boa noite Boa noite pessoal Começando aqui 20 horas em ponto Eu não gosto de atrasar Sejam todos muito bem-vindos à nossa segunda aula da nossa semana da psicopatologia Eu quero começar agradecendo imensamente o carinho a participação o feedback de vocês da aula de ontem Foram quase 10.000 1000 pessoas ao vivo comigo e a aula já tá batendo quase 50.000 visualizações Eu tô muito feliz eu sou muito grata de verdade a todos todos vocês a todo mundo por essa confiança eh que vocês depositam no meu trabalho que vocês realmente me inundam de carinho Então muito obrigada Eu também queria reforçar o meu compromisso aqui com vocês hoje de retribuir toda essa confiança todo esse carinho entregando o meu melhor para vocês Eu preparei uma super aula de novo Não prometo que vai ser rápida mas tenham certeza que a gente vai ter muito conteúdo e uma aula imperdível hoje sobre o modelo psicopatológico que todo psicólogo precisa entender para não ficar para trás Eu sei que a aula de ontem foi bem puxada A gente teve aí quase 3 horas de conteúdo mas eu preciso que vocês saibam que isso é só a ponta do iceberg da psicopatologia porque nós ainda vamos ter muito conteúdo nessa semana Ontem foi só o dia um então não se assustem por pouca coisa tá bom quem entrou pra psicologia achando que era fácil que ia precisar estudar pouco errou tá errou de curso para ser bem-sucedido na psicologia para atender os seus pacientes com responsabilidade ética qualidade você vai precisar sim estudar muito É uma vida de estudos porque a ciência é dinâmica o nosso compromisso é acima de tudo entregar o melhor pros nossos pacientes Então a gente nunca vai poder parar de estudar E é dessa forma que a gente é valorizado e a gente colhe profissional na nossa prática clínica Agora é claro se você quer ser um profissional mediano frustrado ruim com a sua profissão aí falta né vai não vai ter reconhecimento não vai ter retorno financeiro Aí de fato você não precisa estudar muito Mas eu espero e tenho certeza que esse não é o caso de ninguém que está aqui hoje porque você está aqui e esse evento ele foi pensado justamente para quem quer progredir profissionalmente porque sabe que pode mais E eu também preciso lembrar para você que para você se destacar para você ser reconhecido para você ser respeitado pela sua competência infelizmente não tem milagre você necessariamente vai ter que pagar o preço E pagar o preço aqui no contexto dessa semana é se comprometer em estar comigo aqui todas as aulas para você estudar Então eu quero aproveitar e parabenizar você que está aqui hoje na nossa segunda aula Eu vou até olhar aqui quantas pessoas estão ao vivo porque eu estou curiosa para saber quem Olha temos quase 3.000 pessoas ao vivo Aí você vê que a a galera já vai desistindo né então parabéns para você que tá aqui e que com certeza vai ser um dos poucos que termina o que começa Então no final das contas eu tenho certeza que você vai colher os frutos disso lá na frente Então realmente parabéns para você que não se assustou com as 3 horas de aula ontem de conteúdo e voltou aqui hoje Fico feliz Que bom E principalmente porque este é o meu único evento de psicopatologia do ano ou seja é uma oportunidade única para você neste ano Lembrando que nessa semana eh nós não estamos falando assim de um conhecimento opcional que você aprende se você quiser não A gente tá falando aqui justamente de um dos pilares mais importantes e mais defasados na formação de todo psicólogo que é a psicopatologia e de um dos temas que é hoje o de maior interesse de maior visibilidade da população geral que é ah que são os transtornos mentais Então é um tema obrigatório para você que é psicólogo estudante de psicologia e deseja se destacar no mercado de trabalho ou também nas redes sociais ser reconhecido respeitado pela sua competência OK introdução feita Vamos pros três recadinhos rápidos iniciais Primeiro tente se organizar para assistir todas as nossas aulas ao vivo por dois motivos Primeiro quem assistir ao vivo todas as aulas dessa semana vai ter a chance de ganhar uma bolsa de estudos no meu curso de formação ou pós-graduação mais um ingresso para o meu evento presencial que vai acontecer no final do ano em São Paulo Como é que vai funcionar durante cada aula a qualquer momento durante a aula eu vou liberar um checkin aqui no chat do YouTube e vocês terão que preencher Assim que eu liberar o checkin ele vai ficar disponível por poucos minutos Então só quem está ao vivo vai conseguir preencher o chequin OK vocês precisam preencher o chequin durante todas as aulas da semana Entre aquelas pessoas que preencherem o chequin todos os dias a gente vai fazer o sorteio da bolsa de estudos e do ingresso Quem é que pode concorrer estudantes e profissionais de psicologia e medicina O resultado eu vou divulgar no próprio encontro de encerramento aqui da nossa semana que vai acontecer no domingo Segundo motivo no encerramento de cada aula você tem a chance de ganhar um kit especial que inclui dois livros de psicopatologia que eu acho indispensáveis na formação de todo psicólogo e algumas lembrancinhas do grupo PBE uma caneca um caderno uma caneta para você E atenção se o ganhador for aluno de qualquer curso meu o kit ainda tem um presente adicional que é o nosso pingente do grupo ou seja uma joia que para quem já é meu aluno então fiquem aqui ao vivo comigo todas as aulas tá a gente hoje vai ter a nossa competição também no final com fortes emoções Segundo recado a gente criou um grupo no WhatsApp dessa semana então é fundamental que vocês estejam nesse grupo Nesse grupo a gente está divulgando a nossa ação exclusiva Cinco presentes que você ainda pode participar E nesse grupo também você vai receber todos os dias o mapa mental das nossas aulas sempre no dia seguinte da aula entre 18 e 19 horas ok então lá no grupo vocês vão receber um material lindo em PDF colorido maravilhoso com o mapa mental e o resumo da aula E nesse grupo também vocês vão receber o emoji que vai ser o código para você enviar para mim no dia seguinte no Instagram para ter prioridade nas respostas das suas dúvidas Então por favor entre no grupo O link para quem ainda não entrou está na descrição deste vídeo OK terceiro e último recado durante a aula eu não leio comentários no chat Eh vocês sabem eu tenho déficit de atenção tenho TDAH então não tenho condição de ler comentários e dar aula Mas não percam tempo no chat não fiquem falando mandando dúvidas no chat Anote a sua dúvida e amanhã você manda para mim lá no Instagram com o emoji na frente Então foque aqui em assistir a aula anote o conteúdo e anote suas dúvidas também e me manda lá no Instagram Amanhã a equipe vai est acompanhando o chat da aula Se tiver qualquer problema na transmissão eles me avisam ok e lembrando também que pela primeira vez nessa semana gratuita a gente vai ter algo que vocês pediram muito que é o certificado de participação para quem assistir as aulas Então como é que vai funcionar você precisa assistir todas as aulas da semana até sábado 23:59 e preencher a nossa lista de presença de cada aula Apenas quem preencher a lista de presença de todas as aulas dentro desse prazo vai ter acesso ao certificado OK no final dessa aula eu vou liberar aqui um eh QR code tá no final de cada aula E aí você vai preencher vai eh botar seu celular nesse Qcode e vai preencher a lista de presença OK não é o checkin tá é um QR code no final da aula que vai ficar disponível inclusive para quem assistir essa aula gravada depois E você precisa fazer isso em todas as aulas até sábado 23:59 Domingo você recebe o seu certificado Recados dados Agora vamos para o conteúdo da aula de hoje que vai ser muito conteúdo também Prepara a mão aí para anotar para digitar porque vai ser pesado Muito bem A primeira coisa que você precisa saber sobre o modelo psicopatológico que todo psicólogo precisa entender para não ficar para trás que é o título inclusive da nossa aula de hoje é o seguinte Existem três eixos na psicopatologia e só um deles é considerado atual pela ciência ou seja um deles é o vigente desde 1980 inclusive Que eixos são esses a gente tem o eixo psicodinâmico a gente tem o eixo fenomenológico e a gente tem o eixo descritivo ou ateórico A gente vai aprofundar nesse terceiro descritivo ou ateórico que é a psicopatologia E é o eixo né enfim é o é o modelo psicopatológico que está vigente desde 1980 quando o DSM3 rompeu lá com a psicopatologia psicodinâmica como eu te expliquei ontem naquele apanhado histórico que eu fiz A psicopatologia ela tem eixos e isso significa que a gente tem diferentes formas de ver as doenças classificar as doenças e enxergar aí os transtornos mentais Vou explicar aqui para você esses três eixos Primeiro a psicopatologia fenomenológica Que que significa isso a psicopatologia fenomenológica ela não trabalha com a ideia de diagnóstico ela estuda o fenômeno Então é a aplicação da fenomenologia tá da da filosofia fenomenológica para trabalhar primordialmente com a experiência e desenvolver ali um modo compreensivo de se trabalhar com o paciente É algo que tá quase no campo da filosofia aplica os conceitos de Heidgard que sugere que o significado do fenômeno seria o que se revela o que se mostra em si mesmo Atualmente a psicopatologia fenomenológica ela é vista como história da psicopatologia Ela tem suas contribuições tem sua importância mas não é usada atualmente pela ciência A a psicopatologia fenomenológica ela rejeita as categorias diagnósticas Ela não usa nenhuma categoria diagnóstica porque considera que categorias diagnósticas são reducionistas simplificam a complexidade da experiência humana e tratam ali os sintomas como entidades isoladas e não como parte de um todo significativo que é o que se baseia a filosofia fenomenológica do Edmund Russell e do Martin Heidgard tá então para esse eixo da psicopatologia os diagnósticos nozológicos focam no o que ou seja nos sintomas enquanto a fenomenologia busca o como ou seja as estruturas da experiência Então por exemplo em vez de classificar alucinações como um sintoma de psicose a fenomenologia se interessa pelo que significa ouvir vozes para aquele sujeito para aquele paciente tá a psicopatologia fenomenológica ela embasa as teorias existenciais fenomenológicas humanistas que a gente tem dentro da psicologia Depois a gente tem a psicopatologia psicodinâmica que classifica o sujeito em neurose psicose e perversão Te expliquei ontem que este era o modelo vigente no DSM1 e 2 E eu expliquei isso detalhadamente na aula de ontem E a psicodinâmica na verdade é um conjunto de teorias da psicologia que tá diretamente ligado ali às teorias psicanalíticas ela vai trabalhar os conflitos que estão no inconsciente Freud foi seu principal criador tem outros né psicanalistas ali enfim mas Freud criou a psicanálise e também foi o principal divulgador Atualmente a psicopatologia psicodinâmica ela tem sido cada vez mais abandonada inclusive pela própria APA que já vem nesse movimento desde 1980 que tem buscado ali tirar cada vez mais né limpar entre aspas o DSM desses termos que remetem à teoria psicanalítica como por exemplo o transtorno conversivo que estava no DSM até o DSM5 e foi retirado no DSM5 TR mudou de nome agora se chama é transtorno de sintomas neurológicos funcionais Por fim a gente tem a psicopatologia descritiva ou a teórica porque não tá ligada a nenhuma teoria da psicologia especificamente ela apenas descreve os fenômenos por isso o nome descritiva ou a teórica sem teoria é a mais aceita atualmente pela ciência na verdade desde 1980 com o DSM3 quando a gente teve aquela virada que eu expliquei ontem o Emil Crapplin que foi o precursor aí aquele que eu também expliquei ontem que se opunha as ideias de Freud ele se preocupou com as diferentes diretrizes e os diferentes critérios que os clínicos de vários países usavam para descrever o mesmo problema Então isso fazia por exemplo que eh uma depressão diagnosticada na Inglaterra fosse completamente diferente de uma um paciente deprimido diagnosticado na Alemanha por exemplo E aí ele percebeu que isso tornava muito difícil eh compartilhar as informações entre os profissionais e até avaliar a eficácia dos tratamentos Era impossível Se você não tem algo bem definido como é que você vai pesquisar então ele desenvolveu um sistema de classificação mais objetivo descrevendo sinais e sintomas e o tempo de duração desses sinais e sintomas E foi essa sistematização de informações que permitiu o compartilhamento de resultados de tratamento e isso contribuiu muito pro que a gente tem hoje na psicopatologia inclusive pros sinais e sintomas que a gente tem hoje no DSM que é totalmente baseado nisso Daqui a pouco um pouquinho mais para frente nessa aula eu vou te explicar o que são sinais e sintomas qual é a diferença de sinal para sintoma Então fique aqui comigo tá que você vai entender Mas a grande questão até aqui é a seguinte Embora a psicopatologia a teórica que de novo é vigente desde 1980 seja atual a triste realidade é que a gente tem a base da formação da psicologia do Brasil em sua maioria seguindo a psicopatologia psicodinâmica Então imagino que muitos de vocês aqui tiveram aula na faculdade com o professor ensinando categorias como neurose psicose e perversão Mas por que isso acontece em muitos casos a gente tem professores mais velhos que seguem reproduzindo o que eles aprenderam na época deles A gente tem uma formação aqui no Brasil de base essencialmente psicanalítica o que faz também com a formação eh de do psicólogo né aqui no Brasil nessa base toda psicanalítica e diferente de outros países no exterior como por exemplo Estados Unidos e Inglaterra em que a gente tem uma formação eh em psicologia em psicopatologia mais baseada em evidências ali enfim mais e embasada na ciência E qual é o impacto disso na realidade o impacto disso são as mudanças na compreensão dos transtornos que a gente vai ver a partir de agora tá a depender do eixo da psicopatologia que você se baseia isso muda muito a sua visão sobre os transtornos mentais Mas primeiro a gente precisa entender o que é um transtorno mental Atualmente o DCM5TR ele define transtorno mental como um conjunto de sinais e sintomas caracterizados por uma perturbação clinicamente significativa na cognição na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental Então os transtornos mentais eles são associados aí a sofrimento a incapacidade a prejuízo significativo que afeta as atividades desta pessoa atividades sociais atividades profissionais relacionamentos eh questões escolares enfim atividades importantes da vida da pessoa na introdução do DSM3 lá em 1980 quando houve essa grande mudança né da psicopatologia psicodinâmica para a descritiva a explicação sobre o termo transtorno mental era a seguinte: na maior parte dos quadros a gente não tem uma compreensão clara do ponto de vista etiológico mas esse tipo de situação não pode impedir da gente operar clinicamente como em vários outros campos da medicina os profissionais da saúde não interferem apenas em situações conhecidas como doença gravidez hérnia umbilical nem sempre é operável mas requer uma observação médica um cisto no seio a mesma coisa não tem uma intervenção imediata mas precisa ali de um acompanhamento E aí a gente precisa fazer classificações dessas questões que nos permitam intervenções eficazes para auxiliar o paciente Então mesmo que não seja transtorno a gente pode atuar e a gente pode intervir porque se causa eh sofrimento prejuízo clinicamente significativo pode sim ser algo de ser alvo de intervenção Mas Fernanda como é que a gente vai saber que o paciente ele está doente que