Nós vamos falar sobre a espiral do silêncio e a interferência que esta espiral do silêncio tem na formação da opinião pública. E eu vou começar narrando a obra da Elisabeth Noelle Neumann, este livro A Espiral do Silêncio, que a Elisabeth Escreve exatamente para narrar a sua hipótese da espiral do silêncio. Esse livro foi lançado originalmente em 1982 na Alemanha e teve grande impacto no desenvolvimento das pesquisas em comunicação e psicologia social no mundo inteiro. E hoje, é claro, ele ainda é um clássico.
A pesquisa feita por Elizabeth jamais deixou de ser atual e ainda hoje descreve muito bem o jogo político. Por isso que é muito importante nós pensarmos sobre essa teoria da espiral do silêncio, porque ela não é algo que está no passado, mas é algo que a gente ainda encontra muito no presente. A autora propõe um estudo da sua hipótese. hipótese da teoria da espiral do silêncio a partir de uma análise da relação entre os meios de comunicação de massa e o controle social.
Há muito tempo, pesquisadores têm percebido que a verdadeira opinião pública não é exatamente aquela apontada por pesquisas de opinião. Há componentes menos racionais que atuam na aprovação ou na desaprovação de comportamentos ou de ideias, de modo que os processos na influência da opinião pública baseados na pura racionalidade tendem a também ser falhos. A crença na opinião pública perfeitamente racional e informada faz parte de uma utopia democrática, o que deixa de lado o medo e a ameaça constantes do isolamento social presentes na sociedade. É fato que os efeitos das pesquisas de opinião costumam ter mais poder de determinar a opinião do que de mostrar a verdadeira realidade em uma sociedade. Isto também foi percebido pelo pesquisador Lazarsfeld.
Mas somente a hipótese de que a sociedade é uma sociedade de pessoas que não são pessoas, hipótese da teoria da espiral do silêncio que propõe uma investigação mais aproximada sobre a real natureza da opinião pública. Compreendê-la significa analisar os poderes sobre os quais estamos submetidos. O medo do isolamento social presente em algum nível em todos nós parece ser uma força essencial para a análise da realidade.
da psicologia social. Enfim, é a partir deste tema, com base neste livro da Elisabeth Noelle Neumann, que nós vamos então discorrer sobre a hipótese da espiral do silêncio na aula de hoje, tá? Para que a gente pense então nesta formação da opinião pública.
A espiral do silêncio é uma teoria ligada à ciência política e à ciência da comunicação e foi formulada em 1977 pela alemã Elisabeth Noelle Neumann e se tornou um paradigma da formação da opinião pública. A ideia central é que os indivíduos omitam a sua opinião quando conflitantes com uma opinião. dominante, devido ao medo do isolamento, também medo da crítica ou de serem de alguma forma ridicularizados. As pessoas analisam o ambiente ao seu redor e ao identificarem que pertencem a uma minoria, preferem calar-se. ao apresentar a sua ideia e entrarem, por exemplo, em um impasse.
Então vamos lá. Espiral do Silêncio é porque, a partir da teoria da Elizabeth, ela cita que as pessoas, ao sentirem medo do isolamento social, por pensarem de uma forma diferente da forma dominante, elas ficam caladas. E o silenciar é que leva a essa ideia de uma espiral do silêncio, que eu vou explicar melhor no decorrer de toda a aula de hoje também. Este comportamento gera, então, uma tendência progressiva ao silêncio.
E ela está graficamente representada desta forma. na forma de um espiral. Tal comportamento foi representado pelo formato de uma espiral ascendente, porque o indivíduo, ao não expor a sua ideia, automaticamente compactua com a maioria, de modo que outras pessoas que poderiam com ele concordar, também deixam de verbalizar as suas ideias, E assim sucessivamente. Ou seja, nós estamos falando de um comportamento.
Que alguém que pensa de forma diferente do pensamento dominante, fica calado com medo deste isolamento. E com isto, ao calar-se, ele não consegue provocar outras opiniões que são iguais às dele. Mas que todas elas estão de alguma forma escondidas, porque ninguém... Dá o primeiro passo para dizer uma nova visão, para narrar uma nova visão, para dizer uma nova ideia.
Então, o silenciar de todas essas pessoas é que levam a essa ideia da espiral do silêncio. Um se cala, o outro que pensava como ele não sabe, também se cala e assim sucessivamente. Quanto menor...
O grupo que assume abertamente a opinião diferente da dominante, maior o ônus social em expressá-la e muito mais difícil a tarefa de sustentá-la. Claro, porque eu não sei quem exatamente pensa como eu e quantas pessoas e qual é esse nível de distanciamento do quantitativo, por exemplo, de pessoas que pensam de forma diferente de uma ideia que já foi exposta e que parece dominante. No início das pesquisas, a autora estava preocupada com os efeitos que levaram o eleitorado à mudança na reta final das eleições de 1965 e 1972 na Alemanha.
