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Análise do conto 'Maria' de Evaristo

Olá, galera! Eu sou a professora Bruna Vilas Boas e venho hoje analisar o conto Maria de Conceição Evaristo. Bom, este conto está no livro Olhos d'Água. Ele tem 15 contos no total. Esse especificamente tem o nome da personagem principal. A maioria dos personagens que Conceição Evaristo aborda... São de sexualidade, no caso, são femininas, né? E não quer dizer que não tenham homens, porque às vezes ela aborda até a temática, né? Abordando ali o personagem masculino, desde que mendigo, e que tem ali um... sofre ali uma marginalização e um preconceito. Os poemas dela têm uma peculiaridade muito interessante, que é a questão da... ela é uma escritora pós-colonialista, né? Então ela escreve, aborda a questão do negro mesmo, do preconceito racial, também de gênero, por que não? E interessante porque quando a gente analisa as obras da nossa literatura brasileira, no caso, em grande maioria é homem, mesmo que o eulírico, os autores são homens, os personagens em grande maioria são homens. Galera, vamos lá então. Conceição Evaristo tem uma história muito bacana. Ela nasceu em Belo Horizonte e teve uma vida muito dura, né? Ela nasceu na favela ali, muito pobre, muito... Ela viveu na pele muitos preconceitos raciais, sociais, enfim. O interessante é que ela estudava, fazia ali o superior normal, né? A faculdade na época. E ela conciliava, né? Entre trabalho... como diarista doméstica, como doméstica, né, e estudava também. E aí ela mudou-se para o Rio de Janeiro e passou ali no concurso, para magistério ali, e começou a trabalhar ali como professora. E ela tem mestrado em literatura e doutorado também em literatura, ela é bem fraquinha, né, gente? Ela é uma escritora bem pós-colonial, é uma pessoa... que fala que as suas obras fazem parte da escrevivência dela, né? Ela fala de escrever e viver. Então é importante a gente saber isso. Vamos lá, né? Então, a obra diz respeito, então, a uma doméstica, né? Que estava ali, teve uma festa na casa da chefe, e ela pega uns restos de alimento. E, bom, o que a gente pode ver da obra, né? É que, primeiro... Ela foi escrita em terceira pessoa, só para analisar primeiramente, e também o narrador ali é onisciente. Uma peculiaridade da Conceição Evaristo é exatamente isso, né? Ela, por ter vivido na favela, por ela ter tido uma experiência, né, ser negra também, ela usa aí desse recurso, né, de usar a vivência dela e como são as temáticas dela. Fala sobre preconceito, tanto racial, de gênero, social também. Ela aborda a questão da mulher como um ser frágil. O espaço que acontece o conto não fala exatamente, a única coisa que se cita é a parada de ônibus, mas não se sabe ao certo em qual local. Uma curiosidade também sobre a Conceição. É que ela ganhou o prêmio Jabuti, cara, em 2015, na categoria de melhores contos e crônicas. Então, é o conto Maria, dessa empregada doméstica que tem três filhos e cuida dos filhos sozinha. E aí, os únicos personagens que aparecem nesse conto, na verdade, são o assaltante, o pai do primeiro filho, o assaltante que veio logo atrás, que estava lá atrás no ônibus, a galera, os linchadores. E o motorista. Então a gente consegue perceber Maria, assaltantes, linchadores e motorista como personagens deste conto. Então a gente pode dizer aí que aparece na sequência. Muito bacana isso também de ser pontuado. Aí, Maria, no conto Maria, a gente consegue perceber algumas xingações, a gente consegue perceber alguns recursos que ela utiliza, tipo a faca laser. Ela gostava muito de usar essa questão de neologismos, de utilizar a metalinguagem, né? Então ela usava, ela amava usar novas palavras que... Na verdade, assim, ela dizia, ela falava que gostava de inventar palavras... palavras e que sempre retomava a ancestralidade dela. Por quê? Porque ela disse que recupera o passado. Isso aqui são pesquisas que eu fiz e eu tô transmitindo pra vocês. Então, eu achei muito legal quando ela fala que pega esses trechos pra retomar, recuperar o passado, né? E aí, surgindo em novos significados. Também falei isso, também ela fala ali no conto, e eu perguntei no início, por que Maria? Alguém pode me dizer ou dar uma opinião, por que Maria? O nome Maria do conto, né? Quem nunca, né? Qual é a mulher que nunca passou por um momento em que ela se sente