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Movimentos Sociais na Primeira República

Olá, pessoas! Eu sou a professora Annelise e na aula de hoje eu vou falar sobre as revoltas da Primeira República. Bora pra aula? Se você chegou agora no canal, seja bem-vindo.

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Na aula de hoje a gente vai falar sobre movimentos sociais e sobre revoltas que aconteceram durante a Primeira República. A gente já tem aqui um vídeo na playlist de História do Brasil sobre a Primeira República, então se você quiser dar uma olhadinha aqui. Nesse vídeo eu falo mais dos aspectos políticos e econômicos desse período e eu não tinha feito um vídeo ainda sobre essas revoltas. Elas são extremamente importantes, são inclusive... episódios da Primeira República que marcam esse período e que devem ser estudados com muita atenção, porque cada uma dessas revoltas tem a sua particularidade.

E apesar de terem suas características bem particulares, essas revoltas estão inseridas dentro de um mesmo contexto, que é ali o início e o desenvolvimento da Primeira República. Vamos pensar que a gente teve anos e anos de monarquia e agora a gente tem uma nova estrutura, um novo regime político que... E esses movimentos sociais são um reflexo dessa estrutura social da Primeira República.

Vamos lembrar também que a abolição da escravidão tinha ocorrido há pouco tempo, que o início de um novo regime político e essa abolição trazia esperança para as pessoas. O discurso que se falava nesse contexto era um discurso de muito mais liberdade, de justiça social, de cidadania, mas aos poucos essa sociedade foi perfeita. percebendo que não era exatamente isso que ocorria.

Então esses movimentos, de forma geral, têm em comum essas reivindicações por melhorias sociais, por uma participação na cidadania mais ampliada e mostram também para a gente como a concentração de renda e a injustiça social era cada vez maior. É por isso que a gente precisa entender esses movimentos, essas revoltas, de uma forma também a questionar aquele discurso que... que diz que o brasileiro é passivo, que ele não se movimenta. Se a gente analisar cada uma dessas revoltas ou desses movimentos, a gente vai perceber que a população saiu para as ruas, que a população se organizou de certa forma e reivindicou os seus direitos.

Então essa questão de ser passivo, de não se organizar, pode ser questionada também. Esses movimentos são vários, eu escolhi falar de quatro aqui com vocês. E para ficar mais didático, eu vou dividir esses movimentos. E... em movimentos que aconteceram, em revoltas que ocorreram no campo e revoltas que ocorreram na cidade.

As revoltas que aconteceram no campo são extremamente importantes, demonstram essa fragilidade e essa falta de um olhar para as pessoas que geralmente viviam no campo, no interior do Brasil, e eu vou falar de duas delas. O Arraial de Canudos e o Movimento do Cangaço. O local onde foi chamado de Arraial de Canudos era uma antiga fazenda abandonada e que foi ocupada pelo Antônio Conselheiro.

e os seus seguidores. Essa fazenda era chamada de Belo Monte por essas pessoas e a ocupação desse lugar começou quando Antônio Conselheiro se popularizou entre as pessoas das comunidades do interior da Bahia. É importante notar que o Antônio Conselheiro, como um líder, ele fazia parte de um movimento que teve outras figuras importantes como o Padre Cícero, é um movimento que a gente costuma chamar como movimento messiânico.

O Antônio Conselheiro era uma espécie de messias, alguém que guiaria a população para um bem maior e ele era seguido e muito popular entre as camadas mais baixas da população do interior. Essa população que se via muitas vezes fragilizada diante da seca que ocorria no sertão nordestino por muito tempo e até mesmo diante da questão de um Estado que muitas vezes só aparecia ali para cobrar impostos e não trazia nenhum outro benefício. benefício para essa população. E dentro do contexto de abolição da escravidão e de início da república, essa população mais pobre se vê muitas vezes sem emprego, sem ter onde trabalhar. E começa a seguir o Antônio Conselheiro por uma questão de religiosidade, mas também por uma...

A oportunidade de ter um local melhor para sobreviver, certo? Então, quando a gente pensa na questão do arreal de canudos, é interessante pensar que essas pessoas viviam em comunidades, que elas plantavam, que elas trocavam comércio, entre outras... nas regiões. Então ali era uma pequena comunidade em que essas pessoas se sentiam confortáveis e viviam de uma forma melhor do que elas viviam fora do Arraial de Canudos. A popularidade dos discursos do Antônio Conselheiro atingiu níveis muito grandes em pouco tempo.