E Noelle Neumann decidiu estudar o que de fato ocorria. Ela então descobriu que o fator... importante para a mudança ter ocorrido foi um clima de opinião. Noeline Newman descobriu que quando um lado é superestimado, exacerbado, outras pessoas, decididas ou não, são influenciadas a seguir por ele.
Consequentemente, quando o outro é subestimado, as pessoas tendem a afastar-se dele. Vocês já ouviram falar do voto útil? Voto válido, ou seja, voto em quem tem chance de ganhar. Pelo menos que eu imagino ter chance de ganhar a partir das vozes que estão disponíveis.
publicamente. É sobre isto a aula de hoje. Então, Noelle Neumann, voltando, ela se preocupou com os números, com o resultado das eleições de 1965 e 1972 na Alemanha, que segundo ela, a partir de um determinado clima de opinião, tiveram uma alteração no seu aspecto.
Por isso que eu digo, eu narrei aqui para vocês o voto útil. Isto é muito comum hoje em dia. Nós, ao tomarmos conhecimento do resultado de uma pesquisa política, começarmos a ver pessoas que dizem Ah, eu até ia votar em tal candidato, mas ele está lá atrás. Então, eu prefiro votar em alguém que já está mais à frente para ver se o meu voto, então, tem algum tipo de utilidade. Vejam bem que, então, a opinião pública, esta opinião manifestada, esta opinião que se faz publicar, e eu vou falar mais disso no decorrer da aula, ela é fundamental.
Não necessariamente para que a gente já saiba o que as pessoas estão pensando. Mas ela tem uma influência fortíssima em provocar outras pessoas para seguirem uma determinada tendência. E por que isso está relacionado com as teorias da comunicação?
Então, é claro que nós vamos ver o aspecto que leva a esta relação com as teorias da comunicação. Por que nos reportamos diretamente a hipótese da Agenda Setting? Eu já expliquei a Agenda Setting aqui no canal, na aula 8, e se vocês tiverem interesse, busquem estas informações em outras aulas, porque é fundamental nós entendermos esta relação da Agenda Setting junto com a espiral do silêncio para pensarmos como que se forma então esta opinião pública.
Ao ressaltar certos assuntos e preterir outros, a mídia influencia na formação da espiral do silêncio, que é o que? A própria Agenda 7, os meios de comunicação que determinam a pauta pública, os assuntos que estarão públicos, expostos publicamente, ressaltando determinadas opiniões, visões, temas, notícias e ocultando outros. Este, então, é o princípio básico da Agenda 7. Júnior Ortiz afirma que os pressupostos teóricos da espiral do silêncio podem ser divididos em três níveis o individual, o dos meios de comunicação de massa e da sociedade.
No nível individual, os indivíduos têm medo de serem isolados de seus grupos sociais e com o objetivo de evitar esse isolamento ou a perda da sua popularidade observam constantemente o ambiente social, a fim de localizar quais são as posições adequadas para pertencerem. Com relação a alguns temas a respeito dos quais as opiniões estão em disputa ou ainda são inconstantes, os indivíduos tentam descobrir em qual lado podem se expressar sem perder a sua popularidade. De acordo então com esta teoria, aqueles que notam que suas opiniões pessoais são propagadas e apoiadas por outros, irão exprimir essas opiniões confiantemente em um público.
No entanto, os que acreditam que suas opiniões não são compartilhadas pela maioria ou que estão perdendo terreno, irão adotar uma atitude mais reservada, ou seja, não vão expressar a sua opinião em público. E até mesmo vão... Não permitir que aconteça uma discussão onde eles estejam envolvidos, para que não corra nenhum prejuízo e para que não corra nenhum risco de estarem expondo uma opinião que de fato não seja aceita pelos grupos sociais que eles gostam de estar aceitos ou de serem aceitos. Isto conduz a um processo em espiral. no qual a maioria percebida se torna cada vez menos suscetível a se expressar e o grupo majoritário tende então a ser cada vez mais dominante.
A relação da mídia com a teoria se estabelece na medida em que se entende que a mídia pode afetar o processo de espiral do silêncio. E isso pode acontecer de três formas. A mídia configura impressões sobre quais opiniões são dominantes, quais opiniões estão em crescimento e quais não estão.
E configuram impressões sobre quais opiniões individuais podem ser articuladas em público, sem nenhum risco de sofrerem o isolamento. É por isso que muitos autores destacam. a existência de uma conexão entre a espiral do silêncio e a hipótese da agenda setting.