ele tem um transtorno ou ele não tem um transtorno ou aquilo que você falou ontem ele tá ali naquele espectro de traços nesse modelo mais dimensional como que a gente vai saber eu expliquei bastante sobre isso ontem né então eu falei sobre tudo que define ali o normal e o patológico mas a gente tem também concepções de doença tá que que separa um indivíduo saudável de um indivíduo doente Então uma delas vê a relação entre saúde e doença do ponto de vista mais quantitativo e a outra vê do ponto de vista mais qualitativo que é o que a gente segue dentro da psicopatologia como eu comecei a te explicar ontem tá então a doença sobre o ponto de vista mais quantitativo se refere né se eh tem uma diferença ali quantitativamente da saúde que seria o estado normal Então por exemplo diabetes existe um nível de glicose que te mantém dentro da normalidade E quando você ultrapassa esse limite o diagnóstico então de diabetes vai ser feito né tem pré-diabetes e depois diabetes de fato O tratamento que é o remédio mudança no estilo de vida dieta atividade física etc né vai fazer com que você volte ali pro nível permitido ou seja para um nível eh que tá dentro dos padrões estimulados ali estipulados por estudos pra gente dizer que você não está mais dentro da faixa de diabetes ok então nesse conceito quantitativo a gente tem um exemplo muito claro também que é o exemplo da obesidade O que a gente usa para dizer que o indivíduo está obeso e portanto está doente Você como profissional da saúde tem que saber que obesidade é uma doença A gente estabelece isso através do IMC que é o índice de massa corpórea Isso é aceito mundialmente porém é um número é um um dado que é discutido Porque por exemplo se você pega uma pessoa que tem muita massa magra que tem muito músculo né que é muito forte muito musculoso e você vai calcular o IMC dessa pessoa ela vai acabar estando ali talvez dentro de um quadro de obesidade Só que obesidade é definido como excesso de gordura e não excesso de músculo Mas o IMC ele é calculado através do peso e o peso na balança não separa músculo de gordura Então muitas vezes quando você trabalha do ponto de vista quantitativo na área da saúde você tem problemas Vou te dar um exemplo para ficar mais claro Tem um ex-jogador da seleção brasileira chamado Hul Eu não sei o nome dele o nome de batismo mas o apelido dele é Hulk porque ele era muito forte Sei hoje ele acho que ele nem joga mais não sei Enfim porque fazia alusão ao incrível Hul né aquele que ficava todo verde E na época que teve a Copa do Mundo que ele era inclusive jogador da seleção não lembro que ano foi ah tiveram várias reportagens mostrando que os os nutricionistas os preparadores físicos fazendo o IMC do Hul ele tava em obesidade grau três ou seja obesidade máxima aquela mais grave que antigamente se chamava de obesidade mórbida Hoje a gente não chama mais a gente chama de obesidade grau três tá isso porque quando você calcula o IMC dele ele tem inclusive indicação cirúrgica né paraa cirurgia bariátrica Mas quando você faz uma avaliação antropométrica do Hulk ou seja quando você vai medir o percentual de gordura dele ele tem menos que 10% de gordura no corpo que é baixíssimo é um percentual ali de atleta de elite Então isso já mostra pra gente a fragilidade desse método quantitativo porque quando você pega um dado bruto que é o peso divide pela altura ao quadrado dali você tem um número x Se for até 24.9 9 tá normal Acima de 24.9 25 começa o sobrepeso e aí 30 é obesidade e aí vai caminhando Então por essa métrica um atleta com baixíssimo percentual de gordura ele poderia ser enquadrado como obeso Então a gente sabe que essa medida quantitativa puramente ela é problemática O grande dilema quando a gente fala em diagnóstico de transtornos mentais é que a gente nem possui essas definições quantitativas A gente não pode nem trabalhar em cima disso porque a gente não tem nenhuma definição quantitativa Não existe um exame que a gente possa fazer para o diagnóstico de nenhum transtorno mental a gente tem alguns questionários alguns inventários né que podem nortear ali um pouco de uma maneira mais quantitativa esse diagnóstico de saúde mental mas ainda assim é algo muito distante do que a ciência considera um diagnóstico quantitativo que seria como no caso da diabetes faz um exame de sangue e dá lá um valor Por conta disso o dilema que fica entre muitos profissionais da saúde mental sobre essa fronteira entre o normal e o patológico é o seguinte: como é que a gente vai definir essa fronteira entre o normal e o patológico se em coisas que são observáveis verificáveis que a gente pode quantificar como é o caso do peso do indivíduo para calcular o IMC a gente já tem problema na classificação E lembra que eu falei bastante sobre isso na aula de ontem né que toda a classificação é problemática Inclusive te expliquei também que nenhuma tentativa sozinha dá conta de separar o normal do patológico Agora se a gente tem problemas com coisas quantificáveis imagina com coisas que a gente nem consegue quantificar Vamos quantificar agora a sua tristeza Quanto você está triste A gente até faz isso de zero a 10 quanto você se sente triste Mas isso é altamente subjetivo Com dor é a mesma coisa Não tem exame para medir dor Eu não faço um exame de sangue e eu descubro qual é o tamanho da dor do paciente Isso é autorreferido O paciente ele vai me dizer quanto está doendo quanto ele está triste se a dor dele é muito grande mas talvez se eu pudesse entrar no corpo dele e avaliar a dor ou avaliar a tristeza talvez eu dissesse na minha perspectiva que não é tão grande assim Por quê porque são percepções subjetivas Então a gente tem muitos problemas é muito difusa essa classificação é muito complicado a gente chegar numa definição disso E qual é a diferença entre doença transtorno e síndrome a gente sempre tem essa pergunta Na doença a gente conhece a etiologia o curso e o prognóstico O que que significa isso etiologia é a causa da doença Então a gente sabe por exemplo que a dengue ela é causada pela picada do mosquito Ninguém tem dúvida disso ninguém questiona isso Ah não a etiologia da dengue é multifatorial Não a etiologia da dengue é a picada do mosquito Se você for picado você vai contrair o vírus da dengue Acabou Não tem discussão isso tá então etiologia é isso é quando você sabe exatamente a causa de uma doença O curso é como aquilo se comporta ao longo do tempo Então por exemplo a dengue dura em média 7 a 10 dias Dores no corpo febre dor de cabeça etc Tem lá os sintomas Dentro de 7 a 10 dias de maneira geral se não for uma dengue hemorrágica algo mais grave você vai se recuperar desses sintomas Então isso é o curso E qual é o prognóstico o prognóstico é aquilo que a gente pode esperar do futuro A dengue tem cura Você não vai ficar com dengue 6 meses 1 ano 2 anos 5 anos Não não vai se curar da dengue não A dengue você vai passar ali 7 10 dias com aqueles sintomas seu corpo vai reagir e se você for saudável você vai melhorar Então o prognóstico da dengue é esse ok então isso é doença Doença a gente conhece a causa o curso e o prognóstico ou seja a etiologia o curso e o prognóstico E os transtornos Os transtornos mentais o que que a gente tem por que que a gente não chama de doença a gente chama de transtorno Nos transtornos mentais a gente conhece o curso e a gente conhece o prognóstico mas a gente não conhece a etiologia A gente diz que a etiologia é multifatorial A gente nunca encontrou a causa de um transtorno mental o gene do transtorno mental a picada do inseto que causa não não existe isso tá então a etiologia é multifatorial ou seja a gente não sabe a etiologia exata dos transtornos mentais E síndrome o que é uma síndrome síndrome é um conjunto de sinais e sintomas mas a gente não conhece nem curso nem prognóstico nem etiologia A gente tem um exemplo bem recente nos transtornos mentais de algo que era síndrome e passou a ser transtorno Síndrome do pânico Antigamente se chamava assim até o DSM4 chamava-se síndrome do pânico Por quê porque a gente não conhecia nem o curso nem o prognóstico nem aologia Com o avançar das pesquisas passamos a conhecer o curso e o prognóstico Então deixou de ser síndrome e passou a ser transtorno de pânico que é como a gente conhece hoje OK e nesse sentido caminhando aí nessa nessa mesma lógica a gente precisa entender a questão da etiologia O que é exatamente essa causa multifatorial por que que a gente diz que a gente não conhece a etiologia dos transtornos mas a gente diz que a causa é multifatorial muito bem Quando a gente fala em transtorno mental a gente leva muita gente a se questionar quanto aos motivos daquela pessoa desenvolver um transtorno e outras não Por que que uma pessoa a gente ouve muito isso no senso comum né por que que uma pessoa que tem tudo na vida tem uma família tem casa uma vida boa um bom trabalho ganha bem eh um marido uma esposa ali presente tem tudo Você olha pra vida daquela pessoa e você fala: "Nossa vida perfeita a vida dos sonhos" E essa pessoa tá num quadro de depressão grave Você se pergunta né nossa o que que pode ter gerado isso na vida dessa pessoa foi um trauma que aconteceu na infância dela sei lá foi complicação no parto Ah a mãe dela teve algum problema de saúde aconteceu alguma coisa na vida dela que a gente não sabe então a gente quer saber a causa a gente quer saber o motivo a gente quer uma explicação de porque aquela pessoa está daquele jeito E existe causa para transtorno mental por que o DSM porque a APA por que a psicopatologia ateórica ou descritiva rompeu com essa ideia de causalidade entre os fenômenos da vida os traumas de infância e os transtornos mentais pra gente entender isso a gente precisa começar entendendo a diferença entre correlação e causalidade E para isso como profissionais da saúde a gente precisa se afastar dessa posição de causalidade de justificar as coisas que é habitual ali no senso comum porque os transtornos mentais eles são complexos e explicações ingênuas simplistas não vão dar conta Então vamos entender essa diferença primeiro tá a correlação é um dado estatístico e não um dado suficiente para estabelecer causalidade Os transtornos mentais eles como eu já falei mil vezes aqui tus mulfatoriais mas as pessoas de maneira geral o senso comum gosta de explicações A gente gosta de entender as coisas de um jeito simples Quanto mais simples eu puder explicar as coisas aqui para vocês nessa aula melhor Concordam comigo você vai gostar mais Se eu conseguir simplificar é lógico porque a gente gosta de coisas simples diretas coisas objetivas Então quando eu chego para um paciente e digo assim: "Olha o seu transtorno tem causa multifatorial ele vai me perguntar: "Mas que causa exatamente eu quero a razão eu quero o motivo Foi porque meu marido morreu foi porque minha filha ficou doente eu quero a causa." Então essa questão da causalidade é algo que acalenta o nosso coração né mas que infelizmente enquanto profissionais da saúde a gente não pode lançar a mão porque a ciência não entende dessa forma Então eu não posso chegar pro meu paciente e dizer que ele surtou porque ele perdeu o pai ou que ele tá deprimido porque ele se separou ou que ele é autista porque ele foi abandonado pela mãe O paciente ele pode sim claro criar essas relações essas explicações pra vida dele mas nós enquanto profissionais da saúde não podemos A gente precisa sair dessa lógica simplista de causa e efeito quando a gente tá falando de um assunto tão complexo que é um transtorno mental Tem uma frase que eu gosto muito que diz assim: "Uma resposta simples para um problema complexo é a resposta errada né então se encaixa bem aqui E a primeira coisa que a gente tem que fazer que a gente tem que entender para sair dessa lógica simplista de explicar as coisas é entender a diferença entre correlação e causalidade Eu vou te dar um exemplo bem simples de correlação e causalidade tá eu tô aqui dando aula e você tá aí do outro lado no seu computador sua televisão Você botou no YouTube grande aí na televisão ou no seu celular no seu tablet enfim tá aí em algum lugar deitado no sofá na cama sentado na mesa no seu escritório me assistindo Em determinado momento aqui da aula eu bato palma e sua caneta cai no chão Aí você vai lá pega a caneta coloca de novo em cima da mesa começa a escrever Aí eu bato palma de novo sua caneta cai no chão de novo Novamente você pega a caneta põe em cima da mesa e aí eu bato palma pela terceira vez e de novo sua caneta cai no chão Você pega e põe em cima da mesa Existe correlação entre esses dois fenômenos o fato de eu bater palma e sua caneta cair no chão sim existe correlação Eu bati palma e sua caneta caiu por três vezes Existe correlação O ponto é existe causalidade entre esses dois fenômenos A gente pode dizer que foi porque eu bati palma aqui que a sua caneta caiu aí do outro lado não não podemos A gente pode dizer que existe correlação mas não podemos dizer que existe causalidade Tem uma coisa bem interessante que você pode fazer quando terminar aqui essa aula que é pesquisar num diretório de pesquisa pode ser até no Google Acadêmico mesmo que você vai achar Existem vários estudos que fazem essa brincadeira entre correlação e causalidade A gente chama isso na ciência de correlações espúrias Tem vários estudos mostrando essas correlações assim espúrias né aleatórias que é o estudo bem emblemático sobre isso é o seguinte: um estudo mostrou a relação entre aumento do consumo de margarinas e o aumento de divórcios em uma cidade do interior dos Estados Unidos Eles estabeleceram essa correlação A correlação é um dado estatístico Você tem um valor de P Quando esse valor de P é menor do que 0.1 indica que existe ali uma correlação E eles estabeleceram essa correlação O consumo de margarina aumentou naquela cidade e as pessoas se divorciaram mais As pessoas que consumiam mais margarina elas se divorciaram mais do que as pessoas que não consumiam margarina Tem correlação tem foi feito um estudo essa correlação foi mostrada ela foi estatisticamente significativa mas aí as pessoas elas acham que por consumiram mais margarina então se divorciaram mais ou seja confundem correlação com causalidade Tem outro estudo também que mostra o aumento do consumo de picolés e a quantidade de afogamentos nas praias A gente pode dizer que as pessoas se afogaram por elas chuparam mais picolé Não não existe causalidade entre esses fatos Picolé não faz ninguém se afogar é apenas uma correlação que basicamente é o que o senso comum chama de coincidência OK eu bati palma aqui sua caneta caiu aí Mera coincidência Do mesmo modo a gente pode dizer que porque as pessoas consumiram margarina essa é a causa da do do número de divórcios Foi por isso que elas se separaram mais não não podemos dizer Em psicopatologia é a mesma coisa A gente eh pode dizer que uma pessoa que foi abandonada pela mãe aos 3 meses de vida aos 2 anos de idade sei lá situação bem extrema foi largada lá na lata do lixo isso pode ter uma correlação com problemas futuros dessa pessoa de transtornos mentais etc pode Agora a gente pode estabelecer uma causalidade entre essas coisas Ela tem depressão por ela foi abandonada pela mãe na lata do lixo não infelizmente não E aí o que que ocorre muitas teorias psicodinâmicas né muita muito dessa psicopatologia psicodinâmica se baseia nessa relação de causalidade confundindo com relação e causalidade E a gente não tem embasamento suficiente hoje com o que a gente sabe a gente não tem lastro suficiente para afirmar isso Você quer ver dois exemplos muito clássicos disso na psicopatologia psicodinâmica Dois exemplos para você o autismo e a mãe geladeira