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Cultural and Moral Aspects of Food Waste

É muito importante que a gente faça todos os dias a seguinte pergunta Estamos a serviço de quê? O desperdício é uma desordem cultural, social Então, pode-se dizer que o desperdício é a cultura da desordem Mais de 30% de todo o alimento produzido no mundo, mais de 30% de tudo, não vai pro... prato de ninguém isso é um fato eu sei mais de um terço do rango que o ser humano produz dos milhões de grãos e vegetais e animais abatidos mais de um terço é perdido apodrece no processo no meio do manuseio no corte no transporte no armazenamento ou estraga na mão do sujeito que compra mais do que consórcio só pode ser burrice e desperdício e o bicho o homem é o responsável por isso enquanto tem gente morrendo de fome tem gente jogando comida no peixe.

Só pode ser burrice o desperdício. E o bicho homem é o responsável por isso. Enquanto tem gente morrendo de fome, tem gente jogando comida no peixe. Desperdício é uma categoria moral. Desperdiçar é profanar o grande valor sagrado do que é abundante.

E o desperdício é fruto de ignorância e de de falta de consciência. O desperdício ocorre em toda a cadeia produtiva, na colheita, na armazenagem, no transporte, no varejo, no atacado e, por fim, na mesa do consumidor. Então, em todas as etapas dessa cadeia que o alimento percorre, há desperdício.

Então, mecanismos têm que ser criados para que a gente faça um stop nesse processo. Não faz sentido nenhum, absolutamente nenhum, nós desperdiçarmos tanto. É uma profunda majestão dos recursos naturais que precisa ser mudada. A abundância é uma condição que é muito propícia para o desperdício.

Quanto mais fartura, menos motivado cada um vai ficar para cuidar daquilo que realmente precisa. Entender essa escassez é fundamental para a gente poder ser mais eficiente e atender mais gente com os mesmos recursos. E logo aqui do meu lado, tem um indivíduo subalimentado, subnutrido.

E que nem esse cara, meu irmão, tem mais de um bilhão. Um bilhão de famintos. Alimento é o que nos dá energia vital. E pra quem passa fome é a primeira forma. de dignidade.

A verdade é essa, tem muita gente passando fome. Aí meu pai abandonou a gente lá, abandonou eu, minha mãe e mais duas crianças. Vemos que vivimos uma vida apurada, passamos fome, mas comia serraia com fubá. Eu não vou preferir roubar dos outros. e falar, não vou te dar, não vou te ajudar, eu agradeço do mesmo jeito.

Desperdício é uma coisa eminentemente moral, é ética. Não existe desperdício na natureza. Tem mais, tem centenas de bilhões de estrelas no universo e não dá para dizer que isso é um desperdício. A floresta amazônica, com a sua exuberância e com os seus excessos, do ponto de vista estritamente objetivo, natural, não cabe a ideia de desperdício.

A ideia de desperdício é quem introduz somos nós, vendo que as coisas podem ser diferentes do que são e existem escolhas que levam a uma vida pior do que ela poderia e deve ser. Todo alimento deve ser consumido por inteiro. Todos os alimentos você consegue, sim, fazer algum tipo de uso de partes convencionais e não convencionais, de sementes, cascas, talos, e introduzi-los nas receitas.

O brasileiro tem uma tendência a desperdiçar também porque nunca passou por uma guerra, nunca passou tanta necessidade. Essa é uma frase que eu ouço muito e concordo em parte. Quem desperdiça é quem tem o que desperdiçar.

A gente não pode esquecer que tem uma parte do brasileiro que ele é muito carente, ele não tem nem o que desperdiçar. Me incomoda muito, pessoalmente, o desperdício de alimento no Brasil. As porções são muito grandes, as pessoas jogam comida fora, sem a menor cerimônia.

E existe uma certa cultura curiosíssima na vida brasileira de que não pode faltar, tem que sobrar. E que se faltar é mesquinharia. E por conta disso, você exagera. Me incomoda muito o descaso com a perda de coisas que custaram trabalho, coisas que demandaram recursos naturais. vão ser simplesmente inutilizadas por um excesso desnecessário.

É uma questão de comportamento. Existem pessoas que realmente é uma sobra normal, tá? Como você pode deixar em casa uma sobra normal.

Mas tem pessoas que você vê que elas já se alimentaram, mas pelo simples fato de ser à vontade, ela levanta e pega mais e mais e mais e mais para deixar no prato mesmo. Mas tem negócio, estou pagando. Entendeu? Aí nós pegamos o prato, aí eu vou, minha balança pesa e vamos cobrar a parte. Por isso é que nós temos essa plaquinha discreta aqui.

E dizem que realmente passando fome, encontra-se três... milhões e meio de pessoas, abaixo de 5 milhões, que seria o limite para que o país tivesse saído do mapa da fome. Mas eu realmente não sou uma pessoa convencida de que nós saímos do mapa da fome. Muito mais triste ouvir alguém falar que não existe mais fome, ou que acabou a fome, ou que se você tem na sua esquina alguém no semáforo pedindo comida, se você tem um catador passando todos os dias que não tem o que almoçar, e você acha que não A fome é o pior estado do ser humano na Terra. Porque você vê uma criatura com fome, é terrível, hein?

Comer lixo, pegar resto de feira, é a coisa mais terrível do mundo, né? Desperdício pra mim é o pior estado do ser humano na Terra. a falta de vergonha na cara, tanto dos governantes como dos agentes também, que era muita coisa que era para se aproveitar e se aproveita. A gente via muitos desperdícios na feira, então era muito forte para minha mãe ver aquilo.

