Então vamos falar um pouquinho da diretriz europeia, que é uma grande diretriz de hipertensão, uma daquelas que acaba guiando o nosso tratamento no mundo todo. Nós tivemos atualizações importantíssimas nessa diretriz, algumas mudanças realmente substanciais. A começar pela classificação de hipertensão, que mudou totalmente. A gente tinha na diretriz europeia uma classificação muito parecida com a da diretriz brasileira, que dividia a pressão em pressão ótima, pressão arterial normal.
pré-hipertensão, que aqui era pressão elevada, e também os 3 graus de hipertensão. Isso mudou totalmente, veja só como ficou. Vamos dar uma olhada na tabela. Então, a medida em consultório, como que ficou?
Então, nós vamos dividir a pressão arterial em pressão não elevada, pressão elevada, que seria o equivalente à pré-hipertensão da Direita Europeia, e hipertensão. Ué, Juan, cadê o estágio 1, estágio 2, estágio 3? Não se fala mais nisso na classificação. Na classificação eles dividiram em pressão não elevada, pressão elevada e hipertensão.
E veja só as faixas para isso. Pressão não elevada é considerada menor que 120 por 70. Olha só o limite, hein? Menor que 120 por 70. Muito baixo o limiar, né?
Menor do que 70 de pressão diastólica. Pressão elevada. que seria o equivalente à pré-hipertensão.
Entre 120 e 139, uma faixa mais ampla, 70 a 89. E hipertensão maior ou igual a 140 por 90, que também é o limiar que a gente usa para diagnóstico de hipertensão no Brasil. Então, grande mudança. Além disso, ele traz aqui os valores de referência para a MAPA e para a MRPA.
Então, primeiro aqui, começando com a MRPA, tá bom? Veja só, pressão menor ou igual a 120 por 70 é considerada não elevada, 120 a 134, 70 a 84 seria ali uma elevação da pressão arterial, né? Pressão arterial é elevada e hipertensão maior ou igual a 135 por 85. Muito cuidado, tá? Na diretriz brasileira de hipertensão, a gente considera hipertensão pela MRPA quando tá maior ou igual a 130. 130 por 80. Aqui eles usaram 135 por 85, que era o ponto de corte antigo da diretriz brasileira, tá bom?
Então, uma diferença aí para a diretriz brasileira. E na mapa, né, aqui ele leva em consideração a pressão durante o dia, tá? Não é a de 24 horas, né? E ele coloca aqui, menor que 120 por 70 é pressão não elevada, 120 a 134, 70, 84 seria uma pressão elevada, igual da mapa, né? Pressão não é elevada, então, menor que 120 por 70, elevada 120 a 134, 70 a 84, e a hipertensão maior ou igual a 135 por 85, na medida do dia, né?
É um valor igual aí da diretriz brasileira, tá bom? Então, veja só, mudou muito a classificação, né? Simplificou ali a classificação e foi mais rigoroso pra gente falar que o paciente não tem pressão elevada.
Então, ele expandiu muito a faixa da pressão elevada, que é a nossa pré-hipertensão. Com isso, faz com que a maioria dos nossos pacientes sejam aí triados, como caindo ali na faixa de pré-hipertensão, que é a pressão elevada, fazendo com que a gente tenha um acompanhamento mais próximo destes pacientes. Uma mudança muito substancial que certamente vai encher aí os serviços de saúde.
Então, eu não sei o que isso traria para nós no Brasil como problemas de saúde pública em termos de acesso. Então, eu não sei como a diretriz brasileira vai se comportar. em relação a essas mudanças, vamos aguardar, tá bom? Como que a gente faz diagnóstico de hipertensão? Então vamos lá.
Primeiro, chegou lá, vai medir a pressão no consultório. Deu uma pressão entre 140, 159, 90, 99, que era a antiga hipertensão estágio 1, né? O que a gente faz?
É recomendável quando você pega um paciente nessa faixa inicial de hipertensão que você faça uma MAPA ou uma MRPA. Então aquela recomendação que a gente tinha de fazer... ou duas aferições em consultório ou uma aferição mais a MAP e a MRPA, aqui foi incorporado que é para preferir realmente a MAP e a MRPA como essa segunda aferição, principalmente nesses pacientes desse primeiro grupo, que seria o hipertensão estágio 1 aqui do Brasil.
Esta recomendação aqui já foi incorporada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, não na diretriz de hipertensão, mas na diretriz de aferição da pressão arterial dentro e fora do consultório. consultório, que é uma diretriz que foi publicada em 2023, divulgada em 2024, e que fala só sobre MAPA, MRPA, aferição de pressão arterial por outro lado. Os métodos não é a diretriz brasileira de hipertensão, mas é uma diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia que já defende isso aqui.
Fazer a primeira medida no consultório e confirmar com a MAPA ou MRPA, tá bom? Agora veja só, se o paciente cai naquela antiga faixa lá de hipertensão estágio 2, né, que seria 160 a 179, 100 a 109, o recomendado é que ele também faça uma MAPA ou uma MRPA, mas tem que ser mais rápido. Dentro de até um mês, não pode demorar muito, porque a gente sabe que nesse grupo aqui a gente pede a MAP e MRPA, isso demora.
Às vezes até ser liberado o exame ali, isso demora muito. Aqui não, aqui tem que ser até um mês, então a gente tem que correr mais para fazer esse segundo exame aí, tá bom? E naqueles pacientes que têm a pressão já muito elevada, maior ou igual a 180 por 110, o recomendável é que o diagnóstico seja feito com medições repetidas em consultório em mais uma visita.
Por quê, Juan? porque é mais rápido, né? Então, se a gente for mandar fazer MAP e MRPA nesse grupo aqui, vai demorar demais. Como a pressão está muito elevada, se eu medir de novo no consultório e ela continuar elevada, eu já posso fazer o meu diagnóstico ali. Isso aqui chama atenção porque no Brasil a gente tem aquele conceito de que a pressão arterial muito elevada, maior ou igual a 180 por 110, a gente faz o diagnóstico na primeira visita.
Mas na diretriz europeia, eles mandam a gente medir mais uma vez, fazer duas medidas, então, para poder confirmar isso, e fazer duas medidas de consultório para ser mais rápido no diagnóstico, tá bom? Outro ponto da diretriz europeia, ela defende o uso também daqueles aparelhos de braço com técnica oscilométrica, que são os aparelhos automáticos, não tem problema usar isso, isso é defendido, desde que o aparelho seja validado, conferido aqui no Brasil pelo Inmetro, por exemplo. Só que eles trazem para a gente um detalhe que é muito importante, que na prática a gente já entende, mas que isso não estava tão... claro nas diretrizes, que é o seguinte, se o paciente tiver fibrilação atrial, a gente não deve fazer essa aferição com medidor automático oscilométrico, porque esses aparelhos não são validados para fibrilação atrial.
E na fibrilação atrial, a oscilometria varia demais, porque a gente tem batimentos com pulso mais amplo, outros batimentos com pulso menos amplo, com isso prejudica a técnica do aparelho automático. Então eles recomendam que a aferição... em pacientes com fibrilação atrial, seja a frição convencional com manômetro, como a gente faz nos nossos pacientes aí há décadas, né? Então, é uma defesa importante, algo que a gente já reconhecia na prática e que agora a diretriz europeia confirma pra nós, tá bom?