Milhões de venezuelanos devem decidir quem será o novo presidente do país neste domingo. A campanha foi acirrada com trocas de ameaças e dúvidas sobre o que acontecerá depois que as urnas forem fechadas. Na última semana, observadores internacionais, como o ex-presidente argentino Alberto Fernandes, chegaram a ser desconvidados. Mas como chega de fato a Venezuela para essas eleições? É o que a gente acompanha agora na reportagem de Evandro Cine.
Nicolás Maduro ou Edmundo Gonçalves. Quem quer que seja eleito presidente pelos próximos seis anos neste domingo terá um grande desafio à frente da Venezuela. Com uma economia instável, o país sul-americano enfrenta um cenário de polarização e divisão política e social.
As dificuldades se refletem no número de emigrantes. Quase 8 milhões de pessoas deixaram a Venezuela desde 2013. Foi neste mesmo ano que Maduro assumiu o governo, após a morte de Hugo Chávez. Desde então, o PIB nacional caiu quase 80%. A taxa de pobreza, que beirava os 40%, chegou a bater 65,2% durante a pandemia e agora fecha em 51,9%.
Mas um dos principais vilões é a inflação, que chegou aos seis dígitos entre 2017 e 2021. Com cortes dos gastos, dificuldade no acesso ao crédito e câmbio controlado, o índice caiu para 50% no último ano e aumento mensal de 1%, o menor desde 2012. A imensa... A queda da produção de barris de petróleo ajuda a explicar a derrocada financeira e a crise econômica, com o governo Maduro culpando os Estados Unidos pelas sanções e embargos comerciais, que começaram em 2019. As restrições estrangeiras vieram após as eleições de 2018, quando Maduro venceu pela segunda vez. Opositores e líderes estrangeiros reclamaram de fraude, e o governo intensificou a repressão contra os críticos que organizavam grandes manifestações.
Um ano depois do último pleito, o então deputado Juan Guaidó se autoproclamou presidente da República e recebeu o reconhecimento de quase 50 países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil. No ano passado, sem grandes avanços e esquecido pela comunidade internacional, ele deixou a Venezuela e se auto-exilou em Miami. Já na segurança, as gangues seguem assolando a população pelas ruas e expandindo os negócios criminosos por países da América Latina. Mas a taxa de homicídio por 100 habitantes teve uma baixa impressionante, passando de 91,8 em 2016 para 26,8 em 2023. Para a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, Corina Silva Pedroso, o resultado das urnas tem alto risco de ser contestado pelos principais candidatos.
Em tese... Ele junto com outros nove candidatos que estão participando desse pleito, que são candidatos menores, de menos relevância, assinaram um acordo prévio de que aceitariam os resultados das eleições. Quem não assinou até o momento foi o Edmundo Gonçalves Urrutia.
Embora nos discursos essa candidatura da plataforma monetária democrática diga que vai aceitar os resultados, mas eles estão muito confiantes de que vão ganhar. Assim como o Maduro está muito confiante de que vai ganhar. Então...
A grande dúvida que fica é, será que esse compromisso firmado vai ser seguido? Será que esse discurso que está sendo dito pela oposição também vai ser seguido? A gente só vai saber, na verdade, no domingo, como que esses atores vão se posicionar. Acho que alguns elementos que podem contribuir para a aceitação dos resultados é uma observação internacional bastante eficiente, bastante atenta ao que vai acontecer no dia da eleição, a ver, de fato, uma confirmação de que o sistema eleitoral Não teve nenhum tipo de interferência externa e também a própria pressão internacional que vai haver, né? O mundo inteiro está olhando para esse processo eleitoral e isso pode contribuir também para que ambas as partes aceitem o resultado.
Ao todo, dez nomes estão na disputa ao cargo de chefe do Executivo, mas a briga fica entre Maduro e Gonçalves. As pesquisas apontam uma larga vantagem para o oposicionista, variando entre 25 e 30 pontos percentuais de diferença. A candidatura do diplomata de 74 anos ganhou força depois de substituir Maria Corina Machado de última hora. A principal voz da oposição não conseguiu realizar a inscrição para as eleições. E os grupos contrários ao atual governo se uniram em torno da coalizão batizada de Plataforma Unitária.
