Sócrates é uma das figuras mais célebres e conhecidas da nossa história. Foi um dos mais notáveis pensadores já existentes, e seu legado filosófico permanece sendo amplamente pesquisado, estudado e debatido em todo o mundo. Porém, apesar de ter se tornado uma personalidade tão conhecida, Sócrates não fundou nenhuma escola. Assim como nada escreveu através de seus próprios punhos, e aquilo que sabemos a respeito de sua trajetória de vida e de sua filosofia. chegou até nós por intermédio de outros autores, dentre os quais existem três que costumam ser apontados como os principais representantes, Platão, Aristófanes e Xenofonte, sendo o primeiro deles certamente o mais conhecido, já que foi pupilo de Sócrates e acabou por também se tornar um filósofo muito importante e cuja herança filosófica, assim como a de seu mestre, também é de enorme valor.
Esses três autores retrataram Sócrates de formas diferentes. Platão, que viveu de 428 a 348 a.C., e Xenofonte, que viveu de 430 a.C. até 355 a.C., mostraram ser grandes admiradores de Sócrates, diferentemente do dramaturgo grego Aristófanes, que apresentou uma visão menos favorável a respeito do filósofo ateniense.
Aristófanes faz uma abordagem sobre Sócrates numa comédia datada de 423 a.C., intitulada As Nuvens, na qual o pensador grego é ridicularizado e chamado de falso sábio, além de ser visto como um corruptor da juventude e ser acusado de desrespeitar os deuses através de sua filosofia. Além disso, Aristófanes apresenta Sócrates como se ele fosse um sofista. Contudo, não podemos nos esquecer de que esse dramaturgo escreveu algumas das mais célebres comédias da antiguidade.
E por isso, precisamos relevar essa maneira caricata que ele usou para descrever o filósofo. De qualquer forma, embora não saibamos exatamente quais eram suas intenções, seus escritos são muito importantes para que possamos conhecer a vida do grande filósofo grego. Porém, apesar dessa caracterização desfavorável de Sócrates feita por Aristófanes, ele também fez registros que se assemelham muito aos que foram feitos por Xenofonte e Platão. Ele cita, por exemplo, o uso da dialética como uma ferramenta comunicativa usada por Sócrates.
Menciona também o tão conhecido método socrático, através do qual o filósofo interrogava seus interlocutores. Na peça As Nuvens, estão presentes algumas curiosas e significativas características biográficas de Sócrates, que é descrito como um indivíduo simples e pobre que tinha o hábito de caminhar descalço e que morava numa casa muito humilde. Aliás, a humildade de Sócrates foi um dos principais marcos de sua vida e foi também citada em outras fontes.
Em Ditos e Feitos Memoráveis de Sócrates, por exemplo, Xenofonte escreveu que ele Não possui escravos, seus alimentos e suas bebidas não são requintados, suas vestes se resumem a um manto grosseiro, tanto no verão como no inverno. Não possui calçados ou túnica. Além desses três autores, há outros muito importantes que fizeram menções a respeito de Sócrates.
Tal como é o caso de Diógenes Laércio, de Cícero, além de Aulótipo, e é claro, Aristóteles, que foi um outro brilhante filósofo grego. Considerando o relato conjunto desses escritores e pesquisadores, foi possível construir um panorama da trajetória de vida e filosofia de Sócrates. Sócrates nasceu na cidade de Atenas, em 469 a.C.
Seu pai se chamava Sofróniscos e trabalhava como escultor. Sua mãe era uma parteira chamada Fenáret. Há algumas pinturas, afrescos e esculturas que nos ajudam a ter uma ideia. ideia de como o filósofo era fisicamente, e ao que parece, a beleza não era o seu forte. Porém, esse detalhe é simplesmente insignificante diante da maestria de seu pensamento e da grandeza de seu legado filosófico.
Seja como for, ele foi suficientemente atraente ao coração de Shantipa, com quem foi casado e com quem teve um filho chamado Lamprocles. Posteriormente, segundo consta em algumas fontes, teria tido outros dois filhos com uma outra esposa. Ele era um sujeito avesso ao luxo, vestindo-se de forma simples e despojada, levando a vida de uma maneira muito modesta, sem demonstrar importância aos bens materiais.