Ela não tinha dinheiro para fazer a feira, então todo aquele resto de feira que os feirantes não utilizavam, ela ia lá com toda a delicadeza, pedia com toda a educação e as pessoas tinham essa coisa, a consciência também, de estar dando esse resto de alimentos. Que é muito difícil hoje, né? Que o desperdício hoje é uma coisa que me choca muito, assim. Dá muito bem pra eles pegarem o tomate que eles jogam fora, os legumes que eles jogam fora, pegar e ir numa creche, num asilio, sabe?

Doar pras pessoas. Pra quê? Pra aproveitar.

Prefere jogar fora do que doar, né? Então eu já nem peço, eu já não peço em nada. Em restaurante eu não peço nada, pelo contrário.

Eu mesmo falo, se eu tô trabalhando eu posso... comprar minha alimentação mas não peço para não receber um não na cara vergonhoso, entendeu? uma palavra muito vergonhosa você ver muitas reportagens, muitas questões falando das pessoas com dificuldade passando fome, mas pouca gente preocupada com isso se tivesse uma fiscalização em uma pessoa com a qualidade de inspeção ia ver que... São alimentos que não poderiam ser de maneira nenhuma desperdiçados. A insegurança alimentar é quando você não se alimenta de forma qualitativa e quantitativa adequada.

Então existem muitas pessoas em insegurança alimentar que nem sabem que estão em segurança alimentar. porque tem acesso à alimentação, porém tem acesso a uma alimentação inadequada. Alimentação hoje é 50% dos temas da ONU.

Correspondem a 50%... nos temas relacionados ao alimento. Então, é o centro da vida, é o centro da sobrevivência humana.

Se fala muito em como produzir alimento para os 7, 8 bilhões de pessoas no planeta Terra, mas, no fundo, talvez a questão não esteja só na produção, mas em como que esse alimento está sendo desperdiçado ao longo da cadeia. E aí a gente não precisa mudar tanto as técnicas ou explorar de uma forma predatória a produção. E sim, são questões básicas e singelas. que vão diminuindo o desperdício e aí a gente vê que tem alimento sim para todo mundo.

Se a gente ainda tem 30% de desperdício de alimento no mundo, como que ainda existe o problema da fome? Tem que resolver isso o mais rápido possível. Não importa o tamanho, todos os produtores são importantes.

Mas para serem sustentáveis, todos têm que ser eficientes. Eu acho que a humanidade está expandindo a sua consciência. Nós estamos entrando numa fase de amadurecimento da sociedade, né?

Porque nós estamos ganhando informação. Então, por exemplo, esse documentário sobre desperdício tem cabimento hoje. Não teria em 1950. Estava saindo da guerra e estava surgindo uma esperança, um futuro, coisas surgindo, liquidificadores, ar-condicionado, né? Quer dizer, tinha um outro mundo. E a gente era muito ignorante, né?

E a gente estava muito feliz em separar ricos de pobres, pretos de brancos. Quer dizer, era uma organização da sociedade que deixava a gente muito tranquilo, muito seguro. Na medida que a gente começa a ter mais gente no mundo, uma tecnologia que conecta todo mundo.

Quer dizer, essa mobilidade que a sociedade ganha, essa multiperspectiva, essa diversidade que a gente ganha, traz uma necessidade de você aprender a lidar com tudo isso que a gente não tinha antes. Essa é a última geração que pode fazer alguma coisa para mudar o rumo das coisas e a primeira geração que vai sofrer as consequências da falta dessa mudança. Aonde realmente a gente tem desperdiçado? O que hoje gera desperdício?

É fazer uma reflexão desse processo inteiro que acontece para que as pessoas enxerguem. Então, acho que essas ações básicas de reciclagem de lixo, de apagar a luz, são mínimas, são necessárias, mas a gente está preocupada com ações que causem mais impacto, realmente. Se eu faço parte do problema, eu também faço parte da solução.

Alimento é aquilo que a gente vem produzindo em excesso, distribuindo mal e descartando de maneira errada. Só pode ser burrice o desperdício, e o bicho homem é o responsável por isso. Enquanto tem gente morrendo de fome, tem gente jogando comida no bicho.

Para viver num mundo melhor, com mais dignidade, com muito mais qualidade, a sustentabilidade passa a ser indispensável na prática do dia a dia de cada um, tanto pessoa física como jurídica. Mas a gente vê que há muita gente que desperdiça... que desperdiça tempo, que desperdiça conhecimento.

Outros tantos, desperdício de materiais recicláveis, que é muito dinheiro que se joga fora nesse país. Muita gente poderia estar trabalhando por causa desse material. muita matéria-prima que é jogada nos aterros e que poderiam ser transformadas em novos produtos.

O próprio ciclo de produção que hoje permite um desastroso desperdício que está acontecendo. Então, é preciso medir esse desperdício, é preciso conscientizar as pessoas de que essa abundância precisa ser valor econômico. O desperdício, em vez de ser lixo, ele passa a ser um valor econômico que entra nessa economia nova que está acontecendo. É isso aí.

economia circular, para poder resolver os problemas do mundo. É maravilhoso você poder reinventar aquilo que sobra em valor para nutrir as pessoas que precisam. Então, o foco primordial do direito ambiental é assegurar a manutenção e a qualidade do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Inclusive, essa é uma previsão que nós temos no Brasil, na Constituição Federal.

Então, você me pergunta, Fabrício, temos elementos hoje para proteger o meio ambiente? Sim. Bons?

