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Anatomia e Ultrassonografia do Rim

Vamos conversar hoje a respeito da anatomia renal e fazer a correlação dessa anatomia com a imagem que a gente vai encontrar na ultrassonografia. O rim tem uma particularidade muito interessante com relação à sua imagem na ultrassonografia, decorrente da sua anatomia, que é essa variedade de ecogenicidades que a gente tem quando observa um rim. Vai de estruturas hiperecogênicas a hipoecogênicas, com variantes entre esses dois extremos, inclusive estruturas anecoicas, e a gente vai conversar justamente a respeito disso. Bom, o rim tem esse aspecto de feijão clássico, com diversas estruturas que compõem Essa anatomia, começando por uma cápsula muito bem definida e bem regular, ele possui uma estrutura hilar, o rim é dividido principalmente em medular e cortical, e dentre essas estruturas, dentre esses segmentos anatômicos, tanto a medular quanto a cortical, ele possui diversos detalhes anatômicos. que vão ter representações na hora de aparecer na ultrassonografia e que a gente precisa identificar muitas vezes não só para entender algumas doenças, algumas patologias, variações que aparecem na ultrassonografia e também sair de algumas situações que podem confundir muitas vezes na hora que a gente está examinando o rim. Então, a cápsula, muito bem definida, uma medular e uma cortical. Falando da cortical, a cortical é uma região funcional do rim, é aqui que acontece a filtração do sangue e produção de urina. E isso está relacionado principalmente... Isso ocorre nos néfrons corticais, mas essa transformação, ou seja, essa filtração, ela se dá em estruturas chamadas de pirâmides, pirâmides renais. As pirâmides renais em que o vértice está apontado para a medular e base voltada para a superfície renal é onde acontece... essa mudança, ou seja, essa produção de urina. Então, as pirâmides são agrupamentos de ductos que vão coletar a urina que é formada nos néfrons e vão levar essa urina para a papila renal. Cada papila renal que é localizada aqui, ela tem... um cálice, um cálice coletor de urina. Todo esse ápice tem um cálice menor que vai coletando essa urina. Esses cálices menores vão reunindo essa urina, trazendo para cálices maiores até chegar na pelve renal, onde a urina vai durar até... até a bexiga. Entremeado a isso, perdão, entremeado às pirâmides, a gente observa algumas invaginações corticais, dessa forma, que são chamadas de colunas renais. Isso nada mais é do que um aproveitamento maior da área do rim, para que mais estruturas... filtrantes do sangue possam estar distribuídas. Então é uma forma de aproveitar maior essa área do que se fosse simplesmente uma estrutura lisa. Essas colunas renais também chamadas de coluna de Bertin, que eventualmente podem estar mais hipertrofiadas, podem estar mais gordinhas aqui, e eventualmente formando até imagens semelhantes a... tumores, então é uma das regiões que a gente... Tem que ficar ligado com relação às variações anatômicas. Bom... Existem, na região mais central, agora falando da medular, estruturas vasculares. O hilo renal não tem só estruturas renais, como tem a estrutura de cálice, de drenagem de urina, de coleta de urina, na verdade, já a pelve renal, em que vai levar a urina para o ureter. Então, essas estruturas vasculares... Elas se juntam ao pélvico renal no hilo renal. E essas estruturas vasculares, na hora que elas vão se ramificando, elas têm um aspecto bem ecogênico na ultrassonografia. Aí é que está a variação extrema de texturas, de ecogenicidade na medular renal. São os cálices, eles são preenchidos. por urina, que tem um aspecto anecoico, e por vasos, múltiplos vasos e pequenos cálices que vão dar um aspecto também mais hiperecogênico. Então, por isso, essa variedade de ecogenicidades na medular do rim. Eventualmente, ramificações pequenas dessas artérias podem simular... simular inclusive pequenos cálculos na hora que a gente está avaliando a medular renal na ultrassonografia. Isso é sim