e a questão do abuso sexual e da obesidade Vamos entender um pouco o que é a teoria da mãe geladeira A teoria da mãe geladeira ela tá relacionada a uma visão de que o autismo ele seria causado veja a palavra causado por uma falha no cuidado emocional da mãe nos primeiros anos de vida daquele bebê Essa ideia ela foi indiretamente sugerida pelo Léo Cer um psiquiatra austríaco que se naturalizou nos Estados Unidos e que em 1943 ele publicou o artigo Autistic Disturbance and Affective Contact onde ele descreveu ali pela primeira vez o quadro que hoje a gente conhece como autismo infantil Quando Caner ele não usou né diretamente assim o quando ele escreveu esse artigo ele não usou diretamente esse termo mãe geladeira tá ele fez comentários sobre os pais dos seus pacientes ali de estudos de caso descreveu esses pais como muito inteligentes mas emocionalmente distantes o que acabou aí contribuindo pra criação desse estigma O termo mãe geladeira ele foi realmente popularizado por um psicanalista psicólogo educador austríaco chamado Bruno Bettenheim Talvez você já tenha ouvido falar dele porque ele tem um livro muito famoso que é a psicanálise dos contos de fada Ele foi um dos principais defensores da ideia de que o autismo era resultado dessa falha no vínculo afetivo com a mãe Então o Bruno Bettenheim ele utilizava esse termo de forma explícita e ele comparava diretamente as mães a eletrodomésticos frios e inertes como a geladeira Então veja que absurdo né o autismo a gente sabe hoje é absolutamente genético e a criança já nasce com ele Isso não temos mais dúvidas não há mais discussão nisso na ciência A outra teoria é de que a mulher abusada na infância na adolescência abusada sexualmente ela engordaria ou seja ela se tornaria obesa na fase adulta para disfarçar as formas femininas e com isso evitar passar por um novo uma nova situação de abuso Então essa teoria diz que após um abuso sexual especialmente vivenciado ali na infância né com esse trauma é o corpo dessa mulher pode se tornar uma fonte de angústia e de medo Então o ganho de peso funcionaria de forma inconsciente como uma forma de tornar esse corpo menos desejável o que já é um absurdo por si só né porque veja bem uma mulher acima do peso ela não pode ser desejável Veja que absurdo E com isso eh esta mulher estaria tentando impedir situações semelhantes de abuso que elas voltassem a ocorrer Então a obesidade nesse sentido a causa da obesidade seria uma tentativa de proteção contra a ressexualização desse corpo né novamente como se mulheres acima do peso não tivessem sexualidade e não fossem bonitas e interessantes né do ponto de vista sexual o que é um absurdo também Eu não sei se alguém tem dúvida ainda né mas assim por que que isso tá errado pra gente entender a gente tem que pensar numa analogia que eu gosto muito Quem é meu aluno quem já assistiu outras semanas gratuitas aqui já me ouviu falar disso que é a analogia do bolo Então imagine que você agora vai preparar um bolo agora Quantos ingredientes você precisa para fazer um bolo quando você chega na sua cozinha você descobre que você só tem manteiga Você faz um bolo com manteiga não Só com manteiga não Não faz Então o abuso sexual ele é sim um dos ingredientes do bolo mas eu não faço um bolo só com um ingrediente eu não faço bolo só com manteiga então eu preciso de outros ingredientes para fazer um bolo Então esses fatores né o fato de ter uma mãe fria e distante o fato de ter sido abusado sexualmente na infância podem ter um papel importante tá em algumas situações por exemplo a gente já sabe é bem estabelecido isso na literatura científica que abuso sexual na infância é um dos fatores que predispõe para o transtorno de personalidade borderline A gente pode dizer que abuso sexual na infância é a causa do transtorno da personalidade borderline Não Existem pacientes borderline que nunca foram abusados e existem pacientes existem pessoas que foram abusadas sexualmente e não tem o transtorno da personalidade borderline Então é apenas uma predisposição uma maior vulnerabilidade novamente uma correlação OK ainda dentro de uma explicação mais atualizada pro fenômeno de correlação e causalidade a gente tem o exemplo do tept transtorno do estress pós-traumático Abuso assalto sequestro por exemplo não são causas do Tept muitas pessoas pensam Eu mesma já fui assaltada três vezes e eu nunca desenvolvi TPT Por quê porque existem outros fatores além desse fator desencade né que é conhecido ali pelo senso comum como gatilho Ser assaltado ser sequestrado ser abusado enfim nem todas as pessoas que passam por essas experiências elas vão desenvolver TEPT Então o diagnóstico em saúde mental ele não é baseado na causa na etiologia A etiologia ela define alguns diagnósticos médicos mas em saúde mental a gente não tem isso Então por exemplo na área eh cardíaca né a gente tem a enzima CPK alterada Quando você chega no emergência e você diz: "Eu tô passando mal eu tô com uma dor aqui no peito do lado esquerdo e eu tô sentindo o meu braço dormente Automaticamente eles vão fazer exames em você Um desses exames é um exame de sangue Para quê para ver essa enzima Se a enzima CPK tiver alterada existe uma chance muito grande de você estar infartando e aí eles vão tomar as providências necessárias ok mas em psicopatologia eu já te expliquei isso ontem a gente não tem uma causa X que gera um problema Y A gente tem múltiplas causas Então eu não posso dizer que o meu paciente ele está deprimido porque o pai dele teve depressão Isso aí é um fator genético OK tem influência Eu também não posso dizer que ele tem depressão porque ele foi abusado na infância Isso é um fator predisponente mas também não é a causa Ou eu também não posso dizer que ele está deprimido porque a mãe dele faleceu Isso é o que o senso comum chama de gatilho É o fator desencade mas também não é a causa Então genética história de vida fatores ambientais fatores de personalidade estressores estilo de vida tudo isso junto OK forma aquilo que a gente chama de multicausalidade Na medida em que eu olho a história de vida de uma pessoa eu vejo ali fatores que desencadeiam e fatores que mantém a pessoa naquele transtorno Então em psicopatologia a gente não tem sintomas patognomônicos Um sintoma específico sendo igual a um diagnóstico específico Te expliquei isso também na aula de ontem Escutar vozes não é igual a esquizofrenia Alucinação auditiva não é patognomônico de esquizofrenia porque não existe isso em psicopatologia Enzima CPK igual infarto OK em psicopatologia a gente não tem isso E para piorar em inúmeras situações eu não consigo dar o diagnóstico apenas olhando para o momento presente do paciente Exemplo transtorno bipolar Te expliquei isso ontem também Se eu olho né só para o momento de agora eu posso ignorar episódios de mania ou hipomania que esse paciente teve Eu olho só pro momento presente onde ele apresenta agora um quadro depressivo E aí o meu diagnóstico vai ser de quê transtorno depressivo maior E esse é um diagnóstico errado porque eu não olhei pra história de vida desse paciente Eu não sei se ele teve alterações de humor Outro exemplo um quadro psicótico Às vezes quando a gente olha para um paciente ali com delírio com alucinação comportamento desorganizado a gente não tem como distinguir um quadro de mania com sintomas psicóticos de um quadro outro ali do espectro da psicose esquizofrenia esquisotipe esquisoafetivo eh psicótico breve eu não tenho como distinguir Eu só vou distinguir com a evolução do quadro quando esse humor baixar e aí eu vou conseguir fazer essa distinção Então se a gente vai ver isso eh só pelo momento atual ou a gente vai ver isso só por um sintoma a gente vai errar tá a gente vai falar mais sobre isso de uma maneira mais aprofundada na aula de sexta-feira sobre diagnóstico diferencial A gente sabe também que a causa a gente já descobriu aqui né que a causa de todo o transtorno é multifatorial Então a gente tem vários aspectos ali por trás da manifestação de um transtorno e um desses aspectos são fatores biológicos e genéticos A gente tem evidências crescentes que mostram que a gente erda tendência por exemplo a ser mais tenso a ser mais irritado a ser mais ansioso tá mas essa vulnerabilidade genética ela não causa necessariamente um transtorno Não é porque eu herdei isso da minha mãe ou do meu pai que necessariamente eu vou apresentar ao longo da minha vida um transtorno de ansiedade ou um transtorno de pânico Acontecimentos estressantes ali na minha vida outros fatores no ambiente aspectos meus da minha personalidade podem ativar esses genes E aí a gente vai ter vulnerabilidades psicológicas e biológicas para que a gente eh tenha um determinado transtorno tá ah a gente tem um um estudo de que saiu em 2024 na Jama né que é uma revista aí de alto impacto e que foi muito mal interpretado O estudo dizia que o autismo tem uma correlação com a exposição a telas e as pessoas interpretaram que o autismo é causado pela exposição a telas O estudo mostra que crianças menores de 2 anos que tiveram aí nesse nesses primeiros anos de vida uma exposição prolongada a tablet a celular a televisão tiveram uma manifestação mais grave de TEA Ou seja essas crianças elas já tinham uma tendência elas já tinham uma vulnerabilidade biológica A exposição à tela potencializou para que o transtorno se expressasse de uma forma mais grave Se essa criança não tivesse tido a exposição a tela ela também seria autista mas ela talvez estaria no nível um de suporte não no nível três por exemplo Então pra psicopatologia descritiva essa união de inúmeros fatores juntos né e um ambiente desfavorável é que pode desencadear um transtorno mental Lembra lá do que eu falei do bolo pois é para você fazer um bolo você precisa de todos os ingredientes Farinha manteiga ovos fermento chocolate eh que é mais leite ok você tem tudo lá você misturou tudo você bateu lá na sua forma de bolo Maravilha Se você não tiver um forno aquecido a 180º que é o ambiente você não vai ter bolo Você vai ter uma massa mole aquosa que não é bolo Tem gente até que gosta disso né tem gente que come essa massa de bolo Enfim você vai ter uma massa você não vai ter um bolo Para você ter um bolo você precisa do quê você precisa de um ambiente que é o forno aquecido a 180º A mesma coisa para transtorno tá ainda sobre essa questão eu não sei quantos de vocês sabem mas hoje a gente tem uma teoria bem aceita né de desenvolvimento ali dos transtornos mentais que é chamada teoria da tripla vulnerabilidade A teoria da tripla vulnerabilidade ela foi proposta pelo David Barl oferece uma explicação sobre o desenvolvimento dos transtornos mentais Essa teoria sugere que os transtornos eles aparecem devido à interação de três tipos de vulnerabilidades E não basta ter uma não basta ter duas você precisa ter as três para que você tenha o surgimento de um transtorno Que vulnerabilidades são essas primeiro vulnerabilidade biológica geral que se refere a fatores genéticos e biológicos que tornam algumas pessoas mais predispostas a desenvolverem transtornos ao longo da vida em situações de estresse por exemplo uma maior sensibilidade do sistema nervoso né que seria ali uma vulnerabilidade eh biológica ou um temperamento caracterizado ali pelo neuroticismo que é uma tendência a experimentar emoções negativas A gente herda isso dos nossos pais Então essa é uma herança genética que aumenta a probabilidade da gente desenvolver transtornos ao longo da vida A segunda vulnerabilidade é o que ele chamou de vulnerabilidade psicológica geral que se trata de crenças percepções que a gente aprende ao longo da vida e que nos tornam ou podem nos tornar uma pessoa mais propensa a interpretar as situações ao nosso redor como ameaçadoras complicadas difíceis Então por exemplo se você cresce em um ambiente imprevisível onde uma hora tá de um jeito uma hora tá do outro ou um ambiente extremamente controlador isso pode levar ao desenvolvimento de uma percepção de falta de controle sobre os eventos da vida e isso aumenta também o risco de determinados transtornos E a terceira vulnerabilidade que é a vulnerabilidade psicológica específica Então a gente tem a vulnerabilidade psicológica geral e a vulnerabilidade psicológica específica A específica se relaciona com experiências ou aprendizagens que fazem com que certos estímulos ou certas situações sejam vistos pela gente como perigosas Então por exemplo um indivíduo que teve lá que foi sei lá mordido por cachorro quando era criança E aí ele desenvolveu a partir daí uma fobia específica associada a esse animal Novamente o fato dele ter sido mordido por cachorro é a causa da fobia específica não entenderam isso tá então essa vulnerabilidade ela diz respeito a experiências precoces é o ambiente onde a gente cresce o quanto a gente foi exposto a traumas e a eventos estressores Tá muito bem Quando a gente tem a interação dessas três vulnerabilidades a gente tem então uma chance maior da gente desenvolver transtornos e desses transtornos se manterem como por exemplo transtornos de ansiedade sendo que cada uma dessas vulnerabilidades vai desempenhar ali um papel dentro desse processo tá essa teoria hoje ela é amplamente aceita dentro da ciência ela é utilizada ali nos campos da psicologia né dos transtornos mentais E quem criou essa teoria se você quiser pesquisar foi o David Barlow que é um psicólogo americano e professor da Universidade de Boston tá e onde ele vai dizer que essas predisposições vão influenciar aí eh na vulnerabilidade de uma pessoa ao medo por exemplo Tem pessoas que são bem mais medrosas né e tem pessoas que são bem mais destemidas Então tem a ver com isso também E aí segundo essa linha né de pensamento aí do David Barl é a soma desses três tipos de vulnerabilidade que vai contribuir pro desenvolvimento do transtorno Então não adianta ter uma não adianta ter questões genéticas Se você não tiver as outras duas você não vai desenvolver tá bom então eu espero que tenha ficado muito claro até aqui que a causa dos transtornos mentais é multifatorial não tem uma causa tá bom e em todos os transtornos a gente tem todos esses fatores genética ambiente eh vulnerabilidade psicológica geral específica Mas a questão é em todos os transtornos esses fatores têm o mesmo peso genética ambiente história de vida personalidade é tudo igual em todos os transtornos para que uma pessoa desenvolva ou não hoje a gente sabe que não A gente sabe que fatores diferentes tem pesos diferentes para cada transtorno De alguns a gente já sabe outros outros ainda tá se estudando Mas de maneira bem resumida a gente tem a vulnerabilidade biológica né que são pessoas ali né que eh t parentes na família parentes de primeiro grau pai mãe etc eh que teriam né um transtorno eh no mesmo espectro Ali um exemplo muito interessante disso é o transtorno de personalidade antissocial A gente tem estudos sobre a família né gêmeos idênticos que foram adotados E esses estudos tentam mostrar a influência genética do transtorno da personalidade antissocial e da criminalidade Então por exemplo tem um estudo clássico de 1974 de um psicólogo chamado Crowe que ele examinou filhos de mães criminosas essas mães estavam presas e tiveram seus filhos eh na cadeia né no presídio E essas crianças elas foram encaminhadas para eh abrigos né para locais de de cuidados coletivos e depois elas foram algumas delas adotadas posteriormente por outras famílias E essas crianças foram comparadas com outras crianças que foram adotadas mas que não tinham mães presas não tinham mães que cometeram crimes Todas as as crianças foram separadas das suas mães biológicas pouco tempo depois do