Para tentar evitar o isolamento, os indivíduos procuram se adequar à corrente compreendida como principal, a partir de sua percepção individual da própria opinião pública. Indivíduos que percebem que suas opiniões são populares ou ganham um apoio público, estarão mais. suscetíveis a expressar seus pontos de vista, ao contrário daqueles que acreditam que suas opiniões não são compartilhadas pela maioria. Desta forma, o silêncio leva ao enfraquecimento ainda maior da opinião minoritária e ao fortalecimento da opinião que parece prevalecer. Notem o que eu estou dizendo.
Parece prevalecer, porque na verdade o que nós vemos é o que foi publicado e não necessariamente a voz da maioria. Mas porque essa voz ou essa ideia foi publicada, a gente tende a acreditar que é a impressão da maioria. Um dos resultados disso é que o foco da propaganda política passa a ser o convencimento de que determinadas opiniões são majoritárias na sociedade, o que nem sempre é verdade.
Com a crescente proliferação das redes sociais no debate político, as questões sobre a hipótese da espiral do silêncio parecem mais atuais do que nunca, já que o de não ter uma opinião compartilhada pela maioria foi exponencialmente amplificado. Antes nós tínhamos esta opinião que parecia ser a dominante, sendo publicada pelos meios de comunicação de massa. Hoje nós temos estas opiniões também propagadas pelas mídias sociais. Então o que nós tivemos com... As mídias digitais foi o avanço e o incremento daquilo que já existia, não uma modificação.
E tem mais, com as mídias sociais aumentou a aversão ao... confronto, o que alimenta falsos consensos por meio da intimidação e do constrangimento público. Em um ambiente no qual ousar dizer aquilo que se pensa se tornou um verdadeiro comportamento de risco e no qual a liberdade de expressão é relativizada, mais e mais pessoas preferem se recolher e ficar caladas, simulando uma adequação ao seu corpo. seu entorno social ou adotando uma conduta imitativa, com medo de perder amigos, com medo de discutir com membros da família, sofrer perseguições ou se verem simplesmente isolados dos seus grupos sociais.
O cidadão comum percebe que já não pode mais expressar as suas opiniões livremente, pois a diferença de pensamento é cada vez menos tolerada pela classe falante, auto-intitulada detentora da verdade. E aqui para nós, aquela que efetivamente está expressando a voz pública. indicando a voz que vai gerar a espiral do silêncio.
A manipulação da opinião pública, tanto na mídia quanto nas relações interpessoais no entorno sociais, se transforma em uma ferramenta do próprio controle social. O fato é que a maioria das pessoas tende a aderir ao pensamento percebido dominante em seus círculos. de convivência do que entrar em algum embate.
Noelle Neumann investiga a relação entre a mídia e os mecanismos de controle social embutidos na espiral do silêncio. Sobretudo, ela faz essa pesquisa nos períodos eleitorais, quando o comportamento dos eleitores pode ter consequências muito sérias para a sociedade. A percepção de quais são?
As escolhas aceitáveis pela maioria influencia decisivamente o voto do cidadão comum. A percepção de quais são as escolhas aceitáveis pela maioria influencia totalmente. E esta é então a conclusão de Noelle Neumann de que as pesquisas servem muito mais para formar e determinar. a opinião pública do que de fato para aferir aquilo que efetivamente as pessoas pensam.
E para pensar em tudo isto, é fundamental que a gente entenda o que é opinião pública. Como é que se forma esta opinião pública e por que... A teoria de Noelle Neumann tem tanta importância na formação dessa opinião. Ela dá ênfase nas questões políticas, mas isto serve também para os outros assuntos sociais. Eu vou me pautar nessa parte da aula em um livro que eu escrevi em 2005, que é o Deslumbramento Coletivo.
Opinião Pública Mídia e Universidade, um livro que está editado pela Ana Blume. E eu começo formulando para vocês algumas questões de reflexão. A primeira base, o que é opinião pública?
Como ela se forma? Qual a relação entre o público e as mensagens veiculadas pela mídia na formação da opinião pública? A mídia se caracteriza como representante da opinião pública? São os meios de comunicação de massa esses representantes da opinião pública contemporânea?
Ou eles são, na verdade, intérpretes de uma opinião pública que é formada externamente aos meios de comunicação de massa? Existem públicos que formam a opinião pública? E considerando essas questões como premissas de reflexão sobre a opinião pública, eu posso ir além. Pensando se existe, de fato, uma opinião pública, será a opinião pública a opinião de públicos específicos?