Essas características acabaram por se tornar um marco a seu respeito. Seu comportamento, por vezes, era bem peculiar e chamava a atenção de alguns contemporâneos. pois em certas ocasiões ficava parado e meditativo, permanecendo assim. disperso por bastante tempo.
Era como se o filósofo não notasse e nem sentisse mais nada ao seu redor, e apenas se concentrasse em contemplar seus pensamentos. Platão, em um de seus diálogos, chamado O Banquete, narrou alguns desses traços característicos do filósofo. Escreveu, por exemplo, que Sócrates era resistente a temperaturas baixas, e em ocasiões que tantos outros se protegiam de geadas, o filósofo era capaz de enfrentá-las ao ar livre, vestindo somente uma manta. Além disso, andava descalço no gelo e parecia nem ao menos sentir o frio debaixo de seus pés. Certa vez, na Potideia, em 432 a.C., teria incrivelmente passado 24 horas paralisado olhando para o horizonte e refletindo sobre alguma ideia.
Fato esse que impressionou os soldados que estavam acampados com o filósofo no local. Ainda na obra O Banquete, Platão também nos conta que o mestre era capaz de ingerir bebidas alcoólicas como nenhum outro homem, e mesmo assim, jamais foi visto embriagado. Durante um período de sua vida, Sócrates tentou seguir o mesmo caminho profissional de seu pai, mas não prosperou como escultor. Durante a juventude, chegou a prestar serviço militar e atuou na Guerra do Peloponeso, que foi um conflito entre as cidades de Atenas e Esparta. ocorrido de 431 a 404 a.C.
Nesse feito houve bastante destaque e reconhecimento por seu heroísmo. Mas, como hoje sabemos, seu destino era outro, a filosofia. Um dos grandes marcos da filosofia socrática é a frase Só sei que nada sei, que se tornou muito conhecida.
Através de um diálogo platônico, o próprio Sócrates contou a origem dessa tão famosa sentença. De acordo com ele, em certa ocasião, Querofonte, um amigo de infância, foi ao respeitado Oráculo de Delfos, um local considerado sagrado para os gregos, no qual as pessoas consultavam seus destinos com as pitonisas, as profetisas que entravam num estado alterado de consciência e por intermédio do deus Apolo, ao qual o ambiente era dedicado, forneciam respostas para as pessoas que as procuravam. Nessa ida de Querofonte ao local, Ele perguntou se haveria no mundo um homem mais sábio do que Sócrates.
A resposta foi negativa. Sócrates era o mais sábio de todos. Quando Querofonte contou ao amigo sobre esse acontecido, o filósofo ficou muito intrigado, pois estava plenamente consciente de que nada sabia. Conforme cita Platão, ele questionava-se, que quererá dizer o Deus? E que sentido oculto pôs na resposta?
Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio. nem pouco. Que quererá ele então significar, declarando-me o mais sábio? Curioso e empenhado em desvendar as palavras do oráculo, decidiu procurar um conhecido seu que era político e considerava ser uma pessoa muito sábia.
Mas depois de dialogar com o sujeito, o filósofo de Atenas percebeu que, na verdade, o político não era tão sábio quanto pensava ser, pois não era capaz de reconhecer os limites de sua própria ignorância. E dessa forma Sócrates concluiu. Mais sábio do que esse homem eu sou. É bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom.
Mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe. Enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Posteriormente, Sócrates consultou também outros políticos. Além de conversar com poetas e artesãos que eram considerados sábios.
Contudo, o contato com essas pessoas o levou à mesma conclusão que tivera com o primeiro homem com quem dialogou. A de que eles nada sabiam. embora pensassem saber algo.
Sócrates se tornou uma figura popularmente conhecida em Atenas, e um dos principais motivos para isso acontecer foi o método socrático, que consistia basicamente num processo investigativo, pelo qual o filósofo abordava determinados indivíduos, fossem eles ricos ou pobres, jovens ou idosos, em locais variados como ginásios, praças públicas, e banquetes e lhe faziam uma série de indagações a respeito de determinados assuntos, que muitas vezes pareciam simples e certos para esses interlocutores, mas que logo acabavam sendo vistos por eles como incertos. Conforme as pessoas abordadas forneciam as suas respostas a respeito de alguma questão feita, Sócrates aos poucos as desconstruía através de novos questionamentos. e mostrava a presença de equívocos e inconsistências nas respostas fornecidas.
