Olá pessoal, estaremos dando início a mais um conteúdo da nossa disciplina de citologia clínica. Hoje, vamos trocar uma ideia sobre a citologia hormonal e entender qual a influência dos hormônios femininos na análise do raspado cérvico vaginal. Como sabemos e já discutimos anteriormente, o epitélio malpidiano possui receptores hormonais que respondem aos estímulos do estrogênio e progesterona, hormônios em...
importantíssimos no ciclo reprodutivo feminino. Em resumo, a maturação das células malpidianas estará diretamente ligada à ação dos estrógenos e dos esteroides, ou estrogênio e progesterona respectivamente, se assim preferirem. Como já abordamos também, o estrogênio é responsável pela fase proliferativa do ciclo reprodutivo, enquanto que a progesterona é responsável pela fase secretora ou progestacional. aquele momento onde o útero já está preparado para receber um óvulo fecundado.
Para entender a influência dos hormônios, precisamos revisar os principais pontos do ciclo menstrual. Ele se divide em quatro fases. A fase menstrual, que vai do primeiro ao quinto dia. A fase estrogênica, que vai do sexto ao décimo quarto dia. A fase ovulatória, que vai do décimo quarto ao décimo quinto dia.
E a fase progestacional, que vai do décimo quinto ao quinto dia. ao 28º dia. Em cada uma dessas fases, teremos variações hormonais que podem alterar a estrutura das mucosas malpigianas e endocervicais. Consequentemente, teremos uma modificação lá no resultado dos esfregaços, dos raspados cérvicos vaginais. De uma maneira geral, o ciclo menstrual vai funcionar da seguinte forma.
Primeiro nós vamos ter a hipófise. que vai produzir dois hormônios que serão extremamente importantes no ciclo menstrual, no ciclo ovariano no geral. O hormônio do folículo estimulante e o hormônio luteinizante.
Esses hormônios vão atuar diretamente na maturação de um folículo, na liberação de um óvulo, vão atuar diretamente na ovulação. O hormônio FSH, ou hormônio do folículo estimulante, vai estimular a maturação de células foliculares. Então nós teremos... As células foliculares sendo estimuladas no que diz respeito à sua maturação, no que tange à sua maturação. Essas células foliculares, à medida que vão se maturando, vão liberando estrogênio.
E esse estrogênio vai estimular a proliferação do endométrio. Então a gente vai ter a estimulação do endométrio devido à ação do estrogênio, que por sua vez... vai inibir a atividade desse hormônio e vai potencializar o hormônio luteinizante.
Então quando o endometro vai entrando nas suas fases finais de maturação, ele vai inibir a atuação do estrogênio. Inibindo a atuação do estrogênio, a gente vai ter agora a atuação do hormônio luteinizante. O que esse hormônio luteinizante vai fazer?
Ele vai determinar que um folículo sofra maturação máxima e consequentemente assim, que libere um óvulo. Então a gente tem aqui o hormônio luteinizante, ele vai atuar aqui na ovulação, vai estimular a ovulação, e nós teremos um pico de estrogênio. Esse pico de estrogênio vai marcar a ovulação, ou seja, a gente tinha ali um folículo entrando em maturação, esse folículo se rompeu e liberou o óvulo, e aí para marcar isso nós temos um pico de estrogênio.
No lugar do óvulo, Nós temos a formação de um corpo lúteo. Esse corpo lúteo vai produzir progesterona e essa progesterona vai estimular a secreção das glândulas endometriais. Ou seja, nós teremos aqui agora o útero entrando na fase secretora, na fase progestacional. E aí quando a gente tem um elevado número, uma elevada quantidade, uma elevada concentração de progesterona, nós teremos consequentemente... A inibição do hormônio luteinizante.
Sem a atividade desse hormônio luteinizante, a gente não vai ter mais o estímulo do corpo lúteo e sem o corpo lúteo, a gente não terá mais a produção de progesterona. E aí, neste momento, se não houver a fecundação naquele óvulo que foi liberado, nós teremos a cessação desses dois hormônios, o estrogênio e a progesterona, e, consequentemente, entraremos na fase... da menstruação.