nascimento Então isso minimizava nesse estudo a possibilidade de que fatores ambientais uma transmissão ali de comportamento né dessa mãe biológica fosse responsável pelos resultados As crianças elas basicamente não conviveram com a mãe biológica E aí o Crowe ele constatou inicialmente que as crianças que nasceram né de mães eh biológicas que cometeram crimes ao longo da vida eles tinham ah significativamente maiores problemas com a justiça ou seja eles eram presos eles eram condenados E as crianças que eh foram adotadas por outras famílias mas que nasceram de mães não criminosas elas ã não tinham esse comportamento criminoso tá então inicialmente ele estabeleceu que a gente tinha uma influência genética significativa neste comportamento antisocial Mas o Crowe ele continuou estudando essas crianças e continuou acompanhando essas pessoas E aí lá na frente ele descobriu uma coisa muito interessante as crianças adotadas de mães biológicas que cometeram crime e que se tornaram também posteriormente criminosas com comportamento antissocial Nesse ítere né eles passaram mais tempo em orfanatos do que as crianças que não se tornaram criminosas ou que eh foram eh adotadas mais rapidamente e não tiveram ali comportamentos antissociais Então o Crowe ele vai ressaltar que isso sugere uma interação gene ambiente Ou seja em outras palavras os fatores genéticos eles podem sim ter uma importância ter uma interferência mas o fato daquelas crianças elas terem passado mais tempo em um ambiente que a gente sabe hoje na psicologia que é um ambiente invalidante que é um ambiente ali de abrigo de orfanato que é um ambiente onde aquela criança não tem um cuidado específico não tem um um cuidador só para ela né normalmente é uma cuidadora para 10 15 20 30 crianças Então a gente sabe como é que funciona Então tem a vulnerabilidade genética tá mas também eh o Crowe observou posteriormente que o desenvolvimento da criminalidade de comportamentos antissociais também requer esses fatores ambientais como por exemplo a falta de um contato ali de boa qualidade na infância né seja com pais biológicos ou com pais adotivos ou com cuidadores enfim que é o que a gente chama hoje de ambiente invalidante na psicologia Outro exemplo de diferentes pesos né de genética e ambiente é na esquizofrenia A gente sabe que a esquizofrenia é um dos transtornos mais biológicos que a gente tem ou seja é muito herdado né tem uma herdabilidade muito alta Como é que a gente sabe disso a gente sabe disso com estudos com gêmeos idênticos Então por exemplo é possível ter uma chance muito maior né aproximadamente 48% de ter esquizofrenia se você tiver um irmão gêmeo idêntico monozigótico né ou seja aquele que compartilha 100% das suas informações genéticas Então se você tem um irmão gêmeo idêntico que tem esquizofrenia você tem quase 50% de chance de também ter o transtorno Seus riscos caem para 17% se você tem um irmão gêmeo de zigótico ou seja que não compartilha 100% das informações genéticas com você Então você sai de 50% para 17% E ter qualquer parente com esquizofrenia pai mãe avô avó tios te deixa mais propenso também a ter o transtorno do que alguém que não tem nenhum parente nessa situação tá se você tá aí na população geral que não tem nenhum parente com esquizofrenia você tem cerca de 1% de chance de desenvolver o transtorno e aí se você tem parênteses conforme o grau de parentesco isso vai mudar Então eh como os estudos sobre famílias elas é difícil né a gente separar a influência genética daquilo que é ali o convívio no ambiente a gente precisa de estudos com gêmeos que foram adotados que foram separados no nascimento e adotados por diferentes famílias para avaliar o papel do ambiente e da esquizofrenia Aí a questão genética Se esses gêmeos né eh eles são idênticos eles compartilham 100% dos seus genes se eles estão ali no mesmo ambiente tá e gêmeos desigóticos ou seja gêmeos fraternos compartilham 50% dos genes mas também 100% do ambiente se a gente separa esse ambiente a gente tem só ali o fator genético agindo tá então caso o ambiente ele fosse exclusivamente responsável pela esquizofrenia a gente esperaria pouca diferença entre gêmeos idênticos e não idênticos com relação a esse transtorno Caso apenas os fatores genéticos fossem relevantes então ambos os gêmeos idênticos teriam que ter esquizofrenia né se o seu irmão tem você teria 100% de chance de ter E os gêmeos não idênticos então eles apresentariam 50% de chance E a gente não tem isso tá então a pesquisa com eh estudos né sobre gêmeos indica que a verdade ela tá em algum lugar entre essas duas possibilidades Ter um irmão gêmeo idêntico e ter 100% de chance ter um irmão não idêntico e ter 50% de chance A gente tá dentro disso aí Então a gente pode fazer uma generalização Os genes eles são responsáveis por tornar algumas pessoas vulneráveis à esquizofrenia Quando a gente considera uma variedade de resultados de pesquisas sobre essas famílias gêmeos que foram criados juntos gêmeos que foram criados separados tudo isso aí eh a gente conclui que não tem um gene responsável pela esquizofrenia mas a gente tem uma combinação de muitas variações genéticas que dão origem a uma vulnerabilidade Em 1938 um pesquisador chamado Franz Can ele publicou um estudo muito importante sobre famílias de pessoas com esquizofrenia Ele analisou familiares de mais de 1000 pessoas diagnosticadas com esquizofrenia em um hospital psiquiátrico de Berlim e muitas das suas observações orientam até hoje as pesquisas sobre o transtorno Isso é um estudo clássico e muito importante O Can ele foi um dos pesquisadores que mais estudou essa questão da esquizofrenia e da erridabilidade no mundo Ele mostrou que a gravidade do transtorno de um genitor por exemplo influencia na possibilidade do filho ter esquizofrenia Então não é só que seu pai tem é que seu pai tem E ele tem um grau de esquizofrenia muito grave E quanto mais grave for a esquizofrenia do pai ou da mãe por exemplo maior a possibilidade dos filhos também desenvolverem esquizofrenia Olha que interessante E aí estudos posteriores mostraram que se uma criança adotada tem uma mãe biológica com esquizofrenia ou com qualquer outro transtorno psicótico relacionado transtorno delirante esquizofreniforme etc O risco dessa criança separada dessa mãe que foi adotada ter algum transtorno do espectro da psicose aumenta para 22% em comparação com a população geral Por exemplo eu não tem nenhum parente meu com esquizofrenia A chance de eu desenvolver esquizofrenia é 1% tá isso é população geral Uma criança que tem uma mãe com esquizofrenia e foi adotada ou seja não viveu com essa mãe estamos falando só de questão genética sobe para 22% Mesmo então quando essa criança é criada longe dos seus pais biológicos os filhos de pais com esquizofrenia t mais probabilidade tem uma chance muito maior de manifestar o transtorno né de 20 vezes mais chance Então a gente tá diante portanto de um transtorno que tem uma base biológica muito forte Outro exemplo que a genética predomina são os transtornos do neurodesenvolvimento TDH por exemplo é considerado altamente influenciado pela genética Influências ambientais desempenham sim um papel eh mas é um papel relativamente pequeno né no desenvolvimento do transtorno quando comparado a outros que a gente tem aí que tem um papel ambiental muito mais importante como depressão ansiedade tá que vai esse ambiente aí vai influenciar até muito mais do que fatores eh biológicos Na depressão por exemplo as melhores estimativas ali de contribuições genéticas alcançam aproximadamente 30% para mulheres e em torno de 20% para homens Isso significa que até 80% das causas da depressão elas podem ser atribuídas a fatores ambientais questões de personalidade estilo de vida etc É muito 80% Então outros pontos que a gente precisa estar atentos também né e essa também são perguntas muito frequentes Existe cura para transtorno mental qual é a diferença entre cura e remissão e remissão total e remissão parcial o que é isso então essas são dúvidas aí muito frequentes Eu vou aproveitar para responder agora tá primeiro a diferença entre cura e remissão Que que significa isso imagina que eu tava correndo na rua e caí quebrei o meu braço tá quebrei o braço fui no ortopedista e disse: "Olha meu braço tá doendo tá inchado eu não consigo mexer É eu acho que eu quebrei" Aí o ortopedista vai fazer um raio X e vai dizer: "De fato fraturou A gente vai ter que engessar esse braço E você vai para casa com braço inessado vai passar 15 dias e volta aqui Tá bom passado 15 dias eu volto lá Ele tira outro raio X ele fala: "Olha tá bom aqui tá né o o osso já consolidou tá tudo OK Agora você vai fazer 10 sessões de fisioterapia para retomar o movimento para ficar tudo bem enfim E aí depois você volta aqui Fiz 10 sessões de de fisioterapia Voltei lá Ele olhou meu braço e falou: "OK tá curada pode ir embora Vai passar um ano 2 3 4 5 e eu sequer vou me lembrar qual foi o braço que eu quebrei Me lembro bem Foi o direito foi o esquerdo não sei Lembro direito Acho acho que foi o direito porque eu acho que eu não consegui escrever né não lembro Você até esquece tá você tá curado Nunca mais você se lembra daquilo Nunca mais aquilo acontece na sua vida não ser que você dê o extremo azar de cair de novo em cima do mesmo braço mas aí já não é aquele processo lá já é outro processo enfim daquilo ali você tá curado E o que que significa remissão remissão parcial e remissão total é quando você não apresenta de maneira significativa aqueles sintomas daquela doença mas aquilo ainda está ali de alguma maneira Então a remissão parcial é quando você tem alguns sintomas que ainda estão presentes mas outros não estão mais presentes E a remissão total é quando você não tem de uma maneira significativa eh os sintomas daquela doença daquele transtorno ali presentes tá remissão não significa que o problema sumiu que desapareceu que você não tem mais o transtorno que não restou mais nada Não Remissão significa retorno à funcionalidade Grave isso por favor Anote isso é muito importante Remissão significa retorno à funcionalidade Quando a gente fala de remissão total a gente tá falando de até 70% de melhora Quando a gente fala de remissão parcial a gente tá falando de até 50% de melhora Ou seja o paciente ele retorna 50% à sua funcionalidade Antes ele trabalhava jogava futebol e saía com os amigos Hoje ele só sai com os amigos e joga futebol de vez em quando Ele jogava toda semana joga a cada 15 dias e não voltou a trabalhar Então isso é uma remissão parcial Ele melhorou um pouco Ele retornou em torno de 50% da funcionalidade que ele tinha antes OK Com o tratamento correto o que que a gente tem alguns transtornos vão ter remissão parcial e outros transtornos vão ter remissão total a depender da gravidade Então diagnósticos eles também servem né não é para rotular paciente não é pra gente saber o que esperar de determinado transtorno Já te expliquei isso A gente chama isso de prognóstico Qual é a expectativa para aquele transtorno com e sem tratamento inclusive tá o que que pode acontecer o que que diz a literatura então por exemplo a gente sabe hoje que em torno de 20 25% dos casos de transtorno de personalidade borderline eles remitem parcial ou totalmente os sintomas a ponto de não fechar mais critérios diagnósticos paraa border Isso mesmo sem tratamento quando a pessoa tem em torno ali da quarta década de vida dos 40 anos tá é o transtorno de personalidade hoje que a gente tem melhor prognóstico porque mesmo sem tratamento 20% dos pacientes vai ter uma melhora 80% vai continuar igual OK se não fizer tratamento não vai melhorar nada Agora por exemplo quando a gente pensa em esquizofrenia mesmo com o tratamento o prognóstico não é tão bom ou seja tem grandes chances do mesmo o paciente fazendo o tratamento ele não voltar à funcionalidade ou seja ele não ter remissão mesmo com o tratamento adequado por conta da gravidade do transtorno Então quando a gente tem um diagnóstico a gente também sabe o que esperar Vou te dar outros exemplos a gente tem o transtorno depressivo maior A remissão espontânea ela pode ocorrer em alguns casos leves mas o que acontece é que o paciente remite os sintomas e lá na frente depois de 1 ano depois de 6 meses depois de 2 anos ele vai ter de novo aqueles sintomas tá cerca de 60% 50 a 60% dos pacientes t remissão parcial ou total com o tratamento Fatores que pioram o prognóstico de um paciente com transtorno depressivo Quanto mais cedo iniciar aliás início precoce é um pior prognóstico para qualquer transtorno OK qualquer transtorno que começa mais cedo na vida ele tem um pior prognóstico dificilmente vai remitir sintomas tá té at TDAH esquizofrenia que começa ali na adolescência principalmente em homens o prognóstico é pior Então início precoce é um indicativo de pior prognóstico Crianças que já têm ali sintomas depressivos adolescentes com sintomas depressivos múltiplos episódios anteriores Então quanto mais quadros depressivos a pessoa faz na vida pior prognóstico comorbidades Então quanto mais outros transtornos a pessoa tem associado especialmente ansiedade e se ela faz quadros depressivos com sintomas psicóticos isso também tem um prognóstico pior Já para o transtorno bipolar a gente tem um prognóstico mais reservado Então os episódios eles tendem a se repetir ao longo da vida Se a pessoa não tomar a medicação pode ter remissão parcial entre os episódios mas cerca de 20 a 30% dos pacientes vai ter algum sintoma residual persistente Quais são os fatores que pioram o prognóstico de um paciente bipolar ciclos rápidos Quando ele sai de mania entra em depressão e entra em mania de novo Isso é ruim isso é pior pior prognóstico Abuso de substâncias então fazer uso de maconha por exemplo qualquer substância e adesão irregular ao tratamento Então não ter uma boa rotina eh beber bebida alcoólica tudo isso piora também Com relação ao transtorno de ansiedade generalizada o Tag a gente tem um curso crônico mas com boas possibilidades de remissão Menos de 50% dos pacientes apresenta uma remissão sustentada depois de 2 anos sem tratamento Então esse paciente ele precisa fazer um tratamento para que essa remissão ela seja mais prolongada tá fatores de piora do Tag início precoce também como sempre comorbidades né outros transtornos que esse paciente tem associado e baixa adesão ao tratamento Já no transtorno do pânico a gente tem um prognóstico melhor do que no Tag especialmente quando é tratado logo quando o paciente começa a ter ataques de pânico ele procura logo ajuda Muitos pacientes aliás boa parte deles conseguem entrar em remissão total se fizerem tratamento tá porém se esse paciente tem agorafobia associado né que é um outro transtorno que frequentemente tá associado ao transtorno do pânico o prognóstico é um pouco pior OK quando a gente fala de esquizofrenia tá a gente sabe que é um transtorno que tem curso crônico Na maioria dos casos cerca de 20% dos pacientes apresentam ali algum tipo de remissão mas só 10 15% tem de fato uma remissão funcional completa ou seja vão ter um retorno à funcionalidade de uma maneira completa por exemplo voltar a trabalhar ter relacionamentos amorosos ter amizades né isso aí basicamente 10% dos pacientes vai ter sintomas negativos que é embotamento afetivo eh distanciamento social esses são mais persistentes ao tratamento Então mesmo com o tratamento o paciente tende a manter isso O prognóstico da esquizofrenia ela melhora se esse início for mais tarde na vida não for tão cedo na adolescência Se o paciente iniciar a medicação antipsicótica por exemplo el tiver uma boa resposta inicial ao tratamento e se esse paciente