ali, né? Vulnerável. Então é isso que ela quis dizer. E até vi, assim, então a hashtag somos todos Maria, né? Achei muito legal isso também. Bom, nós temos que pensar, na primeira parte, esse conto ele possui duas partes, né? Duas peculiaridades, ponto. A primeira fala ali da descrição dela ali na casa da chefe, falando do pernil, dos ossos que ela recolheu, dos mil cruzeiros que ela ganhou, que ela ganhou da chefe dela, e que ela ficou muito feliz, e ela só pensava nos filhos ali. Um dos filhos estavam gripados, então ela pensou em comprar um xarope, um... alguma coisa de desentupir o nariz, né? E um Todd, achei muito incrível essa questão do Todd, né? E ela muito feliz e preocupada em saber se os meninos gostavam de melão. Achei isso também muito legal. Então, parte, essa primeira parte é a parte que ela fala da vida dela, né? Como doméstica ali e tal, num domingo. Fala que foi num domingo também, né? Ponto. O segundo, a segunda parte mesmo do... do conto, vai ali do assaltante, da parte do assalto. Então, aquele momento que é, como a gente sabe, o conto tem o começo, o enredo, o espaço, personagem e tempo, tem que ter o conflito e a solução do conflito. O conflito começou na hora do assalto, em que o assaltante leva tudo menos da Maria. Então, o que acontece, gente? Depois disso, começam os julgamentos. Então assim, da agressão verbal foi pra física Infelizmente aconteceu o pior, né? Ela foi linchada ali até a morte Pelas pessoas do ônibus ali Embora o motorista tivesse pedido pra ela não fazer nada Porque ela sempre tomava o ônibus, pegava o ônibus ali Bom, então ela fala ali, então Quando ela tenta se defender, não adianta Ela não tem direito de voz, gente Então os mecanismos que ela tem, todo de tudo ali, né? Foram silenciados, né? Por meio da tortura ali, da agressão física mesmo, né? Então, é isso. Conceição, então, ela é tão importante nesse processo, voltando pra autora, porque ela faz o quê? Ela tenta dar a voz exatamente a essas pessoas, né? Aos sujeitos do subúrbio, que são os subalternos ali. Ela tem... Por ela possuir essa postura pós-colonial, que é que a galera... intitula também a Conceição como pós-colonial, ela fala muito sobre essa questão da dominação, da condição da mulher negra, e a literatura dela é sem comentários, é fantástica. Temos aí, esse livro foi publicado em 2014, o segundo livro de contos dela, ela escreveu mais dois romances. E como é importante a gente salientar assim, ela sempre optava por personagens mulheres, a maioria, não posso falar sempre. Quando ela abordava a imagem ou o personagem masculino, ela fazia o quê? Esse homem, ele era ou era mendigo, ou era uma pessoa pobre ali, que também sofria preconceito. Então as temáticas dela vai da violência urbana... pobreza, miséria. Quem quiser anotar, eu falo mais devagar. As temáticas, então, de Conceição e Varisto, e também a gente consegue perceber na obra, no conto Maria, é violência urbana, a pobreza, a miséria, também o abandono. E aí o que ela faz? Qual a estratégia dela? Ela tenta romper o clássico. E coloca mais uma tradição real, uma tradição mais moral. O que acontece? Deixei aqui destacado que a matéria-prima literária dela é a vivência das mulheres negras, que também são repletas de reflexões. Seus textos são valorosos. Tem o retrato do cotidiano, a recuperação da ancestralidade. Então, ela é romancista, poeta e contista também. Ela trabalhou como professora na rede pública fluminense, que ela passou no concurso, né, que eu falei pra vocês, então, quando ela se mudou pro Rio de Janeiro. Ela tem um renome aí muito grande na literatura, né, afro-brasileira. E aqui a gente pode falar, né, de... Aqui, ó, foi tudo que eu falei, suas ideias ali da literatura, né. A primeira parte dela aí... Foi o que eu falei, né, do conto Maria, da análise lá na casa da patroa. Segundo, ela já fala sobre preconceito racial sofrido aí também. Vamos lá. É a temática urbana, a pobreza, que é a violência urbana, perdão, a pobreza, a miséria, a solidão, o abandono. Uma mulher que criava sozinha seus filhos, uma mãe solteira, vivendo nessas condições bem intensas, né? E aí, galerinha, gostaram? Espero que vocês tenham gostado da análise do conto e também da história, mais profundamente, da Conceição Evaristo. Então é isso, galerinha. Aproveitem já para se inscrever no meu canal, ative o sininho e vamos que vamos!