Para vocês terem uma ideia, não só a população mais humilde se atraía pelos discursos dele, como também boa parte das classes mais altas, da elite, que chegava até a vender os seus bens e a ir morar no Arraial de Canudos. Para vocês terem uma ideia, o Arraial chegou a ter até 25 mil habitantes, então era como se fosse uma pequena cidade. Mas quando que essa população começa a incomodar as elites da região e os grandes dores...

dos donos do poder. Isso se dá muito porque esses fazendeiros, essa elite local viu a sua mão de obra, essa população que trabalhava e que morava na cidade, se deslocarem para Canudos. E aí chama a atenção dessa elite que estava ali perdendo a mão de obra dos trabalhadores.

Fora isso, a gente também tem uma questão do incômodo do discurso do Antônio Conselheiro. Existem muitos questionamentos entre historiadores. que por muito tempo se achou que o Antônio Conselheiro fosse um monarquista. Não dá pra gente afirmar com toda certeza, mas o seu discurso girava em torno de um incômodo dessa mudança da monarquia pra república.

Então, algumas questões ali que a república defendia, o Antônio Conselheiro não concordava, como, por exemplo, a instituição do casamento civil. Fora isso, todo o processo de mudança da monarquia pra república por meio de um golpe militar, trazia muito incômodo. incomodado por Antônio Conselheiro.

Ele achava que esse processo tinha sido uma injustiça muito grande. Então várias decisões republicanas o incomodavam e ele criticava isso de uma forma muito forte. E isso passou a trazer um alerta para esses políticos do período que não gostavam desse discurso antirrepublicano.

É importante lembrar vocês aqui que existiu toda uma narrativa sobre o Arraial de Canudos sendo construída na época, principalmente... principalmente por críticas na imprensa do Rio de Janeiro, que era a capital, também a questão dos políticos fazendo discursos contrários ao Antônio Conselheiro, diziam que o Antônio Conselheiro e o Arraial de Canudos eram uma comunidade de fanáticos que queriam o retorno da monarquia, e não era esse exatamente o projeto. Tanto não era esse o projeto, que o próprio Arraial de Canudos fazia comércio com outras regiões, trocava produtos que eles precisavam, e vice-versa, com outras regiões, a grande crítica, na verdade, do Antônio Conselheiro era a questão do Estado laico, por ele ser um religioso, e não um projeto de retorno à monarquia em si.

Sobre essas várias narrativas em relação ao Arraial de Canudos, sobre essa questão da oposição entre sertão e litoral, sobre os habitantes do Arraial de Canudos serem pessoas inferiores, até porque se julgava que o sertanejo era inferior intelectualmente ao... morador do litoral, sobre esses diversos discursos tem um podcast muito bacana chamado Sertões, Histórias de Canudos, em que você tem toda uma discussão sobre essa narrativa. O podcast traz diversos especialistas sobre o assunto, como historiadores e jornalistas, que vão criando essa narrativa para a gente, mostrando como que isso era feito durante a época e como isso reverbera até hoje nas discussões. Bom, toda essa...

Essa popularidade do Arraial de Canudos e toda essa crítica que era feita e esse incômodo da elite fez com que o governo enviasse tropas para o Arraial para tentar destruir a comunidade. Para vocês terem uma ideia, foram três tentativas de invasão ao Arraial de Canudos. A primeira, a segunda e a terceira tropa não chegaram nem próximas do Arraial porque a população conseguiu se defender.

Então eles chegavam a quilômetros de distância e eles eram... expulsos, nem chegavam próximos do Arraial. O combate a esses chamados monarquistas de Canudos ficou cada vez mais forte e intenso por conta dessas insistentes derrotas.

Então o governo envia uma quarta tropa, uma quarta expedição até o Arraial, dessa vez muito mais militarizada, inclusive trazendo armas, armamentos que vieram da Alemanha. para poder destruir o arraial de tão tensas que a situação estava. tão ameaçadora que ela estava. Essa quarta tropa teve ao todo 8 mil homens e finalmente o governo consegue adentrar o Arraial de Canudos.

A violência com que essa quarta tropa chega acaba matando muitas pessoas. No final a gente tem relatos dos septões, do Euclides da Cunha, que só... sobram mulheres e idosos e mesmo assim até o final essas pessoas resistem.