É importante lembrar também que durante a fase proliferativa, aquela mediada pelo estrogênio, como a gente acabou de ver, é comum em alguns momentos a gente encontrar células superficiais. Por quê? Essas células são mediadas pelo estrogênio, essas células possuem receptores específicos para o estrogênio.
Então em alguns momentos do ciclo é bastante comum haver uma presença maior dessas células. Já... Na fase secretora, devido à ação da progesterona, nós já tivemos a descamação das células que eram mediadas pelo estrogênio. Então, a maior parte de células que a gente vai encontrar na fase secretora são células intermediárias. Bom, agora vamos discutir especificamente sobre o raspado cérvico vaginal das diferentes fases do ciclo menstrual.
Bom, a fase menstrual é a primeira fase do ciclo. Ela vai durar do primeiro ao quinto dia. As características dos esfregaços provenientes dessa fase são a presença de hemácias. Os esfregaços têm característica hemorrágica. Além disso, a gente encontra muitos detritos celulares.
É comum também a gente encontrar muitos leucócitos, além da presença de células malpigenas com dobras. Essas células malpigenas com dobras, como a gente viu na última aula. são chamadas de células plicaturadas.
E além disso, como já é de se esperar, por ser fase menstrual, onde a gente não tem atividade de nenhum hormônio, nós temos a descamação de todas as outras camadas, seja da endossérvice, seja da ectossérvice, seja do endometro. Então é comum a gente encontrar células cilíndricas endosservicais e também células cilíndricas endometriais. Bom, durante a fase estrogênica, que vai durar aí do sexto ao décimo quarto dia do ciclo, o epitélio malpigiano se encontra na fase proliferativa.
Então, é comum a gente encontrar, no início do ciclo, aí nos primeiros dias, muitas células intermediárias, bem como grande quantidade de leucócitos. Por que isso acontece? Porque o ciclo anterior, que foi o ciclo menstrual, que foi a fase menstrual, nós tivemos uma agressão muito grande ao tecido. Então o tecido teve de ser reconstruído.
Então é bastante comum a gente encontrar células intermediárias que estão agora se desenvolvendo para formar um novo epitélio malpigiano, além de uma grande quantidade de leucócitos. Leucócitos esses que atuou na fase anterior, mas que ainda estão ali presentes. Após o início do ciclo, já próximo à ovulação, próximo ao final da fase estrogênica, A gente tem uma grande quantidade de células superficiais. Essas células superficiais estão relacionadas principalmente à presença do hormônio estrogênio. O estrogênio, como a gente viu aí no slide anterior, é um hormônio extremamente importante porque ele vai induzir a maturação até as últimas camadas do epitélio malpidiano.
É comum a gente encontrar células superficiais numerosas. Essas células apresentam lá... A gente tem núcleos pequenos, além disso a coloração dela é específica.
A gente encontra células com tons orangiófilos ou tons eosinófilos. Além disso, a gente encontra raros leucócitos. É bem difícil da gente encontrar leucócitos porque não é uma fase agressiva, assim como a fase menstrual.
E é raro da gente encontrar hemácias. Então aqui nós temos um exemplo de um raspado cérvico-vaginal mais para o final do ciclo, do ciclo estrogênico, da fase proliferativa, onde a gente consegue identificar muitas células superficiais, eosinófilas ou orangiófilas, com núcleos piquenóticos, além de células intermediárias, raras células intermediárias. É raro também a gente encontrar nesse raspado a presença de... leucócitos e hemácias consequentemente. Bom, a fase luteínica ou progestacional, ela corresponde à fase pós-ovulação, onde o útero e os epitélios já estão prontos para receber um possível óvulo fecundado.
E aí, como vimos, no momento da ovulação, a gente tem um boom de estrogênio. E esse boom de estrogênio... Ele é característico da liberação de um óvulo. Então, neste momento, na ovulação, a gente tem ali uma grande quantidade ainda de células superficiais eosinófilas, ou orangiófilas, se assim desejam chamar. Além disso, a gente tem uma grande quantidade de muco, além de células endocervicais um pouco maiores.
Essas células endocervicais estão com o citoplasma alto e apresentam-se ali na fase secretor. Essa pequena fase, antes da gente adentrar na fase progestacional, ela acontece do 14º ao 15º dia e corresponde à ovulação. A fase progestacional vai acontecer assim que há a liberação do óvulo.