motivo de alguns enganos ou motivos de dúvida na hora que a gente está avaliando os rins. Então tem que ficar ligado para ver se essas estruturas às vezes muito hiperecoicas que a gente está avaliando, se não pode ser uma dessas artérias aqui de repente com uma incidência. determinada do feixe de ultrassom, determinando uma estrutura muito hiperecóica e, por vezes, simulando até cálculo, deixando a gente um pouco confuso. Então, essa multiplicidade de ecogenicidades vai, sim, eventualmente, trazer algumas dúvidas. Mas a gente entendendo a anatomia, sabendo como abordar. o órgão pela ultrassonografia e com alguma prática a gente vai começando a ter essa malícia, digamos assim, de considerar essas questões. Então, trazendo agora essa anatomia para o exame de ultrassonografia, a gente já pode começar a mostrar algumas imagens, selecionei algumas imagens variadas. dos rins para a gente trabalhar em relação a isso então a primeira imagem é essa aqui a gente vê um rim muito bem desenhadinho em que a gente observa as diferentes diferentes ecogenicidades do rim. Começando pela cortical, aqui é o rim direito, comparado com o fígado, ele tem essa ecogenicidade menor que a do fígado. e uma cortical homogênea. Lembra-se dos cálices? Ou, perdão, lembra-se das pirâmides renais? Pois é, as pirâmides renais, como eu falei, elas são pequenos ductos coletores de urina, então faz sentido as pirâmides serem um pouco mais hipoecogênicas que a cortical, justamente pelo que compõe. essas pirâmides, e elas estão aqui tem um aspecto bem tênue nessa imagem a gente vai ver outras mais salientes mas principalmente essas quatro aqui a gente vê com certa clareza o aspecto mais hipoecogênico das pirâmides renais e aí já os vértices voltados para a medula onde possuem cálices menores esperando essa... essa urina que foi formada para coletar no sistema coletor. Então, essa região mais central. Curioso, porque se vai chegar a urina aqui, por que não é mais hipoecogênico? Porém, a gente tem que entender que são diversos casos. Cálices, pequenos cálices que vão drenando para cálices maiores. E isso é muito virtual, é um espaço, sim, existe um espaço coletor de urina aí, mas é um espaço virtual. Então essas paredes, elas estão muito próximas umas das outras. E por isso, por estar fechadinho, por não ter um conteúdo líquido suficiente para expandir essa... Esses cálices ficam com um conteúdo muito discreto. Então, o que acentua mais são as paredes dos cálices, junto com estruturas vasculares, estruturas venosas, estruturas arteriais presentes aqui. E tudo isso tem um aspecto mais hiperecogênico, não só os cálices como as paredes. vasculares também, principalmente as artérias. Então, essa é a composição habitual, o aspecto habitual da ultrassonografia do rim. Vamos para uma outra imagem. a mesma coisa, vocês veem que eu tirei isso emprestado da internet mas a mesma coisa, o aspecto de feijão, um contorno bem liso, bem desenhado a homogeneidade da cortical, hipoecogênica, se considerar com a textura habitual do fígado, que não está muito nítido aqui, a medular hipoecogênica, algumas pirâmides a gente consegue perceber, então essa variação... da ecogenicidade na transição da cortical para medular, se dá justamente por conta da presença das pirâmides. Numa outra imagem, olha como estão bem evidentes as pirâmides. E é isso que eu digo, às vezes a gente olha isso daqui, dependendo do controle da imagem, dependendo da variação que você coloca ali. Na avaliação da otossonografia, eu me refiro à frequência, à dynamic range, do foco, enfim, isso pode acentuar ainda mais as pirâmides e muitas vezes você fica na dúvida se aquilo é uma lesão, se aquilo é um cisto, se tiver muito hipoecoico isso daqui, pode eventualmente simular um cisto. Então tenta, não só entendendo a anatomia... variar um pouco a sua imagem, o controle de imagem, ver se dá para esclarecer melhor. Buscar, lógico, tem que sempre buscar abordagens com janelas diferentes, que isso também vai trazer clareza, tá bom? E aqui