Excelente. E aplicação, talvez na aplicação nós tenhamos aí um déficit de, que a gente poderia chamar de um enforcement, de aplicação, de controle, de efetividade. O último lugar que o alimento deveria ir parar é no lixo.

Vamos sim entender que política é gestão, que política é eficiência, que política é conhecimento. Vamos sim querer ter uma sociedade mais evoluída, mais desenvolvida. Esse processo de separar os resíduos orgânicos e encaminhar ele para a compostagem e transformar em adubo, plantar, gerar alimento e esse alimento retornar para a mesa é um ciclo completamente fechado. Então, assim, no Brasil a gente aprendeu a separar os resíduos entre recicláveis e não recicláveis e erroneamente foi colocado o orgânico como não reciclável.

Então hoje se permite que as pessoas continuem pegando comida nos lixões, nas latas de lixo. com risco de pegar doença, e diz que não se pode doar comidas porque alguém pode ter alguma infecção alimentar. Quer dizer, isso é uma hipocrisia.

E nós presenciamos algumas vezes pessoas que pegam o que vem do lixo, restos de refrigerante, restos de comida. Nós não podemos permitir isso, por isso que a gente tem que ter o conhecimento para exigir que o governo cumpra o seu papel. Porque o recurso público tem suas regras.

E ele engessa muito o trabalho. E quando você quer inovar, você precisa ter outras fontes de recursos. Mas a parceria com o poder público, ela é necessária.

Ela sempre terá que existir. Porque é o poder público que coleta impostos e ele tem a obrigação de fazer bem o bom uso desse recurso. Precisamos aprender a ver a verdade atrás de tudo e aprender a dizer não ao que não é correto.

O Estado é crítico, vamos se ligar, ficar de olho nos políticos que a gente põe lá pra nos representar. Uma outra forma de assegurar uma maior proteção é aplicando penalidades. Os órgãos ambientais aplicarem multas nas administrações públicas, nas prefeituras, por estar mandando os rejeitos para um lixão e não para um aterro sanitário.

O fato dos lixões causarem danos ao meio ambiente, contaminar o solo, contaminar a água, gera uma obrigação de reparação desse dano. O poder público tem, então, a obrigação de olhar para essa questão, para todas as questões que lhe competem. E isso tem que ser feito. E a população tem que aprender que ela tem que reivindicar por isso. Então, poder público não é guardar poder para si, poder público é servir.

Quando a gente quer falar, por exemplo, com o governo, com a prefeitura, a gente sempre tem uma dificuldade, porque existe um olhar de cima para baixo. Mas quem é a estrutura? Onde está a paz do país?

Quem construiu esse país que a gente vive? Você plantou, você cuida, você vai... E aí no final a gente nunca colhe o final. Nosso país é muito rico, tem alimento para todo mundo. Se não fosse a roubalheira, não teria gente passando fome assim.

Eu acho que nós estamos caminhando para uma situação em que a sociedade civil brasileira vai colocar o Estado contra a parede. Porque a situação que nós temos hoje, de carga tributária, de déficit público, sem uma contrapartida de políticas públicas que atendam às necessidades mais elementares de educação, saúde, saneamento e segurança, é talvez o principal problema hoje da vida no Brasil. E não dá para sustentar e para tolerar por muito mais tempo.

mais tempo a enormidade dessa perda, que é um estado que é um leviatã anêmico. É um gigante que faz o que não deve e não faz o que deve. Eu acho que estão ocorrendo algumas micro-revoluções dentro das sociedades em vários temas. E essas micro-revoluções, mais cedo ou mais tarde, terão um ganho de escala.

Há muitas organizações, há muitas pessoas preocupadas com o tema. Faltam recursos, falta instrumentalização para fazer a grande transformação. Uma pessoa mais madura, ela é mais consciente da interdependência que existe na sociedade, então ela é mais capaz, ela tem melhor condição de tomar uma decisão, considerando muitos fatores, uma decisão que gere muito bem com o mínimo de mal. A gente está tendo consciência de que a gente não pode destruir a vida que a gente está a viver aqui.

A gente tem que cuidar do espaço, a gente precisa cuidar do que a gente joga fora. O lixo é luxo, né? Hoje em dia o lixo é luxo.

A humanidade tem noção de que adquiriu a duras penas que a natureza não tolera qualquer desaforo. Existe um problema de escassez e existe um problema de harmonia, de limites à agressão que o ser humano pode impor à ordem natural. E a humanidade no século XXI está tocando perigosamente nesses limites.

E a gente está cada vez mais sensível às questões ambientais. Tem os efeitos do clima também. Quando era frio, passou a ter um calor. Quando era muito quente, agora está frio.

Onde não levava, passou a levar. Onde não chovia forte, agora chove. Quando me perguntam sobre o futuro, eu lembro do provérbio chinês, que diz o seguinte, se não mudarmos de direção, vamos acabar onde estamos indo.

Então, mude meu compadre, antes que seja tarde. Tome uma atitude, porque é geral essa treta. Tá todo mundo junto no mesmo planeta. Somos 7 bilhões de seres humanos.

Como é que se distribui entre a população mundial o consumo e a emissão de gases de efeito estufa? O bilhão que está no topo da pirâmide de consumo, ou seja, a elite do consumo mundial, é responsável por metade da emissão global de gases de efeito estufa, CO2. Os 3 bilhões que vêm...

em seguida, a classe média do planeta, são responsáveis por 45% das emissões de gases de efeito estufa. E os 3 bilhões que estão na base da pirâmide do consumo, metade sem eletricidade, hoje, são responsáveis por 5% das emissões. Como é que nós estamos hoje?