O que é, de fato, a opinião pública e quem são, então, os agentes de formação? Podemos refletir se a opinião pública é a opinião da maioria da população ou de uma minoria representativa. Ou seria a opinião pública a expressão de voz de uma parte da população que consegue manifestar a sua opinião através dos grupos sociais organizados, dos meios de comunicação de massa e das suas próprias mídias digitais? capazes de atingir um número grande de pessoas, ou capaz, sobretudo, de atingir os próprios formadores de opinião.
Neste caso, temos a possibilidade de refletir sobre um processo através do qual um grupo de indivíduos que pode expressar as suas ideias nos mais diferentes espaços que eu acabei de narrar, e entre os quais, obviamente, a mídia. ou qualquer outro modo de propagar essas ideias, dite o comportamento de toda a sociedade, fazendo com que grande parte da população passe a se comportar de maneira relativamente homogênea, através das ideias que foram conhecidas. Mais do que isso, a mídia possibilita à sociedade o acesso a conteúdos que antes as pessoas não conheciam, sob a ótica específica da mídia. Notem bem que em aulas passadas que eu já gravei aqui no canal, eu coloquei que toda mídia é ideológica. E ela, ao passar uma informação, ela também transmite esta informação recheada de valores, porque nenhuma informação é neutra.
E eu posso pensar também que nesta forma de propagação das ideias, além das mídias de massa, Eu tenho na sociedade moderna a internet, as mídias digitais, as páginas de cada um de nós, as páginas dos formadores de opinião. Quando Noelle Neumann escreve a Espiral do Silêncio, ela está se baseando principalmente na televisão. Hoje em dia, nós podemos pensar nesta formação da opinião pública ainda pela televisão, pelo rádio, pelo jornal. Mas a gente tem, obviamente, que considerar todo o aspecto da construção da opinião pública pelas mídias digitais. Assim, nós vamos pensar em algumas formas dessa construção da opinião pública, mas, sobretudo, que em muitos momentos, aquilo que se chama de opinião pública, nós poderíamos chamar de opinião pública.
pública ou publicada ou contra a opinião ou opinião manifestada. Vamos ver. Podemos considerar nesse processo da formação da opinião pública a existência de grupos organizados, como os movimentos sociais ou as ONGs, por exemplo, que constantemente se articulam em torno de temas da sociedade ou sobre temas da mídia que... podem ter influência de opiniões sobre aquilo que elas desenvolvem, interferindo diretamente no campo da opinião pública. Na maioria das vezes, essas ideias representam grupos que não possuem voz na sociedade, como uma ONG, por exemplo, e que não consegue difundir através da mídia os seus pontos de vista.
de forma a atingir uma grande parte da população. Sem eles, a sociedade perde a oportunidade de conhecer novas ideias e refletir sobre essas ideias que nem sempre comungam com as ideias da mídia ou chamadas mídia madura. Ideias majoritárias de uma mídia majoritária. Neste sentido, devemos entender este conceito como um reforço à hipótese da existência, não de uma opinião pública de fato, mas de uma opinião manifestada, ou publicada, ou conhecida socialmente.
excluindo as ideias daqueles que não têm a oportunidade de se expressarem para a grande massa. Por isso a hipótese da espiral do silêncio se faz tão necessária para esta reflexão, porque muitas vezes essas pessoas possuem ideias distintas, importantes para compor a nossa reflexão, mas elas não possuem canais de difusão. tão amplos quanto as mídias de massa. Na espiral do silêncio, não temos exatamente a expressão da maioria, mas sim daqueles que puderam ter as suas opiniões divulgadas e expostas socialmente.
O termo opinião pública já se tornou algo de domínio público. Ou seja, a mídia e os indivíduos de toda a ordem utilizam o termo para designar diversas situações, entre elas as próprias pesquisas de opinião, nas quais, quantitativamente, a soma das opiniões individuais significa opinião pública. Nesse processo há uma correlação evidente entre a formação da opinião pública e os meios de comunicação de massa. Porém, a opinião pública é algo que antecede a própria existência da mídia de massa.
Mesmo nos dias atuais, ela não está unicamente ligada à existência da mídia de massa. Até porque, onde houver... comunicação entre as partes, haverá sempre um terreno para a formação da opinião pública. Notem bem que esta aula, este canal, o Tuso de Bom, tem uma relação de formação de opinião que gera uma opinião pública para um número imenso de pessoas, não exatamente, mas para um público muito específico. que acompanha as aulas, que aprende sobre comunicação e que também é absolutamente capaz de formar uma opinião.