Assim, muitas vezes os interlocutores percebiam que não conheciam aquilo que inicialmente julgavam conhecer. Ainda que surgissem tantas perguntas e se carecesse de resposta, através dessa autorreflexão, as pessoas passavam a se perguntar. a se conhecer melhor e ter uma nova perspectiva sobre o assunto em torno do qual elas e Sócrates dialogavam. O filósofo, dessa forma, usou sabiamente a dialética, que é a arte do discurso, como uma ferramenta linguística de busca pela verdade e que, como foi dito, ajudava muitas vezes as pessoas a perceberem que certos conceitos que eram aceitos como verdadeiros eram vistos como falsos.
E assim esses interlocutores acabavam reconhecendo sua ignorância. Sócrates comparava esse método com a profissão de sua mãe, que como foi citado no início do vídeo, era parteira. Ele entendia que essa sua prática filosófica ajudava no nascimento de novas ideias, sendo que essas ideias já se encontravam no interior das pessoas, e ele apenas ajudava a fazer com que elas nascessem, como se ele fosse uma espécie de obstetra. Esse parto que o o pensador realizava, inicialmente questionando seus concidadãos e mostrando contradições e equívocos de raciocínio, e posteriormente fazendo com que tais pessoas alterassem suas perspectivas sobre o que pensavam conhecer de maneira sólida, foi chamado de maieutica. Nesse ponto, é importante frisar que, conforme citado por Xenofonte, Sócrates jamais recebeu nenhum tipo de pagamento por seus ensinamentos.
diferente do que faziam os sofistas. Outro ponto interessante de sua filosofia é a questão da virtude, que era considerado o mais valioso de todos os bens. Sócrates acreditava que o homem que possuía conhecimento era virtuoso e não era capaz de praticar o mal, sendo que o mal, portanto, seria causado justamente por pessoas ignorantes que desconhecem o que é o bem e por isso haveria uma relação entre a moral e o conhecimento. Em outras palavras, sabendo o que é bem, não haveria razões para praticar o mal. Aos 60 anos, Sócrates foi acusado e condenado em Atenas.
Em Defesa de Sócrates, Platão nos conta como foram as alegações de seu mestre diante dos três acusadores, que se chamavam Anito, Meleto e Licão, e de outras pessoas que estavam presentes durante a condenação. Conforme Platão cita, Sócrates foi réu por corromper a mocidade e por não crer nos deuses em que o povo crê e sim em divindades novas. Xenofonte, que também retratou o processo de condenação e morte de Sócrates, ressalta em seu registro o quanto o filósofo ateniense se sentiu injustiçado.
Tanto Xenofonte quanto Platão mencionam a admirável tranquilidade de Sócrates diante da morte. Durante a ocasião de seu julgamento, Sócrates contou aos presentes que ele possuía uma missão divina, que começou no período de sua infância, quando costumava escutar uma voz em sua mente. Essa voz seria de seu daimon.
A essa palavra, daimon, historicamente já foram atribuídos significados diferentes. Mas no caso de Sócrates, era uma espécie de gênio ou de guia pessoal, que eventualmente se comunicava com o filósofo, dando a ele algumas sugestões sobre o que fazer. Sócrates, por fim, foi condenado à morte e obrigado a ingerir cicuta, que é um veneno muito forte.
No Fédon, Platão enaltece a admirável e inspiradora serenidade e coragem de seu mestre diante da morte. O homem me parecia estar feliz. Nos seus modos e em seu discurso, enfrentava a morte com destemor e nobreza. E no final dessa mesma obra, se refere a Sócrates como sendo o melhor... mais sábio e mais justo dos homens.
Sócrates foi um dos maiores filósofos que já existiram. A maioria dos escritores que o citam o retratam como um sujeito dotado de grande sabedoria. Sua herança filosófica é muito valiosa e influenciou vários outros pensadores que o sucederam.