tiver um bom suporte social ok o TDH como é que funciona isso pro TDH essa questão da remissão não costuma entrar em remissão tá sintomas eles podem ter ali uma discreta diminuição com a idade especialmente sintomas de hiperatividade os sintomas de desatenção tendem a se manter e na maioria dos casos a gente vai ter o TDAH ali persistente na vida adulta tá a remissão total ela é mais comum em casos leves com bom suporte familiar e um tratamento que inicia logo ali na infância bem precoce Então quando a gente sabe o diagnóstico a gente também entende o prognóstico do nosso paciente A gente sabe o que esperar da evolução daquele quadro clínico ao longo do tempo E isso é fundamental por vários motivos Primeiro porque permite que você profissional tenha uma noção mais clara sobre as possibilidades de melhora a estabilidade o agravamento daquele quadro do seu paciente Segundo porque essa compreensão ajuda você a definir metas terapêuticas ali dentro do seu tratamento mais realistas tanto pro paciente quanto para você psicólogo Além disso quando você conhece o prognóstico você consegue orientar o paciente e a família desse paciente gerando expectativas adequadas realistas planejando ali o cuidado daquela família E também o paciente ele acaba tendo mais adesão Por exemplo em muitos casos como transtorno de pânico o paciente tá ali tendo ataques de pânico três quatro vezes ao dia Quando ele descobre que ele tem uma chance muito significativa de remissão total isso claro fortalece muito engaja muito ele no tratamento dá muita esperança Por outro lado quando a gente tem um prognóstico mais reservado como na esquizofrenia no transtorno bipolar essa informação ajuda também muitas vezes até a família a construir estratégias de enfrentamento né de suporte de adaptação A família fica achando que aquilo ali vai se resolver magicamente em um mês em dois meses Então a gente precisa orientar tá eles precisam se estruturar para isso Então diagnosticar não é apenas dar nome num transtorno é também a gente compreender o o curso daquilo ali o prognóstico daquilo ali como é que aquele transtorno vai seguir ao longo dos anos E isso é parte fundamental de um cuidado clínico que a gente quer oferecer aos nossos pacientes ok e aí você vai me perguntar o seguinte: "Mas Fernanda eu já vi vários profissionais na rede social falando de cura né cura para ansiedade cura para depressão Olha de maneira geral a gente tem um consenso na literatura que a gente não usa o termo cura para transtornos mentais tá a literatura é bem estabelecida nesse ponto A gente não tem como garantir que a pessoa nunca mais na vida vai ter ansiedade ou vai ter um quadro depressivo Ela vai aprender a manejar isso com o tratamento para que não seja uma ansiedade tão grave para que ela tenha menos recaídas mas não é algo que ela possa esquecer que aconteceu na vida dela como o braço quebrado ela vai se lembrar disso de alguma maneira ela vai ter alguns sintomas enfim ela vai ter que lidar com isso Então se um profissional fala em cura para transtorno mental eh eu acredito que ele está se referindo ali a uma remissão total né e talvez ele esteja usando o termo cura para animar mais o paciente né ele tá falando assim também de repente porque na rede social isso eh vai ser mais compreensível para um público leigo por exemplo né então ele vai dizer: "Olha você vai ficar curado da sua depressão você vai ficar curado da ansiedade" É um termo ali que o leigo ele vai entender de uma maneira mais fácil do que se eu disser: "Olha o seu transtorno de ansiedade pode remitir parcial ou totalmente eu não vou atingir um público assim" Então eh eu imagino que seja por isso mas a maioria dos autores em psicopatologia vai concordar que o termo cura para se referir a transtornos mentais não é o mais adequado tá e quais seriam esses transtornos que a gente pode eh falar em cura né ou seja nessa remissão aí de uma maneira mais consistente ou falar em cura pra gente tentar aproximar essa linguagem do público leigo e quais são os transtornos que não dá para falar em cura nem nesse sentido de aproximação porque aí de fato eh já é agir de máfé tá pra gente entender quais são esses transtornos a gente tem que entender os tipos diferentes de categorias diagnósticas E aí também dentro desses diferentes tipos de categorias diagnósticas a gente vai poder esperar diferentes prognósticos tá vamos entender um pouco isso Primeiro a gente tem aqueles transtornos que a gente chama de episódicos que são por exemplo transtornos depressivos transtornos de ansiedade Então é um episódio depressivo que vem depois ele entra em remissão fica um tempo sem ter episódio depressivo passa se meses ele tem outro episódio depressivo Então mesmo que ele fique sem episódios depressivos a base genética tá ali Então um fator desencade né a morte de alguém por exemplo o ambiente ali ele vai ter um papel importante para novos episódios Mas de novo correlação é diferente de causalidade Então o fator desencade tem um papel importante mas não é a causa OK então transtornos episódicos eles são mais possíveis da gente falar desse conceito aproximativo de cura né naquela ideia ali de você falar numa linguagem para se aproximar do leigo tá para para se fazer mais compreensível Tecnicamente mesmo para transtornos episódicos a gente vai continuar falando em remissão OK aí a gente tem transtornos crônicos por exemplo esquizofrenia transtorno bipolar transtorno de personalidade Nenhum tratamento que a gente tem disponível hoje inibe essa questão genética biológica que é muito forte na esquizofrenia no transtorno bipolar por exemplo Então no caso de esquizofrenia e de transtorno bipolar o tratamento medicamentoso nesses pacientes ele não vai ser interrompido Fernanda você tá querendo dizer que o paciente vai tomar a medicação para sempre 99% dos casos Sim Então a gente tem aí uma base biológica genética muito forte Os transtornos de personalidade eles também se encaixam aqui Eles são crônicos Eles podem ter remissão parcial ou total mas eles têm um curso crônico OK esquizofrenia também pode ter remissão tá não confunda Ser crônico não significa que não possa entrar em remissão mas lembre-se remissão significa o quê retorno à funcionalidade Então um paciente bipolar um paciente esquizofrênico ele pode sim ser funcional OK parcial ou totalmente No caso da esquizofrenia a gente tem um prognóstico reservado como eu falei só em torno de 10% dos pacientes vai retornar a essa funcionalidade de uma maneira eh total Ah e aí a gente tem os transtornos do neurodesenvolvimento que é o quê tdah transtorno do espectro autista a pessoa já nasce assim a manifestação já vem ativada a gente não consegue reverter a gente consegue manejar porque a base genética ela é preponderante Então o indivíduo autista ele já nasce assim O ambiente ele faz o quê ele vai contribuir para uma expressão fenotípica mais grave ou menos grave Por exemplo o estudo lá do autismo e a exposição a telas E por fim a gente tem o grupo dos transtornos degenerativos que é onde se encaixam ali as demências né Alzheimer etc Uma vez iniciado o processo degenerativo a gente não tem como regredir A gente pode tentar barrar ali mas a gente não vai regredir aquele processo OK esses três últimos foros episódicos eles são mais difíceis de ter uma remissão total e em alguns casos nunca terão OK mas novamente não é impossível Mas muito bem meus amores acabou não tendo explicado o modelo psicopatológico atual que é o modelo vigente desde 1980 inclusive agora eu quero trazer um outro tema essencial para vocês quando a gente fala de fundamentos da psicopatologia que é o quê a semiologia dos transtornos mentais É mais um conteúdo aí que todo psicólogo precisa dominar na ponta da língua tá então você não pode perder esse conteúdo que eu vou te falar agora Mas antes eu vou pedir aqui pro pessoal colocar o chequin na tela para você fazer aí o chequin de hoje para ah você poder concorrer aos prêmios tá lembrando que o checkin não é o a assinatura da lista de presença tá o chequin é para você concorrer aos prêmios A assinatura da lista de presença a gente vai colocar no final da aula Então faça aí o seu chequin por favor Muito bem Voltando por que é importante a gente estudar sobre psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais que diferença isso faz na sua prática profissional e porque é importante para você entender isso a semiologia psicopatológica ela é extremamente importante porque ela complementa a entrevista clínica Então a semiologia é a ferramenta que auxilia o profissional a chegar a uma avaliação e a um diagnóstico mais assertivo Eu falei ontem para você que a gente não tem marcadores biológicos para transtornos mentais então não adianta fazer eletro exame de sangue ressonância nada disso serve para o diagnóstico dos transtornos mentais as pesquisas que a gente tem baseadas no modelo científico de mecanismo biológico não trouxe os resultados que se esperava lá quando essas pesquisas começaram Então a esperança de se encontrar ali o código genético humano fundamento o fundamento etiológico dos transtornos mentais é cada vez algo mais distante né quanto mais se investe bilhões e bilhões nessas pesquisas mais a gente descobre que a gente não tá nem perto disso Então de modo semelhante no escopo aí de investigações neurocientíficas recentes o objetivo também de encontrar marcadores biológicos diretos que a gente pudesse identificar ali como causa de transtorno mental Lembra que eu falei da enzima CPK e do infarto pois é tem se buscado isso para transtornos mentais mas também eh isso não tem sido alcançado com a facilidade que se esperava Então é nesse contexto de decepção que a gente tem que começar a entender o que que de fato a gente tem que olhar quando a gente está diante de um transtorno mental E do que que a gente precisa o que que a gente precisa olhar quando a gente está diante de um transtorno mental se marcadores biológicos nós não temos e provavelmente pelo andar da carruagem até aqui dificilmente teremos Não temos sintomas patognomônicos não temos exames que mostrem pra gente ali onde tá o transtorno Então o que que a gente precisa a gente precisa compreender bem os sinais e sintomas dos transtornos mentais para saber avaliar as funções psíquicas Então junto com a entrevista clínica a avaliação dessa semiologia que são sinais e sintomas é o que vai nos dar a base para o diagnóstico do nosso paciente Como eu falei bastante na aula de ontem eu preciso estabelecer um diagnóstico para quê para propor uma intervenção para saber como tratar Então a gente vai entender melhor agora sobre sinais e sintomas e sobre as funções psíquicas tá bom e eu vou começar com sinais e sintomas Primeiro qual é a diferença de sinal e sintoma essa definição é bem simples você vai entender rapidinho O sinal ele é comportamental então a gente consegue verificar pela observação direta do paciente a roupa que ele usa o jeito de falar o autocuidado né se o cabelo tá penteado se o dente tá escovado se as roupas estão bem cuidadas ou estão rasgadas pela postura corporal pelas expressões faciais OK então sintom sinal é aquilo que a gente pode observar e o sintoma é a vivência subjetiva Eu só consigo verificar os sintomas do meu paciente pelo relato dele pelas suas queixas pela história que ele me conta Então quando o paciente me diz "Eu ouço vozes eu me sinto triste eu sinto muita raiva eu tenho sentimentos de vazio eu não olho pro paciente e sei que ele tá ouvindo vozes tem até alguns sinais que o paciente fica muito assim né ou às vezes fala sozinho e tal mas enfim eu preciso que ele me diga a mesma coisa com a tristeza Eu não olho para uma pessoa você tem ali às vezes uma face mais entristecida mas você não tem como saber com certeza tá então sinais é aquilo que eu posso observar eh autocuidado roupas postura corporal etc Sintomas é aquilo que o paciente relata para mim Então na depressão por exemplo os sinais seriam o paciente estar sem autocuidado barba por fazer roupas sujas E o sintoma seria o que o paciente me traz de relato Eu sinto tristeza eu choro o tempo todo Eu não quero fazer nada Eu só tenho vontade de ficar na cama o dia todo Eu me sinto culpado por tudo de ruim que aconteceu na minha vida Entendido isso agora eu vou te dar alguns exemplos de erros que as pessoas normalmente cometem quando observam sinais e sintomas dentro da psicopatologia Exemplo ouvir vozes significa que o meu paciente é esquizofrênico né errado Ouvir vozes é um sintoma e um sintoma sozinho não fecha diagnóstico nenhum em psicopatologia Ouvir vozes que na verdade é alucinação auditiva pode ser o quê pode ser vários diagnósticos bipolar o paciente pode estar em uso de substância o paciente pode ter um quadro de demência o paciente pode ser borderline enfim quando a gente fala né se essa alucinação é verdadeira ou se a gente tem ali uma pseudoalucinação por exemplo verultos ouvir alguém chamando seu nome né que não são alucinações verdadeiras porque não tem corporeidade aí a gente aumenta mais ainda essas possibilidades Outro exemplo automutilação é borderline né paciente que se corta é border Errado Automutilação que hoje a gente prefere chamar de autolesão né o autolesão não suicida que é o nome mais usado atualmente é inclusive mais comum em paciente bipolar e não em borderline como muita gente pensa tá então eh pode ocorrer no quadro de ansiedade também E falando em ansiedade né é se tem ansiedade então meu paciente tem tag correto transtorno de ansiedade generalizada Não errado Ansiedade pode aparecer em diversos diagnósticos tanto dentro dos quadros de ansiedade tag pânico fobia ansiedade social agorafobia mas até em outros quadros que não são transtornos de ansiedade necessariamente como toque tept tá então assim não dá para fazer diagnóstico assim não é tão simples quanto parece OK e aí eu vou fazer uma analogia para você entender Você tá passando na rua e aí você vê uma fumaça saindo da janela de uma casa O que que você pensa fogo Tá pegando fogo ali naquela casa Ok Sim A fumaça é um sinal tá lembra de sinais e sintomas fumaça é um sinal porque você está vendo é observável E esse sinal ele pode ser indicativo de fogo Mas você já viu gelo seco gelo seco também gera fumaça e não é fogo Então você precisa conhecer os sinais e os possíveis sintomas para você fazer essa distinção Como eu te disse ontem a gente não tem nos transtornos mentais sintomas patognomônicos ou seja sintoma X igual a transtorno Y Então assim como a fumaça pode ser fogo mas nem sempre é tem gelo seco também que produz fumaça aí a gente começa a ter outros problemas Por exemplo você nunca viu gelo seco na vida você não sabe que gelo seco produz fumaça então você não vai conseguir identificar isso tá ou por exemplo se você como eu dei o exemplo ontem se você não conhece a cor magenta você nunca vai olhar para essa minha blusa aqui e você vai dizer que essa blusa é vinho ou é magenta tá então por isso a importância da gente conhecer os sinais e os sintomas mas também os quadros psicopatológicos descritivos aí dos mais de 400 transtornos que a gente tem dentro da psicopatologia Mas o que precisa ser considerado na hora que a gente vai avaliar um sinal ou um sintoma em psicopatologia De maneira geral quando a gente estuda ali os sintomas em psicopatologia dois aspectos básicos devem ser nosso foco Primeiro a forma dos sintomas isso é a estrutura básica que é relativamente semelhante nos diversos pacientes em várias sociedades ou seja a alucinação o delírio a ideia obsessiva né vai ser muito parecido ali em todos os pacientes E a gente também precisa observar o conteúdo ou seja aquilo que