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Saúde Cardiovascular e Exercícios Essenciais

É muito difícil para o ser humano começar o hábito, principalmente se essa geração 50, 60, 70, é difícil. E eu falo, pelo amor de Deus, eu estou te colocando no modo idoso, eu brinco, é o modo idoso. É 30 minutos, 5 vezes na semana, ou 50 minutos, 3 vezes na semana.

Assim a gente começa, vamos devagarzinho, que é o mínimo do mínimo da Organização Mundial de Saúde. E a pessoa não faz? Não, a maioria não faz.

O quão reversível é esse, assim, uma pessoa que tá fudida, né, que já tá com as veias entupidas, já tá com o pênis entupido, que já tá... Depende muito, assim, do grau de... O ideal da medicina, né, é prevenção sempre, então por isso que eu tô batendo a tecla.

Mas vamos supor, tipo, a pessoa foi um estragado até os 30 anos. Ah, não, 30 ainda dá. E aí ela, tipo, foi na doutora Fernanda e... Não, 30 é muito difícil que tenha alguma coisa. Só se for diabético há 10 anos.

E fumou. Diabético e fumou. Com 35 anos, chegou em mim. Aí eu vou fazer um exame e falo, ó, tem placa de gordura. Aí chega, vamos por uma pessoa mais fácil de ter problema.

50 anos é o padrão. 50 anos, homem já não gosta de ir em médico. Começou a ter dor no peito.

ficar com tontura em casa que eu não tinha, a esposa trouxe lá pro meu consultório. Aí eu fiz uns exames, descobri, aí a gente tem, a gente tem, o coração assim, três vasos principais, uma que corre anterior e duas laterais, assim. Aí eu faço aquele exame, na verdade, dependendo do tipo de dor e classificação, ele vai pro cateterismo, que é uma, é um exame que pode ir pela artéria do braço ou artéria da perna, e o médico injeta contraste e se desenha a árvore Das coronárias, né? Então, lá o médico vê na hora. O que que tá entupido ou não.

É como se fosse você injetar um contraste... Num encanamento da casa. É, então. Ou numa árvore e vê todos os ramos, assim, que vão pras folhas, entendeu?

Pra ficar mais visível. Aí tu vê onde não tá chegando. Você vê os raminhos, vê onde não tá chegando. Se...

clássico, se essa pessoa não chega a sangue ou tá com fluxo baixo pra essas três, é cirurgia cardíaca. Vai ter que fazer aquelas famosas pontes. Ponte de safena, ponte de mamara.

Porque o estilo de vida dele já é incapaz de reverter isso. Não tem isso aqui, não tem como. Porque é alto risco de...

Vamos supor que ele não infartou, ele só tava com dor no peito se tá acontecendo em nível de troca de ideia ambulatorial, não é uma urgência. Mas a partir do momento que eu vejo que tá essas três artérias sob risco de fechar total e infartar... Eu tenho que internar esse paciente e já tenho que operar pra ontem. Não é remedinho, entendeu?

Entendi. E um pouco antes disso, não. Um pouco antes, vamos dizer assim, um pouquinho antes. Só tem uma que tá ali, mais 70%.

Aí tem que pôr estente, né? Que é a molinha. É um negócio que abre. É, exatamente. Entra por cateterismo assim, aí é um balãozinho que entra dentro do negócio e faz assim, ó.

Só que aí é uma placa de metal, que até farmacológico, estente hoje em dia, ele libera substância pra esse... pro corpo não reagir ao material e fechar tudo, né? Se não infartou de novo. E aí fica lá.

Só que o próprio estente, ele pode se fechar, vai acumulando gordura. Se a pessoa falar assim, ai, tô curado, fui lá, a Fernanda me deu os remédios, coloquei o estente, agora nunca mais vou voltar. Não. Ele vai ter que tomar S pro resto da vida, vai ter que tomar o remédio colesterol pro resto da vida.

E esse cara, ele pode aí fazer exercício? Deve fazer. Deve fazer.