Então, se a gente liberou o óvulo do 15º ao 28º dia, nós estaremos na fase que agora é mediada pela progesterona. Nessa fase, a gente encontra bastante células intermediárias. já que a progesterona é característica da presença de células intermediárias, e essas células intermediárias vão se apresentar de forma plicaturada, ou seja, com bastante dobraduras em seu citoplasma. Além disso, a gente encontra ainda leucócitos e podemos encontrar também bastante muco, haja visto que essa fase é uma fase secretora, então é comum a gente encontrar muco. Mas para o fim desse ciclo, a partir ali...
Próximo ao 28º dia, entre o 27º e o 28º, a gente passa a encontrar bastante células intermediárias dobradas, além de núcleos nus, leucócitos e um aspecto bastante sujo. Por que a gente tem núcleos nus? Porque a gente tem a proliferação agora da flora bacteriana normal.
Essa flora bacteriana normal vai metabolizar a glicose que está presente em algumas células intermediárias. E essa metabolização da glicose... faz com que tenhamos ali um pH ácido agora na região cérvico-vaginal.
Bom, então vimos que próximo ao fim do ciclo, nós temos bastante células plicaturadas, muitas células dobradas. Além das células plicaturadas, a gente tem a presença de muitas células naviculares, que são essas células com citoplasma marrom. Essas células com citoplasma marrom são...
ricas em glicogênio, e esse glicogênio é metabolizado, após essas células se romperem, após essas células morrerem, por bacilos de Doderlein. Esses bacilos são responsáveis por conferir manutenção do pH ácido da vagina. Então é comum a gente encontrar, além dos bacilos, a presença de núcleos nus. Esses núcleos eram provenientes das células que foram mortas, das células que foram degradadas.
Bom, durante a menopausa, nós temos aí uma condição de cessação das menstruações, ou seja, cessação dos ciclos menstruais. Essa cessação da menstruação está diretamente relacionada com a redução da progesterona. Então, a gente não tem mais ali uma fase secretora.
E se a gente não tem uma fase secretora, consequentemente, nós não vamos ter menstruação. Nós não vamos ter... a maturação do tecido para que esse tecido possa ser descamado.
A menopausa vai se instalar de forma progressiva. Nós temos cerca de três etapas para a instalação da menopausa. A primeira etapa, que é caracterizada pela redução parcial da atividade estrogênica, onde nós temos a presença de muitas células intermediárias e um raspado cérvico vaginal. Por que a gente tem muitas células intermediárias?
Porque se a gente não tem estrogênio, a gente não tem a maturação por completa das camadas do epitélio malpidiano. Então se a gente não tem a maturação por completa das camadas do epitélio malpidiano, consequentemente a gente não tem células superficiais. Então é bem comum, em um primeiro momento da atividade estrogênica reduzida, a gente encontrar células intermediárias. Em uma segunda etapa, em um segundo momento, onde nós temos uma redução acentuada da atividade estrogênica, nós temos a presença de células intermediárias naviculares. E além dessas células intermediárias naviculares, que são ricas em glicogênio, a gente também tem a presença de células parabasais, que são células imaturas, células malpigianas imaturas, que não puderam entrar na etapa de maturação pela falta de hormônio, pela falta de indução.
Como uma primeira etapa, nós temos aí... um grau de redução máxima da atividade estrogênica. Quando a gente entra nessa redução máxima da atividade estrogênica, o raspado cérvico vaginal e o tecido malpidiano, o epitélio malpidiano, vão se apresentar de forma atrófico. Então nós vamos ter lá nesse tecido a prevalência de células parabasais, nós vamos ter ali a ausência de muco, já que...
Esse tecido ele já não... O... O tecido endometrial, o tecido endocervical, ele já não entra mais na fase secretora, então a gente tem uma redução de muco. E se a gente não tem muco, a gente vai ter uma dessecação das mucosas. E se a gente tem uma dessecação das mucosas, nós temos uma desidratação, nós temos uma condição específica, uma condição histológica específica que a gente vai estudar daqui um ou dois slides mais ou menos.