preenche essa alteração estrutural Por exemplo o conteúdo de culpa o conteúdo religioso de perseguição e um delírio né de ser uma ideia obsessiva de contaminação ou de ordem né ou de verificação etc Então a forma dos sintomas ela se relaciona ao que a gente chama de patogênese que representa esse processo de como os diferentes sintomas da psicopatologia se formam e se estruturam ao longo da vida E a gente tem a patoplastia que se refere ao preenchimento do conteúdo dos sintomas ou seja contornos específicos ali dos sintomas temas histórias que preenchem aquelas manifestações e que também dependem da história de vida do paciente da cultura em que ele vive Então a forma que é a patogênese ela é mais geral ela é mais universal ela é comum a todos os pacientes e em todas as culturas enquanto o conteúdo que é a patoplastia é algo bem mais pessoal que depende da história de vida do indivíduo do meio cultural social específico onde ele tá inserido da personalidade da cognição etc Então de modo geral eh embora sejam pessoais singulares os conteúdos ali dos sintomas eles são extraídos ou eles são construídos pelos temas centrais da existência humana né então mesmo que o paciente traga ali conteúdos idiossincráticos próprios dele mas muitas coisas vão ser ali ameaças temores básicos de todo ser humano morte doença miséria abandono desamparo questões religiosas né etc Então esses temas eles representam uma espécie de substrato que participa como ingrediente fundamental na constituição dessa experiência psicopatológica do paciente Então entender os sinais e os sintomas é fundamental pra gente entender e pra gente conseguir fazer de maneira adequada o diagnóstico do nosso paciente Para chegar nesses sinais e sintomas a gente tem técnicas e procedimentos específicos de observação e de coleta de dados de uma forma exata pra gente descrever esse sintomas tá não vou descrever da minha cabeça Então para transtornos mentais a gente vai utilizar uma semiotécnica que é o quê uma entrevista com paciente com familiares com outras pessoas com quem o paciente convive Eu vou te ensinar isso na quinta-feira tá eu vou dar aqui uma aula só sobre entrevista diagnóstica e você não pode perder ok então é muito importante que você assista essa aula eh de quinta-feira E aí tem muitas coisas que a gente precisa saber que a gente precisa entender né além de conhecer os diagnósticos dentro da psicopatologia descritiva que eu já falei para você que é importante sim a gente conhecer os diagnósticos a gente conhecer ali o DSM que eu vou eh falar sobre isso com você amanhã tá e temos também a importância da gente compreender as funções psíquicas que eu vou aprofundar agora para você E aí a gente vai falar agora sobre o exame do estado mental que é justamente essa avaliação das funções psíquicas que também faz parte disso que a gente chama de semiologia ok então as funções psíquicas elas estão relacionadas à nossa forma de captar a realidade e de sermos influenciados por essa realidade São as funções psíquicas que integram a nossa vida mental Na verdade funções psíquicas é uma metáfora né o que a gente chama de construtos aproximativos da psicologia da psicopatologia que permitem aí que a gente entenda melhor o que que acontece na vida mental nossa e dos nossos pacientes Além disso por questões didáticas as funções psíquicas elas são divididas né em tipos em funções eh elementares básicas complexas enfim A gente tem as funções psíquicas elementares ou básicas tá você vai encontrar aí na literatura com esses dois termos que são consciência atenção orientação vivência do tempo e espaço senso percepção memória afetividade vontade psicomotricidade pensamento juízo de realidade e linguagem OK a gente tem 12 funções psíquicas elementares e a gente tem também as funções psíquicas compostas ou complexas que são o eu o self e a personalidade inteligência e cognição social E por que é importante a gente avaliar as funções psíquicas porque quando a gente avalia as funções psíquicas e suas alterações que é o que de fato tá ligado aí à psicopatologia é fundamental isso porque essas alterações nas funções psíquicas elas podem levar a transtornos mentais ou elas são as consequências desses transtornos mentais Enfim tanto faz a gente não sabe ao certo que vem primeiro A alteração o transtorno ou o transtorno leva alteração As funções psíquicas elas estão ligadas à personalidade do indivíduo e ela atingem elas atingem ali o modo de ser deste indivíduo Então por isso entender o ser humano e suas alterações em sua totalidade é importantíssimo quando a gente tá falando de um processo de avaliação diagnóstica porque os transtornos mentais eles não se tratam apenas de sinais e sintomas ali que coexistem não é só critério diagnóstico do DSM tá esses sintomas eles têm uma ligação estrutural entre si uma massa que liga tudo a todos aqueles ingredientes E as funções psíquicas elas fazem parte disso A depender do transtorno a gente tem uma ou outra ou várias funções psíquicas alteradas Para você ter ideia vou te dar alguns exemplos aqui Depois eu vou trazer uma avaliação completa ali das funções psíquicas alteradas ainda hoje tá e preservadas em alguns transtornos para você entender melhor Então não sai daí Eu vou te dar esse conteúdo no final Eh para você ter ideia a gente tem funções mais afetadas por exemplo no transtorno de humor nos transtornos de humor e da personalidade Quais são essas funções afetividade vontade psicomotricidade a função psíquica composta personalidade A gente tem muitas funções psíquicas afetadas nos transtornos psicóticos senso percepção pensamento juízo de realidade vivência do eu alterações do selfie ou seja quanto mais grave é um transtorno normalmente mais funções psíquicas a gente vai ter alteradas ali E como é que a gente avalia essas funções psíquicas com entrevista clínica só com entrevista clínica Fernanda não tem outra forma Existem alguns testes e escalas que podem ajudar nesta avaliação das funções psíquicas tá quais são essas escalas esses testes normalmente uma entrevista clínica já é suficiente pra gente avaliar a função psíquica as funções psíquicas do nosso paciente Então essa avaliação das funções psíquicas é uma fotografia do momento OK eu avalio o meu paciente hoje e eu vejo ali que tem uma alteração Daqui a uma semana não vale mais daqui a um dia não vale mais daqui a um mês já era tá então todo dia que eu encontrar o paciente eu preciso avaliar porque a gente tem alterações diárias quando essas funções psíquicas estão alteradas Existem sim algumas funções psíquicas que a gente tem testes e escalas para auxiliar nessa avaliação mas não são todas Na verdade é a minoria A maioria a gente vai avaliar por entrevista clínica mesmo até porque como eu te falei ontem né se testagem psicológica fosse essencial obrigatório pra gente fazer diagnóstico avaliar a função psíquica isso seria a atribuição exclusiva do psicólogo tá porque testagem psicológica é eh ferramenta exclusiva do psicólogo mas não é a gente não é obrigado a usar testes e escalas nem para fazer diagnóstico nem para avaliar a função psíquica e o o psiquiatra também claro é a atribuição dele também eh avaliar isso tá e eu vou te dar aqui alguns exemplos de escalas e testes que podem ser usados para complementar a avaliação de algumas funções psíquicas A gente não tem para todas Por exemplo a função psíquica atenção é a que a gente mais tem testes e escalas inclusive a maioria deles exclusivos do psicólogo tá é aquilo que a gente chama de testes neuropsicológicos OK a gente tem a bateria psicológica para avaliação da atenção a BPA tá a gente tem o teste de dígitos a gente tem as baterias VISC e Vais né que a gente tem os construtos ali de atenção A gente tem o teste de trilhas coloridas eh a gente tem o teste de cancelamento de sinos a gente tem o teste FDT o teste Stroop Esse é um teste livre você pode inclusive jogar na internet É um teste bem legal de fazer que é quando você vai ter que falar a palavra que tá escrito mas ela tá escrita em uma cor E aí você tem que ler não a palavra mas você tem que falar a cor que ela tá escrita É bem legal de fazer Teste stroop S t r o o p Tá esse é livre Eh muito bem E a gente tem né a dentro do do do das escalas VAIS né e das escalas VISC que são a escalas exclusivas do psicólogo a gente tem também baterias de subtestes ali que avaliam a tensão Aí a gente tem a função psíquica afetividade A gente também tem algumas escalas né então a gente tem a escala de depressão e ansiedade de Hamilton que é a rad é uma escala livre A gente tem a escala de ansiedade de bec que é exclusiva para psicólogos A gente tem a escala breve de avaliação psiquiátrica A gente tem questionário de sensações corporais escala de medo de avaliação negativa eh a gente tem o BDI né que é o que o o inventário de depressão de bec que também é exclusivo do psicólogo A memória é outra função psíquica também que a gente tem bastante testes Então o Visc e o Vais tem o subteste né memória e de memória Ah a gente tem o teste de aprendizagem auditivo a gente tem o o Havalt né que é o o verbal de Ray é subtestes de escala de baterias como a Serad 4 e a Canckog 5 tá então a gente tem aí eh alguns testes aí eh para avaliar a memória e a gente também tem um teste muito simples que também qualquer pessoa pode fazer que é o teste de repetição de palavras que serve para avaliar a memória imediata do paciente Então esse é bem simples qualquer profissional da saúde pode usar Eu te falo três palavras agora gato mesa e chuva De preferência palavras que não tenham ligação entre elas tá palavras aleatórias gato mesa e chuva Daqui a 10 minutos eu continuo conversando aqui com você Daqui a 10 minutos eu vou pedir para você repetir essas três palavras Isso avalia a evocação da memória ok fora isso né a gente tem os testes de inteligência também né inteligência também é uma função psíquica A gente tem as escalas e vela que são exclusivas do psicólogo também Fora isso a gente não tem mais muitas funções psíquicas que possam ser avaliadas de maneira complementar OK com testes psicomotricidade também tem alguns mas basicamente só Lembrando que essa lista de testes que eu apresentei aqui são ilustrativas tá bom aí você vai dizer: "Ah mas tem aquele outro que você não falou" Eu não falei todos os testes que existem Eu citei só alguns a título de curiosidade Meu objetivo aqui não foi esgotar toda a lista de testes psicológicos e escalas existentes para avaliar memória atenção etc Tá eu só trouxe aqui para ilustrar OK agora com um overdelivery aí adicional eh eu vou te ensinar sobre as funções psíquicas no geral OK eu vou te falar um pouco sobre cada uma delas e depois eu vou aprofundar em uma função psíquica aqui que eu escolhi que é a minha função psíquica favorita OK e eu vou falar um pouco mais sobre ela Primeiro eu vou resumir tudo aqui rapidinho para você A gente tem as funções psíquicas elementares tá quais são elas primeiro consciência A consciência ela diz respeito ao estado de vigilância e a capacidade de perceber e apreender o ambiente à sua volta e de se manter em contato com a realidade Então agora eu estou né vigio agora eu estou desperta atenta tá então essa dimensão subjetiva que corresponde à soma das experiências conscientes que a gente tem quando a gente está acordada eu ouço vejo sinto falo eh ando etc Aí a gente tem a atenção que pode ser definida como a direção da consciência o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto Eu espero que agora todos vocês estejam aqui atentos à aula A gente tem a orientação que corresponde à capacidade de se situar no ambiente Eu sei onde eu estou eu sei que aqui é minha casa Eu sei em que cidade eu tô em que país eu tô Então essa função psíquica ela requer a integração das capacidades do nível de consciência preservado atenção percepção e memória Então se o meu nível de consciência não estiver preservado provavelmente eu não vou ter essa orientação também preservada Eu vou estar desorientada no tempo e no espaço OK aí a gente tem também a vivência do tempo e do espaço que corresponde a essa dimensão fundamental de todas as experiências humanas né que só é possível ser no tempo e no espaço Que dia é hoje que horas são onde eu estou né eh que lugar é esse etc Aí a gente tem a sensopercepção que é o modo como nós percebemos o mundo externo por meio dos nossos sentidos Então eu sei que eu tô olhando aqui para uma câmera Eu sei que atrás dessa câmera não tem ninguém né não tem ninguém escondido ali E eu sei que vocês estão me assistindo através da internet vocês não estão aqui na minha frente Então eu sei de tudo isso porque eu percebo eu aprendo através dos meus sentidos né e sei o que que tá acontecendo aqui Aí a gente tem a memória que é a nossa capacidade de registrar armazenar e evocar informações A gente tem a afetividade que compreende aí várias modalidades afetivas né o humor as emoções os sentimentos o afeto as paixões A gente tem a vontade a psicomotricidade e o agir que estão ligados aí à capacidade que o indivíduo tem de tomar decisões né de de se autogovernar Então quando a minha vontade está preservada eu faço aquilo que eu quero tá a gente inicia ações a gente se movimenta pelo mundo Aí a gente tem também a função psíquica pensamento que o pensamento é a interpretação que fazemos das situações do mundo E é uma função psíquica que se relaciona muito diretamente com o juízo de realidade com a linguagem Então o juízo de realidade corresponde à capacidade que a gente tem de diferenciar realidade de fantasia E a linguagem é o principal instrumento de comunicação que se refere tanto à fala quanto à compreensão da linguagem OK e aí a gente tem também as funções psíquicas compostas que também são chamadas de complexas Elas não têm esse nome à toa Elas têm esse nome porque envolvem a integração mais elaborada e sofisticada de várias funções psíquicas elementares tá então elas são consideradas compostas ou complexas justamente porque não são funções psíquicas isoladas ou simples mas elas são resultantes da combinação da integração eh da interação de várias funções básicas ou elementares como consciência atenção memória afetividade pensamento linguagem várias outras tá a primeira função psíquica composta que a gente tem é o eu o self Então isso corresponde ao conceito né e a visão que a gente tem de nós mesmos como um ser relativamente autônomo e separado dos demais Se refere ao nosso senso de identidade pessoal a percepção que a gente tem sobre si mesmo e sobre as nossas características O eu é uma construção complexa que a gente vai fazendo ao longo da vida e que depende diretamente da integração de outras funções psíquicas como a memória autobiográfica a consciência a percepção a afetividade Aí a gente tem outra função psíquica complexa que é a personalidade A personalidade ela pode ser definida como o modo como uma pessoa sente pensa reage se comporta se relaciona com outras pessoas é o modo como eu me apresento pro mundo Então é um conjunto de padrões duradouros de comportamento de cognição de afeto São características psicológicas estáveis que me definem como uma pessoa que interage com o ambiente e com outras pessoas Então a personalidade ela é construída a partir da interação de vários fatores genéticos ambientais sociais culturais e envolve também a integração de várias funções psíquicas elementares como afetividade cognição vontade pensamento comportamento A gente tem também a inteligência que é a nossa capacidade de resolver problemas de raciocinar de se adaptar Então é uma função extremamente complexa que envolve a capacidade de raciocinar de aprender com experiências