É disso que nós estamos falando, desta formação de opinião com ideias que não necessariamente surjam só das mídias hegemônicas. Opinião pública é assim, um binômio de domínio linguístico para toda a sociedade, porém de conhecimento de poucos. Suas aplicações nos discursos cotidianos da mídia e dos atores sociais nem sempre traduzem o seu real significado. Sua forma de construção nem sempre representa a vontade e as ideias da massa, ou de um grande número de pessoas. Comumente, usamos o binômio opinião pública como se fizesse referência à opinião de toda a sociedade, aí se configurando muito mais como opinião de massa, como se isso fosse possível.
Às vezes parece que a opinião pública é até um ser. E aí a gente ouve pessoas dizendo, eu quero convencer a opinião pública, quero informar a opinião pública, confundir a opinião pública, sofrer nas mãos da opinião pública. Essas expressões a mim parecem como se alguém quisesse entender a opinião pública como se fosse um personagem.
Uma pessoa. É claro que não é assim. Tecnicamente, não se convence uma opinião. No máximo, se gera outra. Isto é fundamental.
E aqui eu vou me ater um pouquinho. Notem que em nenhum momento da aula, eu disse o seguinte para vocês. Vou convencê-los.
Vou fazê-los mudar de opinião. O que eu estou fazendo é munindo... Este público, eu vou muni-los de informação através dessa aula, para que aquilo que vocês já tinham como consciência do que é opinião pública, possa ser revisto a partir de novos valores que eu estou colocando na aula, para que vocês reflitam e a partir daí, Talvez, pensar diferente sobre o que já pensavam sobre opinião pública.
Eu costumo dizer assim, o não, por exemplo, ele é muito enigmático no cérebro humano. Se eu falar para vocês, não pensem em uma bola azul, o que é que vocês pensaram? Em uma bola azul? Mesmo eu tenho dito, não pensem em uma bola azul.
Essa questão do não, ela é absolutamente relativa para o cérebro. Portanto, todas as vezes que eu pensar em opinião pública, o que eu preciso fazer é dar reforços positivos. E eu digo, pense em uma bola branca. Se é este o meu desejo. Não adianta dizer, não pense em uma bola azul, amarela, verde ou cor de rosa.
Eu tenho que dizer o que eu quero. E na formação da opinião pública, a gente não pode dizer, eu vou mudar a sua opinião. Olha, complexo.
Não tenho muito esta autoridade. O que eu posso fazer é lhe oferecer os meus conceitos, a minha opinião. a minha bagagem e a partir dela você pensar se quer mudar a sua opinião.
Esta é a forma que as pessoas deveriam trabalhar nesta formação da opinião pública. Desta forma, podemos questionar até que ponto a opinião pública significa a visão da sociedade como um todo. Ou o fenômeno da opinião. Publicada é o que mais aflora, ou seja, a parcela da população que pode ter acesso a um determinado assunto ou fato e a partir daí expressar a sua opinião, caracterizando-se como opinião exposta e disponível socialmente.
Lembrem-se que nesse composto nós também temos que pensar. nas instâncias que conseguem ter opinião, sobretudo nas mídias sociais, os formadores de opinião. E mais uma vez, identificaremos aqui a relação da opinião pública com a espiral do silêncio.
Ou seja, tudo aquilo que eu não posso conhecer, cai para mim em uma vala que eu não tive acesso. E eu não posso dizer se aquilo é melhor ou pior do que tudo que eu já conhecia, porque simplesmente não chegou até mim. De repente, uma outra visão chega até mim, e é ela que às vezes pode fazer com que eu mude a minha ideia.
Neste princípio, quando falamos de opinião pública, na verdade estamos falando de um grupo social que consegue pensar e manifestar a sua opinião sobre coisas, relações sociais, circunstâncias, pessoas, fatos, questões, instituições, exercendo uma função de mecanismo guia que estabelece os contornos daquilo que é possível. para a sociedade. Historicamente, a opinião pública conhecida como fenômeno contemporâneo foi assim observada pela primeira vez por Rousseau em 1750, quando ele criou o termo opinião pública.
Antes disso, em 1661, Grand Will formulou o conceito de clima de opinião, constituindo as bases sobre as quais se assentaria a tendência histórica para o estudo de opinião pública como escola clássica. E por que eu faço questão de narrar essas duas datas? Exatamente para afirmar que opinião pública não é algo que surge com as mídias de massa.
Mas é claro que elas se tornam amplamente divulgadas e com forte potencial de alteração e modificação a partir do alcance que as mídias de massa têm. Noelle Neumann, ao criar a hipótese da espiral do silêncio, também se reportou ao clima de opinião narrado por Glenn Will. Mas também sabemos que o conceito de opinião pública remonta aos pré-socráticos, pois tanto para Sócrates quanto para Platão, a opinião era fruto de uma situação intermediária entre conhecimento e ignorância. E isto é simplesmente fundamental. O que nós pensamos?