Sócrates, dentre outras coisas, nos ensina a analisar melhor nossos pensamentos e ter uma perspectiva mais clara da realidade que nos cerca. Ao estudarmos, tendemos a perceber o quanto é importante mantermos sempre uma postura crítica diante do mundo e o quanto a humildade é preciosa em nossa jornada pela busca do conhecimento. Platão foi um ilustre filósofo grego, cujo grandioso pensamento nos foi apresentado através de seus vários escritos que sobreviveram até os dias atuais. Platão nasceu na cidade de Atenas, por volta de 427-428 a.C., e pertenceu a uma família nobre. Seu pai se chamava Aristão e sua mãe Perictione.
O filósofo teve dois irmãos, Adimanto e Glaucão, além de uma irmã chamada Potone. O pai de Platão, Aristeu, faleceu quando o pensador ainda era jovem, e após sua morte, Perictione se casou novamente, dessa vez com o próprio tio, que se chamava Pirilampo, e dessa união nasceu Antifonte. Poucos sabem, mas Platão, na verdade, era um apelido. O nome do famoso filósofo era Aristócles, mesmo nome de seu avô. Platão origina-se do grego Platon, e significa grande ou amplo.
Platão recebeu o apelido com o qual ficou conhecido de seu treinador de luta por conta de seu porte físico. Platão viveu durante um período politicamente turbulento para Atenas. Ele viveu durante a Guerra do Peloponeso, que foi um conflito entre Atenas e Esparta.
Também presenciou o período em que Atenas foi derrotada pela Sicília e passou por uma importante mudança política quando a democracia perdeu seu espaço para a oligarquia. Certamente essa fase de agitação serviu de influência para suas reflexões sobre ética e política. Platão recebeu uma boa educação ao longo de sua infância e juventude, e estudou assuntos bem diversificados como música, história, geometria, aritmética, entre outros. Ao longo de sua juventude se destacou nas práticas atléticas, em seus estudos filosóficos iniciais, através do contato com seu contemporâneo Crátilo, passou a se interessar pelo pré-socrático Heráclito de Éfeso e, posteriormente, também estudou os filósofos da Escola Eleática, dentre os quais Parmênides teve um destaque especial para Platão.
Quando tinha aproximadamente 20 anos, Platão se tornou um aluno notável do filósofo Sócrates. Sócrates tinha um comportamento peculiar aos seus contemporâneos, vestia-se de maneira despojada e frequentava diversos locais públicos. nos quais interrogava os mais diversos indivíduos. Platão se tornou o pupilo de Sócrates, e embora seu mestre nada tenha escrito, o fiel aprendiz registrou muitas informações a seu respeito.
De modo que hoje, muito do que conhecemos sobre a vida e obra de Sócrates advém das obras de seu aluno, Platão. Platão demonstrava ter interesse em seguir o rumo da política, mas quando seu admirado mestre Sócrates foi condenado e executado, ele se decepcionou profundamente com o governo local e começou a traçar outro rumo para sua vida. Após a morte de Sócrates, Platão saiu de sua cidade natal e se dirigiu para Mégara, uma cidade localizada a oeste de Atenas. Posteriormente, em 388 a.C., quando tinha cerca de 40 anos, passou um período na Itália onde buscou contato com os Pitagóricos, que eram seguidores da filosofia fundada pelo Pai.
pré-socrático Pitágoras de Samos. Por volta do mesmo período também teria ido para Sirene, que corresponde à atual Líbia, e para o Egito, sendo que esse país foi particularmente importante, uma vez que lá Platão teria travado o contato e adquirido conhecimento com magos e profetas locais. Porém, os registros são incertos sobre a visita do filósofo a esses dois lugares.
Quando estava na Itália, em certa ocasião, Platão conheceu o tirano Dionísio I, que convidou o filósofo para conhecer Siracusa, na Sicília, e que desejava que o pensador ateniense se tornasse seu conselheiro. Certamente, Platão esperava de alguma maneira expor e influenciar o governante com sua filosofia política, mas a relação entre os dois logo ficou conturbada e surgiram alguns desentendimentos e incômodos entre ambos. Dionísio I ficou tão irritado habitado compensador grego que o vendeu como escravo para um espartano de Égina, ilha que se localizava nas proximidades de Atenas. No entanto, Platão conseguiu escapar daquela situação por intermédio de Anissérides de Cyrene e voltou para Atenas.