Os 3 bilhões que estão na classe média do planeta, A classe média quer viver como o bilhão que está no topo. E os 3 bilhões que estão na base da pirâmide de consumo querem viver como a classe média. E essa conta não fecha.

A humanidade está brincando de roleta russa com o planeta. O amadurecimento não vem pelo prazer. Eu acho muito difícil você amadurecer. o prazer.

Você amadurece pelas dores, pelos sentimentos de perda. Então, eu sou muito otimista que nós estamos caminhando para uma sociedade mais madura. Mas o caminho não é fácil. fácil.

Nós estamos numa trajetória extremamente temerária e que pode levar a enorme prejuízo da vida inteira no planeta. E tudo em nome do quê? Tudo em nome de uma corrida armamentista do consumo que não torna as pessoas mais felizes, por tudo que se sabe sobre a felicidade.

O consumismo é uma distorção do comportamento humano. Ele foi fabricado por uma era econômica pós-guerra que precisava se pautar na produção dos países vencedores. que criaram essa norma para todo mundo criar, industrializar e produzir, produzir.

E nós passamos a consumir muito. Olhar para o terreno do vizinho, ver que a grama era mais verde, o carro era mais novo. E passamos a ser seres infelizes.

nunca tínhamos o suficiente para viver. E o próprio sistema do marketing, da propaganda, eles originalmente se pautavam na infelicidade, naquilo que lhe falta, e nunca naquilo que você tem. A publicidade é vulgar. Ela tem que ser popular, ela tem que ser acessível. Então ela nunca é vanguarda.

Ela nunca satisfaz o nível superior do indivíduo. E a cultura do desperdício é o que faz com que a gente jogue fora o amanhã. O maior desperdício pra mim é o ser humano não observar o outro como um ser capaz de se transformar.

É a gente pegar os nossos dons, amassar eles e jogar dentro de uma lixeira e fazer o que a sociedade quer que a gente faça. Hoje em dia as pessoas compram... coisa, joga em casa e depois não usa mais. Você tem que passar a usar, que é um outro conceito, que é uma outra era econômica.

De consumidores passaremos a ser usuários. Que tal eu emprestar para você o que eu uso e que não estou usando todo dia? Reciclar.

restaurar, refabricar. A felicidade não depende de comprar uma roupa nova ou de comprar um carro novo. Então, esse sistema do consumo já está em extinção. O quintal de trocas é um espaço para trocas e conexões. Um lugar onde as pessoas podem não só trocar coisas, mas trocar afeto, se conhecer, conversar.

entender o real valor das coisas. Quando eu montei o quintal, as pessoas falavam então você é contra o consumo. Eu falei, bom, não tem como, porque o quintal é consumo compartilhado, então eu não posso ser contra uma coisa que eu faço.

Eu acredito mesmo que a questão é como estamos consumindo e de que maneira. Então, eu preciso saber o que eu estou comendo, de onde veio. Eu preciso saber o que eu estou vestindo, quem fez a minha roupa, quantas pessoas sabem quem fez a roupa delas. E aí a gente compra o que é preciso, o necessário. E aí a gente compartilha isso, e aí a gente desperdiça menos.

A gente não vai precisar comprar um monte de coisas e ter várias coisas, porque vai ser compartilhado. Eu não preciso ter tantas coisas assim que ficam paradas por mais tempo do que ficam em uso. As pessoas estão cada vez mais consumindo, consumindo, consumindo e desperdiçando cada vez mais. Então, gente, vamos acordar um pouquinho mais, né? E olhar um pouquinho mais em volta e preservar nosso mundo.

Só pode ser burrice o desperdício. E o bicho homem é o responsável por isso. Enquanto tem gente morrendo de fome, tem gente jogando comida no peixe.

Sustentabilidade é uma condição necessária para a gente poder seguir vivendo e vendo cada vez melhor no planeta. Nem sempre é aquilo que as pessoas pensam que é uma restrição, ela é um estilo de vida. O Brasil, na minha opinião, ele está andando a passos muito curtinhos em relação à sustentabilidade.

A gente hoje testemunha milhões de quilos de comida, milhões de lixos sendo gerados. O que não deveria ser lixo, torna-se lixo. Temos milhões de quilômetros de aterros públicos.

Só dois... O centro do lixo de São Paulo é reciclado? Você imagina uma coisa dessa?

Isso é um absurdo, isso não faz sentido nenhum. Todo mundo tem que ser responsável pelo seu lixo e tem que prestar atenção no que está fazendo com o descarte. Aí depende muito de educação, depende de uma ética cívica, de você saber que na medida em que todos têm esse comportamento, será melhor para todos.

O grande risco aqui é a chamada falácia da composição. o mundo ideal é aquele em que todo mundo cuida do seu lixo menos eu só que se todo mundo pensar assim ninguém vai cuidar do lixo e aí vai ser pior pra todos bom, dizem que o Brasil é o país que tem o lixo É o lixo mais rico do mundo, porque é um lixo que vale muito dinheiro, e é um lixo que é desperdiçado, até o lixo é desperdiçado. Coisas nunca deveriam chegar ao aterro sanitário, poderiam ter sido doadas ou até vendidas. Tempos empresários identificaram que o lixo é muito dinheiro e criaram várias indústrias recicladoras.

Nós temos que entender que o que está ali na verdade são produtos do petróleo, produtos da bauxita, produtos do ferro, do vidro. Isso tudo que está ali veio das grandes indústrias, e as grandes indústrias querem aquilo de volta. Portanto, é um grande negócio.