E essa violência e essa repressão mostra o quanto o governo republicano, esse início de governo republicano queria mostrar o seu poder e a tentativa de colocar ordem nas coisas, vamos dizer assim. Ao final Canudos se mostrava ali uma forte denúncia contra as injustiças sociais e contra a pobreza que existia ali nesse sertão. Ainda dentro desse contexto de precariedades, social de seca, principalmente que ocorre no Nordeste no final do século 19 até o início do século 20, essa descrença da sociedade com relação ao movimento republicano, tudo isso vai levar a um novo movimento social que ocorre no Nordeste, que é chamado de cangaço. Dentro da escrita da história, inclusive, a gente tem várias discussões sobre o que seria o movimento do cangaço, uma grande discussão que o historiador...

que o trabalhador Eric Hobsbawm traz é que esse movimento seria chamado de banditismo social, muito porque esses cangaceiros estariam ali lutando contra o Estado, contra esse descaso do Estado com relação às pessoas mais pobres, contra os grandes proprietários rurais, isso tudo dentro de um contexto de desigualdade social, de desigualdade econômica, que era reforçado cada vez mais quando a gente pensa no contexto dos latifundiários... nordeste. Então, esse movimento do cangaço, ele tem como uma questão muito forte esse protesto social dessa população. Isso se a gente pensar que era um contexto também do coronelismo, esse movimento em que os grandes coronéis, principalmente ali na região do nordeste, acabavam forçando a população muitas vezes a votar para o seu candidato ou até com ameaças de morte dentro daquele contexto de disputas políticas e de...

esse banditismo social, esse cangaço seria um grande protesto a isso. Por outro lado, a gente vai ter a visão de outros historiadores que vão contestar essa questão do banditismo social. Esses historiadores vão dizer que muitos desses cangaceiros vieram de famílias da elite, de famílias de grandes latifundiários, que muitas vezes as suas ações de roubar, de pilhar materiais, de entrar dentro das cidades, muitas vezes assediar mulheres, enfim, essas ações elas não tinham...

uma ideologia por trás, nenhum tipo de objetivo específico. Então, para esses historiadores, essa questão de banditismo social não soa muito correta. O fato é que esse movimento do cangaço, para além das discussões da escrita da história, ele é extremamente importante. Primeiro, se a gente pensar na questão da cultura regional, o próprio movimento em si de tentar fazer justiça, de trazer esse protesto contra as desigualdades, muitos cangaceiros roubam...

roubavam dos mais ricos e distribuíam para os mais pobres, então eram conhecidos como quase Robin Hoods do sertão. A própria questão estética das roupas, da maneira de se colocar, isso ficou na memória coletiva das pessoas até hoje, na verdade, e essa questão da cultura regional é muito forte. O cangaço começa lá no final do século XIX, tem algumas figuras de destaque nesse período, como o Corisco e o Zé Sereno, mas ele fica famoso, vamos dizer assim. assim, nacionalmente e até mundialmente com o bando de Lampião e Maria Bonita. Além do bando de Lampião ser muito famoso e ter durado muito tempo dentro do Nordeste, ele ficou conhecido também por sofrer a maior repressão do governo durante a ditadura do Estado Novo do Getúlio Vargas.

Para o Getúlio Vargas, dentro daquele contexto logo depois do golpe do Estado Novo, o fato do bando de Lampião circular livremente pelo Nordeste, mostrar toda essa... questão desse protesto e circular muitas vezes tendo alianças com coronéis de determinados lugares, isso trazia uma forte ameaça para o projeto centralizador do Estado Novo que o Getúlio Vargas queria colocar em prática. No ano de 1938, então um ano depois do golpe do Estado Novo, o Getúlio Vargas incentiva uma caçada ao bando de Lampião e eles são todos mortos em uma emboscada que ocorre nesse esse ano.

O que é interessante frisar mais uma vez aqui é a repressão pelo qual o bando do Lampião passa, porque além da Na questão da emboscada e da morte, existia todo um simbolismo em mostrar que esse bando havia sido exterminado. Então, um dos simbolismos mais fortes que a gente tem é a foto do bando do Lampião com todas as suas cabeças que foram... cortadas e colocadas numa espécie de exposição com um volante, que era o líder dos soldados da polícia ali, que acabou matando esse bando ao lado.

E essa foto circulou nos principais jornais do país, inclusive no estado de São Paulo, no Estadão, e também acabou circulando a notícia da morte do Lampião, inclusive do New York Times, na época. Então, para vocês terem uma ideia do alcance da popularidade desse movimento. Agora eu vou falar de duas revoltas que aconteceram na cidade, especialmente no Rio de Janeiro, que era a capital nesse período. A primeira delas é a revolta da vacina.