De alguma forma, tudo o que nós pensamos é fruto daquilo que conhecemos, mas sobretudo também fruto do que ignoramos. Conhecendo mais, poderíamos pensar de forma diferente sobre os mais variados aspectos. Então, quando a gente narra este comportamento de Sócrates e de Platão, dizendo que a nossa opinião está exatamente no meio do caminho, entre tudo aquilo que conhecemos e tudo aquilo que ignoramos.
Isto é genial. Se nos concentrarmos na questão da comunicação, podemos pensar que todo o processo de comunicação traz consigo o conteúdo de uma mensagem que gera resposta. E esta resposta gera uma opinião, que provoca uma outra reação, que gerará, sim, uma outra opinião. E assim sucessivamente, em uma cadeia sem fim. de estímulos e de efeitos provocados pela comunicação.
Podemos concluir que a primeira etapa da opinião é a comunicação pessoal, direta, Recíproca, o seu poder de formação da opinião pública está ligado ao seu poder de retórica. Logo, não há opinião se não houver comunicação. Desta forma, a mídia utiliza-se da opinião pública para conhecimento daquilo que ela poderá absorver de informação, garantindo principalmente a audiência.
O que eu quero dizer? Que a mídia faz a pesquisa de opinião para saber até que ponto a sociedade consegue absorver aquilo que ela quer passar, para que assim ela tenha uma audiência garantida. Demonstrando, mais uma vez, que a opinião pública não necessariamente reflete a opinião da maioria, mas sim reflete a opinião de uma parcela dominante da sociedade, dentre as quais, que parcela é esta?
A própria mídia. A partir daí, o restante da população terá somente que absorver a nova informação. Normalmente, o membro individual do grupo possui uma ideia errônea da importância de sua opinião e de seu comportamento.
para a formação da opinião pública. Não conhece também quantos dos demais membros da sociedade partilham ou rejeitam a ideia apresentada como coletiva e a sua provável não aceitação. Esse desconhecimento normalmente empobrece a possibilidade de uma argumentação, tendo em vista que a exposição individual em um processo coletivo tende a não existir, por medo ou vergonha dos demais componentes do grupo. Assim, a possibilidade de uma rejeição da ideia da opinião pública tende a se tornar diminuída.
Para que o conceito fique completo, se faz necessário aqui também pensarmos sobre o que a sociedade considera como público. Ou seja, se a massa já se caracteriza como um agrupamento de indivíduos diferentes do que identificamos como público, público, podemos considerar que a opinião pública não se forma a partir da massa, mas sim surge numa esfera de públicos distintos, em oposição àquilo que é privado, sem ser, contudo, parte da maioria. Assim, a opinião pública apresenta a opinião de uma esfera pública de pessoas privadas reunidas em um espaço público, que hoje em dia pode ser físico ou virtual.
Vou explicar melhor. As opiniões individuais que se fazem conhecer a partir de determinados públicos é que geram A opinião pública. Mesmo quando a opinião pública pode ter chances reais de escolha, como o voto nas eleições diretas, por exemplo, previamente instâncias políticas ou econômicas já predeterminaram e reduziram o universo de escolha de cada indivíduo na sociedade.
Ou seja, a reprodução social ou pessoas privadas ainda depende de consumir aquilo que o exercício do poder político ou do poder econômico determinou. Vejam bem o que eu estou dizendo. Mesmo quando nós temos eleições diretas, como essas que acontecerão no Brasil logo mais. Nós podemos ir até as urnas e escolher um candidato.
Contudo, eu não posso escolher qualquer pessoa. Eu só posso escolher aquele grupo, uma pessoa daquele grupo que o partido político já determinou. Ou seja, mesmo quando me é dado o direito de escolher, eu tenho que escolher a partir de um universo muito restrito de escolhas que previamente já foram feitas por mim.
E é por isso que Bourdieu, de uma forma direta e extremista, diz a seguinte frase A opinião pública não existe. Qualquer pesquisa de opinião supõe que todo mundo pode ter uma opinião. Ou colocando de uma outra maneira, que a produção de uma opinião está ao alcance de todos. Mais que isso, supõe-se que todas as opiniões têm valor e se equivalem na composição da opinião pública.
Na verdade, pelo simples fato de se colocar a mesma questão para todo mundo, fica implícita a hipótese de que há um consenso sobre determinados problemas. Ou seja, que há um acordo sobre as questões que precisam e merecem ser colocadas. Mas nenhuma dessas suposições é evidente.
A minha interpretação coincide, então, com a de Muniz Sodré. Para quem não é verdade que não exista uma opinião pública. A questão é que os conceitos atribuídos ao binômio foram sendo distorcidos ao longo dos anos de forma a torná-lo inexistente como representativo de uma... Totalidade.