Gonçalves promete uma série de mudanças no país, a começar pela volta de milhões de eleições. emigrantes e a libertação de presos políticos. Se optar por seguir a risca ao plano de governo de Corina Machado, ele também pode aceitar privatizar a PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana, e outras companhias ligadas ao governo, além de criar programas sociais para as classes mais pobres. Mas o tom adotado pela campanha é de cautela.
Citando a prisão de apoiadores, muitos políticos têm afirmado que o processo eleitoral está viciado e não descartam uma manhã. manipulação do resultado final. Nicolás Maduro faz de dois a três comícios por dia, principalmente participando de inaugurações de escolas e hospitais. Nas últimas semanas, o atual presidente subiu o tom e falou em um possível banho de sangue em caso de derrota, além de criticar autoridades estrangeiras como o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.
O herdeiro político Diogo Chávez viu a popularidade cair nos últimos meses e chamou a população para votar no referendo sobre a anexação de Esequibo, território pertencente à Guiana. A reivindicação é uma velha conhecida do povo venezuelano, com discussões que duram mais de um século. A consulta popular, vista como um teste de influência do governo, teve 50% de comparecimento às urnas, com 98% de votos.
por cento de votos favoráveis. Se reeleito para um terceiro mandato consecutivo, Maduro promete garantir a paz e o crescimento econômico do país, além de diminuir a dependência do petróleo. O fato de Nicolás Maduro ter reacendido esse debate, que estava de certa forma esquecido, né, na opinião pública venezuelana, não era o topo da agenda política do país.
De certa forma, remete ao próprio projeto que ele está tentando... ia confirmar por mais seis anos. Um projeto de poder que é baseado numa visão de soberania bastante combativa, da influência principalmente das potências estrangeiras ocidentais. O caso da Goiânia, esse equipe, ela é muito simbólica disso, porque quem deu, digamos, esse território para a Goiânia, a Goiânia era uma colônia inglesa, né?
É como se fosse assim, a Inglaterra prevaleceu, os seus interesses prevaleceram nessa disputa territorial. Então, meio que foi uma forma de recordar a população, olha. Nós somos um território que está constantemente, desde a nossa independência até hoje, sofrendo com as ingerências dessas potências.
Então, de certa forma, reafirmar esse projeto que ele representa aqui, se a gente for pensar, ficou meio esquecido, né? Independentemente do que as urnas vão dizer no domingo, a expectativa é do surgimento de protestos no país já nas próximas semanas. Mas tanto os eleitores quanto a comunidade internacional esperam que o futuro... possa ser de paz e reconciliação. Muito bem, para comentar as notícias neste Jornal da Manhã de domingo, nós temos a participação do Bruno Pinheiro e também do Manhã Ferreira.
Quero ouvir o primeiro, Bruno. Pela primeira vez, após praticamente 25 anos de chavismo, de fato, há uma expectativa inclusive que Maduro possa perder essa eleição que é cercada aí. É de muita desconfiança também, né?
Qual que é a sua avaliação? Muito bom dia a você! Ótimo dia a você, a quem nos acompanha aqui no Jornal da Manhã, neste final de semana, dia importante, eleição na Venezuela. Eu estava acompanhando ontem à noite, na verdade, a conduta, a forma de uma eleição que é muito diferente, aqui não tem regra alguma, na verdade. O atual presidente e candidato à reeleição, Nicolás Maduro.
inaugurando obras, como assistimos na reportagem do Evandro Cine, e ontem à noite ele estava inaugurando residências. Cerca de 120 residências sendo inauguradas ontem à noite, horas antes de uma eleição muito importante e que tem ali o risco dele não ser reeleito, na verdade, ficar de fora, mas o risco não é o resultado da eleição de fato. É ele também... Respeitar o resultado da eleição é algo que ele não respeita nada, não tem nada que ele respeite na verdade e nem mesmo esse resultado.