a gente ainda percebe uma medular bem ecogênica. Perceba que aqui talvez possa estar... mostrando alguma duplicidade do sistema pielocalicial. Quando acontece essa duplicidade é porque você não tem sistema coletor na porção mais central. Então há um sistema coletor no polo superior e um sistema coletor no polo inferior e que eles vão se juntar na pelve renal ou nem se juntam. Às vezes tem uma duplicidade de ureté. ou até um terço médio ou até sair dois ureteres. As variações anatômicas renais do sistema renal e sistema coletor são muito grandes. Então tem muitas variações anatômicas nas estruturas renais e vias urinárias. E aí a gente aparece com essa outra imagem aqui. Que aí já vem um componente de ecogenicidade ainda mais diferente, que é justamente o sistema coletor mais evidente, com mais urina, abrindo aqueles cálices, abrindo a pelve. Então a gente percebe muito bem a presença deles, e aí a gente vem com um componente anecoico para toda aquela variante de ecogenicidade. Olha as pirâmides aqui como estão. bem evidentes. Às vezes essa evidência se refere a aumento da ecogenicidade da cortical, que pode eventualmente salientar as pirâmides, mas aí a gente tem que perceber... perceber se realmente a cortical, em comparação com os órgãos adjacentes, ela tem realmente uma representação diferente daquela habitual. Isso, inclusive, acontece muito claramente em recém-nascidos. O rim tem uma cortical bem evidente, as pirâmides ficam bem evidentes, e uma hiperacogenicidade com relação à vida adulta ou até... crianças maiores também, mas os bebês eles têm essa textura cortical mais acentuada. E isso a gente tem que saber para não valorizar isso como uma anormalidade. Então aqui está representado, como a gente tem um rim um pouquinho mais distendido, aí fica bem representado tudo aquilo que a gente falou com relação às pirâmides, trazendo urina para os cálices menores, que vão se juntando em cálices maiores, até que finalmente chega na pelve renal e desce para o ureté. As pirâmides também bem desenhadinhas aqui nesse caso. Uma outra imagem mostrando aqui só a medida da cortical, a gente pega do limite da medular para iniciar essa medida de cortical, normalmente eu pego no... uma espessura intermediária, nem na mais fininha, nem na mais espessa, mas pegando ali como se fosse uma média da espessura cortical para não valorizar nem para cima nem para baixo essa medida. Aqui uma outra imagem, aqui um rim menos definido, porém o aspecto se mantém. E quando a gente vai fazer medida renal, vamos voltar para essa imagem aqui, a gente tem que pegar nos limites dos polos. para pegar o maior eixo e depois pegar medidas antero, posteriores e transversais. Para a gente pegar essas medidas antero, posterior e transversal, é interessante que a gente faça um corte. no meio do hilo para que isso fique melhor de medir tanto a gente pegar o ântero posterior, que a gente vai pegar da cortical até a base do hilo então a gente pega para tirar a medida do ântero posterior daqui até aqui e para pegar o transversal a gente tem que ter realmente um outro plano que é esse plano aqui então olha fiz um corte naquele nível onde eu falei fiz um corte aqui quer dizer, fiz não né? peguei a imagem onde aparece essa imagem do corte naquele nível você vê que tem um pedacinho de pelve renal Aparecendo aqui, ali, ó, aquele feijão cortado no meio. E aí, pra pegar a medida, eu vou do ápice, aqui, do ápice, não, do limite da cortical, né, até a linha de base do hilo. Então eu posso pegar daqui até aqui para pegar essa medida anteroposterior. E a transversal vai de lado a lado. Então esse corte central permite essas duas medidas com muita clareza. E assim a gente termina a avaliação da anatomia renal. E eu espero trazer mais... Pretendo, né? Pretendo trazer... mais avaliações anatômicas dessa forma, fazendo correlação da anatomia com as imagens da ultrassonografia. Então se você gostou, bota aí um comentário para eu saber se realmente isso traz benefício para a evolução de todos nós.