O resíduo sólido é aquele objeto bem resultante da atividade humana. Pode ser reciclada, reutilizada, reaproveitada. Então é o que a gente chama de resíduo.

E aí você tem também nessa linha dos resíduos uma atuação muito forte das cooperativas de materiais recicláveis. que tem um papel fundamental, as cooperativas e também os recicladores, para viabilizar que esse material seja reaproveitado, que o plástico vire um outro produto, que o alumínio vire uma nova lata, que o vidro vire uma nova embalagem de vidro e assim por diante. Hoje, o lixo que a gente tem, o lixo reciclável, significa produção, dinheiro, trabalho e renda.

E o rejeito? O rejeito é aquilo que não dá pra reaproveitar, não dá pra reutilizar. Então, o rejeito hoje seria o que a gente chamava de lixo.

Esse lixo que é o que tem que ser encaminhado pra um aterro sanitário, que é uma obra de engenharia, que é um lugar onde você faz a acumulação dos rejeitos, tem uma proteção, evita a contaminação do solo, evita a contaminação das águas. evita o mau cheiro, então é uma atividade ambientalmente licenciada, controlada pelos órgãos ambientais, que visa proteger o meio ambiente. Nós temos uma carência muito grande de trabalho na fração úmida.

Aqui está o desperdício. A partir do momento que você mistura alimentos, ou resto de alimentos, com outros materiais, que são materiais que o rejeito propriamente que deveria ir para o ateu sanitário, você compromete esse material, o reaproveitamento, que ele poderia ter um fim mais nobre. Poderia ser utilizado, inclusive, em uma via compostagem.

Então, olha que se pensarmos bem, o próprio alimento reaproveitado, reutilizado, ainda quanto alimento, e ainda depois ser utilizado como fração úmida, fração orgânica, e aí sim como adubo, e aí o resíduo do resíduo do resíduo que seria, de fato, encaminhado para o ateu sanitário. Então, agora a gente precisa entender que os resíduos orgânicos ou resíduos compostáveis, eles são recicláveis. e devem ser separados para encaminhar, para serem encaminhados para a reciclagem, que no caso é a compostagem.

Então, onde tem produção de alimento, se tem geração de resíduos orgânicos. E junto também com a geração de resíduos orgânicos de jardinagem. Então, combinando esses dois tipos de resíduos, se faz a compostagem, a compostagem transforma em adubo de excelente qualidade, que isso gera também um recurso para se promover a agricultura urbana.

para se plantar alimento também na cidade. Então são duas sacadas, tratar os resíduos orgânicos dentro da própria cidade e plantar alimento na própria cidade. Tá na mão de cada um, em cada gesto mínimo do cidadão comum.

Porque a gente não se ilude com blá blá blá. O Estado é crítico, vamos se ligar. A coleta seletiva, embora ela já tenha algumas décadas, nós tivemos uma legislação que ficou parada no Congresso durante muito tempo.

E agora a política nacional tenta dar um rumo para isso. Porque ela envolve os que produzem as embalagens e aqueles que coletam as embalagens. As cooperativas ainda em geral são muito mal estruturadas, trabalham com equipamentos... muito arcaicos, nós ainda temos milhares de pessoas que trabalham com coleta manual, quando poderíamos fazer uma troca desse processo de coleta. Eu mesmo separo tudo, separo o garra.

Garrafa, plástico, lata, papelão. Eu levo tudo ensacado no depósito. Tudo ensacado. O vidro eu entrego no terreno da prefeitura. Só o vidro.

O restante eu vendo no depósito. para mim poder me manter. Eu, como carroceiro, sinto muito preconceito. Porque a gente que trabalha na rua com carroça é discriminado, né? Até hoje, às vezes, as pessoas falam assim, ah, mas você trabalha em quê?

Eu falo, trabalho com lixo, lixo com reciclagem. Mas hoje, muita gente já falou para mim, hoje você não precisa ter, com esse de sacanhar, dizer que é coitadinho, que não é ninguém. Você é o quê?

Você é um preservador ambiental. O que eles fazem, eles são na verdade grandes agentes ambientais, importantíssimos para a sociedade de uma forma geral. O trabalho deles é pegar aquilo que desprezamos e fazer valer um produto, transformar-se em um produto de qualidade. Da mesma forma que se trabalha a transformação do resíduo, também se pode trabalhar a transformação humana. Hoje é uma educação ambiental que a gente está fazendo, então a gente já trabalha, já é acostume, porque a gente sabe que tem uma disciplinação.

correta para esse material, que tem um bem-estar futuramente, que nem eu tenho três filhos, então a gente já está com a consciência no futuro. É uma coisa que você ganha dinheiro honestamente. Então, dentro do que eu faço, eu não me sinto humilhada, não.

Sinto bem. Quando eu passo que eu vejo uma latinha, eu trago para a minha casa. Chego em casa, eu amasso, vou colocando no saco. Quando tem muita, eu vendo.

Isso é uma limpeza que eu estou fazendo. Você que não tem nada com isso, é uma questão de consciência, uma questão de compromisso, desperdício de serviço para a humanidade. Essa questão da sustentabilidade, se dá para ganhar dinheiro com a sustentabilidade, isso é uma conversa do século passado.

As leis são feitas, os mercados amadurecem, ou você ganha dinheiro com um novo padrão de produção, novo padrão de logística, novo padrão de consumo, ou você está fora do jogo. Então o desafio está dado. Não é opção. Uma empresa saudável é uma empresa que vai cuidar dos aspectos ambientais e sociais que estão atrelados a ela. Então, naturalmente, uma empresa que se torna preocupada com essas questões, ela vai gerando valor agregado.