Vocês se lembram, na aula sobre a indústria cultural, Que a troca do nome proposto por Adorno e Hockheimer de cultura de massa para indústria cultural fazia muito mais sentido não exatamente a coisa analisada, mas aquilo que o nome poderia dar a entender. Na questão da opinião pública é a mesma coisa. O grande problema hoje em dia é o uso que se fez do binômio opinião pública, como se ele representasse a opinião da massa.
E isso nunca foi verdade. Opinião pública é a opinião de públicos distintos, ou uma opinião publicada, e por isto podendo ser conhecida socialmente. Se tomarmos como exemplo as ações políticos partidárias, quando comumente são realizadas pesquisas de opinião para conhecimento da opinião pública, a forma de obtenção dos dados pelos grupos políticos induz respostas de forma a produzir um pseudo fenômeno político.
Pseudo. Fenômeno. A opinião pública não diz respeito a uma opinião construída pela massa, não necessariamente, numa relação com a divisão social entre público, massa e multidão.
A opinião pública se reporta, então, majoritariamente a públicos. É a partir dos grupos sociais com capacidade para pensar sobre determinados assuntos relevantes para a sociedade que se forma e que existe uma interação e uma reflexão. E acima de tudo, Uma capacidade de expressar a opinião. E com todo esse aparato, que aí sim, uma opinião pública pode se formar. É uma opinião com força e capacidade.
para ser conhecida publicamente. Desta forma, devemos lembrar que a educação e os fatores psicológicos de cada indivíduo têm papel fundamental. no processo, tanto do emissor de uma opinião, quanto no receptor desta opinião.
E isto também é fundamental. Pensar naquilo que compõe este ser humano como estrutura educacional e como estrutura psicológica, quando ele... Se coloca no papel de emissor de uma opinião, mas também pensar no receptor e das mais diversas formas que qualquer um de nós pode receber uma informação e conseguir pensar sobre ela criticamente a partir do acúmulo da bagagem, do repertório educacional que temos e dos fatores psicológicos que interferem em nossas vidas.
Pensando na ideia da espiral do silêncio, devemos lembrar que para que o processo da espiral possa se desenvolver, é necessário que haja uma opinião dominante. Ou seja, uma seleção imposta de temas e abordagens. Além disso, que haja também o medo do isolamento por parte daqueles que não comungam desta opinião dominante. E por fim, que esses últimos percebam qual é a opinião dominante e sua tendência, a fim de que possam contrastá-la.
com a própria opinião que possuem. Então, vejam que o caminho não é assim tão simples. Para que existir essa espiral do silêncio, há um componente estrutural, filosófico, social.
O ser humano tem horror ao isolamento opinativo. Sustentar uma opinião contrária à da maioria, para grande parte da população, traz muito desconforto. Esse mesmo...
medo é generalizado e estatisticamente comprovado. Para que se possa evitar esse isolamento é preciso que se saiba então qual é a opinião dominante. Não podemos desconsiderar que nem sempre um partido que sustenta uma opinião minoritária desistirá da sua posição ou se calará diante da opinião dominante com medo de isolamento. Nem sempre há pessoas que sustentam isso. O medo provocado pela hipótese da espiral do silêncio se manifesta nos atores sociais das mais variadas formas.
Em uma escala que nós poderíamos medir de 0 a 10. Há pessoas com medo zero. E que vão sim expressar as suas ideias, mesmo que isto não comungue com a opinião majoritária. E há pessoas com medo 10, que jamais vão expressar a sua opinião com muito medo de serem ignorados, passados para trás, isolados, ridicularizados.
A competência de cada ator social para... abordar os temas em discussão, condiciona uma tomada de posição pública. Aquilo que eu vou dizer publicamente, eu preciso ter sobretudo coragem sobre o que digo, porque sei que de alguma forma isso estará sempre em julgamento.
É isto que leva a uma relação da espiral do silêncio, o medo do julgamento. E, obviamente, o medo do isolamento, que será tanto mais decisivo na tomada de posição, quanto menor for a confiança que o indivíduo tem na sua própria argumentação, que, por sua vez, é dependente de todo o conjunto de elementos constitutivos do seu grau de educação. Conhecimento e politização.
O medo do isolamento tem sua base firmada nas questões, então, psicológicas. Pesquisas realizadas dentro da psicologia na década de 50 revelam que poucos indivíduos confiam em si mesmos quando confrontados com uma opinião externa. Nessas experiências psicológicas da década de 50, Conseguiu-se provar que entre apresentar uma resposta certa para uma determinada situação, discordando da pressão de uma resposta errada, o indivíduo prefere errar de forma consciente, mas concordar com o grupo dominante. Assim, os indivíduos temem muito mais o isolamento social do que o próprio erro. Resgatando as ideias de Bourdieu na composição da opinião pública, nem todos possuem opiniões formadas sobre todos os acontecimentos sociais.