Você já deve ter ouvido falar um pouco dessa revolta, ainda mais porque agora a gente vive falando sobre essa questão de saúde, dos vírus, das gripes, das epidemias e pandemias ao longo dos séculos. A revolta da vacina está dentro de um contexto de reorganização da saúde, da... urbanização da cidade do Rio de Janeiro. Vamos pensar que a gente está falando da virada do século XIX para o início do século XX, a inspiração que o Brasil tinha em muitas capitais mundiais, como Paris, por exemplo, para se reorganizar e para construir uma nova nação que aparece agora com a República. Ao mesmo tempo, a gente tem uma população, como eu já disse aqui, que tinha esperanças na República, tinha esperanças nesse discurso pós-abolicionista, mas que na prática...

se via cada vez mais abandonada pelo poder público. Havia também um contexto, especialmente no Rio de Janeiro, de várias epidemias. Epidemia de sífilis, epidemia de varíola, que era a mais grave, pelo menos nesse contexto. E, para vocês terem uma ideia, a expectativa de vida de uma pessoa nesse período chegava aos 33 anos de idade.

Então, existia toda uma preocupação nessa questão do sanitarismo, da urbanização, duas áreas que estão ligadas. e de como você desenvolveria isso, principalmente na capital do Brasil. Então, para tentar modificar esse cenário, o prefeito Pereira Passos, do Rio de Janeiro, ele inicia, então, uma urbanização, uma reurbanização, na verdade, na capital. A ideia do prefeito era de alargar as ruas, criar grandes avenidas, especialmente no centro do Rio.

O problema é que no centro viviam as populações mais pobres, muitas delas que estavam sem emprego ou que moravam em curtidas. e foram expulsas desses lugares. O único caminho que sobrou para essa população foi subir para os morros.

Então, todo esse local onde vivia essa população, muitas vezes aglomerada, era um sinal para esses urbanistas de um lugar que poderia gerar doenças. Dentro desse contexto, a gente também tem a campanha sanitarista, uma campanha de vacinação contra a varíola, que foi empreendida também pelo prefeito da cidade do Rio e pelo sanitarista Oswaldo Cruz. A ideia era fazer uma campanha grande que vacinasse a população para evitar que essa doença se espalhasse cada vez mais.

A grande questão aí pessoal e o grande problema dessa campanha foi a maneira com que ela foi feita. Para vocês terem uma ideia, o Oswaldo Cruz junto com a sua equipe, ele criou então uma dinâmica que era o seguinte, entrava dentro das casas essa pessoa responsável, esse médico, junto com enfermeiros e junto com soldados, junto com pessoas que... você nunca tinha visto, entravam na sua casa e obrigavam a tomar a vacina. O problema é que as pessoas nessa época tinham todo um pudor, toda uma regra com a questão das roupas, então você mandava, por exemplo, as mulheres levantarem a blusa e mostrarem os braços, algo que era impensável. Ou até os homens abaixarem as calças para tomarem a vacina.

Então, assim, tudo isso era feito de forma muito autoritária e nada disso foi bem explicado. Não houve houve uma campanha de conscientização ou uma explicação para a população do porquê a vacina era importante. O fato é que a vacina era importante, ela dava resultados, mas não se criou uma consciência para essa população.

Muitas pessoas, quando estudam a revolta da vacina e quando veem esse momento, pensam, nossa, mas essa população era ignorante, não queria ser vacinado, queria ficar doente. Mas é que não é bem assim, pessoal. A questão aqui é a forma como essa campanha foi aplicada.

O fato é que... aqui, logo após o início dessa campanha, entre o dia 10 e o dia 16 de novembro de 1904, a população se revoltou, saiu às ruas, se manifestou contrária à campanha da vacinação contra a varíola. E é aí que a gente tem, então, a revolta da... a vacina.

Para vocês terem uma ideia da gravidade e do autoritarismo com que se lidou com essa revolta, apenas nesses poucos dias a gente teve 30 mortos e mais de 500 prisões só na cidade do Rio de Janeiro, onde tudo isso aconteceu. Então o movimento foi encerrado com a repressão do governo e por um tempo essa campanha de vacinação ficou suspensa. Por fim, a gente vai falar de outra revolta que acontece na cidade, dessa vez também no Rio de Janeiro, que é a chamada Revolta da Chibata. Aqui a gente precisa falar um pouquinho do contexto da Marinha nesse período.