Durante essa conturbada passagem pela Itália, Platão formou laços de amizade com o filósofo grego Dion, parente de Dionísio I. O retorno de Platão dessa primeira viagem que empreendeu a Sicília foi particularmente importante. Com então cerca de 40 anos, ele fundou nas proximidades de Atenas a sua própria igreja. na escola filosófica, chamada de Academia. Esse nome, Academia, provém de Academos, que foi um importante herói ateniense. O local estava associado com o culto às musas, entidades ligadas ao deus Apolo, que foi uma das principais e mais cultuadas divindades da Grécia Antiga.
Platão, pelo que sabemos, não cobrava nada daqueles que frequentavam o local. Outro fato importante é que há relatos de que ao menos duas mulheres participaram. param das reuniões dessa escola filosófica.
Platão, em seus escritos, explorou diferentes áreas de investigações filosóficas, como, por exemplo, a epistemologia, a política, a metafísica, a ética e a estética. Dentre muitos aspectos que compõem sua filosofia, os mais importantes e também mais conhecidos são o mundo das ideias e mito da caverna. O mundo das ideias é um dos pilares da filosofia platônica. tônica. Esse tema não aparece somente num único livro, mas vários de seus textos.
Sendo que o plano chamado por ele de mundo das ideias é caracterizado por ser imutável, eterno e estável. Já o mundo sensível, que é aquele que aprendemos através de nossos sentidos, é caracterizado pela mutabilidade das coisas. E seria o mundo das aparências, das cópias imperfeitas daquilo que, por sua vez, se encontra no mundo das ideias, no qual estão as essências, as verdades em si mesmas. Isso significa que no mundo das ideias as coisas são o em si, são absolutas, enquanto no segundo plano, ou seja, no mundo sensível, as coisas apenas existem de maneira aparente, pois suas causas primeiras, como dito, estão no mundo das ideias.
Aquilo que há na dimensão dos sentidos é uma cópia do que pertence ao mundo das ideias. Portanto, a verdadeira causa das coisas no mundo sensível é precisamente suprassensível. Em outras palavras, aquilo que há no mundo no qual vivemos é uma sombra do que habita o mundo das ideias. Para ilustrar esse pensamento, Platão escreveu aquilo que se tornou conhecido como mito ou alegoria da caverna. Imagine uma caverna na qual se encontram vários prisioneiros.
que desde seu nascimento estão acorrentados no local e virados apenas para uma única direção, vendo sombras projetadas por objetos atrás delas, iluminados por uma fogueira. Eles acreditam que essas sombras são a realidade. Quando um prisioneiro se liberta e sai da caverna, ele inicialmente se deslumbra com a luz do sol e a verdadeira realidade, mas eventualmente compreende e aceita esta nova perspectiva.
Ele percebeu que as sombras que via antes não eram as coisas em si mesmas. O homem retorna para a caverna para compartilhar o que descobriu, mas os outros prisioneiros zombaram dele e simplesmente não acreditaram em nenhuma de suas palavras. Eles permanecem lá, iludidos, acreditando que as sombras eram a verdade em si mesma, sem saber que as coisas em si não estavam naquele local.
Nessa metáfora, o mundo sensível é a caverna. E o mundo das ideias, ou seja, a realidade mesma, a causa daquilo que faz parte do mundo dos sentidos, é o que existe no exterior da caverna. Essa alegoria também pode ser interpretada e compreendida de maneiras diferentes, se relacionando inclusive com outras faces da filosofia platônica, tal como a agnosiologia, a ética e até mesmo a política.
Em que pese importantes, o mundo das ideias e mito da caverna são apenas apenas uma parte da extensa e complexa obra de Platão, que aborda estudos sobre estética, moral, reflexões sobre o amor e vários outros assuntos. Em 367 a.C., Platão retorna à Sicília. Nessa ocasião, tentou se aproximar de Dionísio II, que estava no poder sucedendo o pai. Platão foi até lá porque, aparentemente, o tirano Dionísio II havia desenvolvido o gosto pela filosofia e queria estudar com o filósofo. Mas assim como aconteceu anos antes, a passagem de Platão pela Sicília foi frustrante, e seu encontro com o teimoso Dionísio II não foi nada frutífero, logo surgindo desavenças entre ambos.
