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Os Atributos Divinos de Misericórdia e Justiça: Qual é dominante?

Como vimos nos vídeos curtos anteriores, na Torá Deus é referido, essencialmente, com dois nomes diferentes. Um é o nome que nós normalmente usamos, referimos como Hashem, que é o nome Yud-Hei-Vav-Kei, é o nome que não pronunciamos, e um outro é o nome Elohim, Elohim, também não pronunciamos exatamente o nome todo, mas... Hashem e Elohim. E estes dois nomes, argumentados de acordo com a nossa tradição, referem-se a dois atributos de Deus. O nome Hashem refere-se ao atributo de divindade de Resed, que é atributo de misericórdia, de bondade. O nome Elohim refere-se ao atributo... De justiça refere-se ao atributo de restrição, se quisermos. Daí também que quando falamos em Deus na sua plenitude, digamos, na sua abrangência como Deus no sentido transcendental da palavra, nós referimos a Hashem. Quando falamos Deus imanente na natureza, referimos a Elohim. Portanto, temos estas duas características, por um lado, recete, por outro lado, gravura, por um lado, bondade, misericórdia e, por outro lado, justiça. E estes dois polos são características de Deus, mas é naturalmente importante para nós, até para sabermos qual é a nossa visão do jesuísmo e a visão da nossa relação com o Divino, é importante perguntarmos. Qual é destas duas características, misericórdia ou justiça, bondade ou justiça, récio ou gavura, que é o atributo dominante? Ou seja, o que caracteriza Deus? É a misericórdia ou a justiça? E isto é importante entender porque, como digo, o nosso entendimento da nossa relação com Deus depende também da maneira como nós entendemos que o atributo fundamental do divino é. Portanto, nós vamos... A partir de um axioma, que é Deus é bondade infinita, Deus é o bem infinito. A partir deste conceito em que Deus transcende tudo e mais alguma coisa, portanto o nível da divindade que nós não temos acesso normalmente, por causa da nossa finitude, este nível, como é que ele se expressa? Expressa-se através da Ressed, através de Gevurah. Como é que esta infinita bondade se reflete através da característica de misericórdia e de característica de Ressed, do nome Havaia, do nome Hashem? É através de uma dádiva de misericórdia e de bondade à humanidade, neste caso? à existência, ao que existe, à natureza, e é infinita. Ou seja, o nível de recebe da divindade é um nível que reflete a capacidade de dar, a capacidade de dar bondade, de dar misericórdia, de dar amor de uma maneira infinita que é proporcional ao local de onde vem, que é o divino. Portanto, é misericórdia compreendida como bondade. Infinita a saudade. Depois temos no polo oposto a justiça. A justiça também é a concessão de bondade. Mas é uma concessão de bondade, de misericórdia, que depende que é a função do mérito da pessoa. É a função da capacidade da pessoa. Se a pessoa merece, muito bem. Se não merece, muito mal. Digamos assim. Portanto, enquanto o nível de arreguercedor é uma dádiva de bondade, de misericórdia, sem fronteiras, sem limites, o nível de gravura, o nível que referente ao nome eleitivo, é um nível que, por sua vez, é restrito. Ok, é restrito à capacidade e ao mérito do recipiente. Ora bem, dito isto, fica uma questão, que é o que é que nós precisamos... destes dois níveis, não é? Por um lado, porque é que precisamos do nível... de justiça, por um lado, porque é que precisamos do nível de misericórdia e de bondade, que recebe e devora. O que a nossa tradição explica é que o nível de recebo e de misericórdia é um nível tão abundante, é um nível tão forte que nós não dá para nós aceitar, nós não conseguimos recebê-lo. É um nível que é excessivamente forte para a capacidade que nós temos. de o receber. A bondade infinita que Deus tem, nós, como recipientes finitos, nós não conseguimos recebê-la. Já dou um exemplo. A justiça, por sua parte, a parte de credura, tem a ver com Deus dar essa bondade na medida em que nós, como receptáculos, somos capazes de a absorver. Portanto, o nível de justiça é um nível muito importante. Porque reflete a nossa capacidade de receber a bondade infinita que vem do Divino. Portanto, só o nível de misericórdia não chegava porque era em excesso do que nós conseguimos receber. Um exemplo, só para termos uma noção do que estamos a falar, é... Imaginem que eu chego a casa e eu tenho o amor infinito para dar à minha mulher. Ok? Eu estou mesmo muito bem disposto a isto tudo. Eu chego a casa e estou para dar, quero dar amor, quero contactar, quero... E o que é que acontece se ela tiver tido um dia difícil? Ou seja, o que é que acontece se este meu amor infinito não tiver um recetáculo apropriado? Se o recetáculo não está ao nível do que eu estou a querer dar... O meu amor infinito acaba por ser opressivo, acaba por ser esmagador. E, portanto, é neste sentido que é importante a concessão do amor, da bondade, da misericórdia, em função da capacidade que a pessoa ainda recebeu. E é esta a ideia desta dualidade entre os atributos de misericórdia e de justiça de Deus. Ora bem, isto fica, contudo, ainda uma pergunta. E é dos dois. Então, qual é que é o atributo dominante? De alguma maneira já percebemos que é o atributo de misericórdia, porque Resset é a concessão de uma misericórdia em nível infinito e Gevura em nível limitado, que é consistente com a capacidade que cada um tem de receber. E esta ideia é cristalizada nas nossas orações, nas nossas, pronto, nos nossos escritos, nos nossos documentos, através dos tempos, de uma maneira muito clara. Por exemplo, no fim do dia de Kipur, a frase, há uma frase que é repetida sete vezes, e é Hashem u'ay eloquim, que significa que o Deus de misericórdia é justo. E é uma frase muito interessante, porque refere as duas características. O Deus de misericórdia é justo. Mas reparem a frase. A frase é, o Deus que caracteriza Deus é a misericórdia. É o Deus de misericórdia... E também é justo. Não é o Deus da justiça que é misericordioso. O ênfase, se quisermos, o subjetivo, o substantivo, quer eu dizer, é o Deus da misericórdia. O adjetivo que o qualifica é a justiça. Portanto, a essência de Deus é ressente. A essência de Deus é bondade e misericórdia. Que é temperada. com justiça, para o nosso próprio benefício, para estar de acordo com a nossa capacidade de receber. Mas, sem a menor dúvida, o atributo dominante do divino, de acordo com a tradição jutaica, é a receita, é a misericórdia. Shalom u Barachah.