A Marinha é... era uma instituição que recebia muitas pessoas que vinham de classes mais pobres, então muitos ex-escravizados ou descendentes de escravizados, pessoas que, homens, que não tinham exatamente um emprego fixo e nenhuma especialização, e viam na marinha uma oportunidade de ter um trabalho, de ter um lugar para se alimentar e de ter uma ocupação. Muito diferente, por exemplo, do exército, que tinha ali dentro dos seus cargos oficiais mais voltados à elite. A grande questão que...

que a gente tem aqui nessa revolta é o contexto dos castigos físicos que aconteciam na Marinha. Esses castigos vinham desde antes da abolição da escravidão e permaneceram como um costume, como uma cultura de castigo dentro da Marinha. Essa situação já incomodava bastante os marinheiros, mas em 1910 ocorre um fato que vai trazer à tona essa revolta. Mas antes de falar disso, eu preciso falar pra vocês de um outro contexto, tá? O contexto de modernização dessa Marinha...

com a República. Muitos navios vão ser trazidos para cá da Inglaterra e muitos desses marinheiros foram até a Inglaterra para fazer uma espécie de treinamento, para conhecer esses navios que eram modernos e que eram a mais alta tecnologia que existia. Esses marinheiros que foram até a Inglaterra, inclusive um deles é o João Cândido, a gente já vai falar melhor dele aqui, começam a dizer que lá na Inglaterra o tratamento dos marinheiros era extremamente diferente. a forma como eles eram tratados e como era lidado, e até muitas vezes a movimentação política que esses marinheiros faziam para reivindicar os seus direitos, chamou a atenção desses marinheiros.

Aí a gente volta para 1910, dentro desse contexto então da Revolta da Chibata. O que acontece nesse ano é que um dos marinheiros que estava dentro do navio Minas Gerais, esse navio moderno e que tinha vindo da Inglaterra, ele acaba trazendo uma bebida... alcoólica, o que não era permitido, e entrando numa briga com outro marinheiro.

Com essa briga, esse marinheiro chamado Marcelino acaba recebendo, então, o castigo, o castigo de 250 chibatadas. E esse castigo, como todos os outros, ele era feito em público, para todos os marinheiros assistirem. Então, essa humilhação fez com que o Marcelino desmaiasse, 250 chibatadas, né gente?

Então, vocês imaginam. não se imaginam, ele não resiste, ele desmaia e os marinheiros veem aquilo como uma afronta e decidem então que aquilo era o grande motivo para eles começarem a se revoltar. Em novembro de 1910, os marinheiros liderados pelo João Cândido, aquele que foi lá para Inglaterra e conheceu a situação dos marinheiros ingleses, eles se revoltam, tomam o navio Minas Gerais, acabam matando entre seis ou sete mil policiais e se colocam ali como revoltosos reivindicando o fim do castigo pelas chibatas e a anistia dos revoltosos, ou seja, o perdão por terem se revoltado, já que isso seria um crime de até expulsar esses marinheiros da instituição.

Durante essa revolta, os marinheiros apontam os canhões do navio para a cidade do Rio de Janeiro, inclusive para a sede do governo, acabam atirando algumas vezes, o que pega só a orla ali, mas isso já demonstrava a força e o domínio desses marinheiros. Outros... Os navios também acabam sendo tomados pelos revoltosos e os políticos da época não tem outra atitude a fazer, além de aceitar as indicações.

Apesar do governo ter aceitado e ter dito que não ia mais acontecer os castigos e dito também que ia anistiar os revoltosos, isso não durou muito tempo. Em dezembro do mesmo ano, logo ali no mês seguinte da revolta da Chibata, a gente tem uma outra revolta de marinheiros. Dessa vez ela foi um pouco mais fraca.

porque não teve a adesão de todos, mas o João Cândido, que era o líder, chamado de Almirante Negro, estava dentro dessa revolta e ela é muito mais reprimida pelas tropas do governo agora. Todos os envolvidos nessa revolta acabam sendo presos numa prisão que ficava na Ilha das Cobras. Ali eles são muito maltratados, muitos morrem ali dentro e aqueles que sobrevivem são levados de navio para a Amazônia para fazer trabalhos forçados. nos seringais. O João Cândido consegue escapar dessa viagem, ele acaba sendo internado num hospital para loucos na época, quase um ano depois ele é solto e é expulso da marinha, ele acaba vivendo o resto dos dias dele como um pescador, como uma pessoa afastada então da instituição.

Essas então foram as revoltas, os movimentos sociais da Primeira República, espero que vocês tenham gostado e até a próxima aula.