Deve fazer. Esse é outro mito. Por que que... pessoal mais antigo, às vezes, acha que o paciente que infartou não pode fazer atividade física, principalmente nos pós-infarto, porque a gente não era nem nascido, não tinha remédio.

Tratava-se o infarto com repouso e digoxina e um... A essa ainda é novo. O que fazia sentido?

Na época, né? Era o que descobriram na época. É muito...

tratar infarto do jeito que a gente trata, colocando estente, isso aqui, operando, é muito recente. Antes era repouso e vamos ver o que vai virar. Porque o raciocínio é assim. Pra repousar o coração, não fazer mais esforço.

O raciocínio é tipo assim, o motor do carro deu problema, a gente arrumou, agora vamos andar menos com o carro, né? É, na verdade nem arrumou, né? Ele deixava o coração cicatrizar por si só, que não tinha muito.

Não tinha muito o que fazer. Não tinha muito o que fazer. Não tinha muito o que fazer.

Não tinha muito o que fazer. Não tinha muito o que fazer. Não tinha muito o que fazer. Não tinha muito o que fazer.

Não tinha muito o que fazer. Aí começaram a fazer o balonamento, só entrava lá e abria. Mas aí viram que do nada começava...

voltar a obstruir, né? Isso daí. Aí começaram a inventar os estates e tal.

Bom, a cirurgia cardíaca veio antes disso, mas cirurgia cardíaca no começo também tinha muita mortalidade, né? Você abrir o peito da pessoa, puxar uma veia da perna, então era... Hoje em dia é tudo pelo braço.

Não, cirurgia cardíaca é aberta. Mas tem a minimamente invasiva, que ele só abre um grádio da costelazinha e faz. Então, assim, as coisas estão evoluindo bastante.

O que é feito normalmente nessas cirurgias? É tipo, um daqueles todos os problemas que a gente discutiu, o objetivo é abrir e solucionar. É, infarto, colocar essas pontes, né?

Ponte de safena, ponte de mamária. Safena são as veias da perna, certo? Não sei. Não.

Safena são as veias da perna, que o primeiro você... Ah, então é essa pessoa que a gente chama de triarterial, que os três vasos estão acometidos. Tá.

E eu preciso criar vasos, que essas daqui não tem solução. Como que eu vou criar vasos? São os vasos que servem pra irrigar a musculatura do coração. Que faz a contração, entendi. Do coração.

Porque o coração tem que levar o sangue da horta pro resto do corpo, mas ele precisa receber de algum lugar. E vem dessas coronárias, e as principais são essas três. E aí, se elas não estão irrigando ele, ele começa a ficar doente, né?

Então, aí a gente tem que tratar. O stent é bom porque ele vai e desentope as nossas próprias, né? Mas, às vezes, o negócio é tão crítico que o stent não consegue resolver.

Você tem que pegar um outro vaso. E aí tiveram essa ideia de pegar as veias da perna ali debaixo. A gente tem a maior e a menor, né?

A gente pega uma das veias da perna e coloca e implanta no coração. Então, se liga. O cirurgião cardíaco vai lá e conecta ela aqui e conecta ela aqui. Então, faz uma...

Por isso que é ponte, né? Faz uma ponte. Aqui o sangue não passa, mas ele é inteligente. O sangue...

É uma gambiarrona, assim, né? Mas funciona. Funciona.

Só que é meio controverso. funciona, só que se a pessoa não tiver um estilo de vida sedentário, mesmo ela, estilo de vida não sedentário, mesmo ela tendo o melhor estilo de vida, essas pontes de safena obstruem rapidamente, sim. Em torno de cinco anos, a gente tem uma porcentagem...

Por que que é meio controverso? Que não é controverso, mas elas entopem, entendeu? A pessoa acha que colocou a ponte nova, tá curado. Na verdade, todas as soluções são... paliativas, de certa forma todas as soluções devem vir junto com a mudança de estilo de vida.

É, tem que vir. Sempre tem que vir. Ainda mais quando a gente fala de coração, né?

Então, essas... Aí a mamária são as artérias que vêm da subclava. Então, você vai pegar, ele vai desviar, vai desconectar essa artéria e vai conectar no coração.

