Alô galerinha do mundo biologia, aqui é o Professor Guerra e hoje nós vamos falar sobre os tipos sanguíneos e o sistema ABO. Toca a vinheta! Antigamente as pessoas achavam que sangue era tudo igual, tentavam fazer transfusões entre pessoas diferentes e até entre animais e seres humanos.
Isso dava a maior merda e aí as pessoas descobriram que existem diferentes tipos sanguíneos. E os tipos sanguíneos são mais lembrados pelo sistema ABO, o tipo sanguíneo A, o tipo B, o tipo O e o tipo AB. Mas de onde vem esses tipos?
Essa classificação é baseada em um antígeno, em um açúcar, um carboidrato que fica na membrana das hemácias, aquelas células vermelhas no sangue responsáveis por carregar oxigênio. Existem dois antígenos, também chamados de aglutinogênios, no sangue humano. O antígeno A, que é o açúcar do tipo A, e o antígeno B, que é o açúcar do tipo B.
Quem apresenta os dois aglutinogênios é o tipo AB. B apresenta o A e A apresenta o B. apresenta o B.
E existem pessoas que não têm antígeno nenhum, não tem nenhum aglutinogênio. Zero, o tipo zero é na verdade o tipo O. Então nós temos três alelos para esse gene do sistema BO. O alelo isão A, que é dominante e dá o tipo sanguíneo A.
O alelo isão B, também dominante, que dá o tipo sanguíneo B. E o alelo izinho, recessivo, que dá o tipo O. E a pessoa do tipo AB possui o alelo. isão A que expressa o antígeno do tipo A possui o alelo isão B, que expressa o antígeno do tipo B.
Existe então um sistema de codominância entre o isão A e o isão B. As pessoas do tipo AB são sempre heterozigotas. E como o alelo izinho é recessivo, as pessoas do tipo O, que não expressam nenhum antígeno, são sempre homozigotas recessivas. Já as pessoas do tipo A ou do tipo B podem ser homozigotas, isão A, isão A ou... isão B, isão B, ou então elas podem ser heterozigotas, isão A, izinho, ou isão B, izinho.
Então vamos dar uma olhada num exemplo um pouco mais prático disso aqui. Eu tenho um pai do tipo A e uma mãe do tipo B que tem um filho do tipo O. Seria possível?
Ou seria filho do carteiro? Sim, seria possível! Se ambos, o pai e a mãe, forem heterozigotos.
Vamos dar uma olhadinha aqui no quadrado de Puné. Eu tenho o pai, isão A, izinho. E eu tenho a mãe, isão B, izinho. E aí, quando eu faço o cruzamento, eu vejo que existe um quarto, 25% de chance de ter um filho do tipo O. Mas o que que acontece se eu misturar um tipo sanguíneo com o outro?
Vai depender da compatibilidade entre as pessoas. Pessoas do mesmo tipo sanguíneo poderiam doar sem problema entre si. Pessoas do tipo O, como não possuem antígenos, não possuem aglutinogênios, poderiam doar para outras pessoas sem problemas. Agora, quando é envolvido o tipo A, o tipo B ou o tipo AB, a coisa começa a ficar um pouco mais complicada. Isso porque a hemácia do tipo A possui aquele carboidrato do tipo A.
aquele aglutinogênio do tipo A, que a pessoa do tipo B não possui. É uma substância alienígena no corpo dela que o organismo vai tentar combater. E o organismo combate esse corpo estranho através da produção de anticorpos, também chamados nesse caso de aglutininas, que vão agregar as hemácias e as consequências podem ser muito graves pra pessoa que está recebendo esse sangue. Porque a pessoa não está recebendo sangue assim porque não tem nada pra fazer.
Ela está recebendo sangue porque está numa situação crítica de saúde. Imagina você receber um sangue que te causa mais problema ainda. Então, se receber o sangue do tipo errado, a pessoa do tipo A produz aglutinina anti-B.
E a pessoa do tipo B produz aglutinina anti-A. Mas a pessoa do tipo AB, como possui os dois aglutinogênios, não vai produzir aglutinina. ela não vai se defender porque ela já conhece tudo. Então ela pode receber sangue de todo mundo, ao contrário da pessoa do tipo O, que não possui nenhum aglutinogênio e só pode receber sangue do tipo O.
E a gente pode resumir a história toda nessa tabelinha aqui, sempre lembrando que o tipo A e o tipo B podem ser homozigotos ou heterozigotos, enquanto... O tipo AB é sempre heterozigoto e o tipo O é sempre homozigoto. E pra pensar em doação de sangue, a gente pode resumir nesse esqueminha aqui. O sangue A só doa pra A ou AB? B só doa pra B ou AB?
O doa pra todo mundo e AB só recebe, só doa pra AB. Mas não é só isso! Além do tipo A, B, AB, O e essa história toda, entra também em jogo o fator RH, positivo e negativo. O fator RH está relacionado a outro gene, sem ligação nenhuma com o sistema BO, e ele é de herança autossômica dominante completa. Sabe, igual o da ervilha do Mendel, sem rolo nenhum.
Pra esse gene eu só tenho dois alelos, D que produz o antígeno RH, portanto um sangue RH positivo, e o Dzinho, que não produz antígeno, portanto um sangue RH negativo. O heterozigoto, Dzão, Dzinho, vai ser sempre RH positivo, já que o Dzão vai expressar aquele antígeno. E se tem antígeno, é só o que interessa, RH positivo.
Vamos visualizar melhor nessa família aqui. O pai e a mãe são RH positivos, e o filho, RH negativo. Será que isso é possível ou o carteiro ataca novamente? Sim, é possível!
