recuperadas através das mitos de voto, daí nós fazemos, cumprimos...
fazemos o ticunolame, não é? Do mundo. Exatamente o que está relacionado a estes mundos passados que eventualmente existiram, não é? A questão dos mundos passados, e isso, na verdade, é uma questão também muito interessante, porque está muito ligada a outras questões que têm a ver com o passado. Por exemplo, a questão da reencarnação.
Por exemplo, como é que se lida com esse tipo de coisas. O ponto fundamental é que toda a informação, vamos pensar em termos de informação, transmissão de informação, Toda a informação que é relevante para nós está cometida na criação do nosso mundo. Portanto, toda a informação que é relevante está, faz parte do Big Bang em relação ao qual nós fomos criados.
E, portanto, todas as fagulhas que nós temos que redimir, todas essas, tudo isso, não são coisas que nós temos que ir buscar aos mundos anteriores, são coisas que transitaram, digamos, do ponto de vista... místico, se quisermos, para o nosso mundo e que, portanto, agora estão manifestas aqui à nossa volta. Mais uma vez, o objetivo da Torá e do misticismo judaico não é dar-nos, explicar-nos o mecanismo que leva à existência de vários mundos. Portanto, nós podemos pensar, como digo, hoje em dia, na teoria do multiverso como sendo uma teoria perfeitamente plausível. Portanto, temos uma expansão e depois uma contração.
portanto temos, digamos, um Big Bang mas depois temos uma contração extrema temos uma singularidade de expansão e temos depois uma singularidade de contração que depois se transforma numa outra expansão portanto isso, enfim não tenho nada a dizer, não sei agora, o que é que significa a viver em vários mundos até este? significa que a intensidade do divino, se quisermos A intensidade do infinito é, pelo menos a priori, incompatível com a existência do finito. Vamos explicar a coisa assim. Se o infinito ocupa tudo, não há espaço para mais nada. Portanto, as emanações têm que ser de alguma maneira contraídas, têm que ser controladas, para permitir a existência de outras coisas.
de entidades físicas e materiais. E o conceito que é usado aqui é o conceito da quebra dos vasos, a quebra dos vasos, de Svirat Kailin, que é a ideia de que a luz do divino era tão poderosa nesta primeira criação que o vaso em que essa luz veio não era suficientemente forte para conseguir aceitar essa luz. E, portanto, o vaso quebrou. Pôs-se de outra maneira. a intensidade do divino era excessiva em relação à nossa capacidade de a receber.
E portanto houve várias iterações até que finalmente se chegou a um balanço em que nós conseguimos já receber a luz usando mais uma vez a analogia é quase como se estivéssemos a dizer vamos fazer o planeta Terra perto do Sol, onde está o Mercúrio. Não funciona, não é? Vamos vir um bocadinho mais próximos.
E agora aqui é que funciona está a uma distância ideal do Sol porque os raios solares permitem o desenvolvimento sem queimarem. Se vamos muito mais longe, depois também já não fazem nada de bom. Portanto, é essa a noção.
Mas isto está-nos tudo a chamar a atenção para o facto de que a bondade divina pode ser tão grande, a intensidade divina pode ser tão grande que é impossível para nós termos a capacidade de lidar com isso. E isto não é, isto obviamente, estou a falar isto de uma maneira muito conceptual, muito geral, mas também é uma questão muito prática. Porque se nós quisermos traduzir esta ideia no dia-a-dia para nós, o que isto significa é uma coisa tão simples como dizer que existe algo como amor em excesso.
Existe algo como amor em excesso. Pode haver bondade em excesso. Ok?
Porquê? Porque a bondade pode ser tão grande que quem vai receber essa bondade não tem capacidade de a receber. Não deixa de ser bondade. Mas o problema é que é amor demais para a capacidade de quem o vai receber. É a grande lição que tiramos disto.
E aliás, que é uma lição que eu penso que seria extremamente importante para todos nós entendermos, porque como dizia o outro, o grande sábio não um judaico, mas um grande sábio que dizia que all we need is love pois, all we need is love mas dentro das próprias medidas porque se nós não conseguimos receber aquele amor não é? eu posso chegar a casa do trabalho e estar cheio de amor e querer dar abraços e beijos à minha mulher e acontece que ela não está virada para ali quer dizer, o facto de eu ter uma abundância de amor não significa que a pessoa quer têm a capacidade de receber. E, portanto, é um conceito que é muito importante, que eu fui ao campo. é o corolário de toda esta ideia de que os mundos não tinham capacidade de saber havia uma falta de equilíbrio, se quisermos entre os Orot e o Keilim entre a luz e o veículo onde a luz era posta, o vessel como é que é o vaso, o conteúdo portanto havia uma estamos a pôr, usando a gíria lisboeta estamos a tentar pôr o Rossio na Rua da Betesga temos a pôr uma coisa muito grande num sítio muito pequeno é a ideia assim ok eu acho que não vou dizer se querem fazer mais perguntas porque senão ficamos aqui até até mais um novo mundo começar digamos assim ok, muito bem, muito obrigado a todos muito obrigado Perguntas que tenham, não deixem de fazer através dos nossos diferentes grupos ou diretamente para mim.
E daqui a um par de horas já terei pronta a gravação para todos vermos. Está bom? Muito bem. Muito obrigado a todos. E, como eu sempre digo, até à próxima, se não for antes.