E quando ela começa a usar isso como uma boa comunicação, ela também vai tornar esse valor percebido. Você vai ter vários movimentos na mesma direção por razões diferentes. Então você tem o empresário que vai fazer porque tem que obedecer a lei, senão ele será punido.

Tem o empresário que vai fazer porque o mercado quer, e se ele não fizer, o mercado vai punir, não comprando o produto dele. E você vai ter aquele que investe porque acredita que essa é a direção que o mundo tem que ir. Então tanto no mercado de capitais, investidor...

atores acionistas credores como no mercado de consumo o cerco tá se fechando e é bom as empresas saberem que o futuro delas depende delas serem capazes de entregar valor e qualidade e preço sem sacrificar e desperdiçar recursos tanto humanos quanto ambientais. A nossa empresa, dentro do sistema financeiro, é a única que é extremamente focada na cadeia de produção de alimentos. Historicamente, nós temos um DNA agrícola e essa é a nossa estratégia.

Então, o Banking for Food é uma estratégia baseada em três pilares, no financiamento, na difusão de conhecimento e no network dentro da cadeia. A nossa missão é atuar na cadeia de alimentos para promover a segurança alimentar. Garantir que haja uma comercialização eficiente para que esse alimento excedente produzido nas áreas de vocação agrícola chegue em outras regiões. Para garantir...

Que haja disponibilidade do alimento no mundo, que essa disponibilidade aumente na medida em que a população mundial cresce e a demanda cresce. A coordenação da cadeia é fundamental para que a gente tenha eficiência, para que a gente tenha segurança alimentar e para que a gente de fato reduza o desperdício. Fica quem tiver competência para criar uma coisa útil, usando o mínimo possível, agradando o maior número de pessoas. Essa que é a ideia de uma sociedade que está evoluindo.

O capitalismo consciente é um capitalismo através do qual a empresa participa na construção de um mundo melhor. E quando ela faz isso, ela não ganha consumidores, ela ganha seguidores. A gente criou um projeto que se chamava Rebeldes com Causas.

Nós escolhemos alguns empreendedores sociais brasileiros todos os anos, com os quais a gente assume um compromisso de entrega. Então, no dia 20 de maio de 2016, nós lançamos, em parceria com o Banco de Alimentos, o projeto Reserva 1P5P. 1P5P por quê?

Porque a cada peça de roupa vendida, nós viabilizamos cinco pratos de comida para quem tem fome no país. Hoje começa a se ponderar se é o mais barato, mas o que mais, entendeu? Que tipo de impactos negativos eu trago e será que essa conta vale a pena mesmo?

É bom para as empresas, é bom para o consumidor, é bom para a sociedade, é bom para o nosso planeta, é bom para a continuidade da humanidade. Hoje, entre as diferentes bandeiras que tem no grupo, a gente tem cerca de... 200 lojas, mais ou menos, que já fazem esse processo de doação e doam para aproximadamente 300 diferentes instituições.

Se a gente não doasse, muito provavelmente esses produtos ou iriam para um processo de compostagem ou iriam ser considerados rejeitos, muito provavelmente. Mesmo tendo em total condições ainda de consumo. Novas leis sobre doação de alimentos são muito importantes para trazer segurança para quem faz esse trabalho e para quem tem vontade de doar. Então, mude meu compadre, antes que seja tarde.

Tome uma atitude, porque é geral essa treta. Tá todo mundo junto no mesmo planeta. O grande paradoxo desse momento...

Por um lado, os debates girarem em torno da alimentação para uma população que cresce. Para todos poderem comer, é preciso potencializar as tecnologias da agroindústria. Por um lado, dizem que só através dessas tecnologias, dessa agroindústria poderosa, a humanidade vai poder se alimentar. Mas a gente também tem que pensar que mundo que é esse que vai existir para esses 9 bilhões. Então é pensar em produtividade, em produção, mas com sustentabilidade.

No nosso caso, é importante entender os processos e não só para mitigar, mas para preservar e para desenvolver. Então, quanto mais você conhece profundamente as etapas de um processo, melhor você consegue fazê-lo de forma eficiente e com isso sustentável. O que significa isso?

Significa você trazer de novo, entender a origem da fauna e da flora local, fazer um planejamento de reconstruir com plantas nativas, com a flora. Com isso você atrai os insetos, os animais. E aí você cria de novo um sistema que vai permitir você conseguir plantar o café e tirar o melhor possível. Eu acho que os produtores hoje têm uma consciência muito maior sobre a sustentabilidade. A gente já tem histórias muito concretas de que a...

O descaso com a sustentabilidade inviabilizou terras agrícolas. E isso é visível. Terras que antes eram produtivas e deixaram de ser.

Então hoje eu acho que os produtores têm uma consciência muito maior da necessidade de cuidar da qualidade e da proteção, fazer o manejo sustentável do seu solo, da sua água, das suas instalações, visando a sustentabilidade do seu próprio negócio. só pode ser burrice e desperdício e o bicho homem é o responsável por isso enquanto tem gente morrendo de fome tem gente jogando comida no peixe não precisa montar uma ONG pra fazer diferença você pode fazer a diferença talvez a pergunta seja quem não pode transformar, eu acho que basta estar vivo pra você poder fazer alguma coisa que preste Sou super otimista com as novas tecnologias. Eu acho que as tecnologias, elas nos fazem produzir as coisas com mais precisão, com mais qualidade e com menos desperdício, porque você sabe... Com clareza, para que você está fazendo, não vai ter nada sobrando, nada faltando, aperfeiçoa um pouco a artesania do humano. Então existem coisas incríveis acontecendo que vão mudar o mundo da alimentação.