Cara, é uma mega limbiada. Mas funciona. Aí aquela pessoa que sentia dor, para de sentir dor.

Só que é todo um pós-operatório. E aí outra coisa que trocam, vamos dizer, as válvulas, que são as janelas, né? Eles trocam também quando começa a dar problema. E agora tem uma coisa que eu acho que é incrível, que é trocar essas válvulas, né?

Trocar, né? Implante de válvula dentro da válvula via só pelo bracinho aqui, que é o pessoal da hemodinâmica que faz. Então a válvula vem toda amassadinha, fechadinha assim, como se fosse uma caneta.

Aí ele tá lá dentro do teu coração, aí ele passa de um ladinho pro outro. E abre um guarda-chuvinho, assim, é uma válvula nova que abre o espaço que, por exemplo, a Geneva, ela tava emperrada. Em vez do cirurgião cardíaco vir serrar teu peito, abrir o coração, trocar, é uma coisa que faz minimamente invasiva por cateterismo, né, também.

Cara, é incrível, né? É. Isso daí veio, assim, tá, pelo menos uns cinco anos tá assim, e no Brasil tá forte, viu? São Paulo tá forte, né, equipe de Mato Grosso, equipe Mato Grosso Sul tá dissipado mesmo. O que se tem de mais avançado em cirurgia e soluções para o coração a nível mundial?

Tipo, pra onde que os olhos da ciência estão olhando? Na verdade, eu acho que é isso daí. É tentar abrir ele o menos possível.

Tentar mexer nele o menos possível. Você acredita que vai chegar um ponto que talvez as pessoas sejam até mais negligentes com o estilo de vida por saber que existem muitas soluções? Já é, né? Não tem como piorar. Você acha que tem?

Ah, eu sou meio esperançoso, eu acho que as pessoas... É que tu vive um mundo que eu não vivo, né? Eu vivo numa bolha que eu não tenho mais tanto contato com a realidade. Não, e o pessoal faz tudo, né?

Tipo assim, essa bolha do universo cognitivo e tal, o pessoal faz tudo. A gente que é jovem, a gente tá mais incentivado, assim, fazer as coisas. Ah, quero tentar dormir, quero comer melhor. Mas mesmo eu tenho problema, tipo assim, eu teria que ser a pessoa que falasse assim, cara, a maioria dos meus pacientes fazem, porque... Pô, você chegou no auge, você foi pro cardiologista, se eu não mudar agora, você vai mudar quando, né?

A água bateu na bunda total, tá te sufocando. Mas é muito difícil pro ser humano começar o hábito, principalmente se essa geração 50, 60, 70. É difícil. E eu falo, pelo amor de Deus, eu tô te colocando no modo idoso, eu brinco, é o modo idoso. É 30 minutos, 5 vezes na semana, ou 50 minutos, 3 vezes na semana.

Assim a gente começa, vamos devagarzinho, né? Aqui é o mínimo, Dão. É o mínimo do mínimo da Organização Mundial de Saúde, né? E a pessoa não faz?

Não, a maioria não faz. Não faz, não faz. Nem dieta mesmo, faz.

Mas... Pelo menos toma um remédio, aí se mantém vivo. Só que...

Pelo menos. Aí só que volta, sabe, com quem? Ai, doutora, eu tô cansado ainda, sabe? Eu não tô tendo fôlego.

Você tá caminhando o quanto? Ai, não tô. Tá difícil. Eu ia falar, não tenho. O coração tem que estar treinado.

Por isso que é a pergunta. Você falou assim, e o pós-infarto? A pessoa tem que treinar o coração.

Assim como a gente, quem nunca correu, não aguenta correr do nada, a pessoa que... estava, aquela do poeta, né, você tem que engatinhar antes de caminhar e antes de correr. A pessoa está querendo correr antes de engatinhar, você acabou de sair do infarto. No hospital, a gente tem a equipe de fisioterapia, já faz uma reabilitação ali.