anteriores de utilizar conhecimentos prévios para lidar com desafios futuros E a inteligência depende da integração de funções como atenção memória linguagem pensamento lógico e abstrato capacidade de julgamento E a gente tem também a cognição social que é a capacidade de perceber processar interpretar os signos sociais adequadamente Então a cognição social ela diz respeito ao processamento de informações socioemocionais envolve processos complexos como empatia reconhecimento emocional a teoria da mente entra aí também né que a gente fala muito no autismo que é a capacidade de atribuir estados mentais a si mesmo e aos outros percepção social e julgamento moral A cognição social também depende da integração de outras funções psíquicas como percepção atenção memória linguagem afetividade e pensamento É importante aqui você entender que essa divisão de funções psíquicas elementares compostas e até mesmo toda essa divisão de funções psíquicas é didática tá ela é feita com o objetivo de facilitar o estudo e a compreensão dos fenômenos psicológicos e psicopatológicos Na prática é claro que a gente não tem caixinhas né na nossa cabeça entidades separadas com vida própria Claro que não A gente tem um todo integrado dinâmico né onde essas alterações ali ocorrem e impactam diretamente na nossa vida OK e aí agora pra gente começar a se encaminhar para o fim eu queria aprofundar em uma função psíquica que é o juízo de realidade que é uma função psíquica interessantíssima fascinante que é o que faz com que a gente pode possa distinguir a realidade da fantasia Então produzir juízos ou julgar é uma atividade humana natural A gente não consegue viver no mundo sem julgar as coisas Todo juízo implica certamente num julgamento que por um lado é subjetivo é individual e por outro lado é social é produzido historicamente de acordo aí com determinantes socioculturais Quando a gente faz um juízo de alguma coisa a gente faz o julgamento de alguma coisa a gente afirma a nossa relação com o mundo A gente separa aquilo que é verdade daquilo que é errado A gente tem certeza da existência ou não de um determinado objeto Então eu sei que essa caneta existe eu estou pegando nessa caneta né essa caneta é perceptível para mim Eu distingo a qualidade das coisas Isso é bom isso é mau que é o que a gente chama de juízo de valor Em relação a essa noção de juízo a gente tem dimensões como dúvida certeza né a gente tem crença a gente tem evidência a gente tem coerência incoerência verdade falsidade E para a psicopatologia é de grande interesse essa questão do juízo de realidade e suas dimensões que estão relacionadas ali com falsidade e veracidade com grau de certeza e de coerência Então juízos falsos eles podem ser produzidos de várias formas e podem ser ou não patológicos Em psicopatologia a primeira distinção essencial a se fazer é entre o erro simples que não é determinado por algo patológico por transtornos mentais e os juízos falsos que são de fato determinados por transtornos mentais tá e a principal aí é o delírio Então vamos começar entendendo qual é a diferença de erro simples e de delírio E aí depois a gente vai aprofundar no delírio OK eu já quero começar dizendo para você que assim como não existe distinção nítida entre normal e patológico também não existe esse limite nítido muito claro entre erro simples e delírio Vai ser sempre um julgamento nosso tá o erro basicamente ele se origina da ignorância do não saber né do ignorar do julgar apressado eh de eu olhar rápido e e não ver direito enfim Então o erro simples ele ocorre quando a gente toma coisas parecidas como eh parecidas ou semelhantes como igual ou idênticas Então é uma confusão a gente se atrapalha tá eu olho rapidamente para um camelo e eu penso que é um cavalo Eles são semelhantes mas eles têm algumas diferenças mas se você olhar rápido assim pras patas eles têm quatro patas Então você pode se atrapalhar né ou você olha para uma pessoa bonita simpática bem vestida e você julga que ela é honesta Ou você olha para uma pessoa mal vestida com aparência né desarrumada com uma expressão rude e você julga que ela é desonesta Então esse é um erro simples de julgamento Todos nós cometemos esse erro esses erros né preconceito como as pessoas chamam né então você olha para uma pessoa arrumada você diz: "Ah ela é rica" Não necessariamente né então esses são erros que a gente comete no dia a dia Outro erro simples que não é patológico a gente aceita ingenuamente as impressões dos nossos sentidos como verdades indiscutíveis tá então como eu vejo o Sol se mover todos os dias eu acredito que o Sol gira em torno da Terra Simples de falta de conhecimento A gente é enganado pelos nossos sentidos A gente vê os o sol indo todos os dias para lá e para cá Ah digo: "Ah então a gente tá parado e o sol que tá girando." Tudo bem faz parte Quando a gente estuda a gente entende que não é assim A gente é enganado muitas vezes pelo nosso sentido Então erros simples eles são sociais ou eles são psicologicamente compreensíveis Já o delírio que é patológico ele tem como característica principal ser incompreensível Então os erros eles são passíveis de correção pela experiência pelos dados de realidade eh porque você aprende alguma coisa que você desconhecia né porque você começa a pensar de uma maneira mais lógica diferente dos delírios que são irredutíveis Lembra que eu falei ontem para você do Caupers o pai da psicopatologia pois é ele vai dizer que os erros são psicologicamente compreensíveis porque a gente admite que eles podem surgir e persistir em virtude da ignorância né ou seja de você ignorar alguma coisa do fanatismo religioso ou político enquanto o delírio ele tem como característica principal ser incompreensível tá então vamos ver agora um pouco aqui quais são as alterações patológicas do juízo de realidade além do delírio que a gente vai ver também que eu já citei aqui A gente tem primeiro né nesse espectro aí do das alterações do juízo de realidade a gente tem primeiro aquilo que a gente chama de ideias prevalentes ou sobrevaloradas As ideias prevalentes ou sobrevaloradas elas são ideias de eh que por conta da importância afetiva que elas têm paraa pessoa elas acabam sendo predominantes sobre os pensamentos daquela pessoa Então é comum o paciente dizer por exemplo eu não consigo pensar em outra coisa Eu até quero mas eu não eu só consigo pensar nisso As ideias prevalentes elas diferas porque elas são egointônicas ou seja a pessoa entende como parte dela né então no toque normalmente o paciente ele tem insight ele questiona essas ideias obsessivas ele vai dizer: "Olha eu acho meio estranho isso né nas ideias sobrevaloradas não há esse tipo de questionamento A pessoa acredita ela tem certeza daquilo ali né?" E mesmo que você dê 1000 evidências do contrário tá então eu vou te dar um exemplo de ideia sobrevalorada que acontece em alguns transtornos para você entender o que eu tô falando Por exemplo na anorexia nervosa a pessoa tá muito magra né a paciente tá esquálida desnutrida e ela tem certeza absoluta que ela está muito gorda que a barriga dela está enorme OK e essa ideia sobrevalorada move todo o comportamento dela para não comer Outro exemplo no transtorno dismórfico corporal Então a pessoa tem um nariz OK talvez um pouco maior mas ela acha que o nariz dela é desforme é muito feio que as pessoas olham pro nariz dela o tempo todo e ela não consegue pensar em outra coisa A gente vê isso também a naquele transtorno que antigamente se chamava de hipocondria Hoje a gente chama de ansiedade de doença Então a pessoa ela tá convencida de que ela tem alguma doença e ela fica buscando médico e fazendo exame e etc Ok bom agora vamos entender um pouco o que é o delírio Cauers né ele vai dizer que as ideias delirantes ou os delírios são juízos patologicamente falsos Então o delírio é um erro do julgamento mas não um erro comum desses que a gente tem no dia a dia É um erro que tem origem no adoecimento mental na patologia no transtorno OK então ideias delirantes típicas elas são observadas na prática clínica eh em pacientes por exemplo psicóticos Então eu tenho certeza que meus pais meus vizinhos eles querem me envenenar Eles botam veneno na minha comida todo dia As pessoas que trabalham na minha empresa elas têm um plano para acabar comigo Primeiro me desmoralizando né eles vão me desmoralizar depois eles vão me prender Ou ainda eu sou a nova divindade Eu tenho poderes para acabar com o sofrimento do mundo inteiro Outra ideia delirante implantar um chip no meu cérebro que comanda os meus pensamentos E aí quando a gente fala de ideias delirantes a gente precisa entender que não é tanto a falsidade do conteúdo que faz um juízo uma crença ser um delírio necessariamente Embora quase sempre uma crença delirante ela vai ser falsa Tipo botaram um chip na na minha cabeça e agora controlam meus pensamentos Isso não é possível né mas a gente tem que olhar paraa justificativa que o paciente apresenta o tipo de evidência que assegura para aquele paciente que as coisas são assim Então guarde isso aí tá o que faz a gente identificar um delírio é a justificativa que o paciente dá ok então isso aí é bem importante para você entender Caupers ele descreveu três características ou indícios eh que do ponto de vista prático são muito importantes pra gente identificar um delírio Primeiro o indivíduo que apresenta um delírio ele tem uma convicção extraordinária uma certeza absoluta A crença dele é total Ao seu ver não tem como pôr aquilo ali em dúvida né o juízo delirante ele não é passível de dúvida O paciente tem 100% de certeza Segundo a gente não consegue modificar um delírio pela experiência objetiva por provas da realidade Olha só deixa eu te falar Não tem como ter colocado um chipe na sua cabeça Olha aqui tem algum algum corte na sua cabeça não tem Não tem como implantar um chip sem cortar né então eu eu não adianta eu apresentar argumentos lógicos plausíveis aparentemente convincente para todas as pessoas Então o delírio a gente diz que ele é irremovível que ele é irrefutável mesmo com a prova de realidade mais cabal que não tem corte nenhum na sua cabeça como é que botaram um chip né então assim isso não vai influenciar o paciente a demover né a a tirar essa ideia delirante tá e o terceiro ponto o delírio ele é quase sempre um juízo falso é um conteúdo impossível tá na maioria das vezes Então essas três características aí né são características de que a gente está muito provavelmente diante de um quadro delirante ou seja de um paciente aí que perdeu esta conexão com a realidade Ou seja quando o indivíduo ele está num quadro delirante ele se desgarra do seu contexto social ele cria uma outra realidade para ele onde ele passa a produzir as suas crenças delirantes tá agora a gente vai falar um pouco sobre as dimensões dos delírios conforme os conteúdos deles Primeiro a gente tem a questão do grau de convicção como eu já falei Então o paciente ele tá 100% convencido de que aquilo é verdade tá e que não tem como você me convencer do contrário Segundo a extensão ou seja o quanto essas ideias delirantes envolvem diferentes áreas da vida do paciente Normalmente envolvem todas as áreas ou praticamente todas as áreas O terceiro aspecto é a questão da bizarrice ou da implausibilidade Então o grau em que essas crenças delirantes elas se distanciam das convicções que são culturalmente partilhadas pelo grupo social do paciente pelo grupo cultural pelo grupo religioso tá mesmo quando a gente tá diante de um delírio religioso o grupo daquele paciente não compartilha daquelas ideias Outro ponto é a questão da desorganização Então a gente vai precisar avaliar o quanto que as ideias delirantes do paciente elas têm lógica elas são organizadas sistematizadas Então delírios mais organizados que tem uma história ali bem construída são observados nos transtornos delirantes e em pacientes que têm algum quadro psicótico mas que tem uma inteligência mais alta né que tem um Q mais elevado Pacientes por exemplo com deficiência intelectual com demência tem delírios completamente desorganizados Muitas vezes você não consegue nem entender a história que o paciente tá contando ali Ele fala uma coisa fala outra você não entende nem para onde vai tá a gente também tem a questão da resposta afetiva ou afeto negativo que se trata de crenças delirantes que abalam e tocam afetivamente o paciente Então ele fica muito assustado ele fica muito ansioso ele fica muito triste muito irritado tá e a gente tem o comportamento em função do delírio Então o quanto o paciente ele age em função do seu delírio E aí ele pode ter comportamentos estranhos perigosos inconvenientes por conta dessas ideias delirantes OK de maneira geral a gente divide os delírios em primário e secundário Delírios primários ou ideias delirantes verdadeiras é quando a gente tá diante de um delírio que é um fenômeno primário O que que isso significa sendo um fenômeno primário ele é psicologicamente incompreensível ou seja ele não tem raízes na eh experiência psíquica do ser humano sadio É impenetrável é incapaz de ser atingido pelo contato empático do entrevistador Então por mais que eu me esforce eu não vou conseguir entender aquilo ali de uma maneira lógica tá então o delírio verdadeiro ele se expressa numa quebra radical na biografia do do indivíduo Ele transforma toda a existência daquela pessoa A pessoa se modifica né ele ele ele sai da realidade OK a gente tem isso na esquizofrenia em muitos quadros psicóticos Já no delírio secundário ou ideias deliroides ou delírios compartilhados são aquelas ideias que apesar de absurdas elas surgem da decorrência ali elas surgem em decorrência de situações que desencadearam e que são compreensíveis são explicáveis A gente olha para aquilo a gente fala: "Ah entendi" Né então decorrem de eventos traumáticos de um quadro depressivo de um quadro de mania Então por exemplo um paciente está em mania e ele tem um delírio de grandeza que ele é o rei que ele é dono de tudo né ou um paciente que está depressivo e tem um delírio de ruína que ele perdeu tudo que ele não tem mais dinheiro para nada mesmo que isso não seja a verdade tá a gente consegue entender o paciente tá deprimido né o paciente tá num estado de humor elevado ideias delírio persecutório em pessoas que estão presas que estão refugiadas Então tem uma lógica tá e raramente é raro mas acontece eh os delírios eles podem ocorrer em mais de uma pessoa ao mesmo tempo É o que se chama na literatura de foli a gente quer uma uma expressão em inglês para uma expressão em francês para loucura a dois A gente não tem uma explicação exata na ciência de por isso acontece mas em geral a gente tem um indivíduo realmente psicótico uma pessoa que está ali delirando de fato né pode ser esquizofrenia transtorno delirante psicótico breve enfim não importa Ele apresenta um delírio primário e quando ele interage de maneira muito íntima com outra pessoa que é muito influenciável ele acaba colocando essa ideia na cabeça da pessoa tá é um fenômeno raro mas há alguns anos atrás bastante anos atrás na verdade tem muito tempo teve um caso aqui no Brasil que ficou famoso apareceu nos jornais e tudo que foi uma moça que foi ao dentista E depois ela foi no juizado de pequenas causas para processar esse profissional esse dentista dizendo que esse dentista tinha colocado um chipe no dente dela e o marido ao lado dela confirmava veementemente a história Não eu vi ela mudou depois disso De fato ele botou o chip no dente dela Em muitos casos quando isso acontece a pessoa que é influenciada pelo delírio do outro normalmente tem um quadro de deficiência intelectual tá e aí