Tem o caminho das tecnologias de ponta, que é a 3D, que é a nutrigenômica, que é a carne de laboratório. Agora, paralelamente a essas tecnologias, existem várias promessas incríveis que já estão virando realidade, como por exemplo jardins urbanos ou agricultura urbana, que você planta vegetais, frutas. Nos prédios, nos condomínios, nos jardins comunitários. E também porque temos nas cidades, sobretudo, muitos espaços que são passíveis de produção de alimentos e que também são desperdiçados.

Desde muros até paredes de casas onde poderíamos produzir parte do alimento, não todo, obviamente, mas parte do alimento que consumimos. Então, também desperdiçamos espaços. A Urban Farms Brasil é uma empresa de origem suíça. Ela é uma empresa de agriculturas urbanas que utiliza a técnica de aquaponia. O sistema de aquaponia, ele integra os peixes e as hortaliças.

Então, os dejetos dos peixes viram adubo para as plantas, as plantas filtram os nutrientes, filtram a água e devolvem a água limpa para os peixes. Então, a gente tem aí um ecossistema fechado e uma redução de 95% de água frente à agricultura tradicional. Quando a gente pensa numa fazenda da Urban Farmers, uma unidade, a gente tem que pensar em 10 quilômetros para escorrer todos os produtos.

Essa fazenda, ela elimina o atravessador, ela elimina a logística, todos os poluentes, né, que essa logística acaba contaminando o meio ambiente, ela elimina as embalagens e ela faz com que as pessoas se aproximem desse tipo de projeto de vanguarda. É incrível como a gente criou uma sociedade onde a gente está tão longe do alimento que a gente... come, onde a gente não tem mais uma comida no quintal.

Eu acho que é um atestado de burrice mesmo. Permacultura é uma ideia, uma filosofia, um jeito de ver a vida, em que a gente, na verdade, a gente não está fora da natureza estando numa megalópole. A gente sempre está na natureza e a gente usa os recursos da natureza. E tudo bem.

A gente só não precisa detonar com ela. Tem que ter essa cultura da permanência. Nós fazemos parte da natureza, a gente está na natureza, então como que a gente usa ela em harmonia?

Prestando atenção nesse ciclo da alimentação de uma forma permacultural, pensando que a vida segue na permanência da vida, a gente vai ter técnicas de compostagem, de hortavê na cidade, cisterna, consumo consciente, justamente comprar direto do produtor, que a gente ajuda o produtor a manter o sítio dele. próximo da cidade, manter a família dele lá no sítio dele. Eu vejo que há muita sensibilidade, que eu vejo uma geração com capacidade de ter um outro olhar para o consumo, para o desperdício e, sobretudo, para as questões que envolvem o ser humano.

Minha cozinha é uma inspiração. Ela sai numa caixa de bateria. Esses alimentos que a gente compra são dos agricultores próximos aqui, sabe?

A gente evita um pouco comprar em mercados. Então, e até mesmo essa forma de gerar geração de renda da comunidade, de ajudar o próximo mesmo. Tudo, tudo a gente aproveita. Existe aquela coisa de desperdício zero.

Eu acredito muito nisso. Então, a gente criou esse biodigestor e esse biodigestor gera... gás natural para a gente.

O que a gente não usa, a gente joga nesse biodigestor para fazer um novo alimento para a gente. Então, tudo é reaproveitado. Então, esse resto de orgânico, são cascas de banana, veio lá da cozinha da Ellen, né? Esse resíduo orgânico, ele vai abastecer esse sistema.

Então, a gente tem aqui um triturador. Esse alimento é triturado, vai para dentro do biodigestor, onde contém uma bactéria chamada anaeróbica. A bactéria vai se alimentar desse resíduo orgânico, por um processo de fermentação ali. A gente consegue produzir o gás metano e usar isso como fonte de energia, como gás de cozinha ou até mesmo para gerar energia.

Acho que a importância desse... sistema é aquela coisa, a gente está realmente dando destino para o lixo orgânico, a gente deixa de jogar o lixo orgânico no lixo convencional, que a gente sabe o grande fator hoje prejudicial com o lixo orgânico, a gente está gerando economia, contribuindo com o meio ambiente e sendo sustentável ao mesmo tempo. Meus pais sempre produziram hortaliças no campo aberto, no convencional, e eu acabei entrando no mercado e eu vi o mercado de hidropônicos, um sistema que é coberto, que em termos de produtividade é muito maior que o convencional.

A entroponia é um sistema que reutiliza a própria água, ou seja, então nada se perde, é super sustentável. A humanidade nunca foi tão produtiva. Nunca teve tanta tecnologia, nunca foi capaz de gerar tanta riqueza e, paradoxalmente, a humanidade nunca foi tão obcecada por economia, por consumo, por acumulação, por aplicações financeiras. As pessoas sabem a cotação da Bolsa em três... ...continentes e não sabem quem é seu vizinho de apartamento.

Tem alguma coisa errada. Nós não sabemos gerenciar a interdependência. Por quê?

Porque nós damos valor ainda para a independência. E isso tem muito a ver... com a segurança da gente. Se você tem uma relação de interdependência comigo, então eu dependo de você e você depende de mim, eu não posso me isolar de você.

Tem horas que eu vou competir com você, tem horas que eu vou cooperar com você. Isso exige uma maior maturidade para gerenciar essa interdependência. Então a ilusão da independência faz com que eu exclua você. O reconhecimento da interdependência faz com que eu inclua você.

