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Reflexões sobre Transformação e Mudança

Não importa se é a sua profissão, ou o seu relacionamento, ou a imagem que você enxerga no espelho, ou até mesmo tudo ao seu redor que você não sabe como, mas que de repente virou a sua vida. Todos nós já chegamos a algum momento em que sentimos uma forte necessidade de uma grande mudança, uma grande transformação. Ficamos com essa ideia constantemente martelando na cabeça.

É hora de mudar, é hora de mudar, é hora de mudar. Mas infelizmente, somos bons demais na arte de simplesmente continuar, seguir em frente. Fazer o que, né? Como disse Henry David Thoreau, a grande maioria das pessoas leva uma vida de quieto desespero.

Não é como se a gente não soubesse que tem que mudar, por que tem que mudar, e talvez até o que e como mudar. É simplesmente que nos recusamos a aceitar as dificuldades e responsabilidades que as mudanças trazem e morremos de medo do desconhecido. Abre aspas.

Algo dentro de nós deseja permanecer uma criança, ser inconsciente, ou no máximo, consciente apenas do ego, rejeitar tudo que é estranho. Escreveu Jung. Vemos a mudança como um problema e não como a solução para o problema.

Medicamos. Traímos, bebemos, basicamente fazemos qualquer negócio pra simplesmente continuar, seguir em frente. Fazer o que, né?

Existe uma boa e uma má notícia. A má notícia é que, independentemente da sua vontade, tudo muda o tempo inteiro. A boa notícia é que, independentemente da sua vontade, tudo muda o tempo inteiro. Não importa o quão desesperadora é a situação.

Nós sabemos que existe a possibilidade de mudança. O nosso grande erro é acreditar que existe a possibilidade de não mudança. Qualquer aspecto de permanência no mundo é mera ilusão. Já concluiu o Heráclito de Éfeso, mais ou menos seis séculos antes de Cristo.

Nenhuma pessoa pode se banhar duas vezes no mesmo rio. fazendo alusão ao fato de que tanto a pessoa quanto o rio terão mudado a segunda vez que entrarem em contato mesmo assim resistimos às mudanças do mundo resistimos às mudanças das outras pessoas resistimos às mudanças das nossas bandas artistas e canais de youtube preferidos e resistimos principalmente as mudanças que acontecem dentro de nós mesmos mantenha isso em mente tanto quanto você odeia mudança todos ao seu redor também odeiam e vão fazer o possível para impedir que você mude. Não necessariamente por maldade, mas por medo de perderem quem você era antes de mudar. Mas se a mudança é inevitável e contínua, qualquer resistência é inútil. A questão é, se estamos constantemente mudando, no que estamos nos transformando?

Uma das maiores aflições da vida moderna surge quando aquilo que você se tornou é constantemente assombrado por aquilo que você poderia ter se tornado. Ainda que esse medo seja baseado na ilusão de que somos algo estável, permanente e acabado, não é um medo irracional. Mas é um pouquinho menos assustador se usarmos as palavras corretas.

O que acontece, na verdade, é que aquilo que você poderia estar se tornando assombra o que você de fato está. Se tornando. A diferença entre as duas formas de enxergar o problema é que na segunda temos a consciência de que estamos em um eterno estado de transformação, um eterno estado do que é conhecido na filosofia como devir.

Isso é perfeitamente representado pelo fogo na filosofia de Heráclito, que teve forte influência em Nietzsche, um dos filósofos que mais explorou a capacidade de transformação humana. Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama. Como você espera se renovar sem primeiro se transformar em cinzas? No seu livro Assim Falou Zaratustra, Nietzsche divide a transformação do espírito em três fases.

O espírito se torna camelo, o camelo se torna leão e o leão, por fim, criança. Antes de qualquer coisa, Nietzsche deixa claro que a grande maioria das pessoas simplesmente segue a manada, baixa a cabeça, aceita ordens e sequer começa a jornada de autotransformação. Eles escolhem...

