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Perspectivas Judaicas sobre Astrologia

São Salom e Braga, pensões de paz e tranquilidade. O tópico para falarmos hoje é a relação entre o judaísmo e a astrologia. É um dos tópicos que é, muitas vezes, sujeito à pergunta. A resposta é uma resposta um pouco complexa, porque existem várias atitudes ao longo da história judaica em relação à astrologia. E, digamos, as atitudes vão desde uma aceitação condicional até uma rejeição completa. De qualquer das maneiras é importante mencionar de imediato que mesmo nos casos em que há uma aceitação condicional da astrologia, nós estamos a falar sempre num contexto de expressão do divino e, portanto, não como uma entidade ou como uma força independente em si mesma. Vamos pensar alguns exemplos do que parece ser a aceitação da astrologia. No Talmud há várias referências que sugerem que os astros podem ter a sua influência. Por exemplo, há uma expressão muito interessante que quer dizer que em Mazal, em Israel, que os astros não têm influência sobre o povo de Israel, mas terão influência no geral. Ao mesmo tempo, grandes sábios medievais, como, por exemplo, o Narmanides, o Ramban, originalmente da zona de Barcelona, de Girona, ele era muito favorável às questões da astrologia. Portanto, achava que a astrologia tinha um papel muito importante. E, portanto, quer dizer, mais uma vez, não como uma entidade autónoma, mas como uma maneira de expressão. da vontade do divino. Portanto, temos esta corrente, digamos assim, que é uma corrente talmúdica e uma corrente na idade média, sobretudo até mesmo no princípio do segundo milénio, que tinha uma posição relativamente positiva em relação à astrologia. E aqui é preciso entender também uma coisa que é muito importante, que é, na altura, e digamos até temos muito mais recentes, não havia uma diferença muito clara, do ponto de vista científico, se quisermos, entre a astronomia e a astrologia. Ou seja, quem fazia a astronomia, como entendemos hoje que é estudar os astros, quem fazia a astronomia... na maior parte dos casos fazia astronomia porque queria fazer astrologia. E, portanto, as duas coisas eram completamente ligadas e, portanto, os grandes astrónomos na altura, incluindo os grandes astrónomos judaicos, eram também astrólogos. E, portanto, há essa corrente, digamos assim, na maneira como o conhecimento era entendido durante muitos séculos e, dentro da comunidade judaica, essa ideia era também muito... o aceito. Portanto, como digo, não a astrologia como algo determinante, mas como uma possível expressão do divino. O que é muito importante em relação à nossa tradição é que, ao mesmo tempo que havia este fenómeno de aceitação mais ou menos condicional, e certamente dentro da ideia que a influência dos astros nunca era determinante, ou seja, havia sempre a possibilidade de nós, através do nosso comportamento... através das nossas adorações, através das nossas ações, havia sempre a possibilidade de modificar a tendência que os astros nos davam. Portanto, era sempre uma visão condicional menos quando favorável. Mas, ao mesmo tempo, o que é interessante do ponto de vista da nossa transição é que, de facto, houve um grupo muito grande também e muito influente de rapinos que estavam visceralmente contra o uso da astrologia. O caso mais emblemático é o caso de Maimonides, do Rambam, que é o grande racionalista de Córdoba, da Península Ibérica, que depois acabou por ir para o Egito, onde morreu, e ele vivia, digamos, no fim do século XI, XII. e o Maimonides Rambam como grande racionalista ele dizia de maneira muito clara no seu Morena Vorrim no seu Guia para os Perplexos e também na Mishnatorah na sua compilação da lei judaica ele não deixa nenhumas dúvidas sobre dizer que a astrologia para ele é superstição é superstição do nível mais baixo não tem nenhum lugar no judaísmo e ponto final parágrafo e pronto Aliás, o Rambam é uma pessoa muito expressiva, vamos por a coisa assim, muito expressiva, e ele de facto diz as piores coisas possíveis sobre quem, de alguma maneira, dê qualquer credibilidade à astrologia. Ao mesmo tempo, mesmo no próprio comentário sobre o Talmud, e portanto referimos que o Talmud tem algumas passagens em que parece... que realmente dá credibilidade a uma visão condicional da astrologia, mesmo nos comentários do Talmud, por exemplo, no Tassifot, que é o comentário que já foram feitos nos séculos XII, XIII e XIV, existe já uma reação de muito ceticismo e, portanto, uma interpretação de algumas dessas passagens que parecem ser favoráveis à astrologia, mas já uma interpretação que é muito pouco favorável. Ou seja, o que nós queremos dizer aqui de uma maneira muito clara é que Do ponto de vista normandio do judaísmo, sempre houve grupos que acharam que havia algum valor, se bem que sempre condicional, dentro da astrologia, e houve outros grupos que achavam que era completamente errado seguir. Um aspecto que é importante é como é que o misticismo judaico se relaciona com a questão da astrologia. Bem. Aqui é importante dizer que dentro da Kabbalah, dentro do misticismo judaico, há uma tendência para aceitar mais alguns dos parâmetros da astrologia. O próprio Ramban Narmani, disse que falámos há pouco, que era um grande defensor da astrologia, ele era também um kabbalista. E, portanto, dentro deste contexto da Kabbalah, há uma maior aceitação. da astrologia, mas sempre, é importante entender, sempre de uma maneira em que qualquer evidência que exista, ou qualquer manifestação, digamos, da astrologia, está sempre subordinada à providência divina, portanto, não é nunca uma entidade independente, quanto muito é uma maneira de, se quisermos, de Deus comunicar connosco, portanto, está sempre subordinada à vontade divina e à providência divina, por um lado, e por outro lado a ideia que Nós não somos escravos da astrologia. A astrologia pode nos dar uma certa tendência, mas nós, através das nossas ações, podemos mudar essa tendência. Portanto, o que é que isto significa, em termos muito práticos? Quem quiser seguir algumas práticas da astrologia, enfim, poderá certamente, desde que, primeiro, tenha uma noção clara. que isto não é uma força independente, os achos não têm uma força independente, quanto muito poderão ser a manifestação e estão subordinadas, estarem sempre subordinadas à presidência divina, e por outro lado ter esta noção que não é um sistema determinista. É um sistema que pode usar uma certa orientação e nós a partir dessa orientação podemos mudar o nosso comportamento e mudar essa orientação. E portanto, como diz o próprio Talmud, é em mais alma Israel. Que é o que? O comportamento do ser humano não é determinado por os corpos celestiais. Portanto, na melhor das hipóteses, usamos a astrologia como informação que nos permite modificar o nosso comportamento na direção mais adequada. E, sobre o judaísmo e a astrologia, é isto. Shalom e Barahat.