Além disso... teremos aí uma variação do tamanho celular, um raspado cérvico vaginal, além da presença de núcleos volumosos e também células pálidas, núcleos e células pálidas. Bom, aqui nós temos uma imagem que está diretamente relacionada à presença de células naviculares, nós temos aqui células com citoplasma amarronzado, alaranjado, até mesmo amarelado, vai da percepção de cada um. E que nessa outra imagem nós temos as células basais e as células parabasais. Essas células não entram na fase final de maturação.
Após a instalação progressiva da menopausa, os esfregaços devem apresentar-se de forma atrófica. O esfregaço atrófico apresenta-se com aspecto dessecado, com células pálidas, citoplasmas pálidos. e núcleos pálidos, a gente vê aqui o citoplasma pálido, um núcleo pálido, outro citoplasma pálido e um núcleo pálido, além de muitos leucócitos.
A atrofia pode instalar-se lentamente ou até mesmo pode nunca aparecer. E uma condição que vai apresentar as mesmas características citológicas da menopausa é a castração cirúrgica de ovários. Ou seja, se a gente remove os ovários, a gente não tem mais a atividade de estrogênio e progesterona regulando as fases do ciclo menstrual. A gente não tem mais um ciclo, a gente não tem por que mais ser um ciclo se a gente não tem mais atividade hormonal.
Aqui nós temos um corte histológico, evidenciando o tecido malpidiano, o epitélio malpidiano da ectossérvice, onde a gente não tem mais aquelas camadas expressivas de células. A gente tem apenas agora algumas camadas. Bom, durante a gravidez existe um aumento progressivo da estimulação hormonal da progesterona. Então a gente tem aí uma grande secreção, a gente tem uma fase secretora prolongada. As características citológicas que a gente encontra em um raspado cérvico vaginal proveniente de...
uma mulher grávida, nas primeiras semanas a gente encontra um esfregaço com células intermediárias plicaturadas. Nessas primeiras semanas é um esfregaço normal, de uma fase progestacional, uma fase secretora. A partir do terceiro mês de gestação, a gente já encontra um aglomerado muito grande de células intermediárias naviculares, a presença de citólise, além da presença de flora lactobacilar.
Por que a gente tem esse aglomerado de células intermediárias naviculares? Porque a gente tem uma atividade progressiva da progesterona. Então o útero se encontra na fase secretora e isso infere diretamente lá no epitélio malpidiano, onde a progesterona induz a presença de muitas células intermediárias. Então no terceiro mês de gestação a gente vai ter muitas células intermediárias e essas células serão do tipo... navicular, ou seja, que vão possuir glicogênio em seu interior e esse glicogênio, após a citólise dessas células, após a morte dessas células, será metabolizado pela flora lactobacilar, pelos bacilos de Doderlein, e consequentemente esses bacilos vão levar a um equilíbrio do pH ácido da vagina.
Os resultados de um esfregaço cérvico-vaginal proveniente da gravidez, não constitui nenhum teste de diagnóstico para a gravidez, porque a gestação pode acontecer sem apresentar nenhum sinal citológico. A gente pode ter uma gestação com uma ausência de qualquer característica citológica. Então, os dados do esfregaço não vão constituir de forma alguma um teste de diagnóstico de gravidez. Bom, aqui nós temos... as células intermediárias plicaturadas, e aqui a presença da flora lactobacilar, a presença dos bacilos de Doderlein, os núcleos nus, e esses bacilos metabolizaram o glicogênio presente aqui em células intermediárias e tornaram esse ambiente ácido.
Bom, partindo então pós-gravidez, depois do momento da concepção, nós temos uma condição citológica de pós-parto, onde o tecido malpidiano vai apresentar-se de forma atrófica. Então nós vamos ter muitas células parabasais, além disso a gente pode ter células intermediárias com bordas arredondadas e ovais, a presença de muitos leucócitos, a presença de muco. É um aspecto muito sujo. Então, no pós-parto, é um momento em que a gente está se desfazendo de todo aquele tecido, de todo aquele material, de todas aquelas camadas, para, em um momento posterior, o ciclo recomeçar. Beleza?
Então, pessoal, essa foi a nossa aula de citologia hormonal. Agora, eu gostaria que vocês se atentassem com relação... as atividades que serão postadas aí no portal para vocês e qualquer dúvida estarei online no chat durante todo o horário da nossa aula. Valeu?
Muito obrigado.