Ao incluir você numa dinâmica de relacionamento, eu crio uma nova etapa da nossa relação mais complexa, que vai demandar novas competências nossas. Isso é evolução. Acender o pavio está tudo interligado. A raça humana evolui. A raça humana evolui.

Eu me lembro assim da Luciana como alguém assim que ela não estava muito preocupada se você estava achando ela legal ou inteligente ou descolada. É outra frequência, né? Acredito que eu tenha sido uma desobediente civil, sim. Porque quando eu fundei a ONG Banco de Alimentos, comecei a pesquisar, né?

Como é que eu poderia vir, estar no mundo de uma forma... segura e planejada para que desse resultado, nossa, eu fui extremamente desestimulada. Todo mundo dizia que eu era louca, que eu ia ser presa, que não se podia doar alimentos. Ela encontrou de tal maneira que ela ficou inteira nisso.

E aí a pessoa começa a gerar uma espécie de espiral positiva que vai atraindo pessoas meio parecidas e repelindo. As que não estão nessa frequência. De tudo que eu produzo em termos de hortaliça, a gente tem um excesso em torno de 15, 20%.

Se o banco de alimentos não viesse buscar, a gente estaria descartando as hortaliças. Eu criei uma forma simples de ir para frente, que é pegando para mim a responsabilidade do alimento doado. E nunca tive problema nenhum nesses 18 anos, ao contrário, nesse período.

Já consegui doar mais de 6 milhões de quilos de alimento, na realidade quilos de alimento, e já também complementamos 60 milhões de pratos de comida. Graças a Deus conseguimos alimentar mais de mil pessoas por mês. O alimento aqui é um elemento precioso demais.

E o Banco de Alimentos é um dos nossos principais parceiros nesse trabalho daqui, no nosso projeto. Eu acho que não só como eu, muitos outros produtores também têm excedente de produção, não só verduras, frutas e legumes também, poderíamos fazer uma campanha a nível Brasil para poder ajudar quem realmente está precisando. Então, na realidade, eu acho que a ética moral está dentro de nós, e que há momentos em que a gente precisa realmente dar um passo à frente e começar algo que seja necessário. E como a gente vai acessar esse futuro que não existe?

Acessando um território que normalmente a gente não acessa no dia a dia, que é o território da imaginação, onde tudo está lá. Tudo está nesse território da imaginação. Uma parte do nosso cérebro não é utilizado para isso.

Fazer perguntas, muito mais que respostas. Por que não? E se?

Como crianças fazem. Então, utilizar o poder da imaginação, olhar para frente, buscar naquele território infinito de soluções. de caminhos e voltar para o presente.

Porque o futuro, quando você olha para ele e você tem contato com ele, você muda o seu presente. O que a gente precisa pensar é que a gente tem que mudar a nossa cultura, porque cultura nada mais é do que um conjunto de valores, e isso pode ser mudado. Se nós refletirmos em cima desses valores, o que nos faz bem e o que nos faz mal, nós podemos escolher, então, ficar com que tipo de situação. e produzir essa situação, para que ela realmente aconteça.

Acredito eu que todos vamos escolher uma situação que nos deixe viver de uma forma melhor. No fim, o que todo mundo quer é ser feliz. produzido no mundo mais de 30% de tudo não vai para o prato de ninguém isso é um fato eu sei eu sei eu sei do ser humano produz 2 milhões de grãos de vegetais e animais abatidos mais do que isso é perdido apodrece no processo no meio do manuseio no corte no transporte o armazenamento Estraga na mão do sujeito, compra mais do que consórcio. Só pode ser burrice o desperdício, e o bicho homem é o responsável por isso.

Enquanto tem gente morrendo de fome, tem gente jogando comida no cano. Quanta energia! E aí, despediçada, quanto trampo, quanta terra, quanta grana, quanta água?

Imagina uma fazenda maior do que a China, onde toda a produção vai parar na latina. E logo aqui do meu lado tem um indivíduo subalimentado, subnutrido. E que nem esse cara, meu irmão, tem mais de um bilhão, um bilhão de famintos Eu não falo desperdício só assim de comida, é desperdício de tempo, de saúde, de vida A gente tem que dar um jeito, tem que ter uma saída Só pode ser burrice o desperdício, e o bicho homem é o responsável por isso Enquanto tem gente morrendo de fome Tem gente jogando comida no rio Só pode ser burrice o desperdício E o bicho homem é o responsável por isso Enquanto tem gente morrendo de fome Tem gente jogando comida no rio Não venha me dizer que não tem Eu sei, eu sei.

Nós não vemos. Tá na mão de cada um, em cada gesto mínimo do cidadão comum. E a gente não se ilude com blá blá blá, o Estado é crítico, vamos se ligar Ficar de olho nos políticos que a gente põe lá pra nos representar Já não dá mais pra escapar, aqui ninguém se engana Acender o pavio, tá tudo interligado A raça humana por um fio, um fio desencapado Então, mude meu compadre, antes que seja tarde Tome uma atitude, porque é geral essa treta Tá todo mundo junto no mesmo planeta Só pode ser burrice e desperdício E o bicho homem é o responsável por isso Enquanto tem gente morrendo de fome Tem gente jogando comida no peixe Só pode ser burrice o desperdício E o bicho homem é o responsável por isso Enquanto tem gente morrendo de fome Tem gente jogando comida no peixe Só pode ser burrice o desperdício E o bicho homem é o responsável por isso Enquanto tem gente morrendo de fome Tem gente jogando comida no peixe