Tampouco necessariamente tem algo a dizer sobre um determinado tema. Além disso, nem todas as opiniões... se equivalem na composição da opinião pública, porque essa se caracteriza principalmente pela existência de líderes de opinião e formas de indivíduos expressarem a sua opinião publicamente, fazendo com que esta se sobreponha à opinião daqueles que não têm condições de expressar suas visões sobre fatos ou sobre acontecimentos. Os indivíduos atribuem escalas de importância diferentes para cada assunto social, a partir dos valores ou dos interesses que cada um de nós possuímos, fazendo com que os assuntos que envolvem a opinião pública nem sempre sejam de interesse de cada indivíduo isoladamente. Estudos sobre a consciência do receptor ou sobre a hipótese da espiral do silêncio são importantes para lembrarmos sempre que as mensagens da mídia podem ser passadas de forma homogênea, mas o público que as recebe é heterogêneo.
E mais do que isto, este público é carregado de valores, constituindo-se pessoas que modificarão a nossa vida. O significado das mensagens e o uso que cada um pode fazer deles. E agora eu gostaria de concluir a minha fala, concluindo a minha fala pensando o seguinte, que devemos ter como prioridade a necessidade de reaprendermos os conceitos antes tidos como Intocáveis.
A quebra de paradigmas, a própria reestruturação do mundo em termos de alianças políticas ou sociais, fazem-nos ver que a informação é algo muito importante, mas o conhecimento é fundamental. A informação é perecível. O conhecimento é a sustentação de um pensamento crítico e... transformador. O ideal é que a informação seja usada a serviço do conhecimento.
O pensar crítico é fundamental em todas as instâncias sociais e na aula de hoje, particularmente, nós vimos o quanto isto é importante. Muitas falas, por exemplo, colocam separadas as ações da educação, como se houvessem mundos distintos, do trabalho, da vida. e da informação comunicacional no sentido de educação formal.
Muitas vezes, a falta de preocupação com o ser humano integral transforma os conhecimentos acadêmicos em algo dissociado daquilo que ele precisa para poder articular as suas ideias em ocasiões de todas as ordens sociais. Mas a universidade... E a escola, de uma forma geral, são fundamentais para a construção de um senso crítico, que levará a todo este pensamento que nós entendemos como formação da própria opinião pública. E é muito importante pensarmos que num país como o Brasil, onde boa parte da população é analfabeta ou analfabeta funcional, conseguir uma sociedade crítica no tocante...
a informação é um processo ainda em busca, em formação. A mídia fala muito mais de assuntos que podem não chocar ninguém do que daqueles que efetivamente nós precisaríamos pensar para formar uma ideia e ter um senso crítico dentro desta sociedade. Nós vimos também que os fatores psicológicos são fundamentais nesta formação da opinião pública. E eu queria, por fim, pensar.
nas ideias de Habermas. E Habermas diz uma frase, e como eu a citei no meio da aula, eu vou voltar para explicá-la. Habermas afirma que a opinião pública reina, mas não governa. Eu particularmente penso que a opinião pública não governa porque os públicos não atingiram um grau organizado de imposição e de pressão sobre seus direitos e suas aspirações, de forma a terem voz na sociedade.
Mas ela reina em cada grupo social, em cada espaço de reflexão que consegue promover uma contra-opinião pública. À espera de que um dia se torne uma opinião manifestada e consiga de fato construir uma opinião pública no sentido de manifestação das massas. Ou então, o que sou eu como educadora, se não aquela que o tempo todo tenta ter uma contra-opinião para vocês, que fazem parte do meu público, para que a gente consiga sim. almejar uma opinião pública de fato. E se você assistiu essa aula, se você está gostando deste conteúdo, se você me acompanha, inscreva-se no canal, deixe lá o seu like, deixe sua opinião sobre esta aula.
interagir converse comigo sobre o que você pensa sobre a espiral do silêncio e sobre a opinião pública já que agora você sabe muito mais sobre isso tá deixe lá a sua opinião a sua voz aquilo que você pensa sobre a aula tá eu vou gostar de interagir com você a seguir eu deixo para você a bibliografia daquilo que foi usado na aula além dos livros que eu já apresentei aqui, para que você possa aprender um pouco mais. Foi um prazer, obrigada pela sua audiência, até a próxima, fique com Deus. Um beijo, tchau!