Simplesmente seguir em frente, continuar, fazer o que, né? Quem embarca na jornada começa se transformando em camelo. O camelo é forte, robusto e destoa do rebanho, mas ainda é servil.

Ele se ajoelha para que possam pôr todo o peso possível nas suas costas e é capaz de percorrer longas jornadas no deserto sozinho. Ele se orgulha do ar do trabalho e do sofrimento que é carregar tanto o seu fardo quanto o fardo dos outros, crenças, medos, vícios, obrigações. Só que cedo ou tarde... O camelo se cansa e para de ver sentido em todos os valores que até agora moldaram a sua vida.

Em meio a uma crise existencial, o camelo se rebela. No mais solitário deserto, acontece a segunda metamorfose. O espírito se torna leão, quer capturar a liberdade e ser senhor em seu próprio deserto. O leão encara o grande dragão dourado, cujo nome é uma ordem.

Tu deves. Ciente de que já não deve nada, o leão diz, eu quero. Mas o dragão responde, todos os valores já foram criados, e eu sou todos os valores criados.

Para o futuro, não deve existir, eu quero. Mas o leão não é nem obediente, nem servil, ele quer e pronto. Ele é bravo e enfrenta tudo o que foi imposto até então, tem a força necessária para a liberdade. mas a sua liberdade se baseia numa força contrária, reativa, destrutiva. O leão não consegue construir nem os próprios valores, nenhum propósito para si mesmo.

Ele simplesmente se opõe ferozmente a tudo. Ele é livre, mas nada tem sentido. Ocorre então a terceira metamorfose. O leão se transforma em criança.

A criança é a inocência e o esquecimento. Um novo começar, um brinquedo. Uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação.

A criança explora, se diverte, cria o seu próprio significado, a sua própria existência. A criança assimila a cultura com uma força civilizadora, sem os fardos impostos pela sociedade, nem a necessidade de uma reação destrutiva, e sempre consciente da sua constante transformação, o seu constante devir. Mas alguma parte dessa jornada é fácil? Definitivamente não, mas é necessária.

Talvez você já tenha ouvido a frase atribuída a William Poehler, mudar é difícil, não mudar é fatal. O problema principal é que sabemos o quão difícil é mudar, mas não entendemos o quão fatal é não mudar. Ou melhor, o quão fatal é acreditar que realmente podemos não mudar. Como escreveu Bob Dylan, ocupando em nascer está se ocupando em morrer. É justamente tentando não mudar ou não se ocupando em nascer que consequentemente acabamos nos ocupando em morrer.

A criança de Nietzsche sequer pensa nisso. Ela simplesmente nasce constantemente, explora, brinca, vive. Quando aceitamos que tudo muda o tempo inteiro, entendemos que a capacidade humana de autotransformação é o antídoto à tragédia. Se as possibilidades assombram a realidade, temos o antídoto bem nas nossas mãos. Sem medo de contrariar o que acreditávamos no ano passado ou até de virar um estranho a nós mesmos.

Como o grande poeta americano Walt Whitman eternizou em suas páginas, Eu estou a me contradizer? Pois bem então, eu estou a me contradizer. Eu sou amplo, eu contenho multidões. Dizem que em time que tá ganhando não se mexe, mas time que não se mexe cedo ou tarde, para de ganhar.

Ao decorrer da vida, vamos entendendo que a verdadeira sabedoria consiste na mudança antecipada, por vontade e não necessidade, como forma de ação e não de reação. Assim como uma criança explora o mundo em busca de diversão e coisas novas, encaremos a vida da mesma forma, criando o nosso caminho à medida que caminhamos, nascendo constantemente. Afinal de contas, quanto tempo você realmente acha que aguenta simplesmente continuar, seguir em frente, fazer o que, né? Se você quer baixar essa tela final, o link está na descrição e no primeiro comentário fixado.

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