acaba sendo mais facilmente influenciada É o mais comum Bom a gente tem o surgimento ali e a evolução dos delírios que é o que a gente chama de estados pré-delirantes Quando um delírio ele vai surgir né eh que o Casper chamou isso de humor delirante o paciente ele vai experimentar ali uma espécie de perplexidade aflição ansiedade sente como se alguma coisa tá diferente algo terrível vai acontecer mas eu não sei o que é A gente chama isso de estado prodrômico que é o que antecede o surgimento ali do quadro psicopatológico tá depois dessas de alguns dias com essa sensação o paciente finalmente descobre algo ele tem uma revelação que é o que de fato para ele explica as coisas Ah então é isso Meus vizinhos estão organizando um complô para me matar Ou então ah já entendi minha esposa está tendo relações sexuais com todos os homens da rua né então assim ele encontra uma explicação plausível para aquela sensação de estranhamento anterior Essa explicação plausível é o delírio OK e aí a gente tem vários tipos de delírios Eu não vou entrar nisso aqui tá porque é muito conteúdo A gente tem delírio de perseguição que é quando eu acho que as pessoas estão me perseguindo eh as pessoas querem me envenenar etc Tá eh a gente tem os delírios de referência ou autorreferência que é quando o paciente acha que é o centro das atenções de conspirações que tudo é sobre ele que as pessoas estão fiscalizando ele né teve até aquela menina do eh do Big Brother né acho que tem um ou dois Big Brothers atrás eu não sei acho que o nome dela era Vanessa que ela achava que todo mundo ali tava fazendo uma peça e que todos eram atores encenando aquela peça para ela né ela foi inclusive retirada do Big Brother internada numa clínica psiquiátrica e tal A gente tem o delírio de influência ou de controle onde o paciente acha que sua mente tá sendo manipulada controlada né então colocar um chip na minha cabeça por exemplo tá a gente tem um delirio de grandeza que é muito comum aí em pacientes com humor alterado né a pessoa acha que é muito inteligente muito rica Muitas vezes o paciente acaba até mesmo e gastando dinheiro com isso né o paciente se acha muito importante Eu vou ter uma reunião com Trump na semana que vem e se ele deixar eu vou pra Ucrânia e eu vou resolver essa guerra toda aí em três conversas Vou botar o Putin sentado lá vou dizer: "Ô Putin senta aí Vamos parar com essa presepada e eu vou resolver tudo Então né esse é um delírio de grandeza A gente tem delírio religioso também né que a gente tem ali a mística do sagrado do demônio né envolvendo aí eh o paciente né então ele acredita que recebe mensagens de divindades de de Deus etc Tá eh então assim a gente tem vários tipos de delírio que lembra que eu falei lá da questão do conteúdo que pode mudar né então esse conteúdo eh ele vai mudar conforme aí a experiência do paciente né a gente tem também delírio de ciúme onde o paciente acredita que tá sendo traído né e aí como eu falei o que justifica a isso ser um delírio porque de fato o paciente ele pode estar sendo traído né pela esposa pelo marido mas o que justifica essa traição que o paciente traz é o que vai dizer pra gente se aquilo é verdade ou se aquilo é um delírio Então por exemplo se eu pergunto para um paciente por que você acha que você tá sendo traído ele me diz: "Olha porque eu peguei o celular da minha esposa e eu vi lá conversas com outro homem tinha fotos tinha mensagens dizendo eu te amo dizendo vamos se encontrar na semana que vem etc Então assim eu sei que eu estou sendo traído Outra coisa é eu perguntar para um paciente por que você acha que ele que você tá sendo traído e ele me dizer: "Olha todo dia a minha esposa assiste o Jornal Nacional e o William Bonner eh na hora que dá boa noite ele dá uma piscadinha para ela Então eu sei que eles estão se relacionando né então a justificativa é é não é plausível tá então a gente vai sempre avaliar a justificativa dada pelo paciente A gente tem o delírio erótico né também chamado de erotomania que é quando o indivíduo ele acredita que alguém famoso por exemplo né um artista um cantor Elon Musk tá apaixonado por mim né teve até uma senhora que acreditou que tava conversando com Elon Musk no no celular né então ela acreditava que ela que ela tinha um relacionamento com El Musk tá eh isso é um delírio erotomaníaco tá é mais comum em mulheres e tem um filme inclusive sensacional que é difícil de achar não tá nos streamings É um filme francês com a mesma atriz que fez na Melipolan chama-se Bem me quer Ma me quer É sobre esse É muito legal E aí tem vários outros né tem hipocondríaco eh delírio de ruína né enfim tem muitos Trouxe só alguns aqui para ilustrar tá e agora pra gente encerrar mesmo de verdade como mais um overdelivery aí eu queria te mostrar como a gente avalia as funções psíquicas dentro dos quadros de transtornos mentais Também somente alguns exemplos né não tem como a gente esgotar todo o assunto mas eu queria te falar sobre a relação entre funções psíquicas e os diagnósticos de do DSM Então para cada um dos diagnósticos né a gente tem ali funções psíquicas que podem estar alteradas tá vamos começar pelo transtorno depressivo maior OK como é a aparência de muitos pacientes com transtorno depressivo maior é uma aparência desleixada sem autocuidado sem banho muitas vezes né e aí quanto pior esse autocuidado mais grave esse paciente está A atitude desse paciente pode ser passiva pode ser apática Do ponto de vista da psicomotricidade a gente tem um retardo uma lentidão tá é possível também que a gente tenha agitação mas a lentidão é mais comum Com relação à função psíquica consciência costume estar preservada a atenção pode estar reduzida a orientação ela não costuma estar afetada pela depressão mas a memória de curto prazo ela pode ser afetada né então o paciente ele tende por exemplo a se lembrar muito mais de coisas ruins do que de coisas boas A percepção normalmente não tá afetada mas em casos graves de de depressão o paciente ele pode ter um quadro psicótico associado então ele pode ter alucinação O pensamento normalmente tá mais lentificado e a gente tem também um conteúdo mais negativo desses pensamentos né e aí a gente pode ter ideiação suicida associada O juízo de realidade que foi tudo isso que eu te expliquei aqui agora costuma estar preservado a não ser que o paciente tem um quadro psicótico associado A linguagem desse paciente como é que é ele tem uma fala mais lenta o conteúdo dessa fala é mais desesperançado o afeto o afeto tá rebaixado Esse paciente normalmente tem anedonia né ele não tem eh vontade de fazer as coisas avolição também né a vontade que é outra função psíquica também rebaixada Ele não faz as coisas que ele deveria fazer e ele não faz as coisas que ele gostava de fazer E com relação à consciência do eu o paciente ele se vê de uma forma mais negativa ou seja ele tem uma autoimagem mais prejudicada tá aí no transtorno bipolar o que que a gente tem na fase de depressão a gente tem exatamente igual ao transtorno depressivo maior que eu acabei de citar na fase de mania Como é que esse paciente ele vai se apresentar do ponto de vista da aparência ele vai se apresentar de maneira exagerada pode ter muita maquiagem roupas extravagantes Na atitude é um paciente agitado com gestos exagerados quase teatrais né chamando muita atenção das pessoas falando muito alto A atenção desse paciente vai est comprometida Então um paciente que se distrai com qualquer coisa a orientação normalmente não tá afetada A memória o paciente ele não vai se lembrar do que ele faz no episódio de mania quase sempre ou lembra de poucas coisas O pensamento ele tá muito acelerado e o conteúdo desse pensamento pode ser grandioso tá o juízo de realidade normalmente está preservado né se esse paciente tiver um um quadro psicótico associado aí já pode não estar Mas a crítica do paciente ela pode não estar preservada Então o paciente ele pode por exemplo tirar roupa no meio da rua porque ele não tem crítica tá a linguagem também está alterada então esse paciente fala de maneira muito rápida às vezes você nem consegue entender O afeto está elevado então ele se sente muito bem tem um bem-estar imenso A volição que é a vontade também está alterada Então ele tá muito motivado ele não precisa descansar ele não dorme e a consciência do eu também está alterada ou seja ele tem um senso inflado de si mesmo um um uma percepção de grandiosidade E quando a gente fala do transtorno de personalidade narcisista o que é que tá alterado nesse paciente bom esse paciente tem uma aparência educada charmosa normalmente bem vestido preocupado com as palavras mas a atitude dele é de arrogância é de altivez tá a atividade motora desse paciente não tem alterações a atenção também não tem alterações mas ele pode se interessar mais por assuntos relacionados a si mesmo Quando alguém elogia ele ou quando alguém faz uma crítica Ele tem uma falta de interesse às vezes nas outras pessoas ou ele finge ter interesse nas outras pessoas A memória não tem alterações percepção também sem alterações O pensamento ele pode estar levemente ali com o seu conteúdo alterado com ideias grandiosas exageradas sobre si mesmo O juízo de realidade é preservado a linguagem também é preservada mas o conteúdo é mais focado em si mesmo O afeto é superficial e ele não demonstra empatia ou ele finge mas ele não tem empatia A volição a vontade né muitas vezes a vontade dele a motivação desse paciente é voltada para status para elogio paraa fama para sucesso para dinheiro A consciência do eu é grandiosa é superior ele merece um tratamento especial ou seja ele tem uma consciência inflada sobre si mesmo E ele não reconhece que seu comportamento é problemático porque a gente está diante de um transtorno egointônico ou seja esse é o meu jeito de ser tá isso não é problema nenhum De modo semelhante no transtorno de personalidade antissocial a gente tem normalmente a aparência preservada né a gente tem uma atividade motora eh mais tensa tá a gente tem uma consciência sem alterações A atenção ela é focada na preocupação eh de eh ser né de de ser eh eh pego ali de alguma maneira né por algum problema né por alguma eh questão ali eh do ambiente Normalmente na linguagem esse paciente é um paciente menos falante é um paciente mais observador ali ele tá pronto ali né para dar o bote com relação à volição à vontade ele é muito motivado por esses comportamentos antissociais ou seja ele é movido basicamente por tirar vantagens do outro né e a gente tem aí esses esses conceitos das funções psíquicas que a gente pode aplicar dentro dos transtornos mentais ok e aí agora você pode fazer esse exercício também para outros diagnósticos OK meus amores mais uma aula aí com muita informação 2 horas de aula Eu sei é muita coisa mas a gente vai ter aí durante toda a semana E eu não vou iludir vocês Não tem chance de eu entregar pouca coisa aqui pouco conteúdo Vai ser todo dia muito conteúdo durante a semana Então eu quero aproveitar para te lembrar que você pode reassistir essa aula novamente até o final dessa semana para você fixar melhor o conteúdo tá e no encerramento da semana todas as aulas vão sair do ar e meu próximo evento só daqui a um ano Se você ficou com qualquer dúvida na aula de hoje amanhã eu vou responder suas perguntas lá na caixinha do meu Instagram Então não deixe de entrar no grupo do WhatsApp o link tá aqui na descrição para você receber o código e ter prioridade nas respostas OK amanhã eu preciso lembrar você que a gente vai falar sobre o DSM 5TR que é o manual diagnóstico atual em saúde mental Então lembrem né que uma das principais dificuldades lá dos participantes da nossa pesquisa que trouxeram em relação ao diagnóstico em saúde mental que era justamente dominar amplamente as categorias do DSM Pois muito bem a aula de amanhã vai ser exatamente sobre isso Então não deixe de estar aqui comigo ao vivo OK agora a gente vai descobrir quem são os ganhadores do nosso kit especial e a gente vai ter uma competição e depois eu vou falar do sorteio ok então a nossa competição vai ser o quiz igual a gente fez ontem pela plataforma Caru Então é importante que você saiba que essa plataforma só cabem 2.000 participantes ao mesmo tempo Então escanei rapidamente aqui o Qcode para participar do quiz OK se você estiver me assistindo pelo celular o seu aplicativo do YouTube ele vai ser minimizado Então só volte para o YouTube quando o ganhador for revelado OK como que vai funcionar escaneia o QR code e aí e você vai inserir o seu e-mail cadastrado na semana OK e aí na segunda etapa você vai colocar os cinco primeiros dígitos do seu CPF e um apelido E aí é só aguardar o quiz começar Você vai ter 30 segundos para responder as perguntas E quanto mais rápido você responder e acertar mais pontos você ganha São cinco perguntas no total e as perguntas vão aparecer na sua tela Só tem uma alternativa correta OK tudo pronto vamos lá Quer recode na tela vamos começar Sobre o desenvolvimento da psicopatologia é correto afirmar respondam aí meus queridos Respondam por favor Respondam certo viu então vamos lá vamos ver quem tá na frente É o ID o ID ou a ID não sei Tá na frente Vamos pro próximo A pergunta voando aqui na minha frente Olha para isso Qual alternativa baixo melhor explica a causa dos transtornos mentais qual das alternativas melhor explica a causa dos transtornos mentais e vamos lá ver quem tá na frente agora Agora a Kat tá na frente Vamos pra terceira pergunta Em termos de cura em saúde mental é incorreto afirmar Presta atenção tá incorreto afirmar มา E quem tá na frente agora é a Vivian Vamos pra próxima Leia as alternativas abaixo sobre a semiologia dos transtornos mentais e marque a opção correta Vamos lá ver quem é que tá na frente agora Quem tá na frente agora é Julie E a última qual a importância da avaliação das funções psíquicas na psicopatologia vamos lá todo mundo respondendo E finalmente vamos ver quem ganhou o nosso quiz hoje Em terceiro lugar Lívia em segundo lugar Dani E em primeiro lugar Willy Parabéns Willy Você foi o ganhador Tá bom Então agora vamos ao quarto ganhador do nosso kit especial que vai funcionar por sorteio Então assim que terminar essa aula eu vou postar lá no meu Instagram tirinha que é uma imagem tipo de desenho animado tá gente de desenho animado não mas é uma imagem de desenho OK para vocês não confundirem que ontem teve gente que tava eh comentando no post errado E aí você essa essa tirinha vai ser sobre o conteúdo da aula de hoje Você tem até amanhã às 14 horas horário de Brasília para comentar nessa foto qual foi o seu principal aprendizado dessa aula E você vai colocar a hashagsicopatologia descritiva OK você vai dizer qual foi o seu aprendizado e vai colocar #psicopatologiacritiva Amanhã 14:05 a minha equipe vai fazer o sorteio do ganhador e a gente vai colocar lá nos stories do Instagram entre todos aqueles que comentarem o que mais gostaram da aula e mais psicopatologia descritiva OK tudo letra minúscula e tudo junto Então o terceiro ganhador a gente já conheceu aqui o quarto a gente vai conhecer amanhã Lembrando que essa dinâmica vai acontecer em todas as aulas tá então fique tranquilo que durante a semana toda você vai poder concorrer ok então era isso meus amores Eu espero vocês amanhã na nossa terceira aula que é dominando o manual diagnóstico atual em saúde mental o DSM5TR E mais uma aula imperdível para quem quiser preencher aí a lista para ter acesso ao certificado é só ler o QR code que vai aparecer aqui na sequência para vocês e que vai continuar disponível para quem assistir gravado também tá bom eu espero você amanhã aqui 20 horas Um beijo até lá Ciao