Mas este não era o fim da passagem de Platão na Sicília. No ano de 361 a.C., o pensador grego se dirigiu mais uma vez para essa cidade, dessa vez acompanhado de seus dois alunos, chamados Xenócrates e Espélsipo. Porém, novamente surgiram desavenças, e dessa vez o filósofo quase perdeu a vida ao tentar uma aproximação com o autoritário Dionísio II, cujo comportamento básico e que não era o mesmo que o filósofo. Árbaro permanecia do mesmo jeito de antes.
Nessa época, seu amigo Dion acabou tomando o poder, mas foi assassinado em 353 a.C. Em 360 a.C., Platão voltou para a cidade de Atenas e lá permaneceu em atividade até o momento de sua morte. Platão faleceu em aproximadamente 347 a.C., com cerca de 80 anos e aparentemente foi enterrado no terreno ou nas proximidades de sua escola filosófica.
A Academia de Platão foi destruída em 86 a.C. por Lúcio Cornélio Sula, um militar romano que nesse mesmo ano conquistou a cidade grega. Não apenas a academia foi destruída, mas vários outros ambientes da cidade também foram, como o Liceu, escola filosófica fundada por Aristóteles. Mesmo após a destruição da academia, a escola platônica continuou a ser ensinada, até que, em 529 d.C., foi fechada a mando de Justiniano, imperador romano. No século XX, o local da academia foi localizado e atualmente é um sítio arqueológico que pode ser visitado gratuitamente, recebendo diversos turistas.
O vasto legado filosófico de Platão influenciou outros renomados nomes da história da filosofia. Aristóteles foi um dos alunos da academia durante um período de quase 20 anos e recebeu enorme influência de Platão, que foi seu professor. Em 250 d.C., o grego Plotino inaugurou a chamada Escola Neoplatônica, dentro da qual passou a estudar e reinterpretar a filosofia de Platão, que assim foi retomada.
Além de Plotino, muitos outros pensadores como Santo Agostinho, Porfírio, Bergson e Arthur Schopenhauer foram influenciados pelas célebres obras de Platão, que foi certamente um dos maiores gênios da humanidade, e cujos livros permanecem sendo traduzidos em várias línguas e atraindo leitores e pesquisadores do mundo todo. Dentre suas obras de maior destaque se encontram A República, O Banquete, Fédon, Teéteto e Fédro. Até hoje, o nome de Platão é reconhecido mesmo por quem não conhece filosofia, e seus ensinamentos continuam a influenciar novas gerações de pensadores. Aristóteles é um dos grandes nomes da história da filosofia. Ao lado de Sócrates e Platão, se imortalizou como uma das figuras mais ilustres e importantes que já existiram.
Seu pensamento atravessou os tempos, chegando até... até nossos dias e mostrando todo o seu brilhantismo. Suas obras permanecem sendo frequentemente estudadas, debatidas e influentes.
Aristóteles, assim como seus antecessores Sócrates e Platão, foi um dos principais pensadores da história da filosofia. Porém, diferente dos dois, não era ateniense. Ele nasceu em aproximadamente 384 a.C.
na Estagira, localizada na... e que atualmente é uma cidade localizada na região de Calcídia. Seu pai se chamava Nicômaco e era um médico talentoso e conhecido que trabalhava para a família real da Macedônia. O famoso historiador Diógenes Laércio certa vez descreveu Aristóteles, dizendo que ele tinha uma fala sussurrada. Suas pernas eram muito finas e os olhos miúdos, mas se vestia com espalhafato e se penteava cuidadosamente.
Aristóteles teve uma condição financeira privilegiada. No período de sua infância e juventude, o filósofo de Estagira recebeu uma boa educação. E quando tinha entre 16 e 17 anos, foi enviado para a cidade de Atenas para estudar na academia com Platão, que nesse período já tinha cerca de 70 anos. Lá permaneceu e estudou durante quase 20 anos, saindo da cidade apenas após a morte de seu mestre, pois com o falecimento de Platão, quem herdou a academia foi seu sobrinho Espélsipo, que deu grande ênfase ao ensino da matemática, o que desagradava a Aristóteles. Aristóteles, apesar de ter sido discípulo de Platão, elaborou um pensamento filosófico que em vários aspectos difere daquele que foi sustentado por seu mestre.