Como a gente já viu em outras aulas de genética, quando os pais são dominantes e o filho é recessivo, os pais devem ser heterozigotos, como a gente vê aqui nesse quadrado de punê. Eu tenho D, D, D, D, e aqui é aquelas 25% de chances de ter um filho recessivo RH negativo. Mas pra que é importante? importante conhecer o fator RH?
Além da compatibilidade para transfusão sanguínea, o RH negativo não pode receber do positivo, existe ainda a eritroblastose fetal, ou doença hemolítica do recém-nascido. Imagine a seguinte situação. A mãe do Joãozinho é RH negativa, e o pai do Joãozinho é RH positivo. O primeiro filho do casal veio RH negativo, e já viu que isso é possível. Perfeito!
O segundo filho do casal veio RH positivo. Também é possível, já que o pai é positivo e pode passar esse alelo para a prole. O terceiro filho, por acaso, veio RH negativo também. O quarto filho era o Joãozinho e o Joãozinho morreu.
Vamos entender o que acontece aqui. O sangue da mãe e o sangue do bebê não se misturam na placenta. Não existe o sangue da mãe indo para o filho ou do filho indo para a mãe.
São completamente separados, mas nutrientes, excretas e anticorpos podem passar da mãe pro filho. E apesar de o sangue da mãe e do bebê não se misturarem durante a gravidez, durante o parto pode haver algum rompimento da placenta, do cordão umbilical, alguma coisa assim, e a mãe entra em contato com o sangue do filho. Lembra lá que a mãe do Joãozinho é RH negativa e ela já teve...
um filho RH positivo. Quando o sangue RH positivo entrou em contato com a mãe, que não conhecia essa partícula alienígena, ela produziu anticorpos para se defender dessa ameaça. Para a mãe, um pouquinho de sangue não é uma ameaça e ela não percebeu, mas para o sistema dela, para o organismo dela, agora eu já tenho fichado esse meliante desse RH positivo E se ele aparecer por aqui de novo, a gente senta um anticorpo nele.
Aquele terceiro filho que nasceu era RH negativo, ele não apresentava nenhuma ameaça, nenhum fator RH estranho. Mas o quarto filho, que era RH positivo, recebeu no sangue dele os anticorpos anti-RH que a mãe produziu. Porque o feto não produz seus próprios anticorpos e o bebezinho também não. então eles precisam receber esses anticorpos da mãe.
O problema é que essa mãe já tinha sido exposta ao sangue do tipo RH positivo e produz anticorpos contra um fator que existe no sangue do filho. Então a eritroblastose fetal é uma doença que acontece quando a mãe é RH negativa e tem um segundo filho que seja RH positivo. Mas isso não é uma condenação para as mães que têm RH negativo e já tiveram um filho RH positivo, desde que elas tenham feito o exame pré-natal.
É possível prevenir a produção de anticorpos pela mãe durante o exame pré-natal? fazendo um tratamento adequado. Beleza?
Vamos dar uma olhada então nessa família para exercitar. O pai é O positivo e a mãe é A positivo. E eles já têm um filho O negativo.
Eles estão pensando em ter mais um filho. Eles querem saber qual é a probabilidade de que esse filho seja A negativo. Para calcular isso, a gente precisa conhecer os genomas.
E como são dois genes diferentes, fator RH e sistema BO, a gente faz essa análise separadamente pra cada gene. Pro sistema BO, o que a gente sabe? Que o pai é do tipo O, portanto homozigoto recessivo, e eles têm um filho também do tipo O, homozigoto recessivo, izinho-izinho.
Ora, um izinho do filho veio do pai, a mãe é do tipo A, izão-A, alguma outra coisa. Que outra coisa? Pode ser um izão-A? Ou pode ser um izinho. Mas vamos olhar pro filho.
Se ele é izinho-izinho, e um izinho veio do pai, o outro izinho só pode ter vindo da mãe. A mãe, então, é heterozigota. Izão A, izinho.
A gente faz o nosso bom e velho quadradinho de punê e a gente vê que existe 50% de chance de o filho ser do tipo A. Ou 1 sobre 2. Agora, pra análise do tipo RH. O pai e a mãe são RH.
Positivos, portanto eles são desão, mas eles podem ser desão-desão ou desão-desinho. E a gente vai descobrir isso olhando pro filho, que é desinho-desinho, RH negativo. Portanto, esse desinho precisa ter vindo um do pai e um da mãe.
O casal, então, é heterozigoto, desão-desinho. A gente faz o quadrado de Puné e a gente vê que existe 25% de chance ou 1 sobre 4, de um filho ser RH negativo. Então, para combinar as duas coisas, a gente usa a regrinha do E, porque a gente precisa que esse filho seja A e negativo.
Para que ele seja uma coisa e outra, a gente faz vezes, a gente multiplica as probabilidades. Portanto, 1 meio de chance de ser do tipo A, vezes 1 quarto de chance de ser negativo, a gente multiplica. Em cima, 1 vezes 1. Embaixo, 2 vezes 4. E a nossa resposta é 1 oitavo de chance de ser A negativo. Então é isso aí, galerinha.
Hoje a gente aprendeu sobre o sistema ABO e sobre o sistema RH. Além de aprender a calcular probabilidades com mais de um gene envolvido. Eu sou o Professor Guerra, estou com vocês.
Rumo ao topo do Enem e até a próxima. E aí, galerinha, gostou? Então se inscreve no canal. Deixa seu joinha e deixa um comentário Será que o Joãozinho é filho do carteiro?