Então, se eu estou saindo com o coração recalchutado, não sobrou nenhuma lesão, a pessoa está sem dor, ficou tranquilão, já está com os remédios que precisa, a gente já coloca a pessoa para andar nos corredores e subir e descer a escada, com a fisioterapia, tudo documentado, né. E a gente vê a progressão dele lá. E aí A pessoa que antes ficava com o coração mais acelerado, agora...

Porque ele também fica com medo, entendeu? O paciente que ele não tem essa possibilidade de fazer reabilitação cardiovascular, ele é um paciente que tem mais medo, porque tá apegado aos traços do passado. Ai, meu Deus, o cardiopata não pode erguer peso.

Ele não pode fazer exercício físico. Não é assim, não é? Mas ainda existem médicos que passam coisas erradas no sentido de... De proibir exercício?

De proibir exercício. Existe? Aí tá faltando vitamina de livro, né? É comum até.

É comum. Chega em mim, eu libero, a pessoa fica tipo assim, não. Eu falo, não, eu tô falando sério, tem que fazer.

Falei assim, te dou seis meses, depois eu quero ver academia e exercício resistido. E aí, eu falo assim, aí vamos falar de creatina. E aí, a pessoa não entende nada, mas tem uns que vão quebrando. Fala, nossa, e quem segue melhora muito. Porque você, aí melhora mentalmente.

Porque, poxa, você pega um cara que, hoje a gente tá vivendo uma coisa que... até tava conversando mais cedo, né? A gente achava que a pessoa de 70 anos era velha, quando a gente era criança. Não é mais assim.

Porque a gente tem pacientinho de quase 100 anos, 108 anos, eu tenho um senhorzinho que ele mora sozinho, total independente, entendeu? O que vai mudar pra você chegar assim bem? Um exercício físico, alimentação, pra você ter independência e autonomia.

Então, você tem que ter uma carga muscular importante. Por que que isso importa? Porque aí vamos pegar uma pessoa mais nova, né?

Do que essa de 100. Vamos pegar uma pessoa de 70. Que ela foi criada em outra geração. Então, ela tá achando que ela está com os descontados, vamos dizer assim. Então, tá chegando mais pra perto do final.

Ela se vê num infarto, numa situação dessa. Geralmente, eles falam assim, pô. Ou são extremos. Ah, não. Vou aproveitar aqui, então, tudo que eu tenho.

Ou senão, a pessoa fala assim. Não, eu vou me conter porque eu tenho medo de pegar peso. Tenho medo de fazer esforço. É assim, ele não foi educado, às vezes, no hospital, porque tem hospitais e hospitais, médicos e médicos, enfermagem e enfermagem, fisioterapia, cada profissional tem um tipo espalhado. Não tem como a gente generalizar, nem do bom, nem do ruim.

Então, se essa pessoa não foi orientada, ele sai com a carga de medo muito grande, porque ele infartou. Aí ele acha que, às vezes, sentir dor no pós-infarto é normal. Ele sente a dor, ele fica preocupado. Aí ele não quer nem sair do sofá mais, entendeu?

Aí... E aí veio um médico de 60 anos, que passou lá com ele, falou assim, ó, não pode, é repouso, não, não, não. Aí a mulher dele me vê na internet, marca o consulta, eu falo, não, não, academia. Vai achar, fala, essa aí é maluca, né? E por vezes também, eu acho que quando a pessoa é confrontada com dois conhecimentos distintos, né, com dois pontos de vista distintos, ela escolhe o mais confortável.

É, também, tem essa. Ela escolhe a narrativa que mais lhe convém, né? É tipo, sei lá. Em números, né?

Ele talvez seja o cara que... Não vamos pegar esse senhorzinho, mas vamos pegar o cara que é... Ah, ele gosta de fazer um churrasco, de tomar um uísque, de fumar um charuto, de ficar em repouso, não sei o quê.

Ou de fazer exercício físico. Cara, ele vai na narrativa que, não, eu tenho que ficar em repouso. Exatamente. Não, porque o doutor X falou que eu tomar um vinhozinho que tem uns flavonoides, que é bom pro coração.

Ele escolhe a narrativa. Cada um escolhe a sua verdade, na verdade. Muito bom esse corte, né? Manda ele pra aquela pessoa que precisa saber disso.