A gente acompanhou algumas imagens hoje, logo nas primeiras horas do dia, as pessoas indo às urnas com muita dificuldade e tem um número alto de pessoas nas ruas que ficaram a noite inteira realmente com essa ânsia da mudança, ânsia de ir até as urnas e colocar o seu voto ali. e ter de fato essa mudança. Ele convocou reuniões com alguns representantes, embaixadores ontem, mas o que a gente vê é que de fato ele armou tudo para ninguém conseguir observar nada.
Ainda assim, o representante do governo brasileiro está lá, não consegue se reunir, não pode se reunir com nenhum candidato, porque aí ficaria muito pior, na verdade. mas reúne com alguns representantes. E eu repito o que eu já falei ontem, me causa muita estranha de fato somente o nosso representante não ser enviado de volta.
Esse sim foi aceito e está lá. Não numa espécie de observador, numa espécie de um diálogo, mas com quem não respeita a democracia não tem como ter um diálogo. Pois é, mas o dia arraiou com esperanças. Maria Corina Machado amanheceu compartilhando...
em suas redes sociais o fato de que recebeu diversas ligações de chefes de Estado. Ela conversou com o presidente do Parlamento Europeu, com o presidente do Uruguai, Lacagepou, com o presidente do Paraguai, enfim, diversas autoridades internacionais prestando solidariedade ao povo venezuelano por meio da grande líder da oposição, Maria Corina Machado. Que vale lembrar, teve a sua candidatura caçada pelo tribunal aparelhado pelo chavismo. E o projeto de libertação da Venezuela dessa ditadura nefasta que dura 25 anos, hoje é representado nas urnas por Edmundo Gonçalves, diplomata de carreira, que é tido como alguém que terá os instrumentos necessários para negociar uma transição que seja...
O máximo possível pacífica que evite o prometido banho de sangue do ditador Nicolás Maduro e que consiga iniciar um processo longo de reconstrução institucional. A democracia é destruída com uma velocidade muito mais rápida do que a capacidade de construí-la. Portanto, hoje, se os venezuelanos tiverem o seu direito ao voto... plenamente respeitado, teremos o início de um novo capítulo.
Mas haverá muito trabalho para que a Venezuela seja um país efetivamente livre, onde os direitos individuais de sua população sejam efetivamente respeitados. Será preciso reestabelecer a independência do judiciário, será preciso reconstruir instituições. que consigam fazer com que a imprensa venezuelana volte a ser livre e quem sabe assim os milhões de venezuelanos que deixaram a sua terra por falta de oportunidades e opressão da ditadura possam retornar para perto de suas famílias para ajudar na reconstrução desse país vizinho que é tão rico em atributos naturais tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo mas anda... tão maltratado nos últimos anos.
Antes só da gente dar a sequência, aqui é o Jornal da Manhã, nós temos imagens da movimentação na Venezuela nesse momento, a votação por lá iniciou às seis da manhã, vai até às seis horas da tarde deste domingo, a gente vê, portanto, em tela uma imagem de uma sala de votação, aparentemente ainda movimentação muito tranquila, assim como acontece aqui no Brasil, nas primeiras horas da manhã, as salas são ainda tranquilas, as pessoas se sentem bem, Vão acordando aos poucos, deixam muitas vezes para ir votar depois do almoço. A gente sabe que na Venezuela o voto não é obrigatório, mas milhões de eleitores mais uma vez vão decidir se apoiam um projeto iniciado pelo ex-presidente Hugo Chávez ou se decidem mudar a rotina política do país. A votação na Venezuela também muito parecida aqui ao Brasil, com urnas eletrônicas, né? Mas a gente sabe que tem essa dupla checagem, é uma confirmação ainda em comprovante de papel.
E o resultado esperado a partir de domingo à noite, vamos aguardar então ao longo deste dia de domingo para saber se a gente consegue ainda saber o resultado do que será essa eleição. E claro, a gente vai seguir acompanhando. perto e também trazendo detalhes e análises aqui ao longo do jornal.