Ele, aliás, foi bastante crítico em relação a certos aspectos da filosofia platônica. Essas divergências se expressam, por exemplo, na metafísica aristotélica. que se distanciou da que foi formulada pelo mestre da academia, baseada no mundo sensível e no mundo supra-sensível.
Outra particularidade está no especial interesse e atenção de Aristóteles para com as ciências empíricas, algo que não vemos nas obras de Platão e que, por outro lado, é veemente na totalidade do legado de Aristóteles. Aristóteles, que realizou pesquisas importantes sobre a natureza. O filósofo se dirigiu então para Atarneus, uma colônia grega da Ásia Menor.
Essa época foi particularmente importante na vida de Aristóteles, pois lá ele conheceu a sobrinha do rei Herméas de Atarneus, chamada Pityas, mulher com quem se casou e ao lado de quem, ao que consta, nutriu um relacionamento próspero. O filósofo certa vez escreveu que, após morrer, gostaria de ser enterrado junto com a amada. Em 348 a.C., viveu um período em Assos e, em seguida, se dirigiu para Mitilene, capital da ilha de Lesbos. A passagem de Aristóteles por essas localidades foi especialmente marcada pelos intensos estudos de biologia e pela cuidadosa observação da natureza.
Em Lesbos, estudou com ênfase a vida marinha, e em Assos chegou a abrir uma academia, na qual ministrou pesquisas na área da biologia. Um dos grandes marcos da obra aristotélica. é justamente seu pioneirismo no estudo detalhado e na classificação sistemática de certas espécies.
O filósofo teria dissecado alguns animais para estudá-los com mais atenção. Comparou e observou atentamente as formas de vida presentes na natureza, como nenhum antecessor fez. Suas colaborações nesse sentido foram tão importantes que, hoje em dia, é difícil e seria até mesmo injusto. Falarmos da história da ciência sem mencionar o célebre nome de Aristóteles.
Em 343 a.C., Aristóteles foi chamado para atuar na corte do rei Felipe II da Macedônia e lá ocupou o cargo de tutor do jovem Alexandre, de 13 anos, filho do rei, e que um dia se tornaria conhecido como Alexandre o Grande, uma das mais célebres figuras da nossa história. Plutarco nos conta que ao menos durante um determinado período período, o jovem Alexandre se afeiçoou ao filósofo tutor e teve muito respeito por ele, vendo-o como se fosse um verdadeiro pai. Aristóteles ensinou os diversos assuntos para o jovem herdeiro do trono macedônio, e as instruções do filósofo certamente foram muito importantes na trajetória de vida de Alexandre.
O filósofo permaneceu nesse cargo durante um período de três anos e, posteriormente, voltou para sua cidade natal, Estagira. onde viveu de 340 até 335 a.C., depois se mudando para Atenas, onde vive até 323 a.C. Em 335, Aristóteles fundou nos arredores de Atenas sua própria escola filosófica, que foi chamada de Liceu. Nome este que tem sua origem na palavra Liqueios, pois a escola estava localizada numa área dedicada a Apolo, Liqueios ou Lício.
Aristóteles teve muitos alunos e com eles discutia sobre diferentes áreas do conhecimento. Algumas notáveis personalidades estudaram com ele, tal como é o caso dos filósofos Aristóxeno de Tarento, Critolau, Estratão de Lâmpsaco e muitos outros. O liceu se tornou conhecido como Escola Peripatética, assim como seus frequentadores passaram a ser chamados de peripatéticos.
A palavra peripatético vem do grego e pode ser traduzida como passeio ou então como ambulante. Sua origem está no fato de que as aulas ministradas por Aristóteles aconteciam ao longo de caminhadas pelos jardins, durante as quais ele e seus companheiros faziam suas reflexões e debates filosóficos. Em 323 a.C., Alexandre o Grande faleceu.
Esse acontecimento despertou nos atenienses uma reação antimacedônica, e assim surgiram as acusações. contra Aristóteles, já que havia sido o tutor de Alexandre. O filósofo, então, por questões de segurança, optou por abandonar a cidade e migrou para Cálces, que se situa numa ilha grega chamada Eubéia. O próprio Aristóteles disse que saiu de Atenas para não deixar que errassem duas vezes contra a filosofia.
Se referindo claramente ao desfecho de Sócrates, outro notável filósofo grego cuja prática filosófica gerou a reprovação de alguns de seus contos. temporâneos que o acusaram, fazendo com que fosse condenado e morto. A descoberta arqueológica do Liceu é recente, datando de 1996. O local foi acidentalmente encontrado no centro de Atenas, logo atrás do parlamento grego, durante escavações que estavam sendo feitas visando a construção de um museu de arte moderna. A partir de 2009, o Liceu foi aberto para visitação pública. todos os dias e cobra uma pequena taxa de seus visitantes.
Ao estudarmos esse grande filósofo grego, nos deparamos com uma divisão de seus escritos, feita na antiguidade por alguns estudiosos e que considera que Aristóteles... produziu textos especialmente para serem lidos pelo público, que seriam os chamados textos esotéricos e também textos técnicos conhecidos como esotéricos, e que foram elaborados pelo filósofo para serem usados no liceu. Infelizmente, praticamente todos os conteúdos da primeira categoria se perderam ao longo do tempo, embora uma quantidade significativa de suas vastas produções tenha chegado até nós. Durante a Idade Média, houve um retorno dos estudos filosóficos para o aristotelismo, na chamada filosofia islâmica ou filosofia árabe. Um dos principais nomes da filosofia árabe e que também marcou todo o contexto da filosofia medieval foi Averroes, notável filósofo e médico muçulmano.
Ele foi um grande estudioso da filosofia de Aristóteles. E seus comentários a respeito das obras do pensador grego ajudaram a despertar o interesse pelo pensamento aristotélico na Idade Média. Podemos citar ainda Al-Ghazali e Avicenna, outras duas personalidades marcantes da filosofia árabe, que também se inspiraram nos estudos de Aristóteles. Além de toda a influência e visibilidade que a filosofia aristotélica teve ao longo dessa época, após esse período histórico, suas obras continuaram se fazendo presentes e inspirando grandes personalidades. Dentre as quais podemos mencionar dois homens ilustres, o polonês Nicolau Copérnico e o italiano Galileu Galilei.
Este último, aliás, discordou e contestou a física aristotélica. Além dessas duas personalidades consagradas, Darwin nos deixou as seguintes palavras. Lineu e Cuvier são meus deuses, embora em aspectos muito diferentes, mas eles foram meros alunos comparados com o velho Aristóteles.
Aristóteles aborda em seus escritos várias áreas de estudo, como a metafísica, a ética, a política, a lógica, a zoologia, a matemática, a arte, entre outras abordagens. De maneira geral, através de seus escritos e da vasta abrangência de temas, o filósofo acabou por contribuir com muitas áreas do conhecimento além da filosofia. No ano de 2016, durante o Congresso Mundial dos 2.400 Anos de Aristóteles, Um grupo de arqueólogos gregos disse que acreditava ter encontrado o túmulo de Aristóteles em Estagira, local em que o pensador nasceu. Embora não houvesse nenhuma prova categórica, os indícios eram muito fortes e a equipe demonstrava estar confiante na descoberta.
O local em que os arqueólogos disseram ter encontrado o túmulo possui descrições muito semelhantes a informações presentes em alguns documentos oficiais que mencionam o falecimento e o... enterro das cinzas de Aristóteles. O conjunto de evidências encontradas nas escavações eram enormes indícios de que realmente era lá que se encontrava o túmulo do pensador.
Mas ainda há controvérsia se este seria o local de descanso final do ilustre filósofo. Aristóteles foi um dos pensadores mais célebres do mundo, e sua herança filosófica ainda cativa e desperta a atenção de muitas pessoas. Aristóteles permanece sendo uma personalidade imensamente respeitada e